Breve notícia sobre os Bezerra Cavalcanti antigos e recentes

Para Marcelo e Maria Cristina


            (meu comentário no face)


      “Doria e Bezerra já comentam a ascendência do velho José Rufino que descenderia de sua Isabel, Maria Cristina. Tenho historiado os Bezerra Cavalcanti na guerra Holandeza e na guerra dos Mascates e não tem gente mais indômita, casada mesmo pela Isabel, a que tudo indica, propositalmente. Gente indômita como até o avô do nosso Marcelo. A linha feminina, que provem de Isabel seria a mesma que a tua Maria Cristina, inclusive a tua Gertrudes do teu "Magnificat", viu Marcelo? Você, Marcelo tem que ir lá no Magnificat para conhecê-los. Já tinha a pouco atentado isto e ia avisar a ambos. Um abraço para os dois bravos parentes”.


        Explicando melhor:

         Ao estudarmos a luta contra a dominação holandesa na Colônia desde logo chama a nossa atenção o denodo especialmente dos Cavalcanti de Albuquerque e dos Bezerra nesta empreitada.

        Aparentados dos Albuquerque, donos da Capitania, os Cavalcanti de Albuquerque interessados nesta expulsão cedo se aliam também às famílias dos Bezerra e Bezerra Monteiro, famílias extremamente lutadoras e muito empenhadas nesta expulsão pelos abusos sofridos. A que tudo indica, Isabel Cavalcanti, a mãe de Antonio “da Guerra”, mulher enérgica procurou ainda manter as gerações seguintes de Bezerra e Cavalcanti de Albuquerque ligados por matrimônio para manter o aguerrimento contra o dominador (1). E gerações de Bezerra Cavalcanti a partir daí conduziram ideais de libertação. Expulsos os holandeses passaram ainda a se dedicar com afinco a própria expulsão dos próprios portugueses.

     Assim sendo, na revolta nativista inicial contra os Mascates portugueses de 1710 destaca–se como líder a figura de Leonardo Bezerra Cavalcanti que, com extrema energia, dará continuidade ao processo em que já envolvia a família desde o século anterior, gerações com o mesmo objetivo indômito e libertário (2). Nesta guerra nativista contra os Mascates Leonardo e seus demais parentes Bezerra Cavalcanti serão mesmo martirizados.

     Não esquecendo que em 1817, por este exemplo de luta pela libertação, é a vez do martírio também dos Albuquerque, especialmente dos Albuquerque Maranhão (3).  

   E agora constatamos que já no século XX, oriundo da região de Bezerros entre Recife e Caruarú, José Rufino Bezerra Cavalcanti Filho (1890-1959) foi ainda um aguerrido descendente desta Isabel, neta do florentino e filha de Antonio, por seu filho primogênito Pedro e sucessivas descendentes femininas ainda casadas, como já da tradição, nesta notável família Bezerra (4).

      Algumas destas senhoras de engenho se tornaram mesma pioneiras na expanção da economia canavieira pelo interior de Pernambuco, personalidades femininas enérgicas e marcantes como  Ana de Nazaré e Gertrudes, homenageadas e recriadas pela descendente Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque em seu romance O Magnificat, Memórias Diarônicas de Dona Isabel Cavalcanti (5).  O próprio pai de José Rufino Filho foi um modernizador usineiro, pioneiro muito bem sucedido, ministro da agricultura de Venceslau Braz e presidente da Província de 1919 a 1922 (6). Teria construído ainda  uma estrada de ferro entre sua usina no Cabo e Bezerros.  

    José Rufino Bezerra Cavalcanti Filho foi consequentemente, e como do gosto político dos Cavalcanti, também parlamentar e prefeito do Cabo em PE. Com o mesmo espírito libertário de seus antepassados e o espírito indômito ainda mantido na família, chegou a reagir às perseguições políticas que no estado de Pernambuco pretendiam o estabelecimento da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. Permaneceu resistindo por 15 dias em sua casa no Recife, à Rua do Hospicio, com a família e os netos pequenos, sitiado, sob tiroteio e falta de alimentação.  Por fim o político Agamenon Magalhães teria permitido sua saída do Estado, dele e de sua família em hidroavião, de Pernambuco para o Rio de Janeiro. Nesta casa onde resistiu funciona hoje a Junta Comercial-PE.
    
   Estamos felizes, portanto, pois na atual geração o pesquisador pela família, Marcelo Bezerra Cavalcanti e a escritora Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque dão ainda mostras da costumeira pertinácia familiar, agora extremamente dedicados na busca e no registro de informações sobre tão ilustre e meritória parentela – Cavalcanti, Albuquerque e Bezerra (7) (8).


Notas

 (1) Conclusão do trabalho de Torres, Rosa Sampaio – “Antonio Cavalcanti, o “da Guerra”, próximo no blog http://rosasampaiototorresblogspot.com/

(2) Conclusão do trabalho de Torres, Rosa Sampaio – “Guerra contra os Mascates”, próximo artigo no blog.

 (3) Pesquisa apresentada no livreto Torres, Rosa Sampaio – “Família Cavalcanti de Albuquerque” em revisão para segunda edição.

 (4) A escritora Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, descendente do ramo de Isabel Cavalcanti, em informações a Marcelo Bezerra por facebook no mês de julho de 2013: “Oi, Marcelo, os ascendentes de José Rufino Bezerra Cavalcanti, o velho, teriam vivido em Bezerros, brejo de altitude entre Recife e Caruarú. Teriam sido agricultores sem fortuna”.

 (5) Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina - O Magnificat, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti, Tempo Brasileiro, Fundação Gilberto Freire, RJ, 1990, pg.166, indica como prova de sua ascendência as notas familiares de Tomé Teixeira Ribeiro de 1750, que se refere à genealogia de sua esposa Maria Cavalcanti de Albuquerque (pentavó da autora) casada em Vila Formosa do Serinhaém, notas assinadas pelo genealogista Antonio Vitoriano Borges da Fonseca - documento arquivado na Biblioteca Nacional, procura “Albuqueruque”. Documento também fotocopiado e arquivado no IAHGP. 

 (6) Marcelo Bezerra Cavalcanti, seu descendente, pelo facebook , em 12 de agosto de 2013 lembra as atividades produtivas de  seu bisavô:

    “O senador Jose Rufino fez a faculdade de Direito no Recife e depois arrendou o engenho Trapiche, construindo ainda a Usina Jose Rufino em Cabo de St. Agostinho. Nos anos 20, José Rufino Filho fundou o Cotonifício José Rufino que usava energia elétrica da barragem do Rio Pirapama, Cabo St. Agostinho. Foi pioneiro no uso da energia elétrica para iniciar a usina, evitando a queima da lenha... Fundou a empresa JOSE RUFINO & FILHO que revendia as maquinas e equipamentos para a indústria do Açúcar. Fazia toda a montagem da usina, e foi também sócio de varias delas. Depois, portanto de bem estabelecido ofereceram-lhe a possibilidade de disputar a eleição para o senado. Jose Rufino Filho em uma das usinas tentou produzir açucar por infusão, o que garantiu uma grande homenagem na França”.  

    Segundo o blog da cidade do Cabo, o “Cabo Vivo”, ele ainda teria construído uma estrada de ferro ligando a sua usina, no município do Cabo de Santo Agostinho, ao município de Barreiros. Seu patrimônio incluía os engenhos Novo, Barbalho, Pirapama, São João, Malinote, Malakof, Mataparipe, Sao Pedro e um terço do Santo Inácio.

(7) Marcelo Bezerra Cavalcanti, seu descendente, por email a autora, em 20 de julho de 2013 lembra também:

    “Quanto às perseguições, explico que meu avô José Rufino Bezerra Cavalcanti Filho passou 15 dias sob tiroteio contra os políticos que queriam fazer o estado novo de Getulio Vargas no Recife.
     Minha avó telefonou para a esposa do governador Agamenon Magalhães e pediu uma saída e minha família saiu de Pernambuco de hidro-avião para o Rio de Janeiro.

      Imagina a situação! Os filhos em casa, toda a família sob ameaça por 15 dias, as crianças já sem comida. Dia e noite em guerra.  Depois no Rio de Janeiro na casa do meu avô o mesmo Agamenon Magalhães de joelhos na frente de todos pediu perdão ao meu avô e toda a família”.

 (8) Lista de ascendentes do pesquisador  Marcelo Bezerra Cavalcanti e da escritora Maria Cristina (fontes, documento arquivado na BN da autoria de Tomé Teixeira Ribeiro (c.1750); o livro O Magnificat citado de Cavalcanti de Albuquerque - Maria Cristina, pg. 241, devidamente confirmado pela autora (ver nota 5), e  ainda Cassia Albuquerque, Marcello Bezerra e F.A. Dória, “Os Cavalcantis: na Itália e no Brasil”, pdf, mídia eletônica, 2010, com acrescentamentos do próprio Marcello Bezerra em 2013. . Os ascendentes em comum indicados com asterisco).

*Filippo Cavalcanti + Catarina Albuquerque

*Antonio Cavalcanti + Isabel de Gois

*Isabel Cavalcanti + Manoel Gonçalves Cerqueira (2º casamento c/ Francisco Bezerra Monteiro)

*Pedro Cavalcanti + Brásia Monteiro Pereira

*Úrsula Cavalcanti + Bernardino Araújo Pereira

*Maria Cavalcanti de Albuquerque + Mateus de Sá (vereador em Olinda em 1676) 

*Ana de Nazaré Cavalcanti + Manuel de Araújo Bezerra

*Maria Bezerra Cavalcanti de Albuquerque +Tomé Teixeira Ribeiro (Doc. na BN,1750)

* Gertudes Teixeira Cavalcanti ou Gertrudes Bezerra Cavalcanti de Albuquerque +       
   com seu parente ( sobrinho ?) Francisco Bezerra Cavalcanti

* Maria Bezerra Cavalcanti + José Alves Bezerra Cavalcanti 

   - elo não conhecido

  - José Rufino Bezerra Cavalcanti + Maria Januária de Barros Lima (com documento do casamento em 1863 referido em Doria, opus cit.).

  - José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865-1922, usineiro e político) + Hercília Pereira de Araújo. Pais de

  - José Rufino Bezerra Filho (1890-1959) parlamentar que reagiu à Ditadura do Estado Novo). Pai de:

  - Maurício Bezerra Cavalcanti , juíz concursado em 2º  lugar no então Estado da Guanabara, casado com Heloísa do Prado Viviani, pais de 

  - Marcelo  Bezerra Cavalcanti, fotógrafo e pesquisador pela família.    
   
   Linha que continua de Maria Bezerra Cavalcanti, linha paterna indicada pela escritora Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque em sua obra citada.

- Maurícia de Bezerra Cavalcanti +Manuel Alves Bezerra Cavalcanti

- Antonio Cavalcanti de Albuquerque + Josefa Jerônimo Correia de Araujo

- Pedro Cavalcanti de Albuquerque +Maria Faustina Barbosa de Souza

- Emídio Cavalcanti de Albuquerque + Maria do Carmo Bezerra Cavalcanti, pais de Maria Cristina. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário