Sobre Rosa Sampaio

  
   Rosa Sampaio Torres, pesquisadora em História (PUC-Rio), cursou  Estudos Sociais e  Ciências Políticas (Bennet) onde foi orientada pelos filósofos  Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho.
    Trabalhou durante dez anos em pesquisa histórica produzindo artigos, ensaios e livro na área de História do Brasil Contemporâneo em colaboração com o prof. José Luiz Wernek da Silva (PUC e IFCS), os historiadores Edgar Carone e Nelson Werneck Sodré.
    Por cerca de quatro anos foi aluna do filósofo Carlos Henrique Escobar - convivência que acabou por despertar também suas aptidões artísticas, especialmente para a poesia.
   A partir de 1990 passa a desenvolver, além das atividades científicas em Historia também atividades artísticas. Participou, então, de inúmeras mostras de Escultura em Cerâmica e publicou a partir de 1997 os  livros de poesia “Bendita Palavra”, "Sendo", e mais recentemente "Almas Gentis". Sua produção em poesia é bastante vasta, em grande parte ainda inédita. Sua produção de ensaios, porém, já lhe valeu verbete na “Enciclopédia de Escritores Brasileiros de Afrânio Coutinho”. 
     
     No ano 2000 passa novamente  a dedicar-se à pesquisa histórica tendo como objeto principal sua própria família Cavalcanti de Albuquerque, e publicou a partir do ano de 2010 inúmeros trabalhos neste blog -  trabalhos que já contam com reconhecimento de especialistas e foram também  publicados nas revista do Porto - "Incomunidade" e "Ahena".pt - e "Agulha" no Brasil. Atualmente sócia da ASBRAP, associação de pesquisadores, e de outros grupos de genealogistas e historiadores na mídia eletrônica. 
      
   Em 2004 Rosa Sampaio apresentou ao público o Centro Cultural que leva seu nome. Neste prédio histórico por ela restaurado alocou sua própria biblioteca de História Brasileira, especializada no período 1920-30 (sala Heitor Ferreira Lima), já aberta para consulta pública.
    No Centro Cultural funciona também um sebo - o “Sebo Cavalcanti”- administrado por seu filho Luiz Eduardo Cavalcanti de Gusmão Sampaio Torres desde 2004, cujo acervo digitalizado pode ser consultado pelo site da  Estante Virtual.

 Trabalhos, livros e artigos:   

   Contribuições científicas de Rosa Sampaio Torres para o tema “Revoltas Militares no Brasil na Década de 1920":

-“Revolução dos Tenentes, 1922-1927, volumes I e II - livro, ed, Minerva,1992.

-“Reflexões sobre o Tenentismo” - artigo publicado na Revista D.O. Leitura, S. Paulo, 6 de março de 1988, sob o título “Os Tenentes também são românticos”, comentado pelo jornal Gazeta de Notícias de 5/6/86, em comemoração à data do “5 de julho".

-“Aspects of Daily Military Life in the 20” - artigo publicado na Revista “South Eastern Latin Americanist”, Nort Carolina, USA, setembro 1984, citado, entre outros, por revistas da Southeeastern Conference on Latin American Studies, anos 1980 e 1984.

-“Os ideais Tenentistas e a Estrutura de Classes” - artigo mimeografado, julho de 1983, citado in Prestes, Anita Leocádia, A Coluna Prestes, 1990 e pela Revista de Historia da USP, edições 118-119, 1985.

-“Revolução dos Tenentes - 1922-1927” - monografia de pós-graduação em Ciência Política pelo IMB, novembro 88. Orientador Leandro Konder. Trabalho baseado em entrevistas com remanescentes dos episódios tenentistas.

-“O Tenentismo e a Estrutura de Classes” - monografia de bacharelato em História, PUC, 1980. Orientador José Luiz Werneck da Silva.

-“Estrutura de classes”- monografia original para a cadeira de Historia Econômica do Brasil, PUC, ano de 1979, prof. José Luiz Werneck da Silva.


 Principais artigos  em Historia do Brasil Colonial e sobre a  família Cavalcanti na Europa e no Brasil do século XVI bublicados neste  no blog  e também  em Revistas literárias porquesesas e brasileiras:



“Família Cavalcanti de Albuquerque” - livreto, gráfica Visual, 2001.

“Cavalcantis em Florença”- artigo, 2010, blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

“Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos-  Felippo, Schiatta e Guido” - artigo 2010, no mesmo blog.

“Conspiração Pucci & Cavalcanti” - artigo, 2010, também em blog.

“Médici X Cavalcanti” - artigo, 2011, 4Shared pdf

“Felippo di Giovanni Cavalcanti no Brasil” - artigo, 2011, em blog.


Em poesia os livros :

Bendita Palavra - ed. Guilherme Mansur, Ouro Preto, 1997.

Sendo - Livro editado pela Litteris em dezembro 2018  -  Prefácio de Olga Savary,.

Almas Gentis -  editado pela .Courier Brasil (Litteris) - 2021- Prefácio Orestes Alves.

Verbete no Dicionário de Literatura Brasileira, Afrânio Peixoto e Galante de Souza, como poeta e ensaísta.

Publicou  versos pela Revista Athena.pt do Porto  - em especial "Quatro Poemas" para América Latina  e também outros poemas. 

Homenagens



    Em artigo anterior homenageei alguns mestres que auxiliaram em minha formação acadêmica, mas que afastados politicamente de suas Universidades tiveram suas vidas podadas, impedidos plenamente para o trabalho de recuperação da nossa memória histórica, ou de atuar de forma reconhecida em outros campos de estudo. Foram vários e já os rememorei: os historiadores José Luiz Werneck da Silva, Hugo Weiss e Manoel Mauricio de Albuquerque, o geógrafo Milton Santos. Ainda o filósofo, teatrólogo e poeta Carlos Henrique Escobar.
     Mas não foram só estes os mestres com que convivi, amigavelmente, e com os quais troquei informações e conhecimentos.
 
    Mais tarde, já produzindo em História intensamente, convivi com novos mestres que gostaria ainda de relembrar, entre eles o recém-falecido e querido filósofo Carlos Nelson Coutinho. Este conseguiu, apesar de também passar por bons percalços, realizar brilhantemente sua tarefa intelectual na area de "marketing".
     Devo lembrar que o tema da monografia escolhido ao me graduar em História - “o Tenentismo” -, suscitou na PUC, isso ainda nos anos 1980/81,  inesperada polêmica acadêmica, seguida de incompreensões políticas inimagináveis - para surpresa e decepção do meu querido orientador na época, José Luiz Werneck da Silva.
    Fui apoiada, então, na própria PUC por uma professora corretíssima, a americana Nancy Naro, de sensibilidade acurada que percebendo o absurdo político de que eu era vítima, também na UFF, sugeriu que eu fosse para os Estados Unidos, para lá continuar a desenvolver meu trabalho.
    Eu sentia, entretanto, que as pesquisas deveriam ser aprofundadas por aqui mesmo, através de informações e entrevistas pessoais com os remanescentes dos episódios Tenentistas ainda vivos.
 
     Para minha sorte o “brasilianista” Robert Levine que por aqui passava, ao fim do um proveitoso curso de Metodologia de Pesquisa ministrado na casa Rui Barbosa levou consigo, sem nenhum outro motivo, senão sua correção pessoal e sua amizade por Nancy Naro, dois artigos meus para que fossem publicados pela universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
 
    Novamente estimulada e mais tranqüila quanto ao valor e originalidade da minha proposta de trabalho, a partir daí, meti mãos à obra.
    Corajosamente abordei o historiador e professor Edgard Carone, também de passagem no Rio, numa festa da OAB para homenagear Luíz Carlos Prestes- este recém-chegado ao Brasil depois do exílio.   Carone tinha um livro precursor sobre o assunto, e era até então a maior autoridade no “Tenentismo” na USP, membro discreto do Partido comunista.
    Marcamos um encontro e conversamos no dia seguinte, em um banco de praça no Lido, onde ele leu rapidamente um dos artigos em que resumia minha proposta de trabalho, trabalho que sugeria a participação de setores amplos da camada média e da classe operária organizada, inclusive do PCB, naqueles episódios Tenentistas. Tomou-se Carone de entusiasmo por minhas colocações, pois logo percebeu que o artigo apresentava caminhos novos para o tema do Tentismo, chegando a me expressar todo seu entusiasmo por carta.
    Comentou este nosso feliz encontro, esticado em um bar em Copacabana, mais tarde num texto seu para a revista “D.O. Leitura”.  O encontro foi realmente pitoresco e estimulante para ambos.
 
    Agora sim, bem compreendida nas minhas “novas veredas”- como dizia Carone, tive o apoio necessário e as portas abertas do Partido Comunista para entrevistas e contatos com membros remanescentes dos episódios Tenentistas, participantes dos episódios de 22 a 27. Por solicitação do próprio Carone, contei com o auxilio prestativo e solicito, aqui no Rio, do historiador, também do partido, Nelson Werneck Sodré.
   Este, depois de agradável conversa, em sua casa em Botafogo repleta de livros, passou a colaborar comigo em tudo que eu necessitava: troca de artigos e livros, empréstimo e sugestão de bibliografia, fornecimento de endereços dos entrevistados, informações de todo tipo.
 
      As cartas de Carone continuaram estimuladoras.
      Agora, os meus próprios entrevistados, membros todos do Partido, irão se tornar os mestres ainda mais seguros e amigáveis no tema. Foram inúmeros... Tantos foram que, aqui, não posso citá-los todos. Vão ficar para outra oportunidade, referidos um a um, com mais vagar. Mestres de História e, sobretudo, de vida, simplicidade e sobriedade - de afeto.
      Luíz Carlos Prestes, a quem de início tive de “ensinar” muita coisa, foi aluno brilhante, logo depois extremamente cooperativo. Sua casa e família, sempre um porto de referência e amizade.
     Ao fim, foram ainda dois anos de pós-graduação para formalizar o trabalho no Curso de Pós-Graduação Ciência Política do Bennett (nov.1988), estudos orientados por Eurico de Lima Figueiredo, especialista em corporação militar, e pelos filósofos Leandro Konder e  nosso querido Carlos Nelson Coutinho.
  Deste ultimo guardo, sobretudo, as melhores recordações – mestre simples e estimulador, extremamente distinto, intelectual que voltara ao Brasil ainda mais competente e respeitado para prosseguir sua trajetória, feliz em encontrar aqui uma aluna aplicada.

      Mas ao final, com as discussões que provocam a saída de Prestes do Partido, o meu trabalho passou mais uma vez por incompreensões, para mim novamente muito dolorosas.
    Estas novas experiências frustrantes, só um grande amigo, mestre e marido, Eduardo Sampaio Torres puderam ainda consolar.  
   Mas tudo isto para mim valeu a pena, pois como disse o poeta
                                                                a alma não foi pequena.


Nenhum comentário:

Postar um comentário