Rebeca ao Poço e Giovanni di Lorenzo Cavalcanti

                

O quadro “Rebeca ao Poço
              (ensaio)

Encomenda do mecenas Giovani di Lorenzo Cavalcanti ao pintor “Il Rosso”

Giovanni di Lorenzo Cavalcanti (1480-1542) e seus filhos
na luta pela Republica Florentina

    O importante comerciante de artes e mecenas florentino Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, íntimo amigo do papa Medici Leão X, trabalhara também na juventude para o rei Henrique VIII - protegido e prestigiado nesta corte inglesa.  

    Mas na maturidade, de volta à sua cidade natal já reconhecido como um dos principais agentes de Henrique VIII na península, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti em 26 de abril de 1527 é notado entre muitos cidadãos florentinos participando de um tumulto político em Florença - o conhecido e histórico “tumulto do Venedi” (1) (2).     Nesta ocasião, Giovanni de Lorenzo era já pai de Filippo Cavalcanti, seu filho primogênito nascido em 1525 – jovem que mais tarde, migrado, será o patriarca desta família no Brasil.
 
    
     Apesar de seus privilégios, por ocasião deste tumulto político do “Venedi” Giovanni di Lorenzo juntara-se aos seus demais parentes Cavalcanti da família ampla e às lideranças políticas que exigiam em Florença a volta da constituição republicana de 1512, ainda o afastamento da prepotente família Medici - família com pretensões de sobrepor-se ao sistema republicano longamente estabelecido naquela cidade.     
   A rebeldia de Giovanni nesta ocasião também é percebida pela historiadora de artes contemporânea Cinzia Sicca - rebeldia de um cidadão em momento relevante e sempre estudado - crucial da luta de uma cidade por seu sistema republicano tão antigo.  
     O mecenas Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, por fim, escolhera a luta pela liberdade tão ansiada pelo povo florentino.  Florença pouco depois franca e militarmente rebelada contra os Medici, vivendo um período de cerco, mas de um breve governo republicano avançado - a chamada “Segunda Republica” (1527-1530) (3).
     
     Para auxiliar a compreender esta mudança no comportamento de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e sua nova postura contestadora anti-medici devemos lembrar que, logo após a morte do seu protetor Leão X, sua casa comercial - a Bardi-Cavalcanti londrina - passara em 1523 por um rigoroso inventário a mando do prepotente cardeal Giulio Médici, futuro papa Clemente VII.
    
    Documento localizado recentemente - uma carta do rei inglês Henrique VIII, de quem Giovanni era ainda amigo – vem também trazer mais subsídios para compreendermos sua nova postura política.  
    Esta carta de Henrique VIII, até há pouco desconhecida pela família Cavalcanti, tem seu original arquivado na Biblioteca Nacional Central de Florença / Sala Manoscritti Rari, Passerine 156, Cavalcanti – e foi localizada e disponibilizada recentemente por Marcelo Bezerra Cavalcanti no seu Blog “Famiglia Cavalcanti”, com foto.
    
    Por esta carta - enviada de Londres e datada de 24 de novembro de 1528 - Giovanni di Lorenzo recebe a resposta do rei Henrique VIII à sua solicitação para que interviesse no “injusto” arresto de seus bens em Florença. A resposta de Henrique VIII para Giovanni Cavalcanti não poderia ser mais afetuosa e solidária, prometendo providências diplomáticas - a que tudo indica, depois  bem sucedidas (4).
     
   Mas o motivo do arresto dos bens de Giovanni di Lorenzo, e quando este arresto teria ocorrido, não ficam para nós bem explicitados pela resposta de Henrique VIII. Assim, o episódio não se torna muito nítido - ainda que possamos fazer suposições ligadas à política instável e mesmo perigosa em Florença naquele momento - bens de famílias contestadoras ou apenas suspeitas de qualquer insubordinação, freqüentemente arrestados (5).    
   
    Com bens arrestados, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti tomara também a decisão de reagir – a partir do “Venedi” apoiara a insubordinação de seus parentes da família ampla, Mainardo Cavalcanti e seu filho Bartolomeo - o jovem Baccio Cavalcanti – parentes que seguiam a política avançada do líder republicano Nicolo Caponni.
  É também conhecida uma famosa cena ocorrida pouco depois do “Venedi”, maio de 1527, na qual Clarice Medici, esposa do poderoso banqueiro Filippo Strozzi, adentra indignada o Palazzo Médici e rompe com sua própria família ao se indispor verbalmente e expulsar os prepostos em Florença do papa Medici, Clemente VII - o jovem Ipólito Medici e o cardeal Sylvio Passerini - julgados por ela absolutamente incapazes como governantes (6).
   
   Assim sendo, Florença pouco depois já francamente revoltada, Giovanni di Lorenzo para auxiliar a atuação política republicana de sua família ampla teria até mesmo utilizado seu “métier” como financiador de arte - tentando levar adiante negócios e encomendas artísticas para garantir o apoio político do rei inglês para a sua cidade.
 
     Sabemos que Giovanni di Lorenzo teria encomendando pelo menos uma tela, um quadro, ao pintor Giovanni Batiste di Jacob - chamado Il Rosso (1496-1540) – pintor muito talentoso e estilisticamente precoce, que usava temas bíblicos, simbólicos de liberdade – pintor mais tarde até mesmo exilado na corte francesa (7). A mais famosa obra de Il Rosso, “Moisés defende as filhas de Jetro”, teria sido também exportada por Giovanni Baldini para a França visando obter apoio desta corte (8).
    
    
     Este tipo de propaganda libertária pretendendo atrair realezas para a causa anti-medici também fora preconizada, nesta mesma ocasião, ao banqueiro Filippo Strozzi, o esposo de Clarice Médici, para a obtenção da simpatia do rei francês Francisco I - ação considerada “utilíssima et necessária alla conservatione di questa liberta felicíssima”. (9) Neste sentido, seu filho Ruberto Strozzi teria ofertado mais tarde duas estátuas muito simbólicas de autoria do célebre Miguelangelo - os belíssimos e expressivos “Prigioni” (Prisioneiros) - que chegarão a esta corte francesa por volta de 1550 (10). 
   

      Já o quadro encomendado por Giovanni Cavalcanti a Il Rosso seria mesmo o “pendant” da sua obra maior, “Moisés e as filhas de Jetro”. 


 Rebecca al Pozzo


Moises e as filhas de Jetro


       O historiador de artes da época, Giorgio Vasari, comenta que Giovanni Cavalcanti em ano incerto da década de 1520 havia realizado uma encomenda ao pintor “Il Rosso” que ele sugere pudesse ter sido enviada para a Inglaterra, tela representando nu e figura feminina com muita graça ornamentada – tela hoje identificada e intitulada “Rebecca al Pozzo”.
   Com suas próprias palavras Vasari comenta este quadro em sua obra de 1550:
            “... Similmente um altro ne fece a Govanni Cavalcanti, che ando in Inghilterra, quando Iacob piglia ‘l bere da quelle donne alla fonte, che fu tenuto divino, atteso che vi erano ignudi e feminine lavorate com somma grazie, alle quali egli di continuo si diletto far pannicinisottili, acconciature di capo, com trecce et abbigliamenti per il dorso” (11).
 
  
     Referente ao tema de “Rebecca ao Pozzo” acrescentamos - Rebecca seria personalidade bíblica simbólica de solidariedade e colaboração sem que seja necessário solicitar, pois gentilmente teria oferecido água do poço até mesmo aos camelos daquele que lhe pedira de beber (12).
       A temática do quadro encomendado por Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, como pressentimos, muito sugestiva para tentar obter auxilio externo para a causa florentina.
      A nosso ver este quadro forte, ao mesmo tempo delicado e simbólico, seria uma forma muito hábil de demandar auxílio de Henrique VIII - obra que, entretanto, parece não ter chegado ao rei inglês.

     Teria o quadro sido por algum motivo simplesmente refugado, ou estaria entre os bens arrestados de Giovanni di Lorenzo? Talvez por sua temática e seu simbolismo tivesse provocado a gentil resposta de Henrique VIII, resposta solícita e prestativa, com demonstrações de tão extremada amizade para a solução do arresto de bens do amigo florentino.
    
     No caminho de melhor interpretação do ocorrido, lembramos que Giovanni di Lorenzo ainda tentou retomar alguns outros projetos artísticos seus, anteriormente iniciados, para o mausoléu de Henrique VIII – visando agradar o seu importante amigo.
   
    Lembra Cinzia Sicca:
     “However, Cavalcanti´s loyalty to Florence prevailed over that to the Medici. When it became obvious that his home town was suffering under medici rule, he supported the city outright. The artistic agency that he had deployed over the years at the English court, and which had been driven by business considerations, became a further tool to be used win Henry VIII over to the Florentine cause.”(13)       
    
    
       Recentemente, soubemos que o quadro “Rebecca al Pozzo” foi redescoberto no depósito do Museu Nacional de Pisa, exposto e ressaltado como importante “pendant” do quadro “Moises e as filhas de Jetro” - a “master piece” de Il Rosso.    
       
        Entretanto, fato ainda mais surpreendentemente para nós - encomendado por Giovanni Cavalcanti, “Rebecca al Pozzo” teria sido doado nos anos oitocentos a este Museu por descendentes do cardeal Silvio Passerini – como sabemos aquele próprio governante em Florença tido como incompetente, representante pontifício do papa Medici Clemente VII. Curiosamente, até mesmo comentado pela curadoria que também o papa Clemente VII seria, na época, muito apreciador da obra de Il Rosso (14) (15).  
    
   
    Algumas questões, portanto, apenas se insinuam nas entrelinhas deste artigo.
   
     Mas para complementar este pequeno ensaio - parte de um trabalho maior que visa reconstruir as ações do ramo familiar brasileiro em um contexto político importante para análises e estudos republicanos – incluímos ainda algumas informações sobre a continuada atuação política dos ilustrados filhos do mecenas  Giovanni di Lorenzo Cavalcanti – atuação de jovens que se desdobra anti-medici e republicana em uma Europa renascentista.  Florença ainda sofrida pela queda da Segunda Republica.
    
     Lembramos que Giovanni di Lorenzo havia casado com Ginevra Mannelli, de muito antiga família em Florença, e com ela tido vários filhos: Felippo, mais tarde nosso patriarca, documentado em 1525; Schiatta, documentado em 1527; e Guido – este nascido certamente em Florença, cerca de 1529 (16).
     Dois destes filhos transportados quando, fracassada a tentativa republicana da Segunda Republica, Giovanni di Lorenzo resolve tomar em 1532 o rumo definitivo de auto-exílio na Inglaterra, já com sua pequena família quase formada - definitivo abrigo junto ao seu extremado amigo, o rei inglês Henrique VIII.   
   
   Sabemos que Giovanni conseguira colocar, por intervenção do seu parente Bartolomeo Cavalcanti, um outro de seus pequenos filhos como pajem no cortejo do casamento de Catarina de Medici em direção a Marseille no ano de 1533 (17). E sua esposa Ginevra teria se juntado ao marido em outubro de 1534, viajando para Londres apenas com uma filhinha pequena (18), possivelmente do mesmo nome Ginevra (19).
   Um quinto filho, do mesmo nome do pai – Giovanni – teria ainda nascido na Inglaterra, depois de 1534. A existência deste filho confirmada recentemente pela localização de suas próprias cartas e outros documentos por ele assinados que se encontram arquivados na Biblioteca Nacional de Florença (20).
   
    Este filho caçula, Giovanni di Giovanni Cavalcanti, de educação esmerada como seus irmãos, a que tudo indica também teria participado de atividades diplomáticas e conspiratórias contra os Médici - ações características do período florentino que marcam o ano de 1559 - como deixam entrever estes documentos da BNF que agora estamos analisando (21).
    Prevemos bastante trabalho para a compreensão do conteúdo destas cartas, cartas codificadas que sugerem novas e importantes descobertas históricas (22).
   
    Se a participação do patriarca Giovanni di Lorenzo Cavalcanti em atividades republicanas e anti-medici foi por nós indicada, comprovada por documentos e pela bibliografia acima referida, a participação de seus filhos igualmente em atividades anti-medici e republicanas ao fim do século, além de indicadas por fontes orais exaustivamente repetidas pela família, começam também a ser comprovadas por provas documentais.

    Em trabalhos anteriores havíamos observado que o filho do meio, Guido di Giovanni Cavalcanti, por muitos anos havia atuado na corte inglesa com seu irmão Schiatta exercendo o papel de comerciante de artes, “doublé” de diplomata informal, como o pai (23). Mas, em 1563 Guido fora enviado da corte da rainha inglesa Elizabeth I para corte francesa da rainha Catarina de Médici, em missão diplomática.
    Como membro da família Cavalcanti, já reconhecida como “sdegnosa” contra os Medici, Guido permanecerá na corte francesa aparentemente convocado para dar continuidade à luta anti-medici de seu pai e da família ampla, falecido o notável parente e lutador pela Republica - Bartolomeo Cavalcanti - a quem deverá mesmo substituir (24). Já há muito o chefe da pequena família - Giovanni di Lorenzo - falecera em Londres (1542) em auto-exílio (25).
    Guido di Giovanni Cavalcanti na corte francesa será o chefe de hospedagem (Maitre d´Hotel) da rainha francesa e terá a companhia de sua prima Lucrecia Cavalcanti, a filha do parente conspirador republicano,  Bartolomeo. Dama de honra da rainha, casada com banqueiro Bernard Albizzi del Bene, o casal centralizara as ações dos numerosos “fuoriuscitti” florentinos abrigados por esta corte – ainda atuando em conspirações  anti-mediti (26).
     Guido, protegido e na companhia de Lucrecia, certamente aí prosseguiu atuando com o grande prestígio e honras da rainha Catarina, pois esta rainha continuava envolvida na política da Toscana mesmo ao fim do século, no mínimo atenta aos episódios da “Conspiração Pucci e Ridolfi de 1575” em Florença. Guido havia chegado a Ministro de Estado Frances em 1572. Tido nesta corte como o segundo poeta Guido Cavalcanti da família (27).

     Mas o nosso Filippo Cavalcanti, do ramo brasileiro, o mais velho dos filhos de Giovanni di Lorenzo, com a descoberta de terrível conspiração ocorrida em Florença no ano de 1559 - conspiração mesmo liderada pelo parente Bartolomeo e que determinará a decapitação do jovem Stolto Cavalcanti, do ramo Ciampoli da família - prevendo a sistemática e duríssima perseguição punitiva dos Medici - conforme indicam as fontes orais familiares - já no ano de 1560 de Portugal embarcava para o Brasil (28).
   
   Filippo Cavalcanti aparentemente seguro nos trópicos, fidalgo experiente e tipicamente renascentista, casado com uma jovem “mameluca” filha dos prósperos e nobres Albuquerque - há de se tornar o patriarca de uma nova e pujante família, culta e numerosa - a família Cavalcanti de Albuquerque brasileira.





Notas

(1) Sobre a participação de Giovanni Cavalcanti, entre outros participantes, neste episódio “del Venedi”, Benedetto Varchi – Storia Florentina Florence ed. 1838-1841, I, pg.13/36. A este respeito consultar também Sicca, Cinzia M. – artigo “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, pg. 5, nota 21.
     Sobre a participação de Giovanni di Lorenzo e membros da família ampla Cavalcanti na segunda República florentina, consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo específico “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(2) Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, na juventude, havia se sido mantido em Londres protegido pelo papa Medici, Leão X, mesmo seu “cubiculari”, afastado dos conflitos políticos florentinos em que já se envolviam os seus parentes da família ampla – este papa, entretanto falecido em 1521. Também prestigiado como comerciante de artes e diplomata informal por Henrique VIII, que lhe devotou amizade particular.  Ver muitos detalhes de suas atividades, e até mesmo sua interferência no relacionamento de Leão X com Nicolau Maquiavel, em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni Cavalcanti e seus filhos” no blog HTTP://rosasampaiotorres.blogspot.com/ e “Medici X Cavalcanti”, no 4shared.
(3) Sobre as atividades profissionais de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti na Casa Bardi Cavalcanti, por fim sua a rebeldia a partir do Vanedi em 1527, Sicca, Cinzia M. – artigo “Consumption of art between Italy and England in the first half of tht sixteenth century: the London house of the Bardi and Cavalcanti”, “Renaissance Studies”, vol. 16, pg. 163-201, junho de 2002.
  Ainda Sicca, Cinzia M. – artigo  “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006.
    A casa comercial de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti - a Bardi-Cavalcanti londrina - após a morte de Leão X (1521), já em 1523 irá passar por um rigoroso inventário a mando do cardeal Giulio Médici, futuro papa Clemente VII. Nesta ocasião Gregório de Casale, representante da cúria na Inglaterra, e Gabriello Caxano, secretário de Giulio, fizeram pormenorizado arrolamento dos bens da casa, durante seis meses e meio. É sobre os documentos deste inventário que a historiadora Cinzia Sicca se debruça, e redige seus artigos. 
 (4) É possível que a intervenção de Henrique VIII no episódio do arresto de bens de Giovanni Cavalcanti tivesse relação com um empréstimo recebido pelo mesmo Cavalcanti, da Comuna de Florença. Ver detalhes sobre este empréstimo e o seu pagamento muito parcelado em Sicca, Cinzia M.- artigo citado, 2006, pg.6, e nota 22. Mais em Sicca Cinzia M. - artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and England in the half of the sixteenth century: the London house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no2, 2002, pg.166, nota 15, onde cita J. Stephens, The Fall of The Florentine Republic, 1512-1530,  Oxford, 1983, pg. 188. Ver adiante também nota 15.
(5) Ver contexto florentino e detalhes da análise da carta-resposta de Henrique VIII em Torres, Rosa Sampaio, especialmente no artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(6) Cena é reproduzida em Cleugh, James- Os MediciO poder e o esplendor de uma família européia, Verlag Weltbild, Augsburg, 1996, pg. 274, também comentada em Stamley, Edgumbe – The Tragedies of the Medici, London, Chapman e Hal, Picadilly, 1860, pg. 71. Clarice Medici em 22 de maio teria ido em pessoa ao Palazzo Médici e instado o Cardeal Passerini, e os jovens cardeal Ipólito de Medici e Alezzandro de Medici a sair de um casa e de um país que eles não teriam direito, nem pelo nascimento nem por “capacidade mental” (mentais habilidades).                    
    Muito jovem Cardeal Ipolito de Medici  (1511 - Itri 1535) era filho ilegítimo de Giuliano, Duque di Nemours, educado pelo tio, papa Leone X; em 1524 foi posto no governo de Florença, governo de fato exercido pelo cardeal Passerini.    
    O Cardeal Silvio Passerini (1459 - 1529) foi cardeal por Leão X em 1517, e de 1524 a 1527 exerceu o cargo de legado pontifício do papa Clemente VII de Medici em Florença.       
      O também muito jovem Alezzandro de Medici (1510-1590) era filho ilegítimo da preferência do papa Medici, Clemente VII.   
     Clarice Medici-Strozzi, estaria indignada com estes conhecidos jovens estróinas Medici em Florença que afirmava incompetentes, Hipólito e Alexandre, e o próprio Passerine, preposto de Giulio de Medici, agora tornado papa Clemente VII. Além das tradicionais críticas da família Strozzi de seu marido aos Medici prepotentes, estaria Clarice também insatisfeita dada à preferência do papa Medici, Clemente VII, por seu próprio filho Alexandre (ilegítimo) em desprezo ao lado legítimo dela.  
(7) - Il Rosso- Giovanni Batiste di Iacob (1496-1540) foi pintor florentino, ruivo, também conhecido como “Maitre Roux”. Com obras hoje reavaliadas e muito celebradas em Florença, Volterra e Citta di Castello, é citado em numerosa bibliografia; saído de Florença já em 1528, esteve exilado a partir de 1531 na corte francesa de Francisco I. Foi um de seus principais colaboradores rei na oranização da “Galeria de Francisco I” e nos projetos de seus castelos, criador da “Escola de Fontainebleau”. Teria se suicidado por intrigas nesta corte em 1540, e seu rival Primaticcio o sucedido. É muito bem avaliado por Pardoe, Julia – The Court and Reign of Francis the Firt , King of France; vol 2, 1849, pg. 30, 31, Pdf : “Great skill in the management of his lihgt, grandeur of conception, fertility of imgination and remarkable richness of colouring, are the caracteristics of his style.” Para o crítico Walter Friedander, o Moisés é “o dipinto piu insolite e piu audace dellíntero periodo, e si colloca fuori di qualsiasi sistema normativo.  (Manieirisme e Antimanieirisme, Paris,1996, pg. 66).
(8) O famoso “Moisés defende as filhas de Jetro” de Il Rosso, segundo Sicca, Cinzia M. - artigo citado, 2006, pg. 5, comentando o texto de Giorgio Vasari “Le vite de piu Exellenti Pinttori e Scultori e Architettori, Firenze 1550”, teria sido exportado para a França por Giovanni Baldini. As filhas de Jetro, lembramos, é símbolo da uma educação liberadora, sem repressão. Sicca ressalta que a atividade política de Il Rosso até o momento é pouco avaliada.


      

- Existiria ainda um quadro de Il Rosso, hoje no Louvre, datado de 1524-1527 com o título “La Contesa delle Pieridi", óleo sobre tábua transferido para tela, quadro pequeno de 31 x 63 cm,           
                                                   

(9) Comenta a historiadora de artes Cinzia Sicca: “In a letter of 29 january 1529 to Filippo Strozzi, Della Palla described his commission to provide works of art for François I and his family as “utilíssima et necessária alla conservatione di questa liberta felicíssima [...]”, quod in Elam, Art, document 4.” Sicca, Cinzia M – artigo citado, 2006, pg.34, nota 102. Lembramos que Della Palla e Felippo eram membros de família de banqueiros, há três gerações tradicionalmente anti–medici.
    Na família dos ricos banqueiros Ridolfi, também o cardeal Nicolo Ridolfi ainda nos anos 30 teria atuado em favor dos “fuoriusciti” e feito uma encomenda do famoso busto de Brutus, símbolo do tiranicídio, a Miguelangelo. Da mesma família de ricos banqueiros, Pierino Ridolfi, bem mais tarde, em 1570, foi acusado por Ferdinando de Médici de haver mandado esculpir medalha em Roma que também homenageava Brutus – nesta ocasião já mesmo símbolo da própria resistência Republicana. 


(10) Em contraposição à estátua muito segura e forte do “David” colocada na praça da Senhoria durante o período da Primeira Republica anti-medici, “Os Prisioneiros” - como os denominou Miguelangelo - foram elaborados entre 1513 e 1515, memento da primeira experiência republicana vitoriosa contra os Medici.  Os dois soberbos escravos, “O Escravo Rebelde” e “O Escravo Caído”, denominados “Prigioni” encomendados já posteriormente a Miguelangelo para o mausoléu de Julio II, mas foram mais tarde doadas pelo próprio Miguelangelo ao filho de Filippo Strozzi, Roberto Strozzi, em retribuição à sua hospitalidade em períodos de doença do artista, em 1544 e 1546. Quando Roberto Strozzi também necessitou se exilar em Lion em abril de 1550 pelas atividades anti-medici de sua família, estas simbólicas estátuas o teriam precedido e foram doadas por ele ao rei francês.  Hoje no Museu do Louvre.
(11)Traduzindo livremente: “Da mesma forma um outro [quadro] fez para Giovanni Cavalcanti, que foi para a Inglaterra, quando Iacob aproveitou “a verdade” das mulheres na fonte, considerado divino, trabalho executado em nu e feminino, com muita graciosidade, que ele encanta continuamente por panejamentos leves, penteados de cabeça com tranças, e trajes para as costas". 
   Cavalcanti, Silvio Umberto em “Si Chiamavono Cavalcanti”, mídia eletrônica pdf, ano incerto na década de vinte (152..) repete este texto do historiador de artes da época, Giorgio Vasari em sua obra Le vite de piu Exellenti Pinttori e Scultori e Architettori, Firenze 1550, por cópia eletrônica da Casa Cavalcanti.
   Esta descrição de Vasari, segundo Climent-Denteil, Pascale – Il Rosso Fiorentino, pittore della Maniera, Presses de la Mediterranée, 2007, pg.40, coincide com o quadro de Il Rosso, “Rebecca al Pozzo”, com reprodução na pinacoteca de Pisa, segundo a informação de Franklin, David - Rosso in Italy, The Italian Career of Rosso Florentino, Yale University Press, New Haven e London, 1994, pg. 113-117. Informação confirmada em Sicca – 2002, pg. 165, tendo como fonte R. P. Ciardi and A. Natali (eds) Pontorno e Rosso. La “maniera moderna” in Toscana. Atti del convegno di Empoli e Volterra (Venice, 1996), pg. 147-56. Sobre este quadro ver informações ainda mais atuais na nota 14.
(12) Resumo da história bíblica de Rebeca (resumo de wol. jw.org/PT/wol/d/r5/lp-t/2010090)‎:
    Abraão teria mandado um servo, provavelmente Eliézer, escolher uma esposa para Isaque entre os parentes de Abraão, em Harã, a mais de 800 quilômetros de distância de Canaã, porque o povo de lá adorava a Jeová (Gênesis 12:4, 5;  15:2;  17:17, 19; 23:1).
    Eliézer, com dez camelos carregados de mantimentos e presentes para a noiva, chegou a Harã acompanhado de outros servos de Abraão. Pararam então perto de um poço, pois Eliézer sabia que de tarde as pessoas passavam ali para tirar água para seus animais e sua família... Eliézer orou pedindo que a pessoa que ele devia escolher como esposa de Isaque respondesse a seu pedido de água dizendo: “Bebe, e darei de beber também aos teus camelos.” A jovem Rebeca, “bonita e virgem”, chegou ao poço. Quando Eliézer pediu água para beber, ela disse: “Tirarei também água para os teus camelos”.
  “Eliézer deu belos presentes a Rebeca e ficou sabendo que ela era filha de Betuel, parente de Abraão. Rebeca convidou Eliézer e seus acompanhantes para ir até a casa de sua família “para pernoitar”. Depois, ela foi correndo na frente para contar a seus familiares que Abraão tinha mandado aqueles visitantes vir lá de Canaã para vê-los. Quando Labão, irmão de Rebeca, viu os presentes caros que sua irmã tinha recebido e ficou sabendo quem era Eliézer, convidou-o para entrar e comer. Mas Eliézer disse: “Não comerei até ter falado sobre os meus assuntos.” Daí ele explicou por que Abraão o tinha enviado. Betuel, sua esposa e Labão ficaram contentes e concordaram com o casamento”.
(13) Sicca, Cinzia M – artigo citado, 2006, pg.34.
(14) Informações mais recentes prestadas pelo Museu Nacional de Pisa sobre o quadro “Rebecca ao Peso”: “Il dipinto, scoperto nei depositi del Museo Nazionale di San Matteo dal Bucci nel 1956, fu esposto per la prima volta nello stesso anno alla "Mostra del Pontormo e del primo manierismo fiorentino” ed identificato come il pendant del "Mosè che difende le figlie di Jetro" conservato agli Uffizi. Da un'analisi degli inventari delle collezioni civiche pisane, risulta donato dai fratelli Passerini tra il 1817 ed 1828. Questi ultimi erano discendenti dai Passerini di Cortona e da quel Silvio Passerini (Cortona 1459 - Città di Castello 1529) che fu creato cardinale da Leone X nel 1517 e che dal 1524 al 1527 fu legato pontificio di Clemente VII a Firenze. Il soggetto biblico rappresentato fu correttamente interpretato dal Bucci, al contrario di quanto era avvenuto negli inventari precedenti e di quanto sostiene Vasari che lo elenca subito dopo il "Mosè": "similmente un altro ne fece a Giovanni Cavalcanti, che andò in Inghilterra, quando Jacob piglia 'l bere da quelle donne alla fonte,..." (Vasari, 1986). Il committente Giovanni Cavalcanti era un ricco mercante fiorentino che aveva contatti con uomini illustri, quali Leone X, Giulio de' Medici ed Enrico VIII. Nel 1522 era conosciuto come principale agente di Enrico VIII in Italia. L'esecuzione del dipinto ad opera del Rosso Fiorentino sembra risalire per motivi stilistici intorno al 1523, ovvero all'ultima fase del periodo fiorentino dell'artista. L'atttribuzione al Rosso è confermata dagli esami radiografici e riflettografici eseguiti in fase di restauro che hanno evidenziato tecnica e forza esecutiva tipiche del pittore fiorentino. “La provenienza dalla famiglia Passerini potrebbe infine spiegarsi col fatto che l'opera, inizialmente destinata al mercato inglese per tramite di Giovanni Cavalcanti, sia stata rifiutata ed acquisita poi dal cardinale Silvio Passerini, strettamente legato al papa Clemente VII, a sua volta grande estimatore del Rosso”.
Data di creazione: sec. XVI; 1523
Soggetto: Rebecca al pozzo Soggetti sacri: Rebecca al pozzo. Personaggi: Rebecca; Eliezer; ancelle.
Materia e tecnica: tavola/ pittura a tempera
Estensione: altezza: cm 155; larghezza: cm 116.
(15) Acrescentamos, porém, nossos comentários à nota acima: destinada ao mercado ingles por intermediação de Giovanni Cavalcanti, “Rebecca ao Pozzo”  pode ter sido refugada, adquirida, ou mais provavelmente arrestada pelo cardinale Silvio Passerini, como afirma o curador  “strettamente legato al papa Clemente VII, a sua volta grande estimatore del Rosso”. É possivel que depois do arresto, com intervenção do rei inglês Henrique VIII, Giovanni di Lorenzo adiante tenha obtido alguma indenização ou empréstimo da comuna de Florença, compensação já indicada por Cinzia Sicca. Ver detalhes sobre este empréstimo, e o seu pagamento muito parcelado, em Sicca, Cinzia M.- artigo citado, 2006, pg.6, e nota 22, mais em Sicca Cinzia M. - Artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and england in the half of the sixteenth century: the London house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no2, 2002, pg.166, nota15, citando J. Stephens, The Fall of The Florentine Republic, 1512-1530, Oxford, 1983, pg. 188.
(16) Presumimos que este filho do meio de Giovanni di Lorenzo, Guido, tenha ainda nascido em Florença em cerca de 1529, porque seu nome também é referido no documento de nobreza de Cosimo I concedido ao seu irmão Filippo di Giovanni quando em Portugal, antes de sua vinda para o Brasil. Uma sua irmã pequena teria nascido também em Florença (cerca de 1531?), e em 1534 levada à Londres pela mãe. Consultar a respeito desses filhos de Giovanni di Lorenzo o artigo “Giovanni di Giovanni Cavalcanti” recentemente publicado em HTTP://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(17) Cavalcanti, Silvio Umberto – “Si Chiamavono Cavalcanti”, pdf, anota no ano de 1532 já  a presença de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti atuando em sua casa comercial Bardi-Cavalcanti, sem indicar fonte.  O genealogista, porém, não percebe que Giovanni estaria, na ocasião, já de volta para auto-exílio definitivo na Inglaterra.  
     Sabemos também que Giovanni di Lorenzo em 1533 teria conseguido colocar um filho seu, ainda pequeno, no cortejo de casamento da futura rainha Catarina com o príncipe francês em direção à Marcele, como pajem, na companhia do ativista pela causa republicana Bartolomeu di Mainardo Cavalcanti e sua filhinha, a pequena Lucrecia (fonte secundária não registrada, informação confirmada com Francisco Antonio Doria via e-mail em 29/10/2010).
   A presença deste menino, tido como Guido, no cortejo é repetida por várias fontes secundárias mais recentes, talvez por Guido ter se radicado mais tarde na França, a partir de 1563. Não podemos confirmar, entretanto, a estadia de Guido na França ainda pequeno na ocasião deste casamento, em 1533. Ele nascido em cerca de 1529. Teria ele chegado mais tarde à Inglaterra?
      Neste caso, podemos sugerir também a hipótese de ser Filippo Cavalcanti, criança de uns sete, oito anos, fosse o filho que Giovanni di Lorenzo colocou como pajem no séquito de Catarina de Medici quando do seu casamento, acompanhando a pequena Lucrecia, filha de Bartolomeo. Teria Filippo, neste caso, sido criado na França? Na verdade, a que se saiba, não há até agora nenhuma menção familiar ou documental da estadia de Filippo na Inglaterra, nem de qualquer participação sua documentação da casa comercial Bardi - Cavalcanti, como seria natural, ele o filho mais velho de Giovanni. Sua atuação na Europa marcada por completo e significativo silêncio. 
(18) Documento de transporte citado por Sicca, Cinzia – artigo citado, 2002, pg.183, nota 84. Este contrato de transporte de Ginevra Cavalcanti para Londres na companhia de uma filha pequena é revelador da contínua permanência da família na Inglaterra.
(19) K. Bartlett - artigo “Papal Polici and the English Crow 1563-1565”, Sixteen Century Jornal XXIII, Vol. 23, n. 4, 1992, pg. 643-659, refere uma carta datada de 1563, enviada de Londres por Guido para Ginevra [sua mãe ou irmã?] em Florença, reportando negociações entre a cúria e a Inglaterra para melhorar as relações religiosas entre os dois estados.
(20) Este ultimo filho de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, de nome também Giovanni, já havia sido percebido pelo pesquisador Antonio Francisco Doria, referido na carta de um inglês, sir Edwald Stanfford. Nesta carta é afirmado apenas que Giovanni Cavalcanti, irmão de Guido Cavalcanti, teria se correspondido entre 1587/88 com Giordano Bruno. Doria, Antonio Francisco “TabelaGenealógicaCavalcanti”, cedida pelo autor, informação confirmada por e-mail, 9/7/2010 e por telefone em 3/1/2011, sem que a carta de Stanfford fosse, entretanto, melhor indicada ou precisamente datada.     
     Cartas e outros documentos redigidos por Giovanni di Giovanni Cavalcanti, ainda outras informações constam do “Catalogo dei Manoscritti Posseduti da Marchese Gino Capponi (1845 – Firenze)” na Biblioteca Nazionale Centrale di Firenze. Citados desde já por Marcello Bezerra Cavalcanti:
     Pagina 549 - Lettere di Giovanni Cavalcanti a Bernardo Cambi ed altri - codice CCCXVII, cat 1-124.
     Pagina 119 - Lettera di Giovanni Cavalcanti a Bernardo Cambi – de Paris Ottobre 1560.
(21) Nesta carta de outubro de 1560 enviada de Paris endereçada a Bernardo Cambi, Giovanni di Giovanni Cavalcanti reporta que esteve na Inglaterra com a rainha e que ela falava muito bem o grego e o latim. Ele passara por Flandres, e estivera muito tempo no mar navegando.  Pequeno trecho:
“S io trovavo al mio retorno in Parigi, il qual fu l ultimo giorno d ottobre al meno una noltra lettera io vi saltavo adosso con qusta mia e con si fatta villancia che alcerto io vi confondevo e i profondevo, ma voi havete fuggito tutto che sto pericolo con la nostra seitta alli 23 di setembre, e massime confessando da hunno da bene che vi siate dato cosi lisonestamente allo sgrattignare, e se bene a voi non pare di profittare molto in questo eserczio, a me, da chi tiene qualche cura del fatto vostro e me ne servire.......................................................................................................................... Ma io so bene che ho ragionato con coi piu del solito però vo far fine pregandovi a la cutare messe Alamano e messe Filippo, quell Alamanno siricorda poco di me e penso che sia spesso avviluppato in far Lucatine Marco ne fa che tu mi voglia bene et anche mio Tito et io a tutti a lui di core mi osfero e raccomando Dio vi conservi. Alli q qbre 1560 il vostro Gnco in Parigi”.
(22) A existência deste jovem Giovanni di Giovanni Cavalcanti reconhecida através o farto material a seu respeito – além de suas próprias cartas datadas de 1560 e 61, indicado como líder de uma “Accademia Del Piano” em Florença - seu nome colocado em código, como GNEO SCARACCHIO CAVALCANTI. Estas cartas e informações de códigos estão localizadas no “Catalogo dei Manoscritti Posseduti da Marchese Gino Capponi (1845 – Firenze)”, na Biblioteca Nazionale Centrale di Firenze.    
    Marcello Bezerra Cavalcanti nos acrescenta a respeito:
   "Encontrei registros de uma «Academia» na pagina 3, «Accademici e Altro del Piano»: Giovanni Cavalcanti, Bernardo Cambi, Filippo Mannelli, Ruberto Ridolfi, Piero Capponi, Frescobaldi... “essa ACCADEMIA DEL PIANO era de alguma forma ligada a Arte della lana e igreja, escola, Santo Spirito”.
    Algumas outras informações no blog “Famiglia Cavalcanti”, do próprio Marcello Bezerra Cavalcanti, também já disponibilizados no mural de sua página no facebook.
    Consultar também nossa análise destes documentos em “Giovanni di Giovanni Cavalcanti” recentemente publicado em HTTP://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(23) Guido di Giovanni Cavalcanti, também chamado Guido II, é referido com mais detalhes em outros trabalhos publicados no blog  http://rosasampaio.blogspot.com/
   Na Inglaterra, os irmãos Guido e Schiatta di Giovanni Cavalcanti ainda haviam tentado continuar a realizar tarefas comerciais e diplomáticas informais para a nova rainha Elizabeth I, como o pai deles realizara para Henrique VIII. Em 1559, uma destas intervenções diplomáticas dos dois irmãos, que contribui para pacificação entre a França e a Inglaterra (o Tratado de Cateu-Cambrésis), foi mesmo reconhecida financeiramente pela rainha inglesa.
       Afirma a historiadora Julia de Lacy Mann sobre Guido Cavalcanti: “The queen of England was so pleased whith his services at Cateu-Cambrésis that she granted him the rare gift of a life pension, which in 1563 he was seeking to have increased.” Mann, Julia de Lacy e outros - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973, pg. 40,
      Sobre uma possível intermediação do seu irmão Schiatta, entre Philippe II e Margarida de Parma, em negócios de refino de sal já em 1563, ver Bulletin de lInstitut historique belge de Rome, vol 12-14, 1932, Universidade de Wisconsin – Madison, pg. 5.
     As várias atividades informais diplomáticas de Schiatta e seu irmão Guido na corte inglesa são referidas com detalhes por Mann, Julia de Lacy e outros - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973, pg. 40, que cita inúmeras fontes primárias oficiais inglesas na nota 31.
    Várias outras informações em Ramsay, Jorge Daniel – The City of London  in International politics at the acession of Elizabeth Tudor, Manchester University Press, 1975,. pg. 106,107.       
    K. Bartlett - artigo “Papal Polici and the English Crow 1563-1565”, Sixteen Century Jornal XXIII, Vol. 23, n. 4, 1992, pg. 643-659, refere-se a uma carta de Guido enviada de Londres em 1563 (possivelmente pouco antes de ir para a França, para a irmã Ginevra [sua mãe ou irmã?] em Florença, reportando negociações entre a cúria e a Inglaterra para melhorar as relações religiosas entre os dois estados.
    Ramsay, Jorge Daniel - The City of London in International politics at the acession of Elizabeth Tudor, Manchester University Press, 1975, pg.106, afirma que Guido Cavalcanti, em 1562 e 1563, já estaria devendo muito a Lord Dudley de Londres e suas demandas econômicas não mais bem atendidas pela Rainha.
(24) Notamos que Guido di Giovanni Cavalcanti foi convocado pela rainha francesa para sua corte logo após a morte de Bartolomeo Cavalcanti em 1562. Este era até então o elemento de sua inteira confiança e intimidade, e Guido viria para substituí-lo, a que tudo indica, com a colaboração de Lucrecia Cavalcanti, a própria filha de Bartolomeo, dama da corte da rainha.  
    Champion, Pierre - Charles IX: la France et le contrôle de l’ Espagne, B.Grasset, 1939, pg. 347, afirma textuamente: « La reine de l’Agleterre leur envoyait Cavalcanti, avec des lettres assurant qu’elle ne savait rien de la decente de Montgomery et qu’elle essayerait de leur procurer la paix avec les rebelles.» (Estas cartas conduzidas por Guido Cavalcanti estariam no contexto da tentativa de paz de Amboise, em março de 1563, pacificação que visou uma convivência com os protestantes religiosos, os ”huguenotes”, na França e o conde de Montegomery, um de seus líderes. Tentativa baldada que termina com o drama do massacre dos huguenotes em 1572). 
       Sumário storico delle famiglie celebri toscane riveduto dal Cav. Luigi Passerini, Pisa, vol. I, pg. 319-326, Pdf, afirma que Guido Cavalcanti já em 1562 prestava serviços para o rei francês. Guido. ...“per avere in avanti trattato diversi affari fra questi due regni era bene informato degli interessi dell uno e dell outro”.
      Sabemos por Mann, Julia de Lacy e outros - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973, pg. 40, que Guido Cavalcanti em 1569 teria tentado reabrir negociações para casamento de Elizabeth I e um príncipe francês, citando Levy, F.J - artigo “A semi-profissional diplomat: Guido Cavalcanti and Marriage Negotiations of 1571”- Bulletin of the Inst. of History Reseach, XXV (1962), pg. 211-20.
       Sommario storico delle famiglie toscane, riveduto dal Cav. Luigi Passerini, vol. I, Pisa, pg. 326, afirma também sobre Guido Cavalcanti : “guido cavalcanti fu poeta veramente coronato della benevolenza dei nostri re... Questo signor Maestro dellOstello ordinário del re Enrico II, si rese capace delle più importanti funcioni dello stato, che sua Maestà per uma lettera delli 4 gennaio 1572 comandò si suoi luogotenenti generali e ambasciatori che erano in Itália che ricevessero il medesimo Cavalcanti per suo consegliere di stato e mestro d´Ostello presso di loro in qualità di suo consigliere di stato nelli consigli, che essi hanno accostumato di tenere per gli affari di S.M. re.”
    Guido di Giovanni Cavalcanti é também citado como poeta por Rossetti, Dante Gabriel - The Early Italian Poets, 1861, pg. 204, em nota: “The Cavalcanti reappear now and then in later European history; and we hear of a second Guido Cavalcanti, who also cultivated poetry, and travelled to collect books for the Ambrosian Library; an who, in 1563, visited England as Ambassador to the court of Elizabeth from Charles IX, of France” (a ultima afirmação um equívoco. Guido teria saído da Inglaterra com mensagens diplomáticas para a corte francesa). 
    Os meandros conspiratórios mantidos pelos “fuoriusciti” na corte francesa nos século XVI são aprofundados em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, dez. 2010, http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ 
  Guido di Giovanni Cavalcanti, também chamado Guido II, é referido por Torres, Rosa Sampaio - em artigos no blog  http://rosasampaio.blogspot.com/, “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, especialmente em sua parte final relativa à “Conspiração Pucci e Ridolfi” de 1575, ainda em “Medici X Cavalcanti” - o mais completo. Também referido em “Giovanni di Lorenzo e seus filhos” e no ensaio “Bartolomeo Cavalcanti”, já publicado nesta revista incomunidade.com/. 
(25) Notícias sobre a morte de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti em Cavalcanti, Silvio Umberto – “Si Chiamavono Cavalcanti”, pdf, ano citado 1542.
(26) Informações das atividades de Guido como Maestro d´Ostello (Maitre d´Hotel) ou chefe de Hospedagem em Cavalcanti, Silvio Umberto – “Si Chiavamono Cavalcanti”, ano 1572, baseado em Gamurrine. Esta função também havia sido desempenhada com Bartolomeo Cavalcanti quando do seu período inicial de auto-exílio na corte francesa.  
   Os meandros conspiratórios mantidos por estes “fuoriusciti” na corte francesa, inclusive do grupo de banqueiros florentinos, já foram por nós comprovados em outros trabalhos, especialmente “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559” – especialmente na 2ª parte, Conspiração Pucci e Ridolfi de 1575.
    Outros detalhes a respeito de Guido II, Torres, Rosa Sampaio – artigos “Medici X Cavalcanti”, e o ensaio “Bartolomeo Cavalcanti” no blog  http://rosasampaio.blogspot.com/, agora também publicado nesta revista
(27) Com muitos detalhes a este respeito Torres, Rosa Sampaio – artigo “Medici X Cavalcanti”, parte referente à Conspiração Pucci e Ridolfi de 1575, e o ensaio “Bartolomeo Cavalcanti”, no mesmo blog.
(28) Especificamente sobre Filippo Cavalcanti Torres, Rosa Sampaio - artigo “Filippo di Giovanni Cavalcanti” e “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559”, no mesmo blog.




3 comentários:

  1. Viva Rosa Gusmão! Como você produz, moça !

    Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque

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  2. Minha prezada Rosa Maria. Toda vez que recebo seus comunicados fico ansioso para ver tudo o que, de novidade, está escrito. Esta agora foi demais. Como é fácil ler os seus escritos. Tenho pena de não ter o "ferramental" e nem os meios para poder cooperar em suas buscas. Pelo menos vou de carona bebendo a sua aula. Uma grande abraço agradecido. Luiz Cavalcanti de Albuquerque.

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