“Accademici e altro del Piano”
Análise documental
inédita
Uma aparente academia literária em
Florença no fim do sec.XVI
A
documentação dos “Accademici e altro del
Piano” que se encontra arquivada
na Biblioteca Nacional de Florença agora
nos chega ao Brasil por fotos em alta definição do pesquisador Marcelo Bezerra
Cavalcanti. Esta “Accademia del Piano”
é tradicionalmente associada a inocentes atividades literárias em Florença no
fim do século XVI. Academia, aparentemente, voltada para a realização de atividades
literárias que visariam a corporificação da língua italiana, bem como leituras
de autores neo-platônicos – como a conhecida e posterior “Accademia della
Crusca” (1).
Um dos principais fundadores da “Academia del Piano” teria sido Iacopo Pitti (1519 -1589), membro de uma família de ricos banqueiros já em decadência, antigos concorrentes dos Medici. Político de posição liberal e senador em Florença, Pitti foi autor entre outras obras de uma conhecida “Istorie Florentine” e de uma “Apologia de' Cappucci” – defesa da posição de sua facção política contra acusações dos “ottimati” da família Guicciardini. A Academia teria este nome por Iacopo Pitti fazer etapas, paradas, “nel piano de Ripoli, Firenze” (2).
Acreditamos que seriam oportunas novas e mais criteriosas análises ideológicas sobre as posições políticas expressas por Jacopo Pitti em sua obra. Entretanto, pensamos que seria mais proveitoso, por nossas pesquisas já acumulados sobre este período florentino, a realização nesta ocasião de nova e mais cuidadosa análise desta documentação da “Accademia del Piano” sob as luzes do contexto social e político já por nós bem conhecido – momento ainda de acirradas disputas contra a grande dominância obtida pela família Medici em Florença, onde esta documentação é forjada.
Um dos principais fundadores da “Academia del Piano” teria sido Iacopo Pitti (1519 -1589), membro de uma família de ricos banqueiros já em decadência, antigos concorrentes dos Medici. Político de posição liberal e senador em Florença, Pitti foi autor entre outras obras de uma conhecida “Istorie Florentine” e de uma “Apologia de' Cappucci” – defesa da posição de sua facção política contra acusações dos “ottimati” da família Guicciardini. A Academia teria este nome por Iacopo Pitti fazer etapas, paradas, “nel piano de Ripoli, Firenze” (2).
Acreditamos que seriam oportunas novas e mais criteriosas análises ideológicas sobre as posições políticas expressas por Jacopo Pitti em sua obra. Entretanto, pensamos que seria mais proveitoso, por nossas pesquisas já acumulados sobre este período florentino, a realização nesta ocasião de nova e mais cuidadosa análise desta documentação da “Accademia del Piano” sob as luzes do contexto social e político já por nós bem conhecido – momento ainda de acirradas disputas contra a grande dominância obtida pela família Medici em Florença, onde esta documentação é forjada.
E de inicio ainda relembrar a atuação política
concreta e anti-medici da família Capponi neste século - atuação certamente
ligada a esta documentação, pois a família Capponi por longo tempo albergou e
protegeu estes documentos conforme indica o próprio catálogo da Biblioteca
florentina (CATALOGO DEI MANOSCRITTI POSSEDUTI DAL MARCHESE GINO CAPPONI (1845 -
FIRENZE).
----------
A Conspiração Pazzi (1478) fora ao fim do século XV episódio de marcante contestação política
ao grande poder obtido pela família de banqueiros Médici que já abalava os
antigos princípios republicanos em Florença - contestação em que o grande
Lorenzo de Medici saiu ferido e Giuliano de Médici fora assassinado. Mas após
este episódio marcante, a primeira metade do século XVI irá ainda conhecer duas
outras tentativas de apeamento da família Médici do poder – no período da
chamada Primeira República de
Savanarola (1495-1512), e no período
frustrado da chamada Segunda República,
quando a cidade sofre duro cerco militar (1527/30).
Assim
sendo, durante o resto do sec. XVI - momentos
ainda conturbados mas de grande exuberância cultural em Florença – observamos
que inúmeras famílias, como os Salviati, Alammani, Soderini, Machiavelli,
Capponi, Cavalcanti, Strozzi, ainda outras, mesmo
exiladas ou politicamente reprimidas, continuavam
comprometidas na luta em defesa do antigo sistema Republicano da cidade, tentando
obstar o projeto hegemônico dos Medici. Neste sentido, muitas dessas famílias
florentinas continuam ativas, como nos episódios da tentativa de tomada militar
de Montemurlo aos Médici (1537); a trágica guerra de defesa da
Republica de Siena, cidade vizinha (1554/55);
ainda as derradeiras e deseperadas Conspirações
dos anos de 1559 e 1575 em
Florença (3)
Ao
proteger por dois séculos estes documentos que agora nos vêm às mãos,
acreditamos que a família Capponi pretendesse deixar indiretamente um registro
palpável e significativo das revoltas políticas e conspirações nas quais seus
membros haviam também atuado, e mesmo liderado durante o sec. XVI - revoltas e
conspirações que vivenciaram e pelas quais foram severamente punidos, como de
resto várias outras famílias - e por várias gerações.
A longa e
dramática trajetória contestadora dos Capponi por ideais republicanos
relativamente avançados, nitidamente anti-Médici, demonstra claramente que esta
família teria todo o interesse em guardar e proteger com extremo cuidado esta
documentação da “Accademia del Piano” e sua memória – listas de nomes de
personalidades e famílias (”casati”) referidas em códigos, cartas e documentos
também codificados que sugerem, desde logo, atuação de comunicação conspirativa
muito bem disfarçada, como indicam sobretudo os perigos concretos por que seus
membros haviam passado.
A família
Capponi, ricos produtores de seda, havia se colocado em contraposição a
preponderância da família Médici por mais de um século - várias gerações de
mesmo prenome, Piero – um desses Piero referido nas listas dos documentos em
código como “Luinto Coicodrillo” - a
família com um todo, como “casati”, recebendo o codinome “Iuliani”.
Ressaltada a longa e dramática trajetória de
luta da família Capponi - suas infrutíferas
tentativas de fuga, sempre alcançados pelos mercenários dos Médici especialmente
após a Conspiração de 1575 em Florença – num segundo momento constataremos surpresos
a presença, também nestes documentos e listas em código, de inúmeras outras
personalidades e famílias que já tínhamos identificado em nossos vários
trabalhos anteriores - famílias sempre envolvidas e penalizadas em perigosas
atividades anti-medici do fim do século XVI.
Surpresos, identificamos nas listas em código grande número, a grande
maioria mesmo, de personalidades e famílias já apresentadas e referidas em
vários artigos nossos editados sobre a família Cavalcanti e dedicados às conspirações anti-medici ao fim
do século XVI - famílias desde o começo do século punidas pelos Médici com decapitações,
degolamentos, assassinatos e perseguições sistemáticas por toda a Europa (4)
Fato que nos
indica a Academia - aparentemente uma Academia voltada para prazerosos assuntos
literários – fosse na verdade uma organização de fachada, uma sociedade
portadora de nítido cunho anti-medici – grupo de auxilio e apoio, pelos códigos
estabelecidos para uso em documentos e correspondência, aos conspiradores em ação
contestatória pela manutenção plena da Republica. Especialmente apoio aos “fuoriusciti”
já espalhados pela Europa – aqueles foragidos em virtude da luta política
anti-medici na Toscana.
Obsevamos que, encabeçando a primeira lista de
personalidades já anteriormente decodificadas, aparece um membro da família Cavalcanti
do ramo “Cavalleschi”, ramo depois migrado para o Brasil - Giovanni di Giovanni
Cavalcanti - seu nome colocado no topo desta
lista, referido em código como “Gneo
Scaracchio Dittatore”. E a própria família Cavalcanti, incluindo vários
ramos, indicada na “Lista di Casati” - lista que relacionaria as famílias aos seus
códigos respectivos - como “casata” Scaracchio.
Por nós
logo constatado que este Giovanni di Giovanni Cavalcanti seria o quinto e
ultimo filho do comerciante de artes Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, do ramo brasileiro,
jovem a que tudo indica nascido mesmo durante o auto-exílio de seus pais e pelo
menos três irmãos na Inglaterra. A possibilidade de existência deste irmão
caçula de Filippo di Giovanni Cavalcanti, patriarca brasileiro, fora por nós já
referida no trabalho “Giovanni di Lorenzo e seu filhos”, editado em nosso blog
em agosto 2012, com referências (5)
Fato
ainda mais importante - estes documentos que incluem duas cartas e pelo
menos dois outros textos da autoria deste jovem Giovanni di Giovanni Cavalcanti
seriam então a primeira indicação, por documentação concreta, da
participação de um dos filhos do comerciante de artes e diplomata informal,
Giovanni di Lorenzo Cavalcanti - do ramo Cavalleschi que vem parar no Brasil-
em atividades anti-medici e tratativas conspiratórias em Florença, no século
XVI.
É verdade
que o ramo “Cavalleschi” dos Cavalcanti já tinha sido por nós identificado na
luta anti-medici a partir da atuação do patriarca do ramo. Após a morte do papa
Leão X, seu protetor, e com bens arrestados em Florença, o mecenas e diplomata
informal Giovanni di Lorenzo Cavalcanti atuara na Segunda Republica (1527-1530) buscando atrair o apoio do seu antigo
amigo, o rei inglês Henrique VIII, com quem já privara, para a causa
florentina. Giovanni di Lourenço
Cavalcanti (também referido como John Cavalcanti, quando em Londres) durante a Segunda
Republica havia colaborando com sua parentela ampla, os Mainardo Cavalcanti, e
buscara o apoio do rei inglês tentando atraí-lo por sua atividade de mecenas,
ao retomar antigos projetos artísticos para o seu mausoléu. Além desta comprovada ação do patriarca do
ramo, também a tradição oral da família é insistente em afirmar que Filippo di
Giovanni Cavalcanti, seu filho primogênito, viera para o Brasil procurando
evadir-se por participação numa Conspiração anti-medici (6).
Agora, além do jovem caçula do ramo brasileiro
Giovanni di Giovanni Cavalcanti - “Gio
ou Gnco” - entre os inúmeros nomes de elementos e famílias citados com os
codinomes respectivos nesta documentação reconhecemos muitos outros - o de seu próprio
parente de linha materna, Filippo Mannelli, em código referido como “Tiberio Ciaverco”; um da família
Ridolfi, Ruberto, como “Fausto” e “Fausto
Imperiere”; os
Frescobaldi, como “casati” “Doralice”;
os Pucci, “Radiponii”; os Antinori, “Bambolini”; os Martelli em código “Balenci”. Até mesmo as importantes
famílias de poderosos e decididos banqueiros florentinos, sempre atuantes em
ações anti-medici: os Strozzi, os Albizzi, os Gondi, del Bene, Nasi - famílias todas citadas em listas e indicadas com
codinomes - famílias sobre as quais muito havíamos pesquisado e que já há muito
nos havíamos referido em nossos trabalhos (7).
Famílias que
observamos especialmente punidas e reprimidas depois da Conspiração descoberta
de 1559, muitas delas com membros em
fuga pela Europa, para locais longínquos. É o caso dos próprios Manelli,
parentes maternos dos Cavalcanti que também vêm parar no Brasil. Os Manelli
citados em código das “casati” como “Raveresi”.
Ao analisar
uma das cartas de Giovanni di Giovanni Cavalcanti, carta enviada de Paris datada
de outubro de 1560 e dirigida a seu amigo Bernardo Cambi, jovem ciente e
participante dessas Conspirações, com nome em lista – somos surpreendidos por uma referencia ao
seu irmão Felipppo, nesta ocasião já saindo da Europa pela Espanha, e ainda por
uma interessantíssima descrição de uma viagem
sua à Inglaterra.
O jovem
Giovanni saído de Paris para Londres - calculamos com uns vinte e cinco anos – aí
estaria espera de um companheiro que nomeia em código como “Lucintoldo Giambarda” para a realização
de algum contato com a corte inglesa, aparentemente um arranjo matrimonial do
companheiro com a rainha inglesa Elizabeth I. Uma das listas decodificadas refere Lucintoldo Giambarda como Iacunm
Bacciolto Gondi - que identificamos como membro da família Gondi de importantes
banqueiros estabelecidos na corte de Versailles, e desta ocasião da corte francesa
atuando intensamente contra os Medici.
Apesar da
pouca idade, o jovem Giovanni se deslocava, como se depreende nesta carta, com
a desenvoltura de um prático cortesão renascentista, como seu pai e seus irmãos
- movimentando-se entre Paris, Flandres, a corte inglesa, de volta à Paris e
ainda à Lyon - cidades onde sabemos se refugiavam e se concentravam os
"fuoriusciti” florentinos que
sabemos exilados ou em fuga de Florença (8). Assim sendo, podemos supor que o jovem
Giovanni fosse também um "fuoriusciti", um refugiado florentino em
muito oportuna viagem para a Inglaterra, deslocando-se aventurescamente a
serviço de cortes nas proximidades do ano de 1560 - e na corte de Elizabeth I
muito precocemente manifestando de forma clara suas preferências pelo regime
republicano.
Pela
correspondência em código de Giovanni di Giovanni fica ainda evidenciada a própria
simpatia desta rainha inglesa pela causa republicana, manifestando a culta Elizabeth I leitura já de intelectuais
precursores republicanos modernos como Píer
Vettori - autor referido abertamente na carta. Esta rainha ainda
demonstrando muita simpatia por outras personalidades citadas em código – a que
tudo indica, de seu pleno conhecimento. Giovanni di Giovanni Cavalcanti como
que dando ciência a esta corte inglesa dos acontecimentos ocorridos em Florença
após a descoberta da Conspiração de 1559.
Lembramos que
as cortes inglesa e francesa haviam abrigado inúmeros “fuoriusciti” - entre
eles o celebre exilado Luigi Alammani, abrigado na corte de Versailles; onde
também estivera desde os anos 1530 o
próprio parente da família ampla Bartolomeo Cavalcanti, messer Bartolomeo referido na carta de Giovanni – famoso conspirador,
mais tarde protegido ainda na corte de Pádua onde
vem a falecer. O famoso conspirador da família
Caponni, Piero di Alessandro Capponi, assassinado na França pelos mercenários
dos Medici em 1582 teria sido mesmo
sepultado na Inglaterra - corte, onde lembramos mais uma vez, já se haviam
abrigado os Cavalcanti do ramo brasileiro.
Ainda fugitivos exilados até mesmo na Polônia depois de 1575, entre eles da família Alammani, os Volusii, um Domenico.
Por
nossos já prolongados estudos sobre estas Conspirações florentinas podemos
concluir que as documentações desta Academia, aparentemente uma Academia
voltada a assuntos literários, correspondessem na verdade em cartas e códigos
especialmente relacionados ao período da Conspiração
Pucci e Cavalcanti de 1559, pois
as cartas de Giovanni di Giovanni Cavalcanti estão datadas de 1560 e 1561, e ainda uma importante carta de Bartolomeu Cavalcanti, datada
do mês de agosto de 1556 – carta
altamente secreta, dirigida ao Duque Otávio Farnesi, carta codificada em números, com certeza referida já
aos seus desesperados planos que envolvem
a família Farnesi nestas tramas -
ocasião do preparo da conspiração por fim descoberta em 1559, quando foram severamente punidos Pandolfo Pucci, degolado, e
o parente Stolto Cavalcanti decapitado com Puccio Pucci (9).
Esta documentação
da BNF estaria relacionada, portanto, a fatos ocorridos por ocasião da Conspiração liderada pelos e Cavalcanti e Pucci próximo ao ano 1559. Mas
estes documentos poderiam também ter referência a comunicações e
comprometimentos ainda próximos ao ano de 1575
- ano da ultima Conspiração em
Florença liderada por Orácio Pucci, filho de Pandolfo, e Pierino Ridolfi - conspiração igualmente descoberta, seus lideres também
sacrificados (10)
Momento que corresponde mesmo aos estertores da Republica Florentina - Republica
que fora transformada pela família Medici, por fim, num Grão–Ducado.
Notas
(1) Os documentos atribuídos aos “Accademici e Altro del Piano” foram coletados, copiados e reproduzidos fotograficamente pelo pesquisador da família Cavalcanti na Europa, Marcelo Bezerra Cavalcanti, da Biblioteca Nacional de Florença (CATALOGO DEI MANOSCRITTI POSSEDUTI DAL MARCHESE GINO CAPPONI (1845 - FIRENZE) e publicados em 2015 no seu blog http://cavalcantis.webs.com/archiviodistato.htm
Tradicionalmente estes documentos são referidos a uma academia literária criada em meados do sec.XVI com o objetivo de sistematizar a linguagem toscana - a exemplo, pouco mais tarde, dos “Accademici della Crusca” - academia já desenvolvida de modo claro a partir de um grupo de intelectuais anti-medici que em 1612 publica a primeira edição do “Vocabulário degli Accademici della Crusca”.
(2) Esta Accademia del Piano teria esse nome por Iacopo Pitti fazer etapas, paradas, “adunarsi che faceva nel piano di Ripoli, suburbio di Firenze” segundo informações do Dizionario General de Scienze, lettere, arti, storia, geografia, Turino, 1863, pg. 589. Iacopo Pitti foi autor entre 1570 e 1575 de um “Apologia de' Cappucci” – defesa da posição de sua facção política contra acusações dos “ottimati” da família Guicciardini. Comentários sobre da obra de Iacopo Pitti e suas posições políticas liberais em contraposição aos Guicciardini obtidos na Enciclopédia Italiana Treccani. Este sério e sério trabalho enciclopédico italiano cita ainda sobre Iacopo Pitti bibliografia no Archivo Storico Italiano, s. 1ª, I (1842), e IV, ii (1853). Cfr. A. Giorgetti, Il Dialogo di Bartolomeo Cerretani fonte delle "Istorie fiorentine" di J. P., in Miscellanea fiorentina di erudizione e storia, I (1886); E. Fueter, Geschichte d. neueren Historiographie, 2ª ed., Monaco-Berlino 1925”.
(3) A predominância econômica, social e política dos Medici a partir do sec. XIV foi muito bem analisada pelo historiador Nicolau Maquiavel em sua obra Historia de Florença. Sobre os reflexos deste processo de dominância na Republica de Florença no sec.XVI, a que se opunha também grande parte da família Cavalcanti, consultar nossos artigos “Medici X Cavalcanti”, publicado no 4shared, em 2011, com todas as fontes rigorosamente referidas, e também “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, inclusive a 2ª parte, “Conspiração Pucci e Rodolfi”, publicado em 2010, no blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(4) Sobre os nossos trabalhos já dedicados às conspirações anti-medici no fim do século XVI em que de modo amplo a família Cavalcanti esteve envolvida, consultar “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, inclusive uma 2ª parte, “Conspiração Pucci & Rodolfi”, publicado em 2010 no blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ Ainda o artigo “Medici X Cavalcanti”, publicado no 4shared, em 2011, com todas as fontes rigorosamente referidas. Também os artigos específicos “Giovanni di Giovanni Cavalcanti e seus filhos”, publicado em 2012, e “Filippo di Giovanni Cavalcanti” em 2013, no mesmo blog. Nossos outros artigos, que perifericamente tratam também deste assunto, “Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti” e “Rebecca ao Pozzo”, foram já editados por esta Revista- o primeiro no numero de setembro de 2015 e o segundo em janeiro de 2016.
(5) No artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, publicado no ano de 2012 no blog. www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ já indicávamos a possível existência deste seu filho caçula. No artigo específico sobre o jovem “Giovanni di Giovanni Cavalcanti”, recém editado em 2015 e baseado na análise profunda dos documentos desta Academia, também editado em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/, tentamos discutir e aprofundar o tema de seu nascimento no exílio, citando fontes, ainda analisar com detalhes sua correspondência e atuação.
(6) O primeiro dos nossos trabalhos a respeito da atuação anti-medici do comerciante de artes e diplomata informal Giovanni di Lorenzo Cavalcanti foi “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, publicado em nosso próprio blog em 2012. Já “Rebecca ao Pozzo”, igualmente sobre este ilustre cortesão e diplomata informal, editado por esta Revista em janeiro de 2016 - ambos os artigos usando como fonte Cinzia M. Sicca - artigos “Consumption of art between Italy and England in the first half of tht sixteenth century: the London house of the Bardi and Cavalcanti”, “Renaissance Studies”, vol. 16, pg. 163-201, junho de 2002 e “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII”, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1 2006. Alguns de nossos trabalhos publicados tratam ainda do mesmo tema.
(7) Em texto detalhado de análise destes documentos da “Accademia” que inclui várias e longas listas de personalidades e “casati” - comentaremos detalhadamente cada uma delas, quase todas já por nós conhecidas, a maioria da vezes citadas em nossos vários trabalhos anteriores - personalidades e famílias a comprometidas contra os Medici nas lutas republicanas e anti-medici pelo menos desde o século anterior, passando muito ativas pela Primeira e Segunda Republicas, ainda pelo episódio de Montemurlo (1537) e na luta pela Republica de Siena entre 1554/55, mas que se desdobram até 1559. Ao fim do século, ainda atuantes na “Conspiração Pucci e Cavalcanti” de 1559 e na “Conspiração Pucci e Ridolfi” de 1575 - conspirações que, detidamente, havíamos estudado. Oportunamente, publicaremos o texto detalhado de analise destes documentos, trabalho talvez ainda útil para historiadores italianos e europeus. Já o nosso recente artigo “Giovanni di Giovanni Cavalcanti (c. 1535-d. 1587)” é fruto da análise destes documentos, editado em setembro de 2015 em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(8) A cidade de Lyon, na França, é o local de envio da outra carta de Giovanni di Giovanni Cavalcanti ao amigo Bernardo Cambi, escrita em 1561. Constante nesta documentação e editada no blog de Marcello Bezerra Cavalcanti http://cavalcantis.webs.com/archiviodistato.htm.
(9) A família Pucci fora aliada dos banqueiros Medici e enriquecera por isso. Entretanto, atuou contra os mesmo Medici depois da punição sofrida por um tio de Pandolfo Pucci, Bertoldo Corsini, executado em 1555 por incitação aos sienenses e ajuda econômica a Republica desta cidade sitiada. Cortesão de Cosimo I de Medici, Pandolfo Pucci foi em 1555 aliciado em Florença pelo cardeal Farnesi para a conspiração de 1559, de Roma agindo também em articulação o já notório conspirador Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti. Descoberta a conspiração, como punição Pandolfo foi degolado; seu parente Puccio Pucci, magistrado, decapitado com os jovens Stolto Cavalcanti e Lorenzo Jacobo Medici (Salviati?). Ver detalhes no nosso artigo “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559”, notas 25 e 26. Ver também continuação na nota seguinte.
(10) O filho de Pandolfo, Oracio Pucci, por sua liderança na conspiração contra os Medici que dá sequência aos episódios acima, foi também decapitado na Conspiração Pucci e Ridolfi de 1575. Dois outros filhos de Pandolfo - Alessandro e Emilio - também teriam sido assassinados: um quando buscava proteção do papa Clemente VIII e o outro por um serviçal (fonte Ross, Janet - Florentine Palaces and theis Stories, s/d, pg 237. Os nomes Alessandro e Emílio referidos na tabela genealógica de Jean Boutier). O jovem Pierino Ridolfi também um dos líderes nesta Conspiração de 1575 foi caçado por toda a Europa e morto em março de 1577. Um bisneto de Nicolau Maquiavel, Ristoro di Ristoro Machiavelli, teria também participado da conspiração de 1575. Foragido, foi capturado e decapitado mesmo “em suplicio” no ano 1577 - sua cabeça colocada em lança. Os membros da família Capponi sistematicamente perseguidos e alcançados. Para detalhes destas ultimas conspirações em Florença no final do sec. XVI consultar nossos trabalhos “Medici x Cavalcanti” e “Conspiração Pucci e Cavalcanti” com fontes sempre citadas. A parte referida à Conspiração Pucci e Ridolfi, em que até mesmo identificamos a participação indireta das belíssimas moças da família Medici, é uma tentativa de complementação e de melhor contextualizar o trabalho do historiador Jean Boutier, no seu artigo “Trois conjurations Italiennes: Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628)” in Melange de l´ Ecole française de Rome, Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, pg. 319-375 pdf
----
Notas
(1) Os documentos atribuídos aos “Accademici e Altro del Piano” foram coletados, copiados e reproduzidos fotograficamente pelo pesquisador da família Cavalcanti na Europa, Marcelo Bezerra Cavalcanti, da Biblioteca Nacional de Florença (CATALOGO DEI MANOSCRITTI POSSEDUTI DAL MARCHESE GINO CAPPONI (1845 - FIRENZE) e publicados em 2015 no seu blog http://cavalcantis.webs.com/archiviodistato.htm
Tradicionalmente estes documentos são referidos a uma academia literária criada em meados do sec.XVI com o objetivo de sistematizar a linguagem toscana - a exemplo, pouco mais tarde, dos “Accademici della Crusca” - academia já desenvolvida de modo claro a partir de um grupo de intelectuais anti-medici que em 1612 publica a primeira edição do “Vocabulário degli Accademici della Crusca”.
(2) Esta Accademia del Piano teria esse nome por Iacopo Pitti fazer etapas, paradas, “adunarsi che faceva nel piano di Ripoli, suburbio di Firenze” segundo informações do Dizionario General de Scienze, lettere, arti, storia, geografia, Turino, 1863, pg. 589. Iacopo Pitti foi autor entre 1570 e 1575 de um “Apologia de' Cappucci” – defesa da posição de sua facção política contra acusações dos “ottimati” da família Guicciardini. Comentários sobre da obra de Iacopo Pitti e suas posições políticas liberais em contraposição aos Guicciardini obtidos na Enciclopédia Italiana Treccani. Este sério e sério trabalho enciclopédico italiano cita ainda sobre Iacopo Pitti bibliografia no Archivo Storico Italiano, s. 1ª, I (1842), e IV, ii (1853). Cfr. A. Giorgetti, Il Dialogo di Bartolomeo Cerretani fonte delle "Istorie fiorentine" di J. P., in Miscellanea fiorentina di erudizione e storia, I (1886); E. Fueter, Geschichte d. neueren Historiographie, 2ª ed., Monaco-Berlino 1925”.
(3) A predominância econômica, social e política dos Medici a partir do sec. XIV foi muito bem analisada pelo historiador Nicolau Maquiavel em sua obra Historia de Florença. Sobre os reflexos deste processo de dominância na Republica de Florença no sec.XVI, a que se opunha também grande parte da família Cavalcanti, consultar nossos artigos “Medici X Cavalcanti”, publicado no 4shared, em 2011, com todas as fontes rigorosamente referidas, e também “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, inclusive a 2ª parte, “Conspiração Pucci e Rodolfi”, publicado em 2010, no blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(4) Sobre os nossos trabalhos já dedicados às conspirações anti-medici no fim do século XVI em que de modo amplo a família Cavalcanti esteve envolvida, consultar “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, inclusive uma 2ª parte, “Conspiração Pucci & Rodolfi”, publicado em 2010 no blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ Ainda o artigo “Medici X Cavalcanti”, publicado no 4shared, em 2011, com todas as fontes rigorosamente referidas. Também os artigos específicos “Giovanni di Giovanni Cavalcanti e seus filhos”, publicado em 2012, e “Filippo di Giovanni Cavalcanti” em 2013, no mesmo blog. Nossos outros artigos, que perifericamente tratam também deste assunto, “Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti” e “Rebecca ao Pozzo”, foram já editados por esta Revista- o primeiro no numero de setembro de 2015 e o segundo em janeiro de 2016.
(5) No artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, publicado no ano de 2012 no blog. www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ já indicávamos a possível existência deste seu filho caçula. No artigo específico sobre o jovem “Giovanni di Giovanni Cavalcanti”, recém editado em 2015 e baseado na análise profunda dos documentos desta Academia, também editado em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/, tentamos discutir e aprofundar o tema de seu nascimento no exílio, citando fontes, ainda analisar com detalhes sua correspondência e atuação.
(6) O primeiro dos nossos trabalhos a respeito da atuação anti-medici do comerciante de artes e diplomata informal Giovanni di Lorenzo Cavalcanti foi “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, publicado em nosso próprio blog em 2012. Já “Rebecca ao Pozzo”, igualmente sobre este ilustre cortesão e diplomata informal, editado por esta Revista em janeiro de 2016 - ambos os artigos usando como fonte Cinzia M. Sicca - artigos “Consumption of art between Italy and England in the first half of tht sixteenth century: the London house of the Bardi and Cavalcanti”, “Renaissance Studies”, vol. 16, pg. 163-201, junho de 2002 e “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII”, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1 2006. Alguns de nossos trabalhos publicados tratam ainda do mesmo tema.
(7) Em texto detalhado de análise destes documentos da “Accademia” que inclui várias e longas listas de personalidades e “casati” - comentaremos detalhadamente cada uma delas, quase todas já por nós conhecidas, a maioria da vezes citadas em nossos vários trabalhos anteriores - personalidades e famílias a comprometidas contra os Medici nas lutas republicanas e anti-medici pelo menos desde o século anterior, passando muito ativas pela Primeira e Segunda Republicas, ainda pelo episódio de Montemurlo (1537) e na luta pela Republica de Siena entre 1554/55, mas que se desdobram até 1559. Ao fim do século, ainda atuantes na “Conspiração Pucci e Cavalcanti” de 1559 e na “Conspiração Pucci e Ridolfi” de 1575 - conspirações que, detidamente, havíamos estudado. Oportunamente, publicaremos o texto detalhado de analise destes documentos, trabalho talvez ainda útil para historiadores italianos e europeus. Já o nosso recente artigo “Giovanni di Giovanni Cavalcanti (c. 1535-d. 1587)” é fruto da análise destes documentos, editado em setembro de 2015 em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(8) A cidade de Lyon, na França, é o local de envio da outra carta de Giovanni di Giovanni Cavalcanti ao amigo Bernardo Cambi, escrita em 1561. Constante nesta documentação e editada no blog de Marcello Bezerra Cavalcanti http://cavalcantis.webs.com/archiviodistato.htm.
(9) A família Pucci fora aliada dos banqueiros Medici e enriquecera por isso. Entretanto, atuou contra os mesmo Medici depois da punição sofrida por um tio de Pandolfo Pucci, Bertoldo Corsini, executado em 1555 por incitação aos sienenses e ajuda econômica a Republica desta cidade sitiada. Cortesão de Cosimo I de Medici, Pandolfo Pucci foi em 1555 aliciado em Florença pelo cardeal Farnesi para a conspiração de 1559, de Roma agindo também em articulação o já notório conspirador Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti. Descoberta a conspiração, como punição Pandolfo foi degolado; seu parente Puccio Pucci, magistrado, decapitado com os jovens Stolto Cavalcanti e Lorenzo Jacobo Medici (Salviati?). Ver detalhes no nosso artigo “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559”, notas 25 e 26. Ver também continuação na nota seguinte.
(10) O filho de Pandolfo, Oracio Pucci, por sua liderança na conspiração contra os Medici que dá sequência aos episódios acima, foi também decapitado na Conspiração Pucci e Ridolfi de 1575. Dois outros filhos de Pandolfo - Alessandro e Emilio - também teriam sido assassinados: um quando buscava proteção do papa Clemente VIII e o outro por um serviçal (fonte Ross, Janet - Florentine Palaces and theis Stories, s/d, pg 237. Os nomes Alessandro e Emílio referidos na tabela genealógica de Jean Boutier). O jovem Pierino Ridolfi também um dos líderes nesta Conspiração de 1575 foi caçado por toda a Europa e morto em março de 1577. Um bisneto de Nicolau Maquiavel, Ristoro di Ristoro Machiavelli, teria também participado da conspiração de 1575. Foragido, foi capturado e decapitado mesmo “em suplicio” no ano 1577 - sua cabeça colocada em lança. Os membros da família Capponi sistematicamente perseguidos e alcançados. Para detalhes destas ultimas conspirações em Florença no final do sec. XVI consultar nossos trabalhos “Medici x Cavalcanti” e “Conspiração Pucci e Cavalcanti” com fontes sempre citadas. A parte referida à Conspiração Pucci e Ridolfi, em que até mesmo identificamos a participação indireta das belíssimas moças da família Medici, é uma tentativa de complementação e de melhor contextualizar o trabalho do historiador Jean Boutier, no seu artigo “Trois conjurations Italiennes: Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628)” in Melange de l´ Ecole française de Rome, Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, pg. 319-375 pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário