Os Berardenga

Os Berardenga




 “... próximo de Siena, em Castel Nuovo Berardenga, ainda desenvolveu-se certamente uma dinastia berardeschi ou berardenga, provavelmente pela casa de origem francesa de São Guilherme de Toulouse – por um Bernardo cujo pai teria fundado o monastério Salvatore Fontebuona nos anos 867 e 882 (Abazia dela Berardenga). Notório que o clã dos berardenga da cidade de Castel Nuovo Berardenga fosse oriundo de um ramo franco sálio, de linha francesa - um Wuinigi, legado do Imperador Luís, o Pio em 865, historicamente ainda não bem identificado”(Rosa Sampaio Torres - “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito).


INTRODUÇÂO

     A linha dinástica do velho Bernhadt (“O Urso Forte”), tio de Carlos Magno que o acompanhara do reino franco à península italiana no fim do sec. VIII, aí deixara seu primeiro representante - o próprio neto de Carlos Magno, Bernardo, rei da Itália, filho de Pepino I.

    Este jovem Bernardo nascido já em Milão (n. 797 – f. 818) foi, entretanto, logo questionado por possível ascendência materna ilegítima. Temendo perder o poder na Itália, o rei Bernardo tentou então se precaver de um possível ataque do novo imperador Luís, o Pio. Aconselhado a tomar posição para uma ação militar preventiva foi acusado de traição. Bernardo foi punido e cegado, morrendo dos ferimentos logo em seguida no ano de 818, com grandes sentimentos de culpa por parte do Imperador Luís.

     A partir desta ocasião são também afastados os mais próximos de Bernardo, como seu mentor o monge Adalardus e Wala, ambos filhos do velho Bernhardt. Wala colocado em convento. A que tudo indica a linha dos Bernardo interrompida na Itália.

    O jovem rei Bernardo, entretanto, antes da punição havia já se casado com Cunigunda, filha do depois santo Guilherme de Toulouse. Com Cunigunda de Toulouse em 813 o rei Bernardo tivera um filho, Pepino de Vermandois (815 - c. 878) que se tornou conde de Vermandois, senhor de região ao norte do Sena por seu casamento com Rothaide de Bobbio (818-?), filha de Teodorico de Nibelung (cerca 810– 882/3) - territórios tradicionalmente da muito antiga dinastia nibelung. Seu neto, Bernardo de Vermandois, a que tudo indica, também não teria mais voltado à Itália ou deixado na península italiana descendentes - ainda que alguns especialistas reivindiquem para os da linha dos Manfredo parentesco com estes Vermandois. Manfredo III, dito o Cego, conde da Lombardia no século VIII, com alegada, mas não comprovada por nós, ascendência de Pepino I de Vermandois, filho do rei Bernado e de Cunegunda.

     Também por fontes não seguras indicado como origem dos bernardescos na península Winigisus, duque de Spoleto em 789, falecido em 822, cuja genealogia igualmente não conseguimos definir – acreditamos também fosse um nibelung - dinastia antiga, como os agilofings ainda remanescentes. Fontes enciclopédicas, não muito seguras, indicam que os ascendentes da linha Berardenga na Itália teriam tido origem em um Winigisus ou Guinigísio I, que substituiu Hildebrando como dux de Spoleto no ano de 789, falecido em 822, de origem entretanto não identificada. Informado talvez lombardo ou filho de um Sigfrid (fonte germânica) que teria participado da descida na “entourage” de Carlos Magno, tendo sido depois protegido pelo rei Bernardo. Pouco depois da punição do rei Bernardo este Winigisus teria morrido em convento (mesmo caso Wala?). Lembrado em outra fonte que seria tio de um conde Wuiningi ou Wuningo, que foi governator político di Siena (867-881) e de Roselle (868) na altura no meados do século IX. (Fonte verbete enciclopédico na mídia eletrônica que cita Hodgkin, Thomas. Italy and her Invaders. Clarendon Press: 1895 e Medieval Lands Project -  Northern Italy — Spoleto, su fmg. ac., Hodgkin, VIII, 51 e Hodgkin, VIII, 256: “According to Einhard, Grimaldus Beneventanorum dux captured Winigisum comitem Spoletii at Luceria and "held [him] in honourable captivity" until the next year. According to the Annales Fuldenses, he was both besieged and captured by Grimoldo in 803”).   Constatamos que  o nome antigo Sigfrid significaria “Vencedor para a Paz” e seria característico da mítica dinastia dos nibelung, ou mesmo de uma desconhecida dinastia Winli ( “Winighusen [casa Winig] ou Wenighusen – Winigisus II - winileodes – Winile” , pela fonte  Monumenta Germaniae historica inde ab anno Christi qüingentésimo... https://books.google.com.br/books?id=eA02AQAAMAAJ”). A palavra win / sueco, vencer. Mas este radical poderia provir também de vini – latim, vinho e gi – norueguês, dar, possivelmente referente à um produtor  de vinhos. Sabemos que  região de Hesbaye, marca da Hesbania é caracterizada por vinhedos - a região Wincingas (Vincincta), significando montanha e vinho cingidos, unidos – e a aldeia referida no século VIII como Wincingas, junto a ela construído nos anos 900 o Castelo Winzingen. O rico Gerold I desta região  temos como filho de um agilofing, Agilulf, também da região de Winzingou. Mas não havíamos tido até então conhecimento desta dinastia dos Winli e assim não conseguimos, mesmo ao fim do trabalho, estabelecer qualquer conexão mais concreta entre o citado acima Winigisus ou Guinigísio I e os descendentes udalricher de Gerold I, ou mesmo berardengas estabelecidos na Itália de origem sálica. Apenas constatada a referência a um vago parentesco e a semelhança de nomes entre este Wunigisius  e o de prenome Wuinigi, Wuiningi ou Wuningo do governator político de Siena (867-881) e de Roselle (868) na altura no meados do século IX , ainda o prenome Woulgrin do  conde de Angoulême . Caso, entretanto, merecedor de aprofundamento das pesquisas pela linhagem paralela dos guilhermidas, os Admari, pois estes podem ter tido origem colateral nibelung, e/ou ainda pela própria Rothaide de Bobbio, citada acima - filha de Teodorico de Nibelung, casada com Pepino de Vermendois, filho do jovem rei Bernardo punido. Ver mais na conclusão deste artigo.

     Lembramos ainda que outro filho do dux Bearhardt, “Urso Forte”, tio de Carlos Magno foi Bernhard Von Franken (n. depois de 753 - f. após 821) de um outro casamento de seu pai com Gundelinda de Alsácia – meio-irmão, portanto do monje Adalhardus. Este Bernard pode ter descido com o pai e este meio–irmão para a península.  Bernhard Von Franken é citado como monge no mosteiro de Corbie em 801 e provavelmente foi também desprestigiado pelo rei, como os irmãos, durante certo período depois da morte do jovem rei Bernardo. Pela fonte Geni, Bernardt Von Frank, nascido (730-784 – 821) filho de um segundo casamento do velho Bernardt de Flandres (duc de Saint Quentin), meio–irmão de Adalardus  e Wala, foi ainda pai de Eckbert Von Merseburg, mas nehuma referência é feita em relação a qualquer descendência deste ramo na Itália. Preferimos indicar a data mais próxima do nascimento de Bernardo dos Francos depois de 753, data posterior ao nascimento de seu meio–irmão Adalardus, c.752, ainda  depois de seu outro irmão Wala, o mais velho.

  Por nossas pesquisas iniciais, havíamos sugerido como hipótese mais provável para a origem da linha dos bernardeschi ou berardenga na Itália, assunto de muita curiosidade de historiadores e genealogistas italianos, a linha dinástica descendente do cavaleiro, depois santo, Guilherme de Toulouse, sogro do jovem rei Bernardo. Observações que até mesmo sugerimos em nosso trabalho anterior “As linhas francas descidas com Carlos Magno”, artigo citado no preâmbulo.

Por essa nossa hipótese esta dinastia guilhermida de São Guilherme de Toulouse no século IX teria colocado descendentes franceses sálios nas proximidades de Siena – chamada casa dos berardenghi. Entretando, ainda não havíamos identificado por qual dos filhos de São Guilherme de Toulouse esta difusão dinástica poderia ter se verificado.

    Assim sendo, relacionamos algumas informações iniciais para balizar nossa pesquisa:

a – Informações do monastério Salvatore Fontebuona indicavam que um Bernardo, fruto de casamento com dinastias franceses sálicas, havia fundado o monastério nos anos 867 e 882 - ele filho de um conde Wuinigi di Ranieri, não bem identificado, descido à Itália na qualidade de legado de Luis o Pio em 865, governador de Siena (867-881) e di Roselle (868). Pertencendo este monastério hoje à Abazia dela Berardenga, o clã fundador é rememorado na cidade de Castel Nuovo Berardenga - tido como local de origem das famílias Scialenghi, Ardenghi, Manenti e outras.

b – Soubemos também que um Wilielmus ou Guilhermo, segundo a Gesta Beregarii Imperatori, em 888 teria descido à Itália no comando de 300 cavaleiros francos de lei sálica para auxiliar Guido de Spoleto contra Berengário I, então rei da Itália. A fonte histórica da família dos marqueses de Monferralto afirmando: “A maioria dos eruditos identifica esta família com um Wilielmus que, de acordo com a Gesta Berengarii imperatoris, em 888 chegou à Itália ao comando de 300 cavaleiros franceses (de lei sálica) em apoio de Guido da Spoleto contra Berengar I, rei da Itália”

c - Havíamos notado também que a família Cavalcanti em suas listas genealógicas iniciais depois do ano 1000 levara várias vezes o prenome Bernardo, prenome que aparentemente lhes teria chegado por um Adimari. (Consultar listas genealógicas e tabela dos Cavalcanti de Silvio Umberto Cavalcanti, ainda documento genealógico fotografado por Marcelo Bezerra reproduzido no nosso próximo trabalho “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, trabalho inédito, mas aberto a pesquisas).


d – Auxiliados por Marcelo Bezerra Cavalcanti, ainda Tony e Susie Ângelo os dois últimos descendentes da família dos Monaldeschi atualmente residentes na Austrália - observamos que várias outras famílias na Toscana atribuíam sua origem a este mesmo antigo conde Wuiningi ou Wuningo, governador político di Siena (867-881) e de Roselle (868) na altura no meados do século IX.
  e - Ao tentar comprovar nossa hipótese de que esta ligação dinástica dos bernardeschi na Itália se daria através a descendência de Guilherme de Toulouse (capostipide dos guilhermidas), sogro de Bernardo rei da Itália, observamos agora surpresos que esta ligação dinástica poderia ter tido o concurso da dinastia dos wido e também dos udalricher (na origem geroldings), que da região da atual Suiça e do lago Constance haviam atingido o norte da Itália. Pois entre os descendentes da linha francesa de Guilhermo de Toulouse - contagem Angoulême-Taillafer – apareciam com freqüência os prenomes Wulgrin ou Vulgrino, Bernardo, Ranieri (“Conselheiro de Exército”), até mesmo Ardingo, nome proveniente de Udalrich – “Dos Ricos” – a linhagem uldaricher associada à dinastia dos wido de Hesbaye durante a descida pelos Alpes. Para dúvidas sobre estas afirmativas consultar “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito, mas aberto a pesquisas.


Assim, no desenvolvimento deste atual trabalho de pesquisa iremos tentar identificar e comprovar a possível ligação desses bernardenghi, que se demonstram presentes na Itália no século IX, através o levantamento das dinastias uldaricher e wido, chegando por eles provavelmente aos guilhermidas – à descendência, portanto, do famoso santo Guilhermo de Toulouse capostipide dos guilhermings ou guilhermidas, sogro do jovem Bernardo, rei da Itália que fora cegado.

Santo Guilherme do Toulouse por fontes genealógicas e documentais seria filho de Teodorico I, conde de Autun e de Aude de França, filha de Carlos Martel e Suanailda da Baviera. Guilherme fora casado por duas vezes, a primeira com Cunegonda da Austrásia (c. 770 - 795) e a segunda com Guitberga de Hornbach (c.765 - 785). Lutou na companhia do aliado Hadhemarus (Ademar) na marca da Septimânia contra os sarracenos em Códoba: [fonte Medieval Lands Cawley, Charles, Medieval Lands Project, Chapter 3, Comtes d'Angoulême, Medieval Lands database, Foundation for Medieval Genealogy: GUILLAUME, son of THEODERIC [I] Comte d'Autun & his wife Aldana --- ([750/55]-Gellone [28 May [812/13] /21 May 815]). The Vita S. Willelmi records that “beatus Willelmus” was born during the reign of King Pepin to “consule Theoderico… mater… comitissa… Aldana” [429]. Comte de Toulouse, Marquis de Septimania. The Vita Hludowici Imperatoris records that "Willelmus primus, signifier Hadhemarus" fought the Saracens in Córdoba [in 801]

Acreditamos este trabalho de importância na medida em que a dinastia wido pelo seu lado udalricher não foi ainda estudada e analisada por historiadores profundamente.

Assim sendo, a seguir apresentamos no Desenvolvimento o maior numero possível de informações de regiões, vilas, abadias e mesmo famílias que atribuíam suas origens a este antigo conde Wuningo Governador político di Siena (867-881) e de Roselle (868) na altura no meados do século IX (1ª parte), relacionando estas informações às obtidas no estudo anterior das linhagens wido e udarich (2ª parte).



II DESENVOLVIMENTO

1ª Parte

       Para o aprofundamento do nosso trabalho referente às origens dos berardengas na Itália recolhemos e listamos abaixo as informações sobre regiões, vilas, abadias e mesmo famílias que atribuíam suas origens a este antigo conde Wuningo Governador político di Siena (867-881) e de Roselle (868) na altura no meados do século IX.

    Trabalho de pesquisa para o qual tivemos colaboração de Tony e Susie Ângelo da família Malavolti  residentes em Christchurch, New Zealand e Marcelo Bezerra Cavalcanti, brasileiro, atualmente residente e pesquisador pela familia na Toscana, Monteminaio.
    Relacionamos as informações conseguidas, mesmo que de forma resumida dada a abrangência da pesquisa:

1 – Abadia Salvatore della Berardenga – local já referido acima na Introdução. Nesta abadia lembrado um Wuinigi, filho talvez de um Ranieri ou Raghinieri não identificado. Winigi fundador no ano 867 do convento masculino de S. Salvatore della Berardenga - agora Mosteiro de Ombrone (ver Albergy of Berardenga). Esse personagem Winigi seria de contagem importante da cidade de Siena, ao realiza um ato de troca de bens feito em Roselle no ano de 868. (documento no Arquivo Diplomático de Florença).

  Nossa primeira informação mais detalhada vem fonte local de Castel Nuovo Berardenga - região que apresenta ainda hoje restos de construções muito antigas, e que lembrava detalhes, ainda que colocando algumas dúvidas:

“Il nome [Castel Nuovo Berardenga] deriva dalla Contea dei Berardenghi, che prese il nome da uno dei figli del conte Wuinigi di Ranieri (filho de Ardingo di Ranieri?) appartenente alla popolazione dei Franchi Salii, sceso in Italia in qualità di Legato dell'Imperatore Ludovico il Pio (865), poi divenuto Governatore político di Siena (867-881) e di Roselle (868). Egli si chiamava Berardo e questo nome, ripetuto costantemente dai discendenti, diede poi il nome anche al território”.


Informações ainda sobre a Abadia da Berardega em italiano, afirmam:

 “Abazia della Berardenga in Val d'Ombrone, presso un antico castello denominato il Monastero sul torrente Coggia, nella Comunità, giurisdizione e tre miglia toscane a levante di Castelnuovo Berardenga, nel popolo dei SS. Jacopo e Cristoforo a Monastero, Diocesi di Arezzo, Compartimento di Siena. - Dedicata a S. Salvatore e a S. Alessandro in luogo detto a Fontebuona, fu edificata e ampiamente dotata sotto gli anni 867 e 882 da Wuinigi conte di Siena di origine francese, autore delle illustri prosapie dei Scialenghi, degli Ardenghi, dei Manenti, dei Berardenghi ec. Destinata in origine per le donne, cui doveva presedere una delle famiglie del fondatore, passò ai monaci Camaldolensi, ai quali fu rassegnata nel 1003 dai pronipoti del conte Wuinigi che ne aumentarono le entrate, confermate dalla contessa Beatrice duchessa di Toscana, nel 1070, e da vari sovrani e pontefici, segnatamente rapporto alla giurisdizione di molte. (Page 1/2 Dizionario Geografico, Fisico e Storico della Toscana (E. Repetti) http://193.205.4.99/repetti/ chiese di quel Contado).

2 – Família Malavolti. Os Malavolti estiveram, a que tudo indica, também já em meados do sec. IX ligados a esta estirpe berardenghi ou berardenga.

       Entretanto, os ascendentes dos Malavolti, segundo o historiador Giovanni di Nicolo Cavalcanti do sec. XIV teriam descido do reino franco anteriormente, ainda no período de Carlos Magno, junto com os Monaldeschi e os ascendentes da família Cavalcanti de Florença. Por nós identificada para estas três famílias realmente antiga origem wido do condado de Hesbaye, por Warin II, filho de Robert I que durante a descida foram nominados já como hunfrings e posteriormente hucbolding na Toscana. A este respeito ver nosso trabalho, o artigo “As tradições de origem franca das famílias Cavalcanti e Monaldeschi, publicado na revista InComunidade, numero 57, de junho de 2017; o artigo “As mais antigas origens de Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti nas proximidades de Colônia, no reino franco- sec.VIII” colocado no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ e ainda “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito, mas aberto a pesquisas.

   Estes Malavolti originais segundo o historiador Giovanni Cavalcanti teriam se estabelecido na Toscana em região chamada Malavolti, próxima de Siena,– nome que a família tomou e mesmo as ruínas de um castelo a eles ligado, hoje denominadas “fondacus Malavolti”. Sobre o fundacus Malavolti consultar nosso trabalho “As tradições de origem franca das famílias Cavalcanti e Monaldeschi, publicado na revista InComunidade, numero 57, de junho de 2017,

     Estabelecidos assim comprovadamente próximo de Siena, os Malvolti estariam logo unidos à família Orlandi como também lembra Giovanni Cavalcanti. Esta linhagem Orlandi ou Rolandi proveniente do chefe bretão Hruodlandus (Rolando) - cujo nome significa “gloria ou proteção de sua Terra” -, um dos mais famosos chefes do exército de Carlos Magno, herói morto na batalha de Roncesvalles (Espanha) no ano 778.

    Rolando lutara junto com seu primo colateral Adelmo (Adelhein), também morto nesta mesma batalha, neto de Lampert II, conde de Hasbaye em 706. Rolando era  descendente desta mesma linhagem wido - ele, entretanto, pelo ramo de Lampert de Hornbach que dará a linha de Nantes  e não a de Lampert II de Hesbaye, da linhagem de Warin II.  Donald Charles Jackman - Three Bernards Sent South to Govern – ed. Enplage, State College Pensilvânia, 2014, 2015. pg. 62 -  tenta esclarecer a origem familiar de Rolando na linhagem wido. Rolando  da marca da Bretanha fora substuído na marca  por seu tio ou primo  Guido de Nantes  (c.750 – 818 ou 759, Germany – 814, Aachen.). “Roland might have been an uncle of margrave Wido of Britany, an apparent grand son of albot Wido de Fontanelle [da linha de Lampert de Hornbach], whose brother was archisbishop Milo of Triers.” Roland, portanto, consangüíneo dos lambertinos, certamente por Lambert de Hornbach. Explicando  melhor - Milo de Trier, filho de São Lutwinus  (antepassado comum aos dos dois  ramos Lampert) -> irmão de Wido de Fontanelle ou Horbach, cujo neto - margrave Wido da Bretanha, Wido de Nantes, seria tio de Roland. Sobre a linha Hornbach, linha colateral wido, hoje chamada também Wido de Nantes ver https://xpda.com/family/deHornbach-Lambert-ind01003.htm

        Por fontes locais temos que uma laje na fachada da igreja dos Santos Apóstolos em Florença atribui a fundação desta igreja a Carlos Magno e ao seu conde palatino, Rolando, no ano 800. Acreditamos mais provável fosse apenas uma homenagem de Carlos Magno a um de seus doze paladinos (como os doze apóstolos), pois Roland falecera em 778 na batalha de Roncevalles e não sabemos se teria estado na Itália - talvez apenas algum seu descendente. Os estudiosos atribuem a igreja ao século XI, entretanto pensamos possa ter origem mais antiga, pois fora construída fora do cerco antigo da cidade, perto dos banhos romanos e sobre antigo cemitério de crianças falecidas e não batizadas - zona perto do Arno sujeito a alagamentos e restaurações. Ainda no prédio ao lado, mais uma vez registrando esta tradição, há um relevo de Carlo Magno perto da porta e o símbolo da igreja acima dele.

        Os Malavolti foram também casados com os da família Giglio, fato também referido por Giovanni Cavalcanti - estes provavelmente de origem etrusca e muito antigos na Toscana.

       Mas a partir do sec. IX os Malavolti, a que tudo indica, também estiveram ligados a esta estirpe berardenghi deste famoso Winigi (ou Guinigi).

    Segundo informações da família, o historiador Giovanni Cecchihini, grande conhecedor da história sienense, em trabalho de 1957 teria afirmado que os Malavolti poderiam ter mantido relações estreitas com as famílias Berardengi, Bandinelli, Ugurgieri e Cerretani. E constatado atualmente que a família Ugurgieri-Berardengi é mesmo a detentora da “crista” (símbolos heráldicos) e do título dos Malavolti.

    Os Ugurgieri (ou Rugieri?) remontariam à contagem deste famoso Winigis (ou Guinigi) do século IX, e sua longa genealogia incluiria famílias como os Berardenga e Gherardesca (esta de origem até mesmo lombarda).



Os Malavolti teriam se dividido em três ramos depois da Batalha de Montaperi em 1260 (por fontes familiares atuais). • primeiro o Malavolti Orlandi (em Siena), • Em seguida, o Malavolti Egidei ou Gigliensi, chamado por ter construído uma igreja naquela região para St. Egidius. • em terceiro lugar, Malavolti Fortebracci que incluiria o castelo de Selvole.

   Ainda encontrado relações dos Malavolti com os da família dos Ubaldini por Fortebracci di Greccio no ano 1200 [fonte Renzi Zagnoni. Em tradução: “Em 15 de outubro de 1200 Fortebraccio di Greccio que era dos Ubaldino com outros consórcios.... seguiu para encontrar a família que em seguida foi chamada Malavolti, uma das primeiras da cidade no final do século. Texto original: “il 15 ottobre 1200 Fortebraccio di Grecco del fu Ubaldino con altri consorti.... rivare la famiglia che fu detta in seguito dei Malavolti, una delle prime in città alla fine del secolo”. (fonte Renzo Zagnoni - Gli Ubaldini del Mugello nella montagna oggi bolognese nel Medioevo http://www.alpesappenninae.it/sites/default/files/ALZagnoni027.pdf)]

Eugenio Gamurrini – (1679) em Istoria genealogica delle famiglie nobili toscane, et vmbre. https://books.google.com.br/books?id=Tuv8H9n1Oz0C - noticia: ”Vbaldino detto Greccio generò Azzo, Vgone, e Fortebraccio. Azzone fi legge creditore delle Monache di S. Pietro di Luco, le quali venderono beni per fodisfarlo l'anno 1184. e l'Iftrumento fu rogato da Rodolfo , che fi conferua nel fopraddetto Archiuio Sacchetta F. n.48. Et Vgone figliuolo di Greccio di Vbaldino, con Porpora ... Fortebraccio geró Aldobrandino, pai di Ranieri, di Ugolino e di Ubaldino. Teria Fortebraccio de Ubaldini di Grecco casado com senhora Malavolti,  da familia de Filippus Malavolti (<1130>). Uma hipótese. Ver também verbete Malavolti, Filippo por Bruno Bonucci - Dicionário Biográfico dos Italianos - Volume 68 (2007)

.Informações de descendente da familia Malvolti, Tony Ângelo, atualmente morando na Nova Zelândia afirma que o mais antigo Malavolti encontrado em Siena foi Filippo Malavolta e seus filhos foram Orlando, Fortebraccio e Arrigo (“Filippo was born around 1160 and his father was also Filippo [<1130>] but i can find nothing on him [ informações de Edmund Gardner Historia de Siena  capitulo 1]. I am certain he was an Ubaldini/Ubaldo/Ubuldus or an Ugo but cant prove it. Filippo was a captain of the people and lead the Siena army in Syria [episódio das Cruzadas, tomada de Acra] and was first mayor of Siena. I have much information on the early Malavolta now but it stops at Filippo. In Bologna around 1210 a Catalan Malavolta, also known as Catalan Guido Madonna Osti - son of Ubaldus created the Knights of Saint Mary and mayor of 9 towns including Milan, Florence, Bologna”).

   Atualmente, a casa de Malavolti é representada pelo Conde Ruggiero Ugurgieri di Berardenga. Os Ugurgieri ainda persistem. Mas o último conde Ruggiero, patrício de Siena, teve apenas uma filha, a condessa Annita, e por concessão especial do Ministério da Justiça italiano, desde outubro de 1999 ela foi autorizada a adicionar seu nome de nascimento com o de seu marido, Lorenzo Martini, para ambos e seus descendentes.

 3 - Família Cacciacondi – foram senhores do feudo de Asciano, no centro da atual província de Siena e ainda de outras regiões vizinhas na Toscana.

A que tudo indica, têm sua origem também  ligada ao mesmo Winigo de Castelnuovo Berardega.  Os Cacciacondi tidos como descendentes de um Winighisi de lei sálica, que nos anos 867- 868 foi conde de Roselle e de Siena.

A fonte Trecani, (Dizionario Geografico Fisico Storico della Toscana), em tradução, lembra – “de muito menos poder do que seus ascendentes [berardenga], os Cacciaconti foram senhores de um certo número de castelos e tiveram como feudo Asciano (de onde o nome dos condes Scialenghi ou della Scialenga) ainda Rapolano, Scrofiano e Trequanda. A família participou do governo de Siena especialmente no período aristocrático e consular. Na segunda metade do século XII, as possessões feudais dos Scialenghi e Asciano começaram a cair nas mãos da família Salvani; na primeira metade do século XIII importante castelo dos Scialenghi definitivamente se tornou parte do domínio do município de Siena”. À esta família sienesa acredita-se pertencer  Caccia d'Asciano, lembrado na Divina Comédia  por Dante  por sua tendência à dissipação. Caccia é personagem de Dante e aparece como ator com seus consortes. Citados pela fontes: Luigi  Passerini, Armi e notizie storiche delle famiglie toscane,  e nomeados na Divina Comedia, Inferno (cap XXIX, 131)

O historiador sienês (1957) Giovanni Cecchihini acrescenta que os Piccolomini, Tolomei, Rinaldini e Salvani decendiam dos Cacciaconti (informação da atual família Malavolti).

4 Vila de Stribugliano no vale de Umbrella di Grosseto - foi um casale e castelo com igreja bispal de St. João Batista situados  na vertente sul ocidental do monte Amiata.  O casale é mencionado pela primeira vez no ano 868 em um documento notário redigido em Roselle no qual um conde “Winiguise” deixa ao filho do falecido Petrone de Chiuse algumas habitações do casale Stribugliano.

Em 1206 a vila aparece em outro documento notarial mencionada como Stribuliano, resultando propriedade dos monges do mosteiro de Sto. Angrosio de Montellecese. O castelo teria sido dos Aldobrandeschi [ou Ildobrandeschi, que sabemos ascendentes dos Cavalcanti], e alguns senhores de Montorgiali aí também possuíram alguma terra cerca de 1250. No 1274 tornou-se posse dos Aldobrandeschi do ramo de Santa Flora. Em 1346 o conde Jacobo di Bonifácio doa Streigugliano e Monticello à República de Siena. (Emanuele Repetti, «Stribugliano», Dizionario Geografico Fisico Storico della Toscana, volume V, Firenze, Giovanni Mazzoni, 1843, p. 481. Citando todas as suas fontes).

A mais antiga memória deste casale é a comemoração dos benefícios feitos em Roselle no ano de 868 pelo conde Winiguisi ou Winigi da cidade de Siena.

Fonte abaixo na mídia eletrônica acrescenta mais alguns detalhes (texto traduzido): “antiga Stribulianum, no vale Umbrella de Grosseto. - Vila que era casale e depois Castelo com igreja plebiscal (São João Batista). Dada em uma promessa pelo imperador Carlos o Gordo no ano de 881 à Siena, na época do marquês Berengario, aquele que se tornou rei da Itália, além de um grande número de bispos, juízes, magnatas entre os quais Winegisi que encontramos no Condado de Siena em 868. O “placitus” foi pronunciado por causa dos processos que foram enviados pela sétima vez entre os bispos de Arezzo e os de Siena. Então o conde Winegisi, o governador político de Siena, teria acreditado que poderia ter presença (appear) no debate entre as testemunhas. http://www.ilcittadinoonline.it/cronache-dal-medioevo/canonici-malavolti-lucignano-darbia/

5 - Casale Ascianello ou Scianello, casario em Val di Sieve, entre o Monte Poli e a comunidade religiosa (pieve) de S. Agata al Cornocchio.

Segundo a fonte Trecanni, o casale de Ascianello também tem sua origem tradicionalmente ligada a um Winigi, antigo senhor de um elevado castelo na região, o Castello Gunizingo - uma “bococca”(castelo sobre rocha)  - que após a derrota dos florentinos pelos “guibelinos’ de Siena na batalha de Montaperti (1260) teria sido em parte derrubado, ainda devastada a comunidade.

Segundo a fonte E. Repete a região de Ascianello fora documentada no século XIII - mencionada entre os vários castelos que Federico II concedeu em feudo a Ugolino di Albizzo degli Ubaldini por diploma no campo de Monte Mario, acima de Roma, em 25 de novembro de 1220. Pela fonte E. Repetti: “ASCIANELLO, o SCIANELLO in Val di Sieve. Casale fra Monte Poli e la pieve di S. Agata al Cornocchio, il cui popolo (S. Jacopo a Ascianello) da lunga mano fu aggregato a quello della pieve prenominata, nella Comunità, Giurisdizione e 3 miglia circa a settentrione di Scarperia, Diocesi e Compartimento di Firenze. Vi ebbero Signoria i nobili Cavalcanti della consorteria degli Ubaldini, discendenti da un Guinigingo, o Winigi, signore di altra diruta bicocca di quel piviere, devastate entrambe dai Ghibellini dopo la vittoria di Montaperto. Ascianello trovasi compreso nel numero dei castelli che Federigo II accordò in feudo a Ugolino di Albizzo degli Ubaldini con diploma dato nel campo di Monte Mario sopra Roma, il dì 25 novembre 1220”. - Dizionario Geografico, Fisico e Storie della Toscana (E. Repetti) http://193.205.4.99/repetti/ Ascianello, Scianello ID: 270 N. scheda: 3470 Volume: 1 Pagina: 150 Riferimenti: 900, 44690

Sobre os Ubaldini, fonte Renzo Zagnoni - ‘Gli Ubaldini del Mugello nella montagna oggi bolognese nel Medioevo”http://www.alpesappenninae.it/sites/default/files/ALZagnoni027.pdf onde  cita suas próprias fontes.

Entretanto, três anos depois desta doação de feudo na região de Ascianello aos Ubaldini, no próprio no castelo Guinizingo em 1223  - que entendemos já pelo menos uma metade propriedade de um Cavalcanti de prenome também Guinizingo-  foi lavrado documento pelo qual uma casa e um terreno ao lado deste mesmo castelo passavam também para a senhoria da família Cavalcanti – da propriedade de um Ascianello do falecido Otavio Guicciardini para Guinizingo dei Cavalcanti. Ora, sabemos que os Cavalcanti eram aparentados colaterais e aliados dos Ubaldini – estes descendentes de Teobaldo II da marca da Toscana (doc. 946/957/996).  [Reproduzimos em nota a fonte Repeti já traduzida sobre o Castelo (bococca) de Guinzingo: “GUINIZINGO, ou GUINIGINCO (CASTEL) em Val di Sieve. - Casale, que tomou o título de seu senhor referente a uma igreja paroquial (St. Martin) na paróquia de St. Agatha, em Mugello, Jurisdição Comunidade e cerca de duas milhas a oeste da Toscana, Scarperia, dioceses e Compartimento de Florença. Era este lugar de um Cavalcanti chamado Guinizingo, que floresceu (viveu) no início do século 13. - No distrito e no castelo Guinizingo, em 21 de setembro de 1223, foi elaborado um instrumento, mercê que um tal Ascianello do falecido Ottaviano Guicciardino vende uma casa e uma área gramada no castelo de Guinizingo para o citado Guinizingo e seus filhos;

Pela fonte Repeti: “ASCIANELLO, o SCIANELLO in Val di Sieve. Casale fra Monte Poli e la pieve di S. Agata al Cornocchio, il cui popolo (S. Jacopo a Ascianello) da lunga mano fu aggregato a quello della pieve prenominata, nella Comunità, Giurisdizione e 3 miglia circa a settentrione di Scarperia, Diocesi e Compartimento di Firenze. Vi ebbero Signoria i nobili Cavalcanti della consorteria degli Ubaldini, discendenti da un Guinigingo, o Winigi, signore di altra diruta bicocca di quel piviere, devastate entrambe dai Ghibellini dopo la vittoria di Montaperto. Ascianello trovasi compreso nel numero dei castelli che Federigo II accordò in feudo a Ugolino di Albizzo degli Ubaldini con diploma dato nel campo di Monte Mario sopra Roma, il dì 25 novembre 1220”. -  Dizionario Geografico, Fisico e Storico della Toscana (E. Repetti) http://193.205.4.99/repetti/ Ascianello, Scianello ID: 270 N. scheda: 3470 Volume: 1 Pagina: 150 Riferimenti: 900, 44690.

Se o prenome Winingui ou Guininzi, nome muito póximo do nome Winigi do governador de Siena e Roselle do sec. IX e construtor da bococca de que tratamos, foi da familia ou prenome também adotado pelos Cavalcanti no sec. XIII, este prenome não aparece nas listas genealógicas dos Cavalcanti mais antigos de nosso conhecimento.

Reconhecemos, entretanto, que os prenomes Ranieri e Bernardo, que identificamos como típicos de linha dinástica udalrich/guilhermida estarão já presentes nas listagens genealógicas dos hucpolding nas proximidades do ano 1000, quando do súbito aparecimento dos Cavalcanti por fim documentadados. Neste caso a ligação familiar entre estes udalrich/guilhermida teria sido realizada possivelmente pela dinastia dos  hucpolding  antes mesmo do surgimentos dos Cavalcanti documentados. Ver sugestões para a penetração da dinastia guilhermida na Toscana observada também na origem da familia Barbolani, abaixo. Sobre a linhagem dos hucpolding, por onde se consegue entrar diretamente na genealogia dos Cavalcanti, nosso próximo trabalho “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito, mas já aberto a pesquisas. Ainda consultar a  linhagem dos  hucpolding na Toscana, indicada pela fonte NorthenItaly.

Neste documento de transmissão em Val de Sieve, realizada no distrito e no Castelo Guinizingo no ano de 1223, fato citado pela fonte E.Repetti, são indicados ainda documentos relativos à uma reparação fundiária pela República de Florença aos filhos deste Guinizingo Cavalcanti por danos ocorridos em    um terço do castelo de Asciello com seis casas e cúria, ainda pelo menos a metade do castelo  Guinizo, sua torre, um palácio e casas danos  ocorridos após a batalha de Montaperti em 1260. [Repetimos a fonte Repeti já traduzida sobre o Castelo (bococca) de Guinzingo agora incluindo as reparações referidas.: “GUINIZINGO, ou GUINIGINCO (CASTEL) em Val di Sieve. - Casale, que tomou o título de seu senhor referente a uma igreja paroquial (St. Martin) na paróquia de St. Agatha, em Mugello, Jurisdição Comunidade e cerca de duas milhas a oeste da Toscana, Scarperia, dioceses e Compartimento de Florença. Era este lugar de um Cavalcanti chamado Guinizingo, que floresceu (viveu) no início do século 13. - No distrito e no castelo Guinizingo, em 21 de setembro de 1223, foi elaborado um instrumento, mercê que um tal Ascianello do falecido Ottaviano Guicciardino vende uma casa e uma área gramada no castelo de Guinizingo para o citado Guinizingo e seus filhos; para o qual a República Florentina concedeu uma recompensa, pelos danos recebidos em sua torre, palácio e casas deslocadas pelos guibelinos após a jornada de Montaperto [batalha -1260], Assim, é ordenada pela cidade de Florença sobre as destruições causadas no campo aos proprietários florentinos guelfos, no subúrbio do Sesto de Porta Del Duomo, entre as coisas danificadas aos fiéis da República, a seguir: a terceira parte do castelo d'Ascianello com seis casas e curia existentes naquele castelo de propriedade dos filhos de Guinizingo dei Cavalcanti. Uma casa com moinho e pombal no córrego de Tobiano, perto do castelo. Metade do castelo de Guinizingo, do palácio e torre de Guinizingo dos citados irmãos Cavalcanti e c. (Página 1/2 P. Geographical Dictionary, Corpo, e História da Toscana (E. Repetti) http://193.205.4.99/repetti/ ILDEFONSO, Delícias de Scholars T VII.) - Veja Ascianello em Val di Sieve. Eventualmente os homens da cidade de Guinizingo são encontrados entre estes cidadãos que a Signoria, em Florença, com a disponibilização de 18 de julho de 1306 os convidou para ir a habitar a nova terra que o governo construia na parte inferior dos Alpes Mugello (Scarperia), para se opor a segurar em arrogância o orgulho do Ubaldini. - Veja SCARPERIA”.

Já sobre o episódio de destruição final do castelo de Aschianello no Muggelo ocorrido em 1306 por ordens da própria Republica de Florença, consultar a descrição sugestiva do cronista da época Giovani Villani (1276-1348)  em Nuova Cronica.

O castelo de Aschianello em uma terça parte havia sido indenizado aos Cavalcanti pela cidade de Florença após a batalha de Montaperti em 1260 como observamos acima, mas já em 1306 tido como de posse do ramo Ubaldino do Castello (fonte Vilanni citado em   Delizie degli eruditi toscani, Band 10 (1778), Ildefonso il San Luigi, pp.236-237, informações tiradas  de Nikolai Wandruszka: Un viaggio nel passato europeo –http://www.wandruszka-genealogie.eu/Antonio/Antonio_Upload/Ubaldini.pdf).

O arrasamento do Castelo de Ascianello ocorre no contexto político do século seguinte, contexto já caracterizado por enfrentamentos entre as facções de “guelfos negros” e “guelfos brancos”, ainda a Republica de Florença atuando contra o poder dos “magnati” (1302-1306) -  momento em que o castelo de Monte Calvi e o castelo do Stinchi, ambos de propriedade dos Cavalcanti foram atacados mesmo com árdua resistência da familia em agosto de 1304, na ocasião  parcialmente também destruídos. Assunto que será tratado em um próximo artigo.

Citamos em nota as fotos recolhidas por Marcello Bezerra Cavalcanti da antiga ruína do “Castello di Ascianello” próximo á Pieve di Sant'Agata al Cornocchio in Mugello - Fotografie del libro di Riccardo Bellandi I Signori dell’Appennino. Amori e battaglie nella Toscana del Duecento Polistampa, 2010 (prima ristampa 2015).




Informações de Ascianello vindas por Marcelo Bezerra Cavalcanti:

Ascianello ou Scianello é uma localidade no Vale do Rio SIEVE, um vilarejo entre Monte Poli e a Pieve de Santa Agata al Cornocchio - o termo “pieve’ nesta época medieval indicava além de uma Igreja matriz, uma sede de fazenda, com escola primaria, registros publicos de contratos e até pequeno hospital-ambulatorio. Repetti comenta no seu Dizionario Storico que essa pieve era uma das maiores e mais belas do Mugello” (http://stats-1.archeogr.unisi.it/repet…/includes/…/main. php)


    Reproduzimos as palavras da fonte  Repetti em nossa tradução sobre a Igreja matriz  com acrescentamentos entre chaves: “É uma das mais antigas e majestosas igrejas de Mugello construída com três naves, todas de pedras quadradas tiradas da colina próxima de MonteCalvi [antigo castelo e propriedade dos Cavalcanti] de arquitetura dos tempos baixos e, portanto, atribuída pelo vulgo, junto com muitos outros, à piedade da Condesa Matilde [de Canossa 1046-1115]. Tem um telhado de vigas apenas apoiado nos cavaletes”. Ainda do do original: “E una delle più vetuste e grandiose chiese del Mugello costruita a tre navate, tutta di pietre quadrate tolte dal vicino poggio serpertinoso di monte Calvi, di architettura dei bassi tempi, e perciò attribuita dal volgo, insieme con tant'altre, alla pietà della contessa Matilde. Ha una tettoja di travi solamente addentellata nei cavalletti."]

Ainda informações sobre os Ubaldini, uma das famílias antigas e importantes da região: “La potente famiglia degli Ubaldini, che ha dominato per lungo tempo il Mugello e gli Appennini, in origine apparteneva a quel ristretto gruppo di stirpi aristocratiche inserite nell’entourage dei Marchesi di Toscana. Ed in particolare gli Ubaldini furono strettamente legati alla stirpe dei Canossa. Tali rapporti allacciati con il potere permisero l’avvicinamento di alcuni membri dalla casata alla città di Firenze intorno alla metà del secolo XI, ed il loro inserimento all’interno delle clientele dei maggiori enti religiosi cittadini come il vescovado. Ma soprattutto la collocazione presso la cerchia marchionale costituì un potente fattore di promozione sociale che contribuì all’ascesa della famiglia. Ascesa che le permise di affermarsi come forza egemone sul territorio mugellano nel corso del secolo XII, dopo la scomparsa del marchesato di Toscana. Infatti con la morte di Matilde di Canossa, gli Ubaldini spostarono tutti i loro interessi verso il contado con l’intento di crearsi un dominato signorile basato sul vasto patrimonio fondiario da essi posseduto. Descendentes de Teobaldo II”... Fu con Ubaldino, documentato dal 1098 al 1105, il primo della casata a portare tale nome nonostante non fosse il capostipite, che si accrebbe notevolmente il prestigio della famiglia. Tanto che questa da lui prese la denominazione”. Consultar http://www.montaccianico.it/it/il-castello/gli-ubaldini.html montaccianico vive. Também Renzo Zagnoni Gli Ubaldini del Mugello nella montagna oggi bolognese nel Medioevo http://www.alpesappenninae.it/sites/default/files/ALZagnoni027.pdf cita suas próprias fontes. A respeito consultar também nosso trabalho “As dinastias francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito, mas aberto para pesquisas.

Acrescentamos: “Del 1145 è la carta che fonisce più ampie e sicure informazione sui discendenti di Magefredo di Ubaldo e sui loro vasti domini nei due versanti dell’Appennino. Si tratta ancora una volta di un accordo di tipo familiare relativo alla spartizione dell’eredità paterna fra i fratelli Albizo e Greccio (nome de localidade ), figli del quondam egregii viri Ubaldini definito de Mucello [Mugello], un’espressione quest’ultima che ci presenta tutti questi personaggi come sicuramente appartenenti alla stirpe degli Ubaldini, mentre il padre appare davvero come l’eponimo della famiglia. [Em tradução: “De 1145 é a carta que fornece informações mais extensas e seguras sobre os descendentes de Magefredo di Ubaldo e sobre seus vastos domínios nos dois lados dos Apeninos 24. Este é mais uma vez um acordo de tipo familiar relativo à divisão da herança paterna entre os irmãos Albizo e Greccio, filhos do “quondam egregii viri Ubaldini” definiu de Mucello, uma expressão que nos apresenta todos esses personagens como certamente pertencendo a linhagem do Ubaldini, enquanto o pai realmente aparece como o epônimo da família”].

    Sobre as relações entre os Ubaldini e os Malavoti por Fortebracci di Greccio, (nota já citada acima na parte referente aos Malavolti): ”Il 15 ottobre 1200 Fortebraccio di Greccio del fu Ubaldino con altri consorti.... rivare la famiglia che fu detta in seguito dei Malavolti, una delle prime in città alla fine del secolo. [tradução: 15 de outubro de 1200 Fortebraccio di Greccio del fu Ubaldino com outros consórcios.... para se juntar à família que em seguida foi chamada Malavolti, uma das primeiras da cidade no final do século” Fonte Renzo Zagnoni, Gli Ubaldini del Mugello nella montagna oggi bolognese nel Medioevo.      http://www.alpesappenninae.it/sites/default/files/ALZagnoni027.pdf



6 - Família Barbolani – Informações da família Barbolani também darão sugestões sobre a penetração genealógica destes guilhermidas que levam na Toscana ainda prenomes carcterísticos, Bernardo e Ranieri. A palavra “barbone” – significando em italiano antigo “errante” “vagabundo”.

    Sobre o ramo da família Barbolani di Montauto é informado: “O primeiro reconhecimento imperial da linhagem remonta a 967, quando o Imperador Otto I confirmou a Goffredo [ou Walfredo] Barbolani, filho de Ildebrando [dos Ildebrandeschi] os feudos no vale superior da Tiberina. (traduzido, com nossos acrescentamentos entre chaves. Fonte V. Spreti, Enciclopédia Italiana Histórica, vol. I-VI, 1-2 (apêndices), Milan 1928-1956, 508-510, vol. I.

   Outras informações da família Barbolani na mídia eletrônica acrescentam: “... entre os documentos mais antigos que nos dão notícias da família, existe um plácito realizado em 1059 na Pieve di S. Stefano na Chiassa auxiliado pelo marquês Gottifredo [Walfredo, Godofredo], atuantes entre outros os condes Ranieri e Bernardo, filhos do conde Ardingo, em uma sentença a favor da Abadia Berardenga pronunciada pela Marchesa Beatrice em 25 de maio de 1070 em Florença, mencionado entre os barões da época Ranieri di Ardingo, senhor de Galbino. Não se conhece, entretanto, a vida e a origem do conde Ardingo, uma vez que as opiniões dos historiadores não são acordes sobre a segunda metade do século. XI”.
    Entretanto, mais informações da própria família Barbolani na mídia eletrônica ajudam a esclarecer as dúvidas sobre esse Ardingo que seria filho de Tegrimo II. Texto traduzido: "Em 1040, Ardingo Barbolani, filho de Teuzzone [Tegrimo II ou Theugrimus II] descendente de Teuzzo [Theugrimus I] degli Attalberti, progenitor dos vários ramos da progênie, recebeu a investidura de primeiro conde de Montauto pelo imperador Henrique IV, em Roma para a coroação. Em 1187, Ranieri Barbolani, filho de Ardengo di Montauto - foi apresentado junto com seu irmão Bernardo com o título de conde entre os grandes senhores feudais da corte da Toscana - e recebeu do imperador Federico Barbarossa privilégio feudal que Henrique VI de Suábia confirmou em 1196. Os privilégios também foram aprovados por Otto IV de Brunswick em 1210 e por Frederick II em 1220. Em 1170 ele havia reunido as linhas e posses de Galbino e Montauto”.


Sobre Teuzonne (Tegrimo ou Theugrimus II, f.a. 990) pai deste Ardingo sabemos por várias fontes foi na Toscana conde de Modiano, filho de Guido I (f.c.963); Teuzzone teria sido casado com Gísia <950> (Guila, Willa, nome wido) neta de Hucpold de Hainacq, capostipide dos hucpoldings.
     Seu pai Guido I (f.c. 963) era filho de Theutigrimus I (f.a 941) sobrinho dos otones que fora casado com Ingeldrada II (ela já então senhora do castelo de Modiano, viva em 909, com ascendência lombarda pelo pai Pedro, filho do dux Martinus, falecido antes de setembro 896 que fora casado com sua mãe Ingeralda I - esta filha do capostipide do hucpoldings da marca Toscana, Hucbaldus de Hinacq). Hucbaldus de Hainacq com origem materna guelfa e wido, dinastia originária dos condes de Hesbaye, que havia ainda nos meados do sec.IX participado da descida franca, casado na Toscana com Andaberta, dos Adalberti de Bolonha, também de origem franca. [Conclusão do nosso trabalho com todas as fontes “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, inédito, mas já aberto a pesquisas].

Neste caso, concluímos que a formação da família Borbolani na Toscana ocorre a partir do ano 967 pelo capostipide Walfredo Barbolani, filho de Ildebrando, dos Hidebrandeschi, que primeiro assume este apelido e sobrenome - a família desenvolvendo-se por Ardingo Barbolani tornado em 1040 conde de Montauto por Henrique IV. Ardingo Barbolani, portanto, filho e bisneto dos Teuzzoni ou Teugrimus - seu bisavô (f.a. 941) ligado aos Attalberti (Adalberti). Como sabemos sua bisavó Ingeralda I filha do capostipide dos hucpoldings, Hucpold de Hainacq, seria também de origem franca em parte dos wido de Hesbaye. Em 1187 os filhos deste Ardingo de Montauto, Ranieri e Bernado, com prenomes característicos da dinastia guilhermida, já estabelecidos entre os grandes senhores feudais da Toscana.

Mas não conseguimos ainda identificar a contento o casal que teria favorecido a penetração dos prenomes guilhermidas no século X entre as dinastias hildebrandeschi e ucpoldings na Toscana –sugerimos, entretanto, que essa penetração e ligação possa ter ocorrido pelo casamento de Guido I e sua primeira esposa, referida pela fonte Shamá como Sibila ou Richilda, sem outras indicações. [Guido I falecido cerca de 963,  filho de Theutigrimus I, falecido antes de  941]

7 - Vila de Sarteanello no Vale do Arbia - uma das aldeias pertencentes aos berardenga ou berardenghi, lembrada entre outros documentos por um diploma de 1051 publicado pelos Ughhelli, no bispado de Montalcino - a metade do castelo de Sarteanelo ainda colocado no lado sienense (ver documento abaixo). É bem conhecido em Sarteanello que a contagem de Sarteano foi preservada por um longo tempo. Quando da febre de 1055, os três filhos do Conde Winigildo de Sarteano, que estavam em Orvieto, doaram ao seu abate de São Pedro em Campo, no Val d'Orcia, aterros sanitários, alguns dos quais também estavam localizados em Sarteanello. Winigildo ,nome muito próximo ainda ao do governador  Winigi. (E. Repetti Dizionario Geografico, Fisico e Storico della Toscana - SARTEANELLO, o SARTIANELLO - Casale ch'ebbe chiesa parrocchiale (SS. Simone e Giuda) annessa al popolo della Badia di Roffeno nel piviere di Vescona, Comunità Giurisdizione e circa miglia toscane 4 a ponente maestrale di Asciano, Diocesi di Arezzo, Compartimento di Siena. Trovasi nel valloncello del fosso Arbiola tributano destro mediante il torrente Carisa del fiume Arbia. Fu Sarteanello uno de' villaggi appartenuto ai conti della Berardenga, rammentato fra gli altri in un diploma del 1051 pubblicato dall'Ughelli nei vescovi di Montalcino, e il di cui originale vidi nell' Arch. privato del sig. Scipione Borghesi Bichi di Siena; col qual diploma Arrigo III, ad imitazione degl' imperatori Carlo, Lodovico e Lottario e dei primi tre Ottoni, confermò all'abbate e monaci di S. Antimo in Val d'Orcia, fra i diversi beni, castelli e chiese, la metà del castello di Sarteanello posto nel contado senese.

8 - Os marqueses de Monferralto teriam origem no capostipide na Itália por Guglielmo I [de Monferralto (ou Monferrat?], um guilhermida – mas fontes da família comentam que a documentação a este respeito seria muito incerta.


 Entretanto, a própria família comenta a cerca da probabilidade de ser oriunda de um Wilielmus: “La maggioranza degli studiosi lo identifica con il Wilielmus che secondo le Gesta Berengarii imperatoris nell'888 scese in Italia al comando di 300 cavalieri franchi (de lei sálica) in sostegno di Guido da Spoleto contro Berengario I, re d'Italia” (frase já citada e traduzida na Introdução)

A enciclopédia Wikipédia refere Guilherme I de Monferrat em biografia muito pertinente
“O contexto (em 924) sugere que Guilherme fizesse parte dos feudatários (entre os quais Lamberto e Giselberto), que dois anos antes haviam se sublevado contra BerengárioI e tivessem chamado Rodolfo à Itália. Esta notícia e as precedentes estão de acordo com uma origem borgonhesa de Guilherme, embora lendas posteriores sustentem que os genitores de Aleramo fossem saxões“. [ explicamos Aleramo proveniente dos Adelheim, sogro de Robert I de Hesbaye.] Ainda “É provável que Guilherme tenha morrido entre 924 e 933, ano em que aparece pela primeira vez o comes Aleramo de Monferrato. Em uma investidura de 967 o imperador Otão I confirmou a Aleramo, filho de Guilherme, todas as propriedades por ele adquiridas ou herdadas dos genitores: tais propriedades eram distribuídas nos condados de Acqui, Savona, Asti, Monferrato, Turim, Vercelli, Parma, Cremona e Bérgamo. Wikepedia com fontes.

Por nós observado que na listagem dinástica dos marqueses de Monferralto aparecem vários membros da família com os nomes Guilhermo e Ranieri. O Guilhermo é nome naturalmente muito usado pelos guilhermida - o prenome mesmo de seu próprio capostipide São Guilherme de Toulouse. Este fato relativo á familia Monferralto, sobretudo, parece confirmar a presença e estabelecimento da dinastia dos guilhermidas na Itália.

9 - Família Ranieri (Ragnieri, Ruggiero -> Ugurgieri?)fontes familiares indicam a antiga e ilustre família de origem na Perugia.

Seu capostipite Ragnieri ou Ruggiero indicado por alguns descendentes como originário dos marqueses de Monferralto – marqueses que referimos acima como de origem guilhermida.  Entretanto, outros documentos provariam a origem saxã da familia Ranieri.
Constatamos que S. Guilhermo de Toulouse teve um filho do segundo casamento com o nome Guarniero (->Raniero?) – mas não confirmamos etimologicamente por aí a origem deste nome. Temos conhecimento que o nome Warin em alemão antigo referia-se ao guarda do exercito; Guarniero – do frances garde, também referente à guarda de exercito; já Raniero em alemão antigo ragin+harin – inteligência, conselho + exército = conselheiro de exército.

Sobre a possibilidade da origem saxã da família Ranieri, observar os comentários na linhagem acima dos marqueses de Monferralto e na seqüente linha da família Ugurgieri - sobretudo a linha dinástica Udalrich adiante apresentada.


Fonte nobiliárquica desta família Ranieri afirma ainda: “Questa casata fra il XII e XIII secolo si divise in quattro rami, dei quali il primogenito restò in Perugia e gli altri si stabilirono a Orvieto, a Gubbio e a Ragusa in Dalmazia. Di questi il ramo di Orvieto e di Gubbio si estinsero e quello di Ragusa nel 1100 si trasferì a Venezia, dando origine all'illustre famiglia Renier, alla quale appartenne Paolo, penultimo doge di quella Repubblica. Restò superstite solo il ramo di Perugia e quello che si stabilì in Forlì, derivato forse da un medesimo stipite”...

Uberto ou Umberto é prenome também de importância na família Ranieri. Pois os filhos de um Uberto ou Umberto dominaram “a terra de Fratta”, na Peruggia, hoje “Umbertide ”- região que nos documentos de época sempre aparece como: "Fracta filiorum Uberti". Esses Uberto poderiam ser de origem ainda muito mais antiga, com um ancestral romano de nome Uberto.
Há uma lenda que refere um barão aculturado, suave e gentil de Roma, um dos seis companheiros de Uberto César, filho de Catilina, corajoso e honesto, obrigado a se instalar na cidade recém-formada pelo próprio Júlio César.  Ao ser a cidade destruída por Totila ou Átila ( as fontes são divididos quanto a  este) e  reconstruída por Carlos Magno, neste novo começo já contaria  com nomes de muitos tradicionais cavaleiros -  incluindo um Arpadino dei Ravignani. Desses Ravignani também é comentado -  o membro mais famoso da família é Bellincione Berti de Ravignani, mencionado por Dante como um símbolo de sobriedade e simplicidade da antiga Florença.  Os Ravignani eram dos mais respeitadas florentinos de casas nobres do século XII que se instalaram perto da Porta di San Pietro.  Os historiadores medievais falam deles como uma raça (!) de origem antiga que chegou em Florença quando a cidade ainda era chamada de Cesaréia - fundada por César junto com Bilione.

O prenome Umberto também aparece nas listas genealógicas bem antigas dos Cavalcanti. Acreditamos as familias Ranieri e Aldobrandeschi (ou Ildobrandeschi) tenham estabelecido relações de parentesco antes mesmo do ano 1045 quando os Cavalcanti aparecem documentados .(ver acima também familia Barbolani) - e o prenome Umberto entre os Cavalcanti parece chegar por estes aldobrandeschi.
Provavelmente através Passo, tido como filho de Ianni Letti Cavalcanti. Esses Uberto de linha Cavalcanti teriam se propagado para o reino de Nápoles. Esta genealogia dada como extinta em Florença deve ter tido continuação, entretanto, fora de Florença. Dela possivelmente descende ainda hoje o genealogista Silvio Umberto Cavalcanti de Cozensa. Ianni Letti tido como pai ainda de Passo (sugerido na tabela SUC) - este com um filho Uperto. Passo, falecido antes 1245, indicado como casado com Teodora di Forteguerra Giandonati, dando origem mais tarde à linha dos Cavalcanti que se estabelecem em Napolis (sugestão Gamurine, referendado pelo próprio Silvio Umberto Cavalcanti)].

10 - Família Ugurgieri de Siena cujo nome é proveniente de Ragnieri, Ruggiero, Ranieri, família que também remontantaria ao Winigi (ou Guinigi) do século IX.

Sua longa genealogia inclui prenomes das famílias Berardenga e Gherardesca; a que tudo indica, também dos Malavolti. Ver acima o afirmado sobre a familia Malavolti.
Atualmente, a casa de Malavolti é até mesmo representada pelo Conde Ruggiero Ugurgieri di Berardenga.
Os Ugurgieri ainda persistem, mas o último conde Ruggiero, patrício de Siena, teve apenas uma filha, a condessa Annita, e por concessão especial do Ministério da Justiça italiano, desde outubro de 1999, ela foi autorizada a adicionar seu nome de nascimento com o seu marido, Lorenzo Martini, para eles e seus descendentes. Ver acima família Malavolti. (fontes da família Malavolti.)

   O nome desta família parece provir de um ascendente comum, Uldalrich, cujo nome se transforma na Itália e no tempo em Ardingo, Arrigo ou Arrigo.  Udalrich I, que temos como o Ardingo original, adiante citaremos em listagem formadora, irmão de Gerold II da casa dos Wizingau por ocasião da descida franca, poderia ter sido também conselheiro de exercito de Carlos Magno? Pois este nome de família Ranieri provem como já observamos em nota acima do GERMÂNICO (RAGIN + HARI) INTELIGÊNCIA, CONSELHO + EXÉRCITO e significa CONSELHEIRO DO EXÉRCITO. Observar comentários a seguir.

2ª Parte

Relacionadas, portanto, às principais informações obtidas sobre as regiões e as famílias que referendavam a presença do mesmo personagem Winigi ou Wining, Guinigi ou Guinigingo ou mesmo “Winiguise”, conde referido como de origem franca e de leis sálicas (leis que inclusive não favoreciam as mulheres na posse de heranças), governador político de Siena (867-881) e de Roselle (868) - nos perguntamos então quem teria sido esta figura a quem foram atribuídas na verdade a formação de tantas regiões e famílias italianas nos meados do século IX. Figura apresentada em tão variadas formas de escrita do seu nome, transformadas pelo tempo e mesmo “italianadas”? Quem teriam sido seus pais e quais suas possíveis ligações com a família de Guilherme de Toulon, capostipide guilhermida depois tornado santo?

Acrescentando essas  novas informações obtidas e referidas na 1ª parte do Desenvolvimento  às que nos vinham já de nossas alongadas pesquisas relativas à dinastia dos wido provenientes de Hesbaye, podemos agora apresentar o raciocínio genealógico abaixo - raciocínio que reportamos, agora, também à casa dos condes de Angoulême à qual pertencia este famoso santo Guillherme de Toulon – conforme nossa hipótese inicial.

Lembrando que no sec. IX a dinastia dos geroldings, do importante “margrave” da Panônia na descida franca em luta Gerold II, nesta ocasião se desmembrava da importante e rica casa dos Wizingau e mais uma vez se unia à dinastia wido de Hesbaye,esta  também em descida - apresentando ambas as dinastias continuidade pelas dinastias uldarichings e hunfrindings no norte da Itália – novas dinastias francas recém-formadas que, afastadas do centro franco, vinham em luta ocupando espaços a se localizando definitivamente mais ao sul – na marca da Gotia (Narbonne, França) e no norte da Itália.

A linhagem udalricher representada nesta ocasião por Emertrude da Suábia - filha de Gerold I de Wizingau e Ema da Alemania (esta filha do herzog alemanni Nabi).

Emertrude havia sido casada com Isambart I - um dos filhos de Warin II da contagem de Hesbaye. E Hunfring I, o filho de Isembart e Emertrude, casado por sua vez com Hidda, a filha de Udarich I (este também filho de Emma e Gerold I) - o casal Hunfrid I e Hidda assim dando continuidade na luta e à linhagem hunfriding em descida pelos Alpes. Fonte Medieval/ Suábia: HUNFRID (-824 ou após). Jackman cita o livro Memorial de Reichenau que lista (em ordem) "Hunfridus, Hitta, Adelpreht, Odalrih, Hunfrid, Liutsind, Hitta, Imma, Aba", que ele identifica como Hunfried, sua esposa, seus quatro filhos e possíveis tres filhas . Outro filho de Isambart e Emertrude foi Welf ou Guelf de Argengau e Linzgau e Aldorf, capostipide da dinastia dos guelfos, outro ainda Uldarich III (Odarich ou Oldarico III), este atuante na marca da Gotia (852-858). A respeito destas importantes dinastias em descida para a península italiana consultar detalhes no nosso trabalho citado acima referente às linhas francas, ainda inédito, mas já aberto á consultas.

Mais claramente, vejamos como se realiza por fim o entroncamento desta dinastia guilhermida com os udalricher e os primeiros descendentes wido de Hesbaye, por fim estabelecidos também no norte da península e na Toscana.
             
                Inicialmente preparamos e colocamos a lista dos uldaricher que havíamos conseguido recompor por inúmeras fontes genealógicas e documentos já bem levantados, com datas escrupulosamente cotejadas trazidas do nosso trabalho anterior citado.

               Ao reproduzir a lista dos Udalrich desde logo chamamos atenção do leitor para o aparecimento de um membro da família udalricher chamado Wulfgrino ou Wulgrino fato de estranhamento pela aproximação como o prenome Wining, Winingi e outros, atribuídos ao governador de Siena.  Assim acompanhem nosso raciocínio:

- Udalrich I de  Vinzgouw (Ulrich, Adalrich, Odalrich, na Italia mais tarde Ardingo ou Arrigo) nascido c.770-824, conde em Albgau, fundador da dinastia udalrichinger -  era  filho mais velho  do rico  Gerold I Vinzgouw -  seu irmão Gerold II foi  importante personalidade de guerreiro e administrador  na descida franca na marca da Panônia. Esse Udalrich erroneamente indicado em uma  fonte genealógica não confiável como  Ulrich  de Argengau  casado com Susana de Paris,  seu filho Wulgrin I de Perigord (830-886). Haviamos observado, entretanto,  que as datas deste casamento e filiação  não se encaixavam, fato que na ocasiãonos causou já estranhamento. Agora este  prenome próximo de Winingo nos surpreendeu ainda mais.
(Outra fonte genealógica enciclopédica indica Udalrich, conde de Argengau, conde na Panonia, conde em Breisgau (780-807), conde em Bodensee (Lago Contance). Udalrich I de  Vinzgouw, referido como Ulrich, Adalrich, Odalrich, Odarico - n. Kraichgau, cerca 770?, falecido c. 824. Duque de Friul ? Fonte Geni, indica Udalrich Count of Argengau, conde na Panonia, conde em Breisgau (780-807), conde em Bodensee (Lago Constança). Nascido em Kraichgau (no presente Baden-Württemberg) - falecido 824  em Breisgau-Hochschwarzwald, Argengau (atual Bavaria e Baden-Württemberg Alemanha). Indicado ainda na em fonte genealógica med/Suábia como Ulrich I de Argengau. E ainda Wulgrino I de Perigord (830-886) erroneamente referido em med/Suábia como seu irmão, observado que as datas também não casam entre si .

Udalrich I de  Vinzgouw foi pai de  Heiricus ou Erich, Conde em Breisgau que segue;

Heirichus (I) ou Heiricus, ou Erich -  possivelmente o parente, sobrinho,  que acompanhou Gerold II e lutou em Friul contra os ávaros ,  falecido em combate na batalha de Tharsatica em 799. A fonte NothenrlItaly  informa que morreu   na batalha Tharsatica, Liburnia 799). Dux em Friul.

[Os Annales Laurissenses Continuatio registra que “Heirichus dux Foroiulensis" enviou alguns homens à Panônia com” Wonomyro Sclavo" em 796 [226] Os Annales Fuldenses registra que “Ehericum Ducem Foroiuliensem, deinde... Pippinum Filium regis" capturou o acampamento dos” Hunorum... Hringum” em 796, especificando que” Cagan et Iugurro principibus Hunorum” foram mortos por seu próprio povo [227]. O Annales Fuldenses registra que ”Ehericus dux Foroiuliensis” foi morto em 799” iuxta Tharsaticam Liburniæ civitatem [228] É possível que ”Heirichis / Ehericus” seja um erro de transcrição de “Munichis”, por esta fonte sugerido seu pai Udalrich - tornado Munichis].

A linhagem de Udarich I pelo falecimento em luta de seu filho Heirich na descida franca e também de seu irmão Gerold II, ambos mortos em batalhas, terá seguimento, portanto, por seu sobrinho-neto Uldarich II, neto de sua irmã Emertrude da Suábia casada na linhagem wido de Hesbaye – Esta linha de Hesbaye proveniente de Robert I, pai de Warin II – Warin II casado com Adelinda de Spoleto da casa do lombardo então vencido Hildebrando. Segue, portanto:
- Odarich II, ou Odarico II ou Udalrich II de Breisgau (c. 785- c.817) este sim, por um de seus filhos Wulfhardt, sogro de Susane de Paris. Odarich II por llinhagem wido, filho de Hunfrid I e Hitta, neto de Isambart I e Emertrude da Suábia, bisneto portanto do casal Warin II de Hesbaye e Adelinda. Irmão de Hunfrid II, Luitsind possivelmente graft de Istria e Adalpret, este também falecido em batalha da Récia em 13 maio 841.

[A fonte Medieval/ Suábia refere seu nome entre os filhos de: “HUNFRID [II] (-824 ou após). Jackman cita o livro Memorial de Reichenau que lista (em ordem) ”Hunfridus, Hitta, Adelpreht, Odalrih, Hunfrid, Liutsind, Hitta, Imma, Aba ”, que ele identifica como Hunfried, sua esposa, seus quatro filhos e possíveis tres filhas [609] fonte Medieval/Suábia, ADALBERT [I] (morto em batalha Retiense 13 maio 841”]. Por fontes catalãs este

Odarico II foi conde de Argengau y Linzgau (806-817), casado com Engeltruda, filha do conde Bigó (Begon) de Toulouse (806-816). O casal, conseguinos identificar, alem de Wulfhardt casado com Suzana de Paris, ainda pais de outro Odarich ou Odarico (III), Conde de Ampurias e Rosellón que teria atuado na Récia e em Narbonne. Ver abaixo:

Na seqüência da contagem referimos ainda filho Uldarich III, cuja biografia historia os conflitos posteriores da dinastia dos wido, uldarich, ainda hunfridings nesta descida franca:

Uldarich III ou Odarich III ou Odarico III - Trineto de Warin de Hesbaye, filho de Odarich II e neto de Isambart I. Pai de Uldarich IV, conde (graft) em Argengau. Pela fonte Geni, nascido em Argengau, Germânia (c. 820 ou 825 e falecido antes de 896). Esse nome Uldarich pelo tempo e lugar sofre alterações semânticas para Odalrich, Adalrich, Alderico, Amalrico, Alarico, Emerico, Aymeri, Americo ou Arrigo. Uldarich é referido Oldarico ou Alderico conde das Aspurias entre 852 - 858. Algumas informações indicam o indicam Alarico de Narbona que, conjuntamente com Francisco I de Narbona, foi um visconde de origem carolíngia que aí governou entre  852 e 876 (?).

Este mesmo nome aparece já afrancesado bem mais tarde em Aymeri IV, que em outubro de 1230 participou na Batalha de Campaldino, na Toscana; o mesmo, ainda citado como Amalrico, e sabe-se que saiu vitorioso na ocasião e com isso fez sua reputação).
Constatamos que Uldarich III foi Irmão de Wulfhardt e teria sido conte em Bordensee (Lago Constance). Teria sido casado com uma Berta desconhecida. Uldarich ou Oldarico III ainda indicado por fonte catalã como meio-irmão de Berenguer de Toulouse (filho de sua mãe Engeltruda com seu segundo esposo Hunroc de Ternoys).  Por esta fonte catalã, Uldarich III foi Conde de Ampurias e Rosellón. Conde da Récia em 846, conde de Barcelona, possivelmente conde de Gerona (852-858), primeiro conde de Narbona (852-858). Esta fonte catalã ainda indaga se ele teria sido detentor da marca da Gothia entre 852-858. Sendo ele neto de Isembart I não pudemos confirmar este fato, mas sabemos que seu tio, Alarán defendeu e deteve a Marca da Gothia (este nascido cerca de 760, falecido em data incerta - 852, 854, o mais tardar 858).

Alerán, filho de Isembard I e  bisneto de Warin II foi nomeado pelo rei Carlos, o Calvo, quando da sua marcha à Narbonna para enfrentar o seu irmão Pipino II em confronto militar.  Aderán foi indicado conde de Barcelona y Ampurias – Rosellón, marqués de Gothia de 849 a 851 ou 852. Entrou em Gerona em 850. Para melhor proteger-se do seu inimigo, o flho de Bernardo de Septimânia, Guillermo (William) de Setimânia, recebeu como seu auxiliar Isembard II (filho de Guerain - Guido de Provence). Com o falecimento ou desaparecimento de Aláran em batalha, a marca foi abandonada mais tarde por seu filho, a que tudo indica Hunfrid III, que já em 865 também membro da família e um lutador pela marca teria se refugiado nos Alpes.

Teria Uldarich III (Oldarico III) após 858 perdido a marca da Gothia? Por fontes enciclopédicas não segura, entretanto, temos que um Odarico (ou Odoacro) teria perdido as terras de sua marca, terras posteriormente reconquistadas por Conrad II (c. 835-876), [seu sobrinho-neto?] conde de Paris -  propriedades na província da Borgonha.

Já no ano de 858 ocorrera o rompimento entre Conrard I, membro da mesma família wido, e o Imperador Luis o Germânico pela perda de suas honras bávaras.  Conrado I, o Velho ou Conrad Ier Welf (Guelfo) "Der Ältere" de Auxerre (c. 795-863), filho do Guelf I e neto de Isambart I, pelo lado da mãe herdeiro e soberano na Bavária, foi envolvido na política de sucessão de sua irmã, a imperatriz Judith, e manifestou-se rebelde em 858 ao imperador Luiz, o Germânico por causa de honras bávaras e territórios subtraídos - após a morte de Luís o Pio, Conrado I se passara em 858 para o lado de Carlos, o Calvo, visto ter perdido suas honras bávaras e Luiz, o Germânico em represália teria confiscado seus feudos e terras bávaras. Carlos o Calvo o teria recompensado generosamente a ocidente, a ele e aos seus parentes, como duque da Borgonha Transjurana e Auxerre até sua morte em 864. - Conrado I, já tido como da dinastia guelfa, foi casado com Adélaïde Von Sundgau da Alsácia ou de Tours (c. 805-88) de muito antiga linha franca. Pela sua descendência guelfa, grandes e sérias contestações políticas futuras, até mesmo na Toscana. Conrado II sucedeu o pai Conrad I como conde de Paris e teria recuperado as propriedades de seu tio-avô Odoacro, na província da Borgonha.

Temos que Hunfrid III foi o sucessor de Uldarich III e Alerán em muitos anos der lutas na Gotia, lutador da mesma família que temos já como da dinastia hunfriding por seu prenome, filho de Alerán já comentado em nota acima. Mas por incompatibilidade com o imperador [Luís III, o Jovem (c.835- 882), rei da França Oriental que assume em 865], por questão de marca ou terras no mesmo ano de 865 insubordinando-se abandonou sua frente de luta e teria passado em fuga pela Provence e Lombardia, antes de subir para a Suévia, perdendo seu condado de Chalon.
Dados de sua biografia, fato já observado em pesquisa para artigo sobre as linhagens francas descidas no sec.XVII e IX, artigo ainda não publicado, mas já aberto aos pesquisadores.

Ainda Isembart II - filho de Guérin (Guido) de Provence (da mesma família de Hesbaye e que teria apresado Bernardo de Septimânia) sucedeu Hunfrid III no governo de Girona, mas em 881 teria sido expulso ou também se retirado pelos Alpes para “reino’ ao norte, região de lei germânica.
Notícia NI refere: "Isembardus nepos Ludovici Fr. Regis "tendo sido injustamente expulsos do reino em 881 retirou-se para” Guermundum Norm. Regem "(para as regiões de leis germânicas). Fato também já observado em pesquisa para artigo sobre as linhagens franco descidas no sec. xvii e IX artigo ainda não publicado, mas já aberto aos pesquisadores.

Já bem estruturado, portanto, o contexto histórico que acompanha a linha dinástica dos uldaricher, ainda levantadas informações sobre o comportamento de widos e hunfridings no período - dinastias francas em plena ação militar de descida em Friul, Récia, Narbonne, Septimânia, Barcelona, Gerona, etc – o leitor, sobretudo, já alertado quanto ao erro nas informações referentes ao matrimônio de Susanne de Paris (estranha ao ambiente alpino, mas ligada à região da Septimania) - somos capazes, portanto, de corrigir agora as informações anteriormente obtidas por estudos genealógicos em parte equivocados.

Citamos agora as novas informações sobre Suzanne de Paris que dão conta não só de seu verdadeiro esposo, Wulfhardt, da linha uldarich, mas ainda a identidade de um seu filho de nome Wulfgrin ou Wulgrin - nome que surpreendentemente fora por nós percebido como muito próximo do nome italiano antigo Wuningo o conde descido em 865 e tornado governador de Siena e Rosselle na altura dos 867 e 868.

Por informações genealógicas constatamos que Suzane de Paris, nascida e falecida no Sena, Paris, era filha do Bigó de Toulouse e Septimânia, Begon de Paris (c. 770-816) e Alpais de Paris (c. 793 -) - Susanne realmente nora de Uldarich IIeste de linhagem originária wido, mas já adotando nome Udalrich. Sua mãe Apelais ou Alpaïda, tida como filha do imperador Luis o Pio com sua concubina Teodolinda de Sens, foi abadessa de St-Pierre de Reims.


Brasão dos mais antigos com flores de lis de Alpaïda em St-Pierre de Reims.

O marido de Suzanne, chamado Wulfhardt, e o filho Woulgrin, Wulgrin - neto, de Uldarich II. Wulfhardt muito próximo da linhagem wido e dos típicos hunfridings, fato que até então não tínhamos conhecimento - descendente, quarto neto, por linha paterna do próprio Warin II de Hesbaye.

Por fonte genealógica (https://www.genealogieonline.nl/de/stamboom-), que completamos entre chaves, identificamos Wulfhardt [“Lobo Forte”], conde de Argengau, conde de Flavigny, nascido 783 em Paris, falecido após 832. Filho de Uldarich II graft em Breisgau casado com Susana de Paris, pais de Woulgrin [conde de Flavigny], de Adalard [8º conde de Paris, conde palatino] e de Hilduin, o jovem abade de Saint Denis.

Corrigida e cruzada, portanto, à linhagem dos uldaricher com a de Susana de Paris chegamos à apresentação da seguinte linhagem que repetimos e ao final acrescentamos:

Linha uldaricher que participa da descida franca.

- Udalrich I de  Vinzgouw, nascido cerca 770 - falecido c. 824. (Udalrich, Ulrich, Odalrich, Adalrich, nome que em listas dinásticas posteriores aparece na Itália como Alderico, Amerigo, Arringo ainda Arrigo [seria o di Ranieri referido (um conselheiro do Exercito?] Capostipide da linhagem, possivelmente dux em Friul, ao norte da península italiana, rico e importante personagem, irmão do famoso Gerold II que foi margrave na descida da Panônia. Udalrich I nascido em Kraichgau, fundador da dinastia udalrichinger.

Pela morte de seu filho e de seu irmão segue na linhagem seu sobrinho-neto Uldarich II, neto de sua irmã Emertrude da Suábia casada na casa de Hesbaye com Isambart I - filho de Warin II de Hesbaye e Altdorf.

- Uldarich II ou Odarico II. Nascido c. 820 ou 825, sobrinho-neto de Uldarich I - filho de Hunfrid I, bisneto de Warin II de Hesbaye e Aldorf.  Por fontes catalãs conde de Argengau e Linzgau (806-817) regiões ao norte do lago Constance, casado com Engeltruda, filha do conde Bigó de Tolosa (806-816). Irmão de Hunfrid II, Adalphret (morto na batalha da Récia em 841) e ainda Liutsind (acima citadas as fontes).  Por fontes catalãs sugerimos Uldarich II conde de Argengau y Linzgau (806-817) casado com Engeltruda, filha do conde Bigó de Tolosa (806-816). O casal indicado como pai de:

                               I
1 Uldarich III ou Odarico III que teria sido Conde de Ampurias e Rosellón, conde de Recia em 846, conde de Barcelona, possivelmente conde de Gerona (852-858), primeiro conde de Narbona (852-858) e Marquês da Gothia (852-858), indicado como meio-irmão de Berenguer de Tolosa (este filho de Engeltruda com seu segundo esposo Hunroc de Ternoys). Teria este segundo Oldarico perdido a marca da Gothia no ano de 858,  ano em que ocorre o rompimento de Conrado I duque da Bavária  com o rei Germânico ? Por fonte enciclopédica temos notícia que um Odarico (Odoacro) teria perdido as terras de sua marca, posteriormente reconquistada por seu sobrinho-neto Conrad II, conde de Paris - propriedades na província da Borgonha. E neste caso seu parentesco com Miro, o filho de Warin II seria ainda confirmado. Ver acima Odarico possível descendente de Milo e nota sobre Conrado II.

2 - Wulfhardt (Urso Forte) ou Vulfardo (783-837) conde d'Argengau, região ao norte do lago Constance, conde de Flavigny, casado com Suzane de Paris filha do Bigó, marques de Septmania.  Um dos filhos de Uldarich II e Engeltrude, citado pela listagem Geni. Seria a linhagem de Wulfhardt proprietária do WolfCastle situado nas proximidades do Castelo Winzingau no condado de Hesbaye (Marca da Hesbania)? A respeito consultar nosso trabalho “As antigas origens da família Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti em Colônia, reino franco”, no nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.

O filho do casal, Wulfgrin, Wulgrin ou em italiano Wuningo (c. 830 - 3 de maio de 886), neto paterno de Uldarich II também conde de Argengau y Linzgau (806-817). Wulfhardt, portanto, descendente dos Udalrich I e II, neto de Hunfrid I, de ascendência wido de Hesbaye, pode ter tido quando jovem a formação de um verdadeiro “hunfridings” em descida e luta pelos Alpes - irmão do aguerrido Udalrich III (Odarico) de Narbone, ainda de Adalard (ou Adalhardus) de Paris, conde palatino (c. 830 – 890), e de Hilduin (Hildoíno, Alduíno?), o jovem que foi abade de Saint Denis. Na mídia eletrônica: “Adalard was the eighth Count of Paris and a Count palatine. He was the son of Wulfhard of Flavigny and Suzanne of Paris, a daughter of Beggo, Count of Toulouse. His brother Hilduin the Young was the abbot of Saint-Denis. His brother Wulgrin I of Angoulême was appointed Count of Angoulême and Périgord. Adalard followed his uncle Leuthard II [ramo dos girardinos cujo nome significaria povo difícil, duro] Adalard had two children: son named Wulfhard and daughter called Adelaide of Paris (850 – 10 November 901). She married King Louis II of France and had two children with him. Temos que o prenome Uldarich seria posteriormente na Itália “italianados” como Ardingo ou Arrigo.

                                                      I

Linha que por casamento tranfere os prenomes guilhermidas:

- Woulgrin, Wulgrin, Vulgrino (também Wulfgrin? “Sorriso do Lobo”?) e em italiano antigo com toda a probabilidade Wunigi Conde de  Angoulême, Perigord e talvez  Saintonge (n. c. 830 – f. 3 de maio de 886), filho de Susana de Paris e  Wulfhard ou Vulfardo conde d'Argengau e Flavigny neto pelo pai de Uldarich II, dos udalriching, conde de Argengau y Linzgau (806-817).  Fonte Medieval refere “VULGRIN [I] Comte d Angoulême, son of VULFARD [d'Angoulême] & his wife Susanna de Paris (-3 May 886, bur Angoulême Saint-Cybard)” Teria tido um tio de nome Winigisus ou Winigi, que foi dux de Spoleto em 789, falecido em 822 em convento, pouco depois da punição do rei Bernardo. Woulgrin casado com Rosalinda de Septimânia foi genro do famoso Bernardo de Setmânia, este filho do santificado Guilherme de Toulouse – Wulgrino e Rosalinde por seus filhos deram sequência a linhagem de São Guilhermo de Toulouse - linha dos condes de Angoulême-Taillafer que reproduz ainda na Itália o próprio prenome de Berardo [Guillermo I, (755-812) avô de sua mulher, conde de Toulouse mais tarde tornado santo, era filho de Teodorico, conde de Autun e duque da Borgoña e de Aula, Alda ou Aldana, filha de Carlos Martel e Ruodhaide; primo, portanto de Carlos Magno, conde Platino, foi a ele consedido o ducado de Toulouse em 781. Desde 781 foi tutor de Luis o Pio. Na marca da Septimãnia e Gotia em 785 ajudou na conquista de Gerona e outras regiões. En 791 lutou contra os vascos e os submeu. Derrotado pelos árabes em 793 em Orbièu, que, entretanto se retiraram para Cerdania. Acompanhou o Imperador Luiz, o Pio na expedição à Catalunha e em 801 conquista Barcelona junto com Ademar de Narbona] Lembramos ainda que os pais de Vulgrino ou Wunigi, Susane e Wulfhardt, eram pais também de Adalard – cuja filha Adelaide de Friul ou de Paris, condessa de Paris, foi casada rei da França Luis II, o Gago  846879).    Wulgrin ou Wulgrino por todas as indicações colocadas acima e de datas, acreditamos e mesmo sugerimos, quando jovem esteve na Itália e foi denominado em língua da região Wunigi, governador de Siena (867-881) e de Roselle (868). A nosso ver posteriormente a 866 teria sido designado para atuar na defesa contra os vikings na França. Teve entre outros um filho, Guilhermo I de Périgord e de Agen, f. cerca de 918, e deste ainda um neto Bernardo I, conde de Périgord e Angoulème, falecido cerca de 950 - nomes que certamente a historiografia registra na Itália no mesmo período de suas vidas e que darão assim continuidade à dinastia Berardesca na península. As fontes de informação sobre Wuningo como conde de Angoulême são numerosas, citado por Adhemar de Chabanes em suas Crônicas. Seu nome consta das enciclopédias eletrônicas que referem fontes numerosas. Entre seu filhos, além de Guilhermo ou  William I (f 920), conde de Périgord e Agen ainda Angoulême, e que a nosso ver teria estado na Itália (ver abaixo), ainda  Alduin I (f. 916), conde de Angoulême e Sancha, casada com Adémar, que por algum tempo foi conde de Angoulême. Adémar genro de Wlgrin foi inicialmente seu filho adotivo (Aimar, 860, f. 930Conde de Poitou e Conde de Angoulème. Ver https://www.genealogieonline.nl/de/stamboom-homs/I6000000001744821945.php Sobre este ultimo ainda Informações abundantes na Wikepédia com fontes. Em 916, depois da morte de seu outro cunhado, Conde Alduin I de Angoulême , Adémar teria governado Angoulême pelo jovem Conde Guillaume Taillefer.

                                                                          I

Wilielmus I ou Guilhermo I de Périgord e de Agen, também conde de Angoulême-Taillefer, falecido cerca de 918 ou 920, ou talvez  924 ou  933, este ano em que aparece citado o seu possível filho, primeiro marques  de Monferrato, Aleramo.Também referido como Guilherme I de Monferrat fonte Wikepédia Wilielmus I filho de Wulgrino ou Wulgino e Rosalinde de Septimânia. Teria casado com  Regilindis.   Suas datas se encaixam bem. Segundo a Gesta Beregarii Imperatori, Guilhermo em 888 teria descido à Itália no comando de 300 cavaleiros francos de lei sálica para auxiliar Guido de Spoleto contra Berengário I, então rei da Itália [Guy de Spoleto de outro ramo dos wido de Nantes, descendente de Guy de Nantes da marca da Bretanha, filho de Lampert de Hornbach, linha colateral dos wido. Afirma a fonte histórica da família dos marqueses de Monferralto: “A maioria dos eruditos identifica esta família com Wilielmus, que de acordo com a Gesta Berengarii imperatoris em 888 chegou à Itália ao comando de 300 cavaleiros franceses (de lei sálica) em apoio de Guido da Spoleto contra Berengário I, rei da Itália”. Notado que seu tio adotivo Admar (Aimer) em 916 o teria substituído durante algum tempo nas suas atribuições no condado de Angoulême. Acreditamos realmente que tenha sido o primeiro de Monferrat e seu filho Aleramo o teria sucedido e recebido a investidura de Oto I.

                             I
Linha já agora berardesca

Bernardo - conde de Périgord e Angoulème falecido cerca de 950, filho de Guilhelmo acima, de dinastia berardesca por linha de sua avó filha de Bernardo de Septimânia, genro de Guilherme de Toulon.  Neto de Wulgrino ou Wulnigi pelo pai, descendente da linhagem dos wido de Warin II de Hesbaye e uldarichining (Aldarich ou Arrigo, anteriormente analisada) casado com Berta e depois  Garcinda. Seria “o filho” do Wuningi citado pela tradição que esteve na Itália onde teria deixado, a que tudo indica, descendência por várias famílias italianas. A casa dos condes de Périgord refere longa descendência na França.



CONCLUSÃO-

Na Introdução deste trabalho havíamos sugerido que a descendência berardenghi na península italiana teria se desenvolvido através a dinastia dos guilhermidas, depois do falecimento do jovem rei Bernardo que havia sofrido um sério castigo real, morrido após ser cegado no ano 818 – assim o desenvolvimento da dinastia de nome Bernardo realizado por algum descendente de S. Guilherme de Toulouse, sogro deste jovem rei penalizado tão cruelmente.

Para nossa surpresa, entretanto, encontramos a descendência guilhermida já nesta ocasião mesclada à linhagem dos uldariching (a palavra udalrich significando “dos ricos”? - ud al/a todos - dinamarquês - rich/rico) provenientes da região de Winzingau e também à dinastia dos wido, proveniente do condado de Hesbaye, próximo da cidade Colônia e cujo capostipide era S. Warin – dinastias que haviam colaborado na empreitada de conquista franca ao sul e adiante ainda deixaram na península muitos descendentes e especialmente a chamada dinastia berardesca ou berardengui.

Ainda que não tivéssemos conseguido identificar as origens familiares do personagem histórico Winigisus, duque de Spoleto em 789 faslecido em 822, possivelmente este Winigisus de Spoleto seria um descendente nibelung de genealogia muito antiga – talvez francesa - um parente de Suzanne de Paris, filha de Bigon de Sptimânia e de Paris, ou ainda da própria Rothaide de Bobbio, filha de Teodorico de Nibelung que fora casada com Pepino de Vermendois, o filho do jovem rei Bernardo punido. Neste caso o personagem Winigisus merecedor de aprofundamento de pesquisas, lembrando ainda que os guilhermidas haviam estado ligados por aliança aos Admari, e estes à uma linhagem colateral nibelung.

Este Winigisus de Spoleto, havia sido protegido do jovem rei Bernardo e depois do castigo real afastado para convento e aparentemente saído de linha de sucessão - ocultada sua própria origem genealógica (ver a situação de Adalardus e Wala, filhos do velho Bernhardt na mesma situação) ainda que indicado como possível tio de Woulgrin ou Wulgrin de Angoulême, com o qual apresenta semelhança de nome.

Depois de termos apresentado exaustivamente a linha dinástica udarich concluímos, entretanto, que o Wuinigi muitas vezes referido na Toscana e indicado como o fundador de abadias, casales e castelos, tido como origem de várias famílias e que havia descido para a Itália como legado do Imperador Luiz o Pio em 865, ainda tornado governador de Siena (867-881) e de Roselle (868) tenha sido em verdade este Woulgrin ou Wulgrin conde de Angoulême, filho de Suzane de Paris e Wulfhardt de Flaviny - pois as circunstâncias e todas as datas neste sentido se encaixam perfeitamente - sobretudo os prenomes levados por seus descendentes, inclusive o prenome Bernardo que dá continuidade à dinastia confirmam o afirmado.

Este Woulgrin e sua esposa Rosalinde, uma guilhermida, deixarão na Itália descendentes com os prenomes característicos da dinastia guilhermida predominante - Guilherme, Bernardo, Ranieri, Amerigo – descendentes que darão então continuidade à dinastia berardesca em virtude da punição do jovem rei Bernardo.

Ressaltamos que Woulgrin ou Wulgrin (nascido c. 830 – f. 3 de maio de 886), conde de Angoulême e Perigord, filho de Wulfhard, conde de Argengau (região localizada ao norte do lago Constance) casado com Susana de Paris era em verdade neto pelo pai de Uldarich II (ou Odarico ou ainda italianado Amerigo) conde de Argengau y Linzgau (806-817) condado na região do lago Constance – e por este seu pai, portanto, um uldarich de nascimento, com genealogia ainda mesclada à contagem de Hesbaye, contagem localisada próximo de Colônia; Wulgrin ainda sobrinho de Udarich III.

Este Woulgrin ou Wulgrin (que pensamos Wuinigi, Winigi ou Guinigi, nome “italianado” na Toscana) casara-se com Rosalinda de Septimânia, uma guilhermida, filha de Bernardo de Setmânia. O pai de Rosalinde, Bernardo, filho de São Guilhermo de Toulouse Taillafer (755-812). Pelo casal Rosalinde e Woulgrin, por linhagem feminina guilhermida, portanto, desenvolve-se a dinastia berardesca na península.

O avô de Rosalinde de Septimânia São Guilhermo de Toulouse fora primo de Carlos Magno, capostipide da linhagem do guilhemidas. Saint Guilhermo de Toulouse casado com Duoda, sogro do jovem rei Bernardo que em 818 havia sido cegado por ordens do imperador Luis, o Pio.

Wulgrin e Rosalinda por várias listagens genealógicas cotejadas, inclusive a listagem dos condes de Angoulème, teriam tido entre outros filhos Guilhermo I de Périgord e de Agen, conde de Angoulême (falecido cerca de 918 ou 920 ou em outra fonte 924 ou 933), e ainda um neto Bernardo I, conde de Périgord e Angoulème, falecido cerca de 950.

Lembrando que os pais de Woulgrin, Susane e Wulfhardt, eram pais também de Adalard – cuja filha Adelaïde de Friul, condessa de Paris e sobrinha de Wulfgrin foi casada com o rei da França Luis II, o Gago - fato que demonstra o prestigio do conde Woulgrin nesta corte.

Temos que Woulgrin ou Wulgrin no início de sua vida (n. cerca de 830) teria desempenhado encargos de confiança na Itália, em Siena e Rossetto, mas por volta do ano 868 já com um prenome local e “italianado” Wuinigi, certamente tenha sido indicado pelo imperador Carlos, O Calvo para assumir na França grandes responsabilidades de defesa como conde de Angoulême, e dar combate às incursões vikings, bem como construir castelos e fortificações - desligando-se assim do território na Toscana onde havia sido bem sucedido em questões de pacificação que lhe haviam sido atribuídas quando jovem – ainda conseguido certamente manter sua influência e o poder para seus filhos nesta região. Notado que seu filho adotivo Admar (Aimer) teria mesmo em 916 substituído e ocupado durante algum tempo atribuições do seu filho Guilherme por ausência temporária no condado de Angoulême.

Mudanças de zona de influência ou autoridade, por casamento ou ordens reais, eram comuns na época - e mesmo Warin II nascido de Hesbaye, próximo de Colônia foi de contagem em Aldorf na atual Suíça, e ainda no meio da vida indicado para a defesa de Narbonne na Provence, onde até mesmo faleceu (nosso trabalho “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, próximo no blog http//rosasampaiotorres. blogspor.com/). Acreditamos que o mesmo aconteceu com este Woufnin, Wulningo ou Wuiningi cujas indicações genealógicas e datas muito bem se encaixam – o que dirimiria dúvidas muito antigas na história italiana.

Numerosas fontes sobre os condes Angoulême afirmam que, “mesmo sendo estrangeiro na França”, Woulgrin foi colocado por Carlos, o Calvo no comando dos condados de Angoumois e Périgord em 866 para controlar e dar termo às incursões vikings nesta região região onde teria permanecido até a sua morte em 886. Ele teria sido nomeado, de acordo com as crônicas de Ademar de Chabannes (Chronique d'Adémar de Chabannes), para tratar de distúrbios no local. Certamente Wulgrin já teria sido bem provado anteriormente na Itália, onde foi muito bem sucedido nas questões de pacificação que lhe haviam sido atribuídas.

As fontes sobre as atividades de Wulgrin ou Wulgrin de Angoulême na França são muitas – com bibliografias e fontes encontráveis em enciclopédias na mídia eletrônica que recomendamos para mais completas informações.


Escudo do Brasão de Armas atribuído aos condes de Angoulême-Taillefer.

Como observamos Wuolgrin ou Wulgrin I de Angoulême, adquiriu este título de Angoulême pelo lado de sua esposa – lado, portanto guilhermida, tornando-se o casal continuador da dinastia berardenga na Itália. Wuolgrin I genro de Bernardo de Septimânia (795 – 844) – este o filho de S. Guilherme capostipide desta dinastia guilhermida - dinastia na época de seu nascimento (c. 830) ainda aliada dos uldariching nos governos de Narbona - lembrando que S.Guilherme I, conde de Toulouse, fora um dos primos do imperador Carlos Magno e também antigo defensor desta marca da Septimânia.

Bernardo de Septimânia, sogro de Wuolgrin ou Wulgrin, desempenhou importante papel na Aquitânia e na Marca Hispânica, e mesmo na corte imperial de Luís, o Pio entre 830 e 843. Governou Narbonne por três vezes. No seu segundo governo (830 - 832), teria sido sucedido por Berengário de Toulouse. No seu terceiro período governativo (835- 844), entretanto, já tomando partido contra Carlos o Calvo foi executado em Toulouse por ordem deste rei em 844, sendo substituído por Sunifredo de Narbona (805849) que na ocasião já se mostrara combativo frente aos mouros.

Bernardo de Septimânia como governante visigodo de Narbonne pela terceira vez entre 835-844 fora dado como traidor em relação ao conflito que na época teve lugar entre os herdeiros de Luis, o Pio - Carlos o Calvo e seu irmão Pepino II. Assim sendo, Bernardo foi detido a mando de Carlos o Calvo e decapitado.

E teria sido Guido (Guerin) de Provence, descendente e neto de Warin II, filho de Isembart, de antiga aliança e parentela da contagem de Hesbaye que teria apresado Bernardo de Septimânia, sendo tido como responsável por sua decapitação. Comprovado que neste mesmo ano de 844 Guido (Guerin) de Provence teria sido levado a presença de Carlos o Calvo. (Assunto tratado em nosso sobre Catalunha, ainda inédito).  Pouco depois Isambart II, filho de Guido da Provence, da linha de Hesbaye, ainda capturado em 850 pelo filho de Bernardo, Guilhermo da Septimânia, possivelmente em represália a atuação de seu pai.

Pelo fato de Bernardo de Sptimânia ter sido executado a mando de Carlos o Calvo, apresado mesmo por Guido de Provence da família wido de Hesbaye, acreditamos este o motivo de encobrimento genealógico do importante papel desempenhado posteriormente por estas dinastias na Itália no século IX - dinastias wido, udaricher e guilhermida que haviam lutado entre si na marca da Septimânia, mas que teriam dado surgimento depois ainda a tantas outras famílias de origem franca na Itália.

A partir do filho de Wulgrin, Guilhermo, ainda um neto, um novo Bernardo, estas dinastias certamente tenham se reencontrado na Toscana e aí superado suas diferenças políticas. Porque continuaram se entrelaçando e aí formando novas alianças - novas linhas familiares de origem franca muito bem estabelecidas, adaptadas e desenvolvidas na região Toscana, como observamos no corpo do trabalho.

E os próprios Cavalcanti documentados nas proximidades do ano 1000 irão apresentar também em suas listas genealógicas, ainda por muito tempo, prenomes característicos das listagens dinásticas guilhermidas - Ranieri, Admari e Bernardo.

Quadro resumido e final

Listagem dinástica de widos, udalchirings, hunfridings e guilhermidas -> ainda bernardengas na Itália  (todas as datas e fererências citadas acima)

Warin II de Hesbaye (linha wido) + Adelind de Spoleto, casa de Hildebrando, o lombardo

                                                           I

Isembart I (filho de Warin II, wido) + Emertrude da Suábia (Wizingau)

                                                           I

Hunfrid I (capostipide hunfring) + Hitta, filha Udalrich I de Wizingau. irmão de Emertrude Wizingau (Guido da Provence, da linha de Hesbaye teria executado em 844 Bernardo de Septimânia sob ordens de Carlos o Calvo. Talvez por isso o ocultamento genealógico).

                                                           I

Uldarich II (dos Uldarichings) Conde d'Argengau + Emertrude de Paris (tio-avôde Uldarich II foi  Uldarich I, Ulrich - Odalrich, Adalrich, Odarico que dará ainda na Itália Alderico, Amerigo, Arrigo (di Ranieri – conselheirode Carlos Magno?)

                                                           I

Wulfhart (“Lobo Forte”) Conde d'Argengau, Conte de Flavigny + Susanne de Paris (pais também de Adalart, cuja filha Alaíde foi casada com rei Louis da França) e Uldarich ou Odarico  III. Susanne, filha de Boso de Paris e da  Septimânia.

I                                                     Bernardo de Septmânia (filho
I                                do famoso santo Guilherme de Toulouse
I                                          e Duoda. Este por sua vez filho de
I                                          Teodorico (Thierry) e Alda,
I                                          possivelmente filha de Carlos Martel.
I                                                                               I           

Wulgrin, Woulgrin (830 - 3 de maio de 886 – “Sorriso do Lobo?”) + Roselinde (irmã deGuilherme de   Septimânia)

                                OU

Vulgrino I -  tudo indica o Wuinigi governador de Siena (867-881) e  Rosselle (868) que por seu casamento se torna conde de Angoulême, Perigord e possivelmente  Saintonge (n. c. 830 – f. 3 de maio de 886) -  Casa de Angoulême-Taillefer (“Talhe de Ferro”). Pais de :

                                                                        I
                                                 Guilherme I + Regilindes

            Já nascido em Périgord  (? -920), Conde de Périgord e Angoulême
                                                                         I
                                         Bernardo I + 1º Berta-1º Garcinda
          (f.c. 950), conde de Périgord e Angoulême, que também teria estado no Itália.

Rosa Sampaio Torres, historiadora (RJ, Brasil, 1944) autora de inúmeros artigos sobre a família Cavalcanti italiana e brasileira publicados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, no 4Shared, e nas revistas InComunidade e Athena do Porto, ambas na mídia eletrônica. Nestes artigos científicos são analisadas fontes documentais, bibliográficas primárias e secundárias, fontes genealógicas, heráldicas, enciclopédicas, narrativas lendárias e obras religiosas, etc. – fontes sempre cuidadosamente cotejadas e concatenadas.

Entre os seus trabalhos específicos e relativos às origens francas dos Cavalcanti, publicados a partir do ano de 2010, no seu blog citamos: “A origem da Família Cavalcanti”, “Carta ao Bezerra I”, “Carta ao Bezerra II”, “Origem dos Cavalcanti I” (O castelo Divitia), “Origem dos Cavalcanti II”, “Os Sdegnosos Cavalcanti”.

Entre os mais recentes: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade, ed. n. 57, julho de 2017; “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec.VIII” e “Os Berardegas”, no blog. “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, ainda inédito.

Vários outros artigos sobre as atividades republicanas da família Cavalcanti no Brasil e na Itália foram realizados pela autora a partir do ano 2000, sendo dois deles específicos sobre o poeta Guido Cavalcanti do sec.XIII - o artigo “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015.



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