Ideais Republicanos no Brasil Colônia

 

Ideais Republicanos no Brasil Colônia

             

                 Afirma o nosso respeitado historiador Edvaldo Cabral de Mello:                       

                            “Ao tempo da guerra dos Mascates (1710-11) o estabelecimento de uma república, o modelo que se tinha em vista era o veneziano...   Parece plausível que o Mito de Veneza tenha apontado entre nós graças aos colonos florentinos fixados em Pernambuco desde meados do Séc. XVI.

                                    ... oligárquicos os Cavalcanti, como seus parentes Manelli e Acioly (portuguesismo para Acciaiuolli) cujos rebentos também se domiciliaram em  Pernambuco, tinham uma longa crônica de ativismo político, como sabe o leitor da História Florentina de Maquiavel” (1).

 

           Neste artigo, “O Mito de Veneza”, Cabral de Mello insinua ainda que nosso parente Stolto Cavalcanti, decapitado pelos Medici em Florença no ano 1559, e mesmo o nosso patriarca Filippo Cavalcanti para aqui depois fugido, estariam defendendo uma república de “otimatti” à maneira veneziana.

           Recentemente, instada a prestar algumas informações a um articulista Rodrigo Cavalcanti da revista “Historia” (editora Abril) questionei estas afirmações do nosso respeitado historiador Cabral de Mello – tecendo comentários sobre estas possíveis influências do modelo veneziano no comportamento de Filippo Cavalcanti e seus descendentes.

         Já havia proposto algumas críticas veladas a estas afirmações superficiais do nosso querido historiador, apenas colocadas em notas de rodapé de artigos, mas,falando sobre o assunto com um jornalista me pareceu podia incorrer em indelicadeza com Evaldo ou mesmo pretender dar palpites descabidos. Por este motivo me propus a aprofundar agora em público o tema republicano no Brasil Colonial, assunto caro a nós da família Cavalcanti.

        Lembro que ao analisar num ensaio a vida do famoso conspirador da família Bartolomeo Cavalcanti, do século XVI, tive as primeiras dúvidas sobre estas afirmações de Evaldo.   

        Já o historiador italiano contemporâneo, Paolo Simocelli, em recente pesquisa percebia o surgimento nos meados do séc. XVI, na Toscana, de um republicanismo levado às suas ultimas conseqüências e colocava grandes lentes sobre a atuação do nosso conhecido conspirador e também parente, Bartolomeo.

    Bartolomeo fora indicado pela corte francesa como o responsável pelo governo da vizinha cidade de Siena, já uma plena Republica, durante o assédio desta cidade pelas forças do Santo Império e de Cosme de Médici - episódio da guerra entre a França e o Império (1554-1559).  Lidando com forças republicanas florentinas exiladas de várias tendências que lutavam unidas pela Republica de Siena, Bartolomeo não se demonstrava, e talvez nunca tivesse sido, um mero seguidor de regimentos políticos da Republica de Veneza (2).

      Sabemos que Bartolomeo dialogara com Maquiavel em 1526 (3) e havia atuado de modo conseqüente no período da segunda República florentina de 1527/30 sem, entretanto, chegar a ser um extremado radical.  Seu pai, Mainardo Cavalcanti, neste episódio foi um seguidor dos ideais republicanos, ideais decididos, mas não tão radicais do florentino Nicolau Capponi (4). Após a capitulação de Florença em 1530, Bartolomeo continuou conscientemente enfrentando os Medici, conciliando as frentes republicanas religiosas, radicais e outras, atuando a partir da própria corte francesa para fazer eclodir a perigosa conspiração de 1559, que em verdade liderou (5).

      Certamente o nosso Filippo Cavalcanti, ainda que ilustrado e nobre, não seria um ingênuo “otimatti” se conspirou, como sugerimos eu e Evaldo, com seu parente Bartolomeo (6). Talvez seu primo Stolto, banqueiro muito rico e jovem, depois degolado com o fracasso da conspiração de 59, fosse mais impetuoso ou menos experimentado politicamente (7).

    Ainda que discussões políticas sobre regras republicanas tenham feito sucesso nos anos 1520 nos jardins florentinos dos Rucellai, me pergunto se depois das experiências radicais em Florença, do período de Savanarola ou mesmo no período 1527/30, ainda nos embates contra os Medici do fim década de 50, essas variadas “colorações” republicanas fizessem ainda sentido na Toscana do fim do século, e nossos parentes Stolto e Filippo pudessem vir a ser percebidos desta maneira - desejosos de uma república de “otimatti”.

     A luta anti-medici e a própria sobrevivência do sistema republicano na Toscana, no fim do século XVI, era o objetivo maior e comum dos republicanos exilados florentinos, necessitando agregar as variadas facções - das mais liberais às mais radicais ou mesmo teológicas. 

 

     Observamos que especialmente depois da derrota da Republica de Siena (8) em Marciano, agosto de 1554, centenas de famílias sienenses resistentes haviam se juntado às forças do comandante ferido Piero Strozzi, que curava seus ferimentos na fortaleza de Montalcino. Por quatro anos estas famílias, abrigadas na celebre fortaleza, haviam alí vivido e resistido pela liberdade, ordenando-se nas regras republicanas e populares de sua própria República. Mas, em 1559 teve fim esta experiência, hoje denominada “República Popular de Siena Retirada para Montalcino”, episódio histórico que sabemos foi muito significativo (9).  Com a paz de Cateau Cambrèsis entre França e Espanha, a região foi cedida financeiramente pelos espanhóis à Cosimo I. E este estrutura, ao final, seu tão desejado Grão-Ducado da Toscana (10).

   A queda da “Republica Popular de Siena Retirada para Montalcino” no mesmo momento da descoberta da “Conspiracão Pucci & Cavalcanti”, outubro do mesmo ano de 1559, constituem, a nosso ver, momentos históricos culminantes da resistência do sistema Republicano, em seu sentido já amplo, frente aos Médici dominantes na Toscana, e se situam em momento histórico que, paradoxalmente, se torna marco do republicanismo moderno.

    A partir desses episódios florentinos e Toscanos da década de 1550, o historiador Simoncelli sugere o surgimento de uma nova idéia de República na Europa, que posteriormente teria continuidade na França e nos Estados Unidos, no séc. XVIII.  Nesta ocasião, encontradas, as raízes mesmo do pensamento de Montaigne (11) (12) (13).

     

      Portanto, o nosso já maduro Filippo enquanto esteve na Europa certamente vivenciou a tragédia de sua família, com toda a experiência política e diplomática de seu ramo “Cavalleschi”, e teria tido a oportunidade de confrontar e de conviver com as várias tendências republicanas que se somavam para tentar derrubar os Medici.

     Bartolomeo e Filippo, experientes, haviam debandado antes mesmo da eclosão da conspiração Pucci & Cavalcanti em 1559, quando foi pretendida a explosão do trono de Cosimo I. E Fillippo teria aqui aportado já bem consciente e experimentado politicamente.    

      Pouco tempo depois, outros rebeldes de famílias republicanas radicais e  muito conseqüentes - os Machiavelli, os Capponi, os Soderini - estarão também em franca debandada da península italiana - após o fracasso igual da conspiração Pucci & Ridolfi de 1575 (14).

     

     Neste sentido, seria ingenuidade nossa referendar possíveis tendências “ottimatti” trazidas ou estimuladas por Filippo e seus parentes Manelli e Acciaolis aqui no Brasil - idéias, para ele e seus parentes florentinos, durante muito tempo e por variadas razões, perigosas para serem explicitadas no Brasil dos meados dos séculos XVI ou XVII (15). Colocações políticas, sobretudo, deslocadas numa colônia da Coroa portuguesa, que não só os abrigava, mas que pouco depois mesmo os convocava, com seus parentes colaterais puro Albuquerque ou Albuquerque Maranhão para a defesa da região nordeste contra invasões de holandeses - obrigações com seus parentes e com a Coroa às quais os Cavalcanti de Albuquerque não se haviam furtado (16). 

   

    Mas o sério perigo de explicitar colocações republicanas numa colônia portuguesa, não impediu que mais tarde, já no começo do século XVIII, um fidalgo pernambucano desatinado ou ambicioso, Bernardo Vieira de Mello, durante a revolta da nobreza em 1710, sugerisse perante uma Câmara pernambucana rebelada contra a Metrópole que seria melhor que se declarassem em Republica, “ad instar dos venezianos”, ou que se entregassem aos polidos franceses do que continuar a servir aos grosseiros e ingratos mascates. Por estas possíveis impropriedades verbais Vieira de Mello será também muito duramente punido pela Coroa. (17)

     Por aqui os Cavalcanti de Albuquerque eram súditos da Metrópole portuguesa, proprietários de terra e escravos, fato que gerou contradições internas muito observáveis na descendência do republicano Filippo (18). Entretanto, não podemos negar que a simpatia republicana atávica dos descendentes do florentino, conscientes da prática política que moldara os Cavalcanti desde o século XIII em Florença - em especial do “sdegnoso” poeta Guido Cavalcanti - parece torná-los especialmente permeáveis e simpáticos à ruptura colonial, antes mesmo de 1710 (19).

   Se não fez proselitismo político, o florentino deve ter instruído politicamente muito bem seu filho mais velho, Antonio, e este especialmente seus próprios filhos Filipe e Isabel e mesmo Jorge - ramos familiares descendentes, que no decorrer de vários séculos ainda demonstram uma conscientização política eminentemente crítica, superior para o Brasil da época, conforme constatamos em nossos vários trabalhos.

  

     Aqui, tornaram-se os sensíveis, “sdegnosos” ou insubmíssos Cavalcanti sem dúvidas precursoras de movimentos nativistas. Se em 1710, aparentemente, estiveram limitados a questionar o predomínio mascatal (20), a que tudo indica já se manifestaram permeáveis aos próprios ideais republicanos igualitários, talvez provindos do precoce iluminismo francês.

     O próprio Evaldo Cabral de Mello, em livro anterior, “A Fronda dos Mazombos”, defende não só a presença ideológica discreta e latente de um republicanismo à moda de Veneza ou da Holanda na ação da nobreza em 1710 - pela sugestão citada acima de Bernardo Vieira de Mello e votada por uma assembléia pernambucana revoltada - mas sugere também o autor, uma aliança dos irmãos Bezerra Cavalcanti com elementos como André Dias de Figueiredo e José Tavares de Holanda - este formado em Direito, falando idioma estrangeiro, tendo provavelmente estudado na Europa – com influências de idéias européias republicanas (e iluministas?) durante o episódio da Guerra dos Mascates.

     Apoiados pelo o tradicional “mazombo” João Rego Barros, este grupo teria votado em apoio às colocações de Vieira de Mello, mas teria sido vencido pela maioria da nobreza rebelada, com a escolha de um bispo para substituir o governador. Assim a destruição do pelourinho por rebeldes e indígenas, em seus trajes tribais, ficou como o único traço eminentemente anti-colonial e simbólico do episódio (21). 

   Mas o martírio dos Bezerra Cavalcanti comprova a severa e violenta repressão da coroa sobre esta família de “mazombos”.

    

   O ramo dos Bezerra Cavalcanti era descendente do filho Antonio do florentino, por sua neta Isabel, seu bisneto Antonio, “o da Guerra” holandesa - nosso primeiro e verdadeiro “mazombo” - e da trineta Leonarda casada com Cosme Bezerra Monteiro. No conflito contra os Mascates, em 1710, este ramo dos Cavalcanti foi tido como o mais insubmisso frente às autoridades portuguesas, que os privilegiaram como líderes rebeldes. O coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti, sabidamente, tinha desprezo pelos reinóis e foi enviado sob ferros para a prisão do Limoeiro, em Lisboa, depois degredado para as Índias com Leão Falcão d´Eça.  

   Dois de seus filhos seguem o destino trágico do pai. Igualmente seus dois irmãos, Manuel Cavalcanti Bezerra e o capitão Cosme Bezerra Monteiro, embarcados em gaiolas sob pesados ferros, enviados para Portugal com outros rebeldes e iguais destinos trágicos (22).

        Frei Caneca um século mais tarde vai relembrar os Bezerra Cavalcanti como precursores republicanos (23). 

     Já próximo ao fim do século XVIII observamos ter amadurecido por aqui, não só as antigas e frustradas experiências republicanas da península italiana, mas agora recebidas com bons olhos pelos ramos conscientes dos Cavalcanti de Albuquerque, descendentes do florentino, as novas experiências americanas ampliadas do final do século, advindas comprovadamente do iluminismo.

       Essas novas convicções igualitárias importadas da França e da América do Norte serão, por fim, claramente explicitadas nos movimentos libertários defendidos agora pelo ramo dos Cavalcanti de Albuquerque chamados Suassuna, no ano de 1801 - na conspiração que leva este nome, com ideais iluministas e maçônicos (24).

    Não podemos esquecer que os Cavalcanti de Albuquerque, e seus parentes colaterais, os acirrados nativistas Albuquerque Maranhão serão ainda com muita severidade punidos depois do fracasso da revolução Pernambucana de 1817 - muitos deles presos e martirizados (25). Mesmo assim continuam os Cavalcanti de Albuquerque ainda presentes e atuantes no próprio processo da Independência, ainda participantes nos antecedentes da própria confederação republicana do Equador (1824) (26).       

    

   Sugerimos, pela experiência do nosso próprio ramo - primogênito e varonil dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande – a presença ainda da família no processo da proclamação da Republica, processo talvez facilitado pela notória e atávica simpatia republicana dos Cavalcanti de Albuquerque, ainda politicamente influentes nos fins do século XIX (27).

 

 

 

Notas.

 

(1) Mello, Evaldo Cabral de - artigo “O mito de Veneza no Brasil” – publicado no jornal “Folha de São Paulo” - 1 de julho 2001 posteriormente repetido e editado em seu livro, Um imenso Portugal, Ed. 34, 2002, pg.156, capítulo “O Mito de Veneza”. Nestes trabalhos o autor afirma que nosso parente Stolto e mesmo Filippo Cavalcanti estariam defendendo uma república de “otimatti” à maneira veneziana.

(2) Para a discussão republicana na Toscana, no período dos Medici, séc.XVI, trabalho recente e relevante de Simoncelli, Paolo - Fuoriuscitismo Republicano 1530-54, FrancoAngeli, 2006, onde a atuação republicana de Bartolomeo Cavalcanti é como a de outros detidamente analisada. Sobre o tema, livro mais aprofundado é prometido pelo autor.

(3) Torres, Rosa Sampaio – artigo “Notas Biográficas sobre Bartolomeo Cavalcanti” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

   Maquiavel, republicano decidido na última fase da primeira republica florentina, teria se correspondido uma ou duas vezes com Bartolomeo Cavalcanti - uma delas, comprovadamente, em 1 de novembro de 1526, carta citada por inúmeras fontes. Consultar especialmente as cartas relacionadas de Maquiavel. Também Lettere di Bartolomeo Cavalcanti –, prefácio Amadio Ronchini, pág. XLII e Bulletin Italien vol.1 e 2, Ferets e Fils, Université de Bordeau, 1901. 

   Lembramos que Nicolau Maquiavel, o escritor, desejou em 1513 a proteção política compreensiva de Leão X, um Medici, então protetor de nosso Giovanni di Lorenço Cavalcanti, pai de Filippo, do ramo brasileiro. 

     Maquiavel havia atuado intensamente, preparando forças militares para  defender a cidade republicana de  Florença no período filnal de plena República, entre 1498 e 1512, sendo depois anistiado. Incriminado em nova conspiração contra os Medici em 1513, foi novamente preso e torturado, talvez injustamente. Nesta ocasião tenta o apoio de Leão X, mas o nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti como “gentlement usher” intervém e atua, na ocasião ainda negativamente às suas preensões, fato referido em Sicca, Cinzia M. – Artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and England in the half of the sixteenth century: the Londos house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no2, 2002, pg. 169. 

     Sobre estas pretensões de Machiavel ser ainda protegido por Leão X, consultar também carta de Nicolo Machiavelli a Francisco Vettori, 13 de março de 1513, comentadas in Pires, Francisco Murari “Maquiavel e Tucídides”, ed. Eletrônica, on line. Mais sobre o apoio de Leão X aos Cavalcanti, Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”... http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

    Lembramos que o governo de Lorenzo II, orientado por Leão X de simpatias “popolanas” (termo partidário florentino) é cauteloso com a elite florentina e o papa neste período tentava ainda proteger o nosso ramo Cavalcanti (ramo Cavalleschi).  Leão X teria ainda tentado atrair os Mainardo Cavalcanti (ramo Cavallereschi) para a esfera Medici com encomendas de seda, entre 1512 e 1513, mas não o conseguirá. O ramo dos Mainado Cavalcanti, e também o nosso Cavalleschi, estarão comprometidos com os Capponi já em 1527.

   Sobre a tentativa dos Medici atraírem os Mainardo, Sicca, Cinzia M. – artigo “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII", Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, pg.12, nota 41.

(4) Os Capponi família não tão antiga ou tradicional, mas politicamente atuantes em Florença desde a derrota dos “Grandi”, no século XIV. Ricos, ligados à produção de seda, haviam já participado, como liderança, do governo republicano de Savanarola. O pai de Nicolo Capponi, Piero Capponi, participou  da formação deste primeiro governo de Savanarola atuando com Paoloantonio Soderini, Piero Guicciardini, e mesmo com os Cavalcanti.

     Nicolo Capponi, republicano decidido, mas não radical, quando gonfaliero em 1527/1529 fez doações ao convento do Murate, onde a pequena Catarina de Medici foi mantida e educada como refém neste novo período de Republica plena. Capponi era cunhado e republicano da confiança do poderoso banqueiro Filippo Strozzi, mas a pequena Catarina lhe tinha sido entregue por fim num ato violento, absolutamente contra a própria vontade da sua tia e protetora, Clarice Medici-Strozzi, esposa do Strozzi.    

     Os descendentes de Nicolo, também envolvidos na conspiração Pucci & Ridolfi de 1575 serão depois muito violentamente perseguidos, caçados pelos filhos de Cosimo I de Médici por toda a Europa, por suas decididas posturas republicanas da família. Completar com a nota 14.

    Lembramos que a postura “ottimati” estrita, já no primeiro momento da revolução de Savanarola foi criticada - críticas apresentadas pelo jurista florentino Francesco Guicciardini, em seu trabalho “Dialogo del Reggimento di Firenze” de 1521-25.

    Especificamente, sobre as tendências e os ordenamentos jurídicos da República de Florença no começo do século XVI, existe artigo em português do doutor em História Social da Cultura pela PUC-RJ, Felipe Teixeira Charbel – “Debate e consenso no Diálogo del Reggimento di Firenze de Francesco Guicciardini”, pdf, mídia eletrônica.

    Ver mais sobre os Capponi, os Cavalcanti e outras famílias republicanas de Florença, Torres, Rosa Sampaio – artigo "Médici X Cavalcanti” no 4shared também o artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti (2ª parte “Conspiração Pucci & Rodolfi”), e ainda       “Notas biográficas sobre Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti - Lutador pela República” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/                                          

(5) Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti com 2ª parte Conspiração Pucci & Rodolfi” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(6) A possibilidade do envolvimento político pessoal de Filippo contra os Medici, em Florença, sugerido pelo respeitado historiador Evaldo Cabral de Mello ao valorizar a tradição oral da família foi, inicialmente, manifestada no seu artigo “O mito de Veneza no Brasil”, publicado no jornal “Folha de São Paulo”, 1 de julho 2001, posteriormente repetido e editado em seu livro, Um imenso Portugal, Ed. 34, 2002, pg.156, cap. “O Mito de Veneza”.

    Esta tradição oral da família teria sido questionada por Sergio Buarque de Holanda, que, entretanto, logo se equivoca na data da Conspiração Pucci &Cavalcanti, anulando assim suas posteriores afirmações.  Assunto já discutido em nossos vários artigos.

       A informação oral da vinda de Filippo referida à conspiração Pucci & Cavalcanti é atualmente referendada por, pelo menos, dois outros ramos familiares dos Cavalcanti no Brasil: o dos Cavalcanti de Gusmão e o Cavalcanti Bittencourt. O assunto é aprofundado em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Filippo di Giovanni Cavalcanti” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

 (7) Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti com 2ª parte Conspiração Pucci & Rodolfi” em blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ e  

      Torres, Rosa Sampaio – artigo “Filippo di Giovanni Cavalcanti” em blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(8) Defesa da República de Siena - Republicanos exilados das mais variadas tendências republicanas, indiferentemente radicais ou “ottimattis", segundo os profundos estudos do historiador moderno Paolo Simoncelli (opus cit.), não se haviam dado ainda por vencidos na luta contra os Medici prepotentes após a queda da Republica de Florença em 1530, e a derrota militar humilhante de Montemurlo, em 1537.

       Dezeseis anos mais tarde, a luta pela defesa da República de Siena (1554/55), cidade vizinha ameaçada por Cosme I de Medici, agregará ainda um grupo poderoso de banqueiros florentinos mobilizados, sobretudo, por Bindo Altoviti, líder dos banqueiros de Florença em Roma, que havia perdido seu filho Cássio, lutando em Montemurlo. Nesta empresa estavam também jovens de inúmeras famílias e várias facções republicanas exiladas, os chamados “fuoriusciti”, lutando unidos contra as tropas armadas medicéias e imperiais. Contavam os rebelados, agora, com o auxílio aberto do rei Henrique II da França, marido de Catarina Médici, esta em luta contra seus parentes já no contexto mais amplo da guerra francesa contra as forças do Sacro Império.

       Neste episódio de defesa republicana, mais uma vez a família Cavalcanti se colocava pelo muito experiente Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti em função dirigente, defendendo a República da cercada, e por fim dilacerada, Siena. Nesta ocasião seu jovem filho, Giovanni, foi tomado por Cosimo como refém. Também os filhos do falecido banqueiro Filipe Strozzi, que se suicidara na prisão, já como comandantes militares foram nestes episódios muito penalizados.

       Castelos e fortalezas da região foram tornados ruínas pelos bombardeios. Siena teve sua população devastada. Após a derrota da batalha de Marciano (ou Scannagallo), agosto de 1554, centenas de famílias sienenses resistentes se juntaram nas proximidades às forças do comandante ferido, Piero Strozzi, que curava seus ferimentos na fortaleza de Montalcino.

       Resumo de Torres, Rosa Sampaio – artigo “Médici X Cavalcanti” http/;//4shared.com/ , com todas as fontes referidas.

(9) A queda da “Republica de Siena Retirada para Montalcino” e a descoberta da “Conspiracão Pucci & Cavalcanti” em outubro do mesmo ano de 1559, constituem, a nosso ver, momentos históricos culminantes da resistência florentina aos Médici dominantes na Toscana, episódios ocorridos num mesmo momento histórico.

     O assunto é analisado e contextualizado em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Médici X Cavalcanti” http/;//4shared. com/ , com todas as fontes referidas. Consultar também Benci, Spinello - Historia de Montpulciano, [Massi], 1882, pg.134.

    A “Republica de Siena Retirada para Montalcino” região localizada na Toscana é hoje uma herança cultural, tombada pela UNESCO em 2007.

(10) Torres, Rosa Sampaio – artigo “Médici X Cavalcanti” http/;//4shared.com/ , com fontes.

 (11) Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) escritor, crítico e humanista francês.  Seu pai fora o nobre Pierre Eyquem, que havia lutado chefiando tropas francesas com os republicanos florentinos contra os Imperiais e os Médici na batalha de Marciano em 1554; espírito tido como metódico e aberto, que orientou desde o início a educação do filho. Michel fez estudos de Direito. Retirou-se, quando tinha 34 anos, para o seu castelo para se dedicar ao estudo e à reflexão. Levou nove anos para redigir os dois primeiros livros dos “Essais”, obra em que tenta fazer uma analise das instituições, de opiniões e costumes sociais. Depois de viajar pela Europa durante dois anos (1580-1581) fez o relato desta viagem no livro “Journal de Voyage” (sómente publicado em 1774). Ao regressar ao seu castelo, continuou ainda a escrever os “Essais”. Em sua obra, muito pessoal e intimista, chegou a lamentar este fim da Republica popular de Montalcino, região que visitara em romaria e homenagem, para ele de grande simbolismo familiar.  Espírito despido de misticismo, céptico e humanista. Ver ainda nota seguinte.  

(12) Simoncelli, Paolo - Fuoriuscitismo Republicano 1530-54, FrancoAngeli, 2006, Introducione, pg.10,11 cita Montaigne, (M. de - Giornale di Viaggio, vol.III, Firenze, Parenti, II, pg.141, 142), e esta visita sentimental de Montaigne à Montalcino em julho de 1581, fortaleza que ele afirmou “capital d´una Reppublica in agonia, eroica e estinta...”

     John Adams, presidente americano, desenvolveu também um estudo teórico sobre a Republica Florentina de 1527-1530 buscando já adaptar o modelo de “pequenas republicas” ao sistema representativo.  Ver The Works of John Adams, Second President of the United States: with a Life of the Author, Notes and Illustrations, by his Grandson Charles Francis Adams (Boston: Little, Brown and Co., 1856). 10 volumes. Vol. 5. Chapter Third, Florence.   

     Também consultar Furtado, José Pinto - O manto de Penélope; historia, mito e memória da Inconfidência, Cia. Da Letras, 2002, com resumida abordagem teórica sobre o conceito de Republica a partir do romano Cícero (103-460), que articulou “consenso político” e “utilidade comum”.

     Especificamente sobre os ordenamentos jurídicos da Republica de Florença existe ainda o artigo do doutor em História Social da Cultura pela PUC-RJ, Felipe Teixeira Charbel – “Debate e consenso no Diálogo del Reggimento di Firenze de Francesco Guicciardini”, pdf, mídia eletrônica, artigo em que as discussões sobre a conduta “otimatti” no primeiro momento da revolução de Savanarola é comentada e indiretamente criticada por Guicciardini.   

      Os episódios da Toscana, neste período, são contextualizados em Torres, Rosa Sampaio artigo “Médici X Cavalcanti” em http/;//4shared. com/ ; “Conspiração Pucci & Cavalcanti com 2ª parte Conspiração Pucci & Rodolfi” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ e ainda em outros mais recentes como “Giovanni di Giovanni Cavalcanti” (sobre a estada deste irmão mais moço do nosso Filippo na Inglaterra, com a rainha inglesa Elizabeth I) publicado no blog e também sobre a muito ampla conspiração da “Accademia del Piano”, no período  em Florença com documentos inéditos e publicados em três partes na Revista do Porto Incomunidade – números de fevereiro. março e abril de 2016. 

(13) A península italiana, no Século XVI, estava então engajada na luta - que reconhecemos inglória tendo em vista as invasões estrangeiras do Sacro Império e depois França - pela manutenção de suas tradicionais Republica-Estado: Genova, Florença, Lucca e Siena.  

     No ducado de Milão a questão republicana também se havia colocado no curto período da “Republica Áurea Ambrosiana”, 1447-1450, e pela tentativa republicana dramática de Girolamo Olgiati, em 1476. A República de Veneza, entretanto, foi a experiência mais duradoura, neste modelo “otimatti”, permancendo de 697 até ser tomada por Bonaparte, em 1797.

     Outras Republicas existiram fora da península italiana, e aí o processo se deu, contrariamente, em sucesso crescente: a “Confederação Helvética” (séc. XIII até hoje) a “Republica de Ragusa”, em Dubrovinik na Croácia (1358-1808), a “Republica das Duas Nações” - Polônia e Lituânia (1569-1791), as “Províncias Unidas dos Paises Baixos” (1579-1795, a partir desta data “Bávara” e posteriormente socialista/comunista de 1918 até maio 1919). A experiência republicana inglesa foi curta (1641-1652). A 1ª Republica francesa de 1792 a 1804, e a americana de 1789 dura até hoje.

    Ver mais alguns comentários sobre variadas Repúblicas no século XVII em Evaldo Cabral de Mello, A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995, pg. 280.

 (14) Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti e 2ª parte “Conspiração Pucci & Rodolfi” em blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

     Torres, Rosa Sampaio – artigo “Médici X Cavalcanti” http/;//4shared. com/

      Para exemplificar a duríssima perseguição dos Medici citamos o acontecido com os jovens da família Capponi que participaram da Conspiração de 1575, fatos que pudemos ainda esclarecer, pois foram duramente caçados pelos Medici por toda a Europa.   

   Constatamos por nossa pesquisa a morte de Piero Capponi quando alcançado, fato confirmado em Diaz, Furio – Il Gran ducado di Toscana; I Medici, UTIET, 1976, pg. 232 e Murphy, Caroline P. – Isabelle de Medici, Murder of a Medici Princess, Oxford Press, 2008, pg. 292. A morte de Piero é, também, referida por Carta, Paolo – La Republique em Exil, XVXVI siècles. ENS, 2002, pg.115, citando Piero Capponi como exemplo dos republicanos florentinos protegidos pela corte francesa de Catarina de Medici. Sachetti, Franco e Capponi, Gino – La villa di Marignolle, Universidade de Michigan, Marcílio, 2000, pg. 30, comentam as boas relações de Piero Capponi com a Rainha inglesa e seu sepultamento em Londres. Notamos que o historiador Boutier, Jean – artigo «  Trois conjurations Italiennes : Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628) » in « Melange de l´ Ecole française de Rome ». Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, acompanha notavelmente a caçada dos Capponi, mas não registra a morte de Piero.

       A data do falecimento de Uguccione Capponi, alcançado pelos sicários Medici, fora do Estado, bem mais tarde, em 1597, é apenas referida em di Ricci, Giuliano, Cronaca (1532-1606) vol. 17, Ricciardi, 1972, pg. 212. Coincide com data da tabela indicada por Boutier, Jean – artigo citado.

        Ruperto (Roberto) di Piero Capponi teria sido, na França, ainda bem mais tarde, em 1605, igualmente assassinado quando já havia sido perdoado.  No poder já estava o grão–duque Ferdinando, filho de Cosimo I. Boutier, Jean – artigo citado, pág. 337, sua fonte P. Litta e Passerini.

(15) Idéias perigosas de serem explicitadas no Brasil Colonial dos primeiros tempos, não só por constituírem um atentado contra a Coroa que abrigava a família, ainda pelo perigo da perseguição dos Medici - certamente tema que Filippo desejaria evitar em publico. Saber-se que os Medici, no fim do século XVI, mantinham ainda elementos que os informavam sobre a economia das colônias e florentinos que aí habitavam, conforme constada o artigo de Sérgio Buarque de Holanda “Os projetos de colonização e comércio Toscanos no Brasil ao tempo do grão Duque Fernando I (1587-1609)” - Revista de História n. 71, 1967, pg.103, pdf.

(16) Torres, Rosa Sampaio Torres – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, 2ª edição em revisão, mas aberto para consultas. 

(17) A veracidade deste episódio é discutida por Evaldo Cabral de Mello em A Fronda do Mazombo, citada, pg. 277-8, que, entretanto o referenda, pela segurança das fontes orais registradas por várias fontes secundárias e cronistas.    Bernardo Vieira de Mello, naquela ocasião estaria, além de endividado, envolvido no assassinato de sua nora Ana de Faria e Souza e ainda prevendo um possível ataque dos franceses de Du Clerc, que então ocupavam o Rio de janeiro. Bernardo Vieira de Mello, senhor de engenho, havia se tornado um experiente militar e sertanista anti-palmarino, ambicioso do cargo de governador, pronto para uma resistência militar prolongada à metrópole. Foi detido, depois, por sedição política.  Enviado para a prisão do Limoeiro, em Lisboa, com seu filho e outros revoltosos, inclusive os Bezerra Cavalcanti, sob ferros, aí morreu na cadeia. Ver mais sobre o episódio da possível votação nota a seguir n. 19. Sobre Vieira de Mello, consultar também Cabral de Mello Evaldo - O Nome e o Sangue, Cia. das Letras, S.P., 1989, pgs. 44, 45, 46, ainda A Fronda dos Mazombos, opus cit. , índice onomástico e seu envolvimento na morte de sua nora pag. 307. Vieira de Mello é citado por Frei Caneca como enviado para Portugal (ver Cabral de Mello, Evaldo – Frei Joaquim do amor Divino Caneca, editora 34, 2001, pg. 283). Ver sobre esta votação ainda Torres, Rosa Sampaio, trabalho “A Fronda de 1710”, próximo no blog.

(18) Estes episódios da chamada Guerra dos Mascates são apresentados de maneira romanceada, dentro do espírito da época por Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, “O Magnificat, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti”, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990, pg. 106 e seguintes.

  Os sentimentos e os conflitos internos dos Cavalcanti de Albuquerque, por sua psicologia muito especial, síntese de pelo menos quatro culturas e etnias, são expostos pela romancista com rara sensibilidade. A predominância do traço “sdegnoso” dos Cavalcanti nesta autora, não bem explicitado ainda, também se faz notar.

     E nos perguntamos, agora, se não teriam estas variadas origens étnicas as influências maiores na origem do termo “mazombo”, termo que se cunha no Permambuco colonial ?  Assunto apresentado no nosso artigo “Mazombo” no blog citado. 

    A existência destes conflitos internos na família C. de A. são inteiramente confirmados pelas pesquisas históricas realizada por Torres, Rosa Sampaio em seu trabalho realizado paralelamente ao de Ana Cristina, focado na principal ramo primogênito e varonil dos Cavalcanti de Albuquerque, descendente de Antonio e seu filho Felipe, por fim estabelecido em Alagoas no fim século XVIII no engenho Castanha Grande - pesquisa apresentada com detalhes no artigo “O Ramo dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande”, no blog.

19) Evaldo Cabral de Mello em A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995, pg. referentes, apresenta nos meados dos 1600 às insubordinações de Jorge Cavalcanti que presumimos por Bittencourt (opus cit. pg. 292) ultimo filho de Antonio e neto do florentino. Também Matias de Albuquerque Maranhão, do engenho Cunhaú, nesta época é já também citado por Evaldo como se antagonizando às autoridades portuguesas. Consultar também sobre Matias o trabalho “A Fronda de 1710”, próximo no blog. 

 (20) Guerra dos Mascates – Conflitos políticos e militares ocorridos em Pernambuco entre 1710-1714, do qual participaram senhores de engenho de Olinda e comerciantes portugueses (mascates do Recife). Tem como vencedores os comerciantes de Recife que vêm assim como predominantes seus capitais mercantis, nos moldes necessários ao sistema colonial. Durante a revolta da nobreza, a sedição contra a Coroa se fez patente.

       Os Bezerra Cavalcanti são citados pelo republicanista por excelência, frei Caneca (ver Cabral de Mello, Evaldo – Frei Joaquim do amor Divino Caneca, editora 34, 2001, pg. 283).

    Sobre os Bezerra Cavalcanti consultar o trabalho exaustivo de Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995, a partir do verbete onomástico.  

    Ainda, Barbosa Lima Sobrinho, “A Guerra dos Mascates”, conferência, Universidade do Recife, Imprensa Universitária, 1962 e Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina - opus cit., pg.108-137, com detalhes romanceados do clã dos Bezerra Cavalcanti.

    Também resumo, correções e citações da participação dos Cavalcanti no episódio, Torres, Rosa Sampaio Torres – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, 2ª edição revista e, 2011, ainda para uso familiar. Da mesma autora artigo específico sobre os Bezerra Cavalcanti “A Fronda de 1719”, em fim de elaboração.

(21) Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada, especialmente capítulo VI. 

(22) Sobre a influência republicana européia, ver nota 12. Em Torres, Rosa Sampaio Torres – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual - 2001, em revisão, onde as influências republicanas sobre os Cavalcanti de Albuquerque de vários ramos são mais detidamente analisadas. 

(23) Conspiração Suassuna – conspiração descoberta em 1801, precedida pela Inconfidência Mineira. Está incluída no ciclo de revoltas contra a dominação colonial no Brasil e América Espanhola, inspirado já pelos ideais iluministas e liberais de Revolução Francesa de 1789. A conspiração Suassuna teria preconizado a tomada de Napoleão como protetor. Consultar nosso trabalho “Os Suassuna - ramo dos Cavalcanti de Albuquerque”, publicado no blog. Seus líderes foram Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque e seus filhos Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque e José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, donos do engenho Suassuna. A devassa da conspiração ocorreu sigilosamente tendo em vista a importância dos implicados. Tinha como inspiração, as idéias do Aerópago de Itambé, sociedade secreta que não admitia a participação de europeus em seus quadros, fechada após a descoberta da conspiração Suassuna. Entretanto, os mesmos ideais ressurgem na própria Academia dos Suassunas, que continua funcionando no engenho do mesmo nome, acabando a família envolvida na Revolução de 1817, em Pernambuco.

 (24) No movimento de 1817, o ramo dos Suassuna e outros de Cavalcanti de Albuquerque e Albuquerque Maranhão tiveram também atuação de destaque. Estes últimos, especialmente, quase dizimados.     

     Evaldo Cabral de Mello (artigo “Entre a República e a Monarquia” – Folha de S. Paulo 4/8/2002) lembra a atuação do Cel. Suassuna em 1817: “O Suassuna teve contato com o movimento concordando com o líder Antonio Carlos Ribeiro de Andrade que homens de qualidade estariam ‘arruinados se não juntassem os seus esforços para destruir uma cabala de malfeitores [....] A Ribeiro de Andrade [...] Suassuna teria prometido aliciar apoios no sul da capitania, ficando a cargo do Andrada contatar um setor da tropa de linha. Enviado pela junta para barrar a marcha do exército realista da Bahia, Suassuna procurou entabular negociações com o general Congominho, que comandava o exército realista, contando seguramente com a adesão de oficiais maçons de tendências constitucionalistas que compunham o estado-maior”. Ainda sobre as atividades do cel. Suassuna em 1817 e seus contatos com bonapartistas, Cahú, Sylvio de Mello – A revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 16, 92 e 136. Também referido sobre o tema em Grieco, Donatello - Napoleão e o Brasil, Bibliex, 1955. Mais Torres, Rosa Sampaio, “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, em revisão e o especifico artigo “Os Suassuna, Ramo de Cavalcanti de Albuquerque”, já editado no blog.

(25) Os irmãos Suassuna, ramo de Cavalcanti de Albuquerque do engenho do mesmo nome, por sua rebeldia nativista estiveram, portanto, no cerne do processo de Independência. Consultar nosso trabalho “Os Suassuna - ramo dos Cavalcanti de Albuquerque”, publicado no blog. Não é por outro motivo que pelo menos quatro dos filhos chamado “cel.Suassuna”, participante de 1817, tornam-se mesmo figuras de relevo, reconhecidas por D. Pedro I para interlocução e administração do novo Império, e em seguida nobilitadas. Entre estes irmãos Holanda Cavalcanti de Albuquerque se destaca o Visconde de Albuquerque, por sua atuação parlamentar e ministerial. 

(26) O irmão mais velho, Francisco de Paula, depois Visconde de Suassuna, fez parte da Junta dos Matutos em 1823 que antecedeu à Confederação do Equador, junto ainda com um Albuquerque Maranhão. Mais informações sobre a atuação de   Bezerra Cavalcanti em 1824 em Frei Joaquim do Amor Divino Caneca - cartas publicadas por Evaldo Cabral de Mello, ed.34, 2001. Agostinho Bezerra Cavalcanti foi na ocasião degolado (Aparecido de Carvalho - Eder e Gileno - Carlos Henrique - "Poder Moderador: Definição de comportamento politico dos Imperadores do Brasil ", revista Agenda Politica .vol 4 e 5, set.- dezembro).

 (27) Torres, Rosa Sampaio – no artigo “O Ramo dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande” cita a atuação republicana do político deste ramo, depois governador, Ambrósio da Cunha Cavalcanti que, em Pernambuco, no episódio denominado “Hecatombe de Vitória”, 1880, levou pela Republica um tiro na testa, outro na coxa, ainda uma facada nas costas. Episódio também citado em Torres, Rosa Sampaio – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, em revisão, mas aberta a pesquisase em especial em "Os Cavalcantis em Questão " já no blog.

 

 

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