Guia
das Capelas Cavalcanti na Toscana
Igrejas
onde se encontram obras de arte encomendadas por antigos Cavalcanti
Introdução. A Basílica da Santíssima Anunciação (”Santissima
Anunciatta”) e a cidade de Florença.
1 - A “Anunciação
Cavalcanti” de Donatello na Basílica da Santa Croce
2 - A Capela
da “Anunciação” dos Cavalcanti, igualmente demolida na Igreja de Santa
Maria Novella em Florença.
3 – A “Anunciatta” da Piève di S.Pietro à
Pitiana, fazenda dos Cavalcanti e Guicciardini.
4 - A “Anunciação” retirada da “Capela
Cavalcanti” na Igreja S. Giovanni dei Fiorentine - Roma.
5- Igreja de “Santa Maria Anunciatta” na Capraia
Florentina.
6- A capela Cavalcanti dedicada ao banqueiro
Tomasso Cavalcanti na Basílica do Santo Espírito.
7 - Capela Cavalcanti na Igreja de Santa Maria
Madalena delle Convertite.
8 - Túmulos Cavalcanti
descobertos sob o Duomo de Florença - Catedral Santa Maria del Fiori – sobre antiga
Igreja Santa Reparatta.
Adendo
- A Casa-Palazzo
dos Cavalcanti em Florença
- O Castelo
do Strinche dos Cavalcanti
- A Villa de Bellosguardo
Advertências
e Agradecimentos.
Este Guia não é um guia turístico comum – ele
é em verdade um auxílio aos parentes Cavalcanti que pretenderem visitar Florença.
Neste guia pretendemos apenas indicar e localizar
as principais peças artísticas referidas à nossa família em igrejas
especialmente florentinas, relacionando-as ao seu passado histórico.
Apenas duas das igrejas referidas não estão
localizadas em Florença - a Piève di S.Pietro, na fazenda dos Cavalcanti
e Guicciardini em Pitiani, ainda na Toscana; e a Igreja S. Giovanni
dei Fiorentine, em Roma.
Este
nosso atual trabalho de pesquisa e síntese deve-se especialmente ao esforço do parente
italiano e genealogista Silvio Umberto Cavalcanti que há anos vem levantando material
de pesquisa sobre a família Cavalcanti em seu livro “Se Chiavamano Cavalcanti”, bem como sua tabela genealógica, a TavolaCavalcantiFirenze, ainda informações http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm
– trabalhos gentilmente disponibilizados na mídia eletrônica – o material aqui
exposto referido com suas iniciais, SUC.
Ao
final do trabalho citamos três outros locais relevantes e imperdíveis para os
nossos viajantes na Toscana sem ser capelas, em Florença ou proximidades - a Casa-Pálacio
Cavalcanti no centro de Florença, o Castelo do Strinche em Radda,
Ghianti, e a Villa de Bellosguardo, também nas porximidades de Florença.
Na verdade itens parciais de trabalho a ser ampliado, acrescentados ainda outros
locais de moradias e ruínas também de antigos
Cavalcanti na Toscana – próximo Guia no
nosso blog.
Introdução
– o tema da Anunciação e a cidade de Florença
O tema da Anunciação de Nossa Senhora pelo anjo
Gabriel foi o preferido dos florentinos, muito religiosos, que no ano de 1250 tiveram até mesmo a construção de
uma Basílica dedicada à “Santissima Annunziatta” em Florença - momento
que antecede os maiores enfrentamentos entre guelfos e guibelinos em Florença.
A Basílica construída no lugar de um antigo
oratório fundado ao tempo da grande benfeitora Matilde de Canossa, margrave
da Toscana do sec. XI, até mesmo aparentada dos nossos ricos e poderosos
Cavalcanti de origem franco-borgonhesa (1).
Esta Basílica dedicada a Santissima Anunciatta constuída em
período ainda de relevância dos Cavalcanti - família que hoje podemos mesmo comprovar
era descendente desses anteriores ocupantes de origem franca. Talvez a cena da
Anunciação uma referência a antiga religiosidade cristã franca.
O tema da Anunciação e o simbolismo do lírio teriam se popularizado
entre os francos a partir do ano de 496 d.C. quando Clotilde, mulher do rei franco
Clovis teria recebido a visita premonitória de um anjo portando um lírio, avisando
da vitória numa batalha – episódio hagiográfico em tudo semelhante ao ocorrido
com a Anunciação da Virgem Maria. O lírio estilizado, flor de lis, símbolo antigo
e bíblico de escolha e pureza, retomado pelos francos e pela dinastia dos d´Anjou
e continuada pelos reis franceses, aparecendo ainda no próprio brasão dos
Cavalcanti brasileiros (1). Tornado mesmo o símbolo da própria cidade de
Florença.
Em época
ainda de grande misticismo, nesta basílica florentina no sec. XIII foi colocada
uma pintura de Anunciação notável - obra
de um monge chamado Bartolomeo que por não se sentir capaz de pintar o rosto de
Maria acabou tornando a pintura milagrosa – o rosto da Virgem acreditou-se
pintado por um anjo enquanto o monge dormia à noite. A Basílica “Santissima
Annunziata” objeto, posteriormente, de romarias dos fiéis (2).
Anunciação - obra na Basílica Santa Maria da Anunciação
Detalhe
do rosto de Maria
Basílica Santissima Annunziata – Florença, pórtico construído em 1601
1 - A ”Anunciação Cavalcanti” de Donatello na
Basílica da Santa Croce
Alguns anos depois de iniciada a construção
da Basílica da Anunciatta em Florença, já no ano de 1294, teve inicio a construção da Basílica da Santa Croce
dos franciscanos, sob orientação do arquiteto Arnolfo di Cambio. Este arquiteto membro de família antiga e aliada
dos Cavalcanti - até mesmo sócios em “banca” de negócios.
A Ordem dos Templários (1118-1312) ainda se
fazia presente em Florença nessa ocasião, podendo-se ler ainda hoje numa tabuleta
do muro lateral desta Igreja da Santa Crocce: “Gia del Tempio”, via
do Templo – indicando o quarteirão onde os Templários possuíam um hospital
- os enfermos aí mantidos sob a proteção
de Santa Maria e da Cruz Pátea que, por suas pontas, espalhava a luz de Cristo (3).
Mas a obra de construção da Basílica
da Santa Crocce ocorria agora em momento de grande tensão para os Cavalcanti,
cujo prestígio como muito ricos “magnati”, descendentes dos francos antes dominantes
era já questionada pelo sistema republicano florentino vigente - sistema republicano
que os próprios Cavalcanti haviam avalizado e ajudado a implantar como
primeiros Consules - além de terem defendido militarmente a cidade Florença em
várias oportunidades, especialmente na batalha de Montaperto em 1260 contra os partidários “guibelinos”
de Siena. A prisão e morte do celebre poeta e cavaleiro da família, Guido
Cavalcanti, falecido em 29 de agosto de 1300 em contestação à Republica radicalizada pelos direitos dos
“magnati” , acabou mesmo gerando seria convulsão social – episódios famosos e descritos
por Dante em seu livro “A Divina Comédia”. O filho de Guido, Andrea, e Cantino Cavalcanti
salvos a ultima hora da pena de morte (4). Pouco depois ocorre a queda da
própria ordem dos Templários em Florença, e na Europa.
Durante
o século seguinte, sec. XIV, a peste negra grassa por toda a Europa e os
Cavalcanti teriam passado por período muito difícil. Haviam tido que sair da cidade
e mesmo obrigados a trocar, por vezes, o nome da família para poder exercer
cargos públicos.
Mesmo
assim, já em 1435 a capela Capela Cavalcanti dedicada à Maria Madalena
na Santa Crocce ganha um belíssimo auto-relevo em pedra com o tema da Anunciação
que foi encomendada pelo membro da família Nicolò
(di Giovanni) Cavalcanti ao celebre escultor Donatello (1386-1466).
Nicolò teria casado em 1409 com Contanza Peruggi, moça
proveniente de família muito antiga e requintada, etrusca. Nicolò irmão de Genevra,
oportunamente casada em 1416 com o
poderoso Lorenço de Médici, o Velho. Nicolò também irmão de Amerigo,
que teria sido dos “Signori” em 1451.
O pai de Nicolò, Giovanni di Amerigo Cavalcanti
(1381-c. 1451), durante sua vida passara grandes dificuldades econômicas com
a família, tornando-se mais tarde famoso cronista, historiador e genealogista
da família (5).
A
obra da ”Anunciação Cavalcanti” encomendada por Nicolò Cavalcanti a
Donatello é identificada por dois pequenos brasões da família em seus
suportes, que ainda hoje podem ser encontrados
no seu local original (6).
”Anunciação Cavalcanti” de Donatello
Sabemos
também que em 1457 Nicolò Cavalcanti encomendou ao artista
Giovanni di Francesco del Cervelliera (1412
1459) um famoso tríptico com estórias da vida de S. Nicola di Bari para ser inserido
abaixo desta obra da “Anunciação Cavalcanti” - pinturas minuciosas que foram
comentadas, entre outros críticos de arte, por Giorgi Vasari e Roberto Longhi.
Este ultimo chegou a afirmar “ser um dos
melhores trabalhos do autor, também o de figuras mais numerosas do Quattrocento
florentino”. Estas pinturas não estão mais em seu lugar original – agora com
sua rica moldura (abaixo) abrigadas no Museo Buonarroti (7).
Trítico belissimamente emoldurado que esteve sob
a “Anunciação Cavalcanti”,
hoje no Museu Buonarroti.
O tema destas pinturas - os milagres de Nicola di Bari.
Abaixo tres cenas de milagres em
detalhe:
Cena
do milagre do dote de jovens sem recursos
É notório
que o famoso escultor Donatello autor
da “Anunciação Cavalcanti” executou igualmente em cerca de 1460 um busto de Ginevra
Cavalcanti, a irmã de Nicolò, quando idosa – ela já viúva de
Lorenço de Médici, o Velho (8). Não sabemos quem teria encomendado este busto
de Ginerva a Donatello - seu próprio irmão ou sua família Medici, como é
referido atualmente. Hoje o busto de Ginevra está no Museo Nacional de Florença.
Nicolo Cavalcanti teria ainda encomendado um belíssimo trabalho
artesanal para o casamento de sua filha Margarida com Lorenzo di
Bernardo Ridolfi em 1468 - obra
que pelo seu tema e tratamento tornou-se
também notável, por nos estudada com detalhes em trabalho específico a ser futuramente
editado (9).
Mas acrescentamos que esta notável capela Cavalcanti dedicada à Maria
Madalena na Basílica da Santa Croce foi além do mais “afrescada” por Domenico Veneziano (1405-1461)- autor
já na época apresentando nítidas características expressionistas e renascentistas,
e que pintou as figuras de S. João Batista e S. Francisco - obra retirada e deslocada
de seu lugar original , hoje no Museo da Opera desta mesma Basílica (10).
Nesta
capela Cavalcanti em 1496 ainda foi enterrado
Lorenzino Cavalcanti, escudeiro que
havia salvado a vida do poderoso Lorenzo de Médici por ocasião de uma conjuração
tramada pelos membros da família Pazzi - família de banqueiros rivais e
que nesta ocasião já contestava a predominância e as ambições políticas dos
Médici. O irmão do grande Lorenço,
Giuliano de Médici, foi mesmo assassinado na ocasião. Lorenzino Cavalcanti
que salvara o Grande Lourenço ainda permanece enterrado nesta Basílica no
numero 03684 (11).
Nesta
antiga e importante capela da família Cavalcanti em Florença, ladeando os
túmulos Cavalcanti, trabalhos de história da arte recentes recordam que haviam
sido colocados ainda vários túmulos de outras famílias - famílias que identificamos
politicamente aliadas dos Cavalcanti durante vários séculos, e em vários episódios
históricos: os Cherchi, os Manelli, os Nobili.
Os Cerchi aliados desde a época dos
enfrentamentos contra os aristocráticos “guelfos negros” (“guibelinos”
disfarçados) no fim ddaquele dificíeis anos 1200; e os Manelli e os
Nobili até mesmo solidários na Conspiração já liderada pelos Cavalcanti em 1559 contra os Medici, já com auxilio da família dos Pucci (12). A família Manelli conhecida dos
brasileiros, pois moça desta família, Ginerva Manelli, foi casada com Giovanni di Lorenço
Cavalcanti - mãe, portanto, do nosso patriarca Felippo di Giovanni Cavalcanti que
aqui veio parar em 1560, certamente
fugindo de envolvimento por esta conspiração.
Assim sendo, as reformas nas igrejas florentinas propostas pelos Medici em
1563, inclusive na Santa Crocce, é muito
provável que fossem na verdade um revide pela descoberta desta Conspiração
republicana liderada por Bartolomeu di Mainardi Cavalcanti, conspiração que
pretendeu estourar o trono de Cosimo I em
1559.
Como prova de seu grande rancor pelo episódio conspirativo liderado por
Bartolomeo Cavalcanti, Cosimo I de Médici chegou a mandar tampar com tijolos as
janelas do prédio da via dei Servi, prédio de onde os tiros dos conspiradores em
um de seus primeiros planejamentos pretendiam
alcançá-lo e que assim
permanecem tampadas até hoje (13). Assim também a capela Cavalcanti na Santa
Croce foi praticamente destruída pela reforma encomendada pelos Médici na
década dos 60.
Mas
em aparente revide aos Médici, nos anos seguintes uma nova capela Cavalcanti foi
construída na igreja do Santo Espírito.
Ricas e belas obras de arte serão especialmente encomendadas por Gian
Battista di Tomasso Cavalcanti, do ramo Ciampoli da família – irmão de
jovem Stolto Cavalcanti que fora decapitado pelos Médici por seu envolvimento na
Conspiração de 1559. Esta nova capela Cavalcanti na Igreja do Santo Espírito
foi dedicada à figura trágicado pai de ambos, o banqueiro Tomasso Cavalcanti - capela
que será apresentada com detalhes no item a seguir (14).
Ainda que a antiga capela dos
Cavalcanti na Basílica da Santa Croce tenha sido destruída e seus túmulos
transferidos, a famosa “Anunciação
Cavalcanti” de autoria de Donatello
aí permaneceu e hoje presença marcante - fato que não permite sejam esquecidos a força
de vontade, o prestígio, a sensibilidade social e cultural que os antigos Cavalcanti
haviam demonstrado em Florença.
A “Anunciação
Cavalcanti” foi elogiada e estudada por artistas da época.
O crítico de artes Vasari (15) que muito apreciava
este trabalho afirmou sobre o talento de Donatello:
“Mas acima de
tudo grande gênio e arte demonstra na figura da Virgem a qual amedrontada pela
súbita aparição do Anjo, move timidamente sua pessoa numa honestíssima reverência,
com muita graça dirigindo-se àquele que a cumprimenta, de maneira que se vê no
seu rosto a humildade e gratidão que ao inesperado senhor é devido, e tanto o
senhor é o mais alto". No original: “Ma sopratuto grande ingegno et art mostro
nella figura della Virgen, la quale impaurita dall´ improviso apparire dell´Angelo,
muove timidamente con dolcezza la persona a uma onestissima reverenza, com
bellissima grazia rivolgendosi a chi la saluta
, di maniera che se le scorge nel viso quella umilità e gratitudine che del non
aspettato dono si deve a chi lo fa, e tanto il donno é maggiore”
Esta obra marcante de Donatello ainda permanece
exposta na Basílica, colocada no corredor lateral direito - os escudos dos
Cavalcanti mantidos nos suportes laterais.
Hildebrandino
(Dino) di lapo Cavalcanti, florentino,
fora sepultado em 18 de agosto de 1371
nesta Basílica da Santa Crocce – também aí mantido sua magnífica
lápide - belíssimo trabalho em mármore no chão da nave, chamando a atenção do
visitante para o tradicional escudo da família Cavalcanti “com um estupendo fundo
com desenho provençal” e dizeres (16):
FIREN
ZE - SAN TA CROCE H IC IACET CORPUS CAV ALCA NTIS D, LAPI DE CAV ALCA NTIBUS ET
SUORUM D ESCENDEN TIUM A NNO DO MIN I MCCCLXXI MENSE A UGU STI CU IUS AN IMA
REQ UIESTA T IN PACE
Na Santa Crocce permanece também os
sepulcros de Francisco e Jacobo, do ramo chamado Papero, ainda Bernardo dei
Cavalcanti e filhos.
FIRENZE - SANTA CROCE - CH IOSTRO S(EPU LCHRUM)
FRAN CISCI (ET) IACOBI V OCATI PA PERI D (O MI)N I BERNARDI D E CA VA LCA(N)TIB(US)
& FILIO(RUM)- SEPOLCRO DI FRANCESCO
E IACOPO DETTI PAPERI DI MESSER BERNARDO DEI CAVALCANTI E FIG
Ainda
nos resta o interior da Santa Crocce uma pia batismal com o brasão dos Cavalcanti.
“Santa Croce, acquasantiera 05 stemma Cavalcanti”
Mas
na sacristia do sec. XIV nos surpreende também um simbólico brasão Cavalcanti –
em aparência um brasão contestatório - brasão com touca, em mosaico de pedra
sereno quadrilobado.
Este interessante brasão está colocado
acima de uma das portas da Capela Cavalcanti dedicada à Anunciação, hoje
Sacristia (17). O brasão é encimado por um
característico barrete frígio - símbolo
da liberdade desde a antiguidade. Certo algum Cavalcanti já demonstrando
claramente sua insatisfação em Florença.
No
arquivo da Oppera di Santa Croce foram ainda localizados por Marcelo
Bezerra Cavalcanti registros de antigos Cavalcanti (foto da listagem Marcelo
Bezerra Cavalcanti)
2 - A Capela da “Anunciação” dos Cavalcanti igualmente
demolida na Igreja de Santa Maria Novella em Florença.
Somente
em 1470 fora terminada a belíssima
fachada em mármore preto e branco da Igreja Santa Maria Novella em Florença pelo
artista Leon Batista Alberti.
A igreja construída onde estivera
anteriormente o oratório de Santa Maria delle Vigne, datado do século
IX.
E o brasão
da família Cavalcanti logo nos aparece em ressalto na parte externa da fachada,
ainda hoje sob os arcos frontais da Igreja
(observar na foto acima as capelas exteriores).
Tumba
antiga de senhora Salimbeni casada com Cantino Cavalcanti é mantida nesta Igreja
datando de 1300. O filho de Cantino, Ciampolo, fora condenado à morte
juntamente com Andrea, o filho do celebre poeta Guido - ambos nesta situação pela
perseguição aos “magnati” Cavalcanti, por ocasião dos celebres tumultos em
Florença. Ambos salvos em 1302 pela intercessão desses Salimbeni de Siena.
A
tumba desta senhora Salimbeni/Cavalcanti apresenta o brasão Cavalcanti, e tristemente
registra o ano de 1300 – ano também da morte do poeta Guido, que por ter
participado desses tumultos fora confinado pela Republica em lugar insalubre, fato
que acaba determinando sua morte.
Os dizeres: “D.Blasie uxor D.
Cantini de Cavalcantibus, & filia D. Ciampoli de Salinbenis Senis MCCC.” (Blasia
di Ciampolo Salimbeni falecida 1300,
fonte tabela SUC)
Devemos recordar que esta Igreja
de Santa Maria Novella abrigara duas capelas da família Cavalcanti. Uma
delas dedicada a este já caro tema florentino da “Anunciação” e cujos
resquícios ligados à família foram colocados na sacristia, destituída de sua
função original de homenagear Mainardi Cavalcanti,
e ainda desfalcada de sua
maravilhosa e riquíssima “pala de altare” comemorativa da sua morte. Mainardi
Cavalcanti o antepassado do conspirador republicano, dois séculos depois contra
os Medici, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti.
A capela de Maria Madalena
teria sido igualmente demolida em 1563
- “demolita com il ponte nel restauro de Vasari” no ano de 1563, comenta já desconfiado
como nós o genealogista Silvio Umberto Cavalcanti. Esta Capela Cavalcanti destruída pelos Médici, pretextando necessária reforma na
Igreja, coincide mesmo com a descoberta pouco antes da Conspiração dos Pucci e Cavalcanti
em 1559 - conspiração que pretendeu
atuar contra o absolutismo desses grandes banqueiros Medici que demoliam o
sistema republicano. Comprometidos pelos
Medici na Conspiração o republicano Bartolomeo
di Mainardo Cavalcanti (c.1503-1562)
e seu sobrinho Stolto Cavalcanti, do
ramo Ciampoli - este punido com a morte. A conspiração da qual vários ramos da família
Cavalcanti e os Pucci participaram fora, na verdade, liderada por Bartolomeo di Mainardo que acreditamos
fosse um quarto neto deste Mainardo Cavalcanti sepultado em 1380, muito homenageado por sua esposa nesta
igreja (18).
Fontes sobre a igreja e a capela da
“Anunciação” dos Cavalcanti são sucintas, mas explicitas: “A sacristia [hoje em
dia] se abre para a parede esquerda do transepto esquerdo e foi inicialmente
construída por volta de 1380 como “Capela da Anunciação” em homenagem a Mainardo Cavalcanti. Foi reestruturada
em grande parte do século XVI ao século XVIII”.
Em 1380 para a decoração do
tumulo de Mainardo Cavalcanti fora
encomendada uma riquíssima “pala de altare” por sua esposa Andretta Acciaiolli ao pintor Giovanni
di Biondo (1356 ao 1398) com o já caro tema
da Anunciação. Esta “pala” mandada construir por Andretta em homenagem ao seu
marido, que tivera morte violenta em 12 de fev. 1380 (19) por solidariedade
familiar e defesa da rainha Giovanna d´Anjou - rainha de Nápoles que nesta
ocasião enfrentava seu rival Carlos II, igualmente um d´Anjou. Notamos que os Cavalcanti foram sempre muito
ligados por laços familiares e suas origens francas, ainda solidariedade
política aos d´ Anjou franceses (20).
Encomendada
por Andreola Acciaiolli pouco tempo depois, em 1386, também uma belíssima “trifora invitiata” (um tríptico em
vitral) a Leonardo di Simone - monge
da piève de São Pancrácio (21), próxima ao castelo dos Cavalcanti em Monte
Calvi - trabalho baseado nos desenhos de Niccolo
di Pietro Gerini (doc. 1368, + c.1415), um seguidor de Giotto. Vitral magnífico que na janela central superior retrata também
uma “Anunciação”.
No
vitral central a baixo colocado uma cena do nascimento de São João Batista e
outra do nascimento de Jesus. Nas janelas laterais quatro histórias de S. João
Batista. Nas duas “tondi”, abaixo do arco, os
profetas Elias e Isaias. Os vitrais ainda mantidos nos locais originais.
Sabemos que por muito tempo o
sepulcro de Mainardo Cavalcanti esteve colocado aos pés de imagem da
“Madona com Banbino” de Andrea Pisano – imagem que nesta igreja ainda
hoje se encontra, mas ao lado do tumulo de Aldobrandino Cavalcanti (observar
abaixo a foto desta Madona ao lado do túmulo de Aldobrandino).
Sabemos
que a lápide de Mainardo Cavalcanti foi
transferida para a sacristia da igreja, e apenas uma placa explicativa colocada
em 1734 na cripta inferior. Sua célebre
e riquíssima “pala de altare” retirada (22), hoje localizada na famosa Galleria
de La Accademia.Entretanto, na basílica de Santa Maria Novella foram mantidos os mais antigos registros de brasão da família Cavalcanti - dois brasões que nas laterais assinalam o sepulcro do importante religioso e filósofo da família, Aldobrandino Cavalcanti falecido em 1279 (23) – irmão do cavaleiro Cavalcante Cavalcanti celebrizado por Dante, tio e certamente orientador filosófico do celebre poeta da família Guido Cavalcanti (24). O próprio Aldobrandino como filósofo e teólogo foi precioso auxiliar na famosa obra de São Tomás de Aquino. Os brasões da família Cavalcanti ainda ressaltados no suporte de seu túmulo (25).
Túmulo de Aldobrandino Cavalcanti na Santa Maria Novella
cercado de brasões Cavalcanti. Acima, à direita a
escultura da “Madona com Banbino” de Andrea Pisano, a Madona que velava
o túmulo de Mainardo (26).O elegantíssimo púlpito da Santa Maria Novella foi realizado ainda entre 1443-48 pelo escultor e membro da família Cavalcanti, Andrea Cavalcanti, o Buggiano (1412- 1462), seguindo desenho do celebre arquiteto Filippo Brunelleschi, seu pai adotivo.
Os
resquícios artísticos mantidos nesta igreja permitem ainda vislumbrar o prestígio
e o requinte de uma família no tempo.
3 – Ainda uma “Anunciatta” na Piève di S.Pietro à Pitiana, fazenda dos Cavalcanti e Guicciardini.
Os Cavalcanti e os seus aparentados Guicciardini no começo sec. XVI haviam sido proprietários em comum de
uma fazenda em Pitiana, Donini,
Reggello.
Uma senhora Cavalcanti casada com um Guicciardini foram proprietários desta
fazenda e outras terras na Toscana – esta fazenda no Regello muito trabalhada, produtora
de olivas, vinhas, etc. No recente livro, Il Plebato di Pitiana, Giancarlo
Stanzani afirma que no século XVI foi construído um pórtico para a Igreja, onde
ainda hoje estão os brasões da família Cavalcanti - colocados ambos nas
laterais acima da porta da igreja. A fonte recorda: “Stemma della famiglia
Cavalcanti nel portone d'ingresso alla chiesa. La sua fondazione [da Peive de
Pitiana] è forse anteriore all'anno Mille e la torre campanaria risulta già
esistente nel 1028” (27)
Brasão
Cavalcanti nas laterais do pórtico da igreja.
Brasão também dos Guichiardini na casa sede da fazenda
(Fotos Marcelo Bezerra Cavalcanti)
A Piève di Pietro à Pitiana tem sua
fundação muito antiga atribuída à piedosa margrave Matilde de Canossa (1046 - 1115), que identificamos em nossas pesquisas como uma colateral
dos primeiros Cavalcanti documentados - a igreja podendo ser anterior ao ano mil,
mas a torre campanária de 1028.
O pórtico da pequena igreja com o brasão
dos Cavalcanti no alto da porta foram fotografados e se tornaram informações
gentilmente compartilhadas por Marcello Bezerra Cavalcanti (28).
“Anunciação” de Rodolfo Ghirlandaio, de cerca 1515 em Pitiana
Piève
di s. Pitro em Pitiana, Donini, Reggello propriedade agrícola dos
Cavalcanti e Guichiardini no começo do sec. XVI. (O Anjo segurando um lírio, símbolo de
pureza)
A “Anunciação” de Ridolfo
Girlandaio foi realizada em cerca de 1515
e ainda hoje se encontra na Piève di Pitiana, devendo ter sido encomenda pela senhora
Cavalcanti casada nesta ocasião com um Guichiardino (Dini?) – o tema da “Anunciação”
durante séculos devoção constante na família como observamos, mais uma vez
denunciando a origem franca dos Cavalcanti. Neste quadro o Anjo porta um pendão
de lírios de grande simbolismo e beleza,como
observamos na Introdução.
Em 1631 a estrutura do presbitério na igreja foi elevada e a cripta tornada
em cruz latina (30). Acreditamos que esta
recuperação possa ter sido patrocinada pela própria família Guicciardini,
família de celebres juristas, que em nossos estudos aparecem como parentes colaterais
e que teriam acompanhado os Cavalcanti da geração seguinte até mesmo nas ultimas
conspirações anti-medici do fim do sec. XVI, não tendo sido diretamente
comprometidos (31).
Piève di Pitiana- foto recente de Marcelo
Bezerra Cavalcanti
Interior da Igreja de S. Pietro em Pitiana, com
a “Anunciação” de Ridolfo Girlandaio ao fundo.
Fazenda e casa ainda existentes em Pitiana -
foto tirada por Marcelo Bezerra Cavalcanti
4 – Tela da “Anunciação” retirada da “Capela
Cavalcanti” na Igreja S. Giovanni dei Fiorentine em Roma.
A cidade de Roma foi refúgio do ramo Ciampoli
da família Cavalcanti depois da conspiração de 1559, e temos nesta cidade a construção de uma Capela Cavalcanti na igreja
de S. Giovanni dei Fiorentine, encomendada por Luca Cavalcanti em 1590 - capela também dedicada à
“Anunciação da Virgem”.
Entretanto, por volta de 1660 ela se tornou uma capela da família
Pandolfini, e obra de pintura representando a “Anunciação” que a decorava dada como
perdida, desaparecida, não sabemos em que momento. Hoje é uma capela da família
dos Pazzi, e apresenta outra tela, uma Madona com Santa Madalena dei Pazzi aos
seus pés.
Porém, uma figura de S. Egidio (Saint
Gilles) permanece decorando a lateral da capela e a abóboda, santo que sabemos foi também de muita devoção
franca, nome do castelo do qual teriam saido os Cavalcanti marcando a origem da família Cavalcanti no
reino franco.
O brasão Cavalcanti mantido sob o arco da
entrada.
A Figura de S. Egidio,santo que
sabemos de muita devoção dos antigos dominadores francos permanece
na lateral e na abóboda. No arco de entrada um brasão Cavalcanti.
Informações sobre a capela podem ser obtidas na
própria Igreja. Fotos e pesquisa básica de Marcelo Bezerra Cavalcanti.
Foto do brasão Cavalcanti também mantido no
retábulo – foto na mídia eletrônica
5- Na região da Capraia Florentina a Igreja de “Santa Maria Anunciatta”.
Na região da Capraia Florentina os Cavalcanti de dinastia “guelfa’ enfrentaram os “guibelinos” que estavam contra a autoridade papal no inicio dos anos 1200 – região chegada em parte aos Cavalcanti por casamento, advinda dos Guido di Davadola e dos Alberti. Gianberta Cavalcanti, foi cônsul mercador em Florença documentado em 1220, casado com uma filha do Guidi de Davadola e Quadralda Ravignani. Gianberta documentado em testamento de Beatriz de Capraia no ano 1278.
Igreja
de “Santa Maria Anunciatta” na Capraia Florentina, igreja colocada na parte baixa do Castello
Capraia florentina– foto recente
6 - Capela
Cavalcanti dedicada ao sofrido banqueiro Tomasso Cavalcanti na Basílica do
Santo Espírito.
Em virtude das reformas nas igrejas florentinas
propostas pelos Medici em 1563, a capela Cavalcanti na Basílica da Santa Crocce fora destruída pela família Médici – como
sugerimos em virtude da descoberta e perseguição aos conspiradores da família
em 1559. Ver capelas referidas anteriormente.
Assim sendo, certamente em
contraposição uma nova capela foi construída pelo ramo sobrevivente dos
banqueiros Cavalcanti do ramo Ciampoli, construída nova e rica capela na
Basílica de Santo Espírito.
Nesta Basílica de Santo Espírito,
talvez em um acintoso revide moral, já em 1562
GianBattista Cavalcanti se propôs a fazer uma bela
homenagem ao seu pai - o rico banqueiro Tomasso – falecido logo após a desgraça
ocorrida com seu filho Stolto Cavalcanti, jovem decapitado em janeiro de 1560, detido
por fazer parte desta descoberta conspiração de 1559. GiovanBattista
encomenda para a Capela Cavalcanti na Basílica do Santo Espírito belíssimas
obras de arte - obras de arte que, em parte, ainda hoje são encontradas nesta
igreja (33)
Após
a descoberta da Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559, conspiração em
que o trono de Cosimo Medici seria mesmo explodido em uma festa religiosa
- protesto clássico na época que denunciaria os tiranos - os bens do banqueiro Tomasso Cavalcanti e de seu filho Stolto Cavalcanti, o jovem conspirador decapitado,
foram arrestados. Mas voltaram para o outro filho e irmão sobrevivente - GiovanBattista Cavalcanti – pois o
arresto total de bens dos conspiradores já parecia aos florentinos acintoso (34).
GiovanBattista após esta tragédia que
abalou sua família - a morte de seus dois irmãos, um assassinado por amigos do
Médici, crime que ficou impune, o outro decapitado, ainda a morte de seu pai em
seguida - homenageia por tantos dramas familiares a figura paterna em 1562
criando uma belíssima capela nesta Igreja do Santo Espírito, em Florença
(35).
Capela
que ficou, então, afamada pelos seus mármores raros e preciosos - mármores
azuis e um busto de Tomasso Cavalcanti
de autoria de Giovanni Angelo Montorsoli (1507 –1563),
Nota-se os brasões familiares e o busto de Tomasso. Posteriormente o busto do próprio GiovanBattista virá completar a capela.
Para caracterizar a capela dedicada à Maria Madalena foi encomendada por GiovanBattista ainda uma belíssima tela intitulada “Jesus aparece a Madalena” ou ”Noli mi tangere”. Encomendada esta obra marcante obra a Agnolo di Cosimo Tori – o celebre “Il Bronzino”- em 1561, inspirada num “cartone” de Miguelangelo cujas figuras foram, entretanto, invertidas. Obra em que aparecem os rostos de grande beleza de duas Marias no segundo plano - sugerimos com possível simbolismo gnóstico ou exotérico, de grande interesse histórico. Obra atualmente no Museu do Louvre de Paris.
Em outra oportunidade já havíamos notado também uma das pinturas do interior da igreja de São Iacobo em Florença, que no passado fora da ordem Templária - a pintura de “Jesus Morto saindo do Sepulcro” anunciado por uma Madonna, que não se sabe também se é Maria de Nazaré ou Maria Madalena, talvez uma mistura de ambas como Mãe e Mulher, aos moldes exotéricos. (36).
Vasari especialmente comenta a feitura desta capela Cavalcanti na igreja do Santo Espírito em Florença e ressalta os seus mármores vindos “de outros mares” com grandes despesas, ainda este quadro de Bronzino – “as figuras de Maria realizadas com incrível perícia (“ diligenza”) (37).
A linda capela dos Cavalcanti dedicada à Maria
Madalena - como era originamente na Igreja do Santo Espírito , ornada em mármores
preciosos e azuis, ainda com o quadro original e simbólico ”Noli mi Tangere”. Os
bustos dos familiares colocados em ambos os lados, com os brasões familiares acima.
Na foto ao lado a mesma capela, mas a tela original já substituída por uma “Virgem
com Menino”
Detalhe da Pintura ”Noli mi Tangere” atualmente no Museu do Louvre de Paris,
substituída por uma Virgem com Menino.
Em 1484 os Cavalcanti completaram uma capela na igreja de Santa Maria Madalena dos Convertidos em Florença - igreja hoje dedicada à uma santa mais recente - a carmelita Santa Maria Madalena de Pazzi canonizada em 1669.
A freqüência do tema de N.S. Madalena já foi também percebida pelo genealogista Silvio Humberto como de preferência devocional dos Cavalcanti.
Esta nova igreja de Santa Maria Madalena reconstruída sobre as fundações do convento cirtensiense de Borgo Pinti - projeto baseado em colunas iônicas de Giuliano da Sangallo (Florença, c. 1443 – 1516) célebre escultor, arquiteto e engenheiro militar que havia realizado aprofundados estudos em Roma.
Interior da igreja Santa Maria Madalena delle
Convertite
Brasão Cavalcanti sobre o arco da capela (SUC)
http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm
Esta capela Cavalcanti foi colocada na entrada da Igreja, e ainda ao fim do século XVII foi enriquecida por uma pintura de Andrea (ou Francesco) Botticini representando a Virgem com Menino Jesus sentada no trono - aos seus pés uma figura expressiva S. Maria Madalena com longos cabelos e S. Bernardo, monge cisterciense. Esta obra, entretanto, não se encontrada mais em seu lugar original e hoje está no museu do Louvre em Paris (38).
S. Maria Madalena e S. Bernardo, monge
cisterciense, frente à Virgem e o Menino Jesus.
Fachada atual da Igreja Santa
Maria Madalena delle Convertite ainda com seu pórtico de colunas jônicas.
8 – Túmulos Cavalcanti descobertos sob o Duomo de Florença - Catedral Santa Maria del Fiori.
O chamado “Duomo de Florença” na verdade é parte da Catedral Metropolitana de Santa Maria del Fiore - a mais importante Catedral de Florença e a terceira maior igreja do mundo. Catedral erguida a partir de 1296, mas que só ficou pronta no século XV - construída sobre as antigas fundações da Igreja de Santa Reparatta - igreja que no passado mais remoto abrigara até mesmo cultos do período romano.
Na foto um túmulo do sec. XV com brasão – indicado por SUC, “Sepolcro Cavalcanti sotto i gradini del Sagrato” (38).
No registro batismal da Catedral foram encontrados nomes de Cavalcanti relacionados pelo pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti.
Recentemente,porém, entre 1965 e 1973 um grande trabalho de escavação foi realizado sob esta Catedral de Santa Maria Del Fiore e surpreendentemente trouxe à luz restos ocultos no subsolo desta antiga Basílica de Santa Reparatta, basílica sobre a qual foi a Catedral fora edificada, e que testemunhou o cristianismo primitivo em Florença. Foram então feitas descobertas romanas, proto-cristãs, lombardas e mesmo carolíngias, encontradas sob o próprio Duomo de Florença.
No subsolo que pode ser acessado por corredor direto do Duomo encontraram–se, especialmente, várias tumbas de Cavalcanti descobertas no ano de 1970.
Foto do atual altar na área da antiga cripta da Sta. Reparatta - já visitada pelos nosso pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti na companhia de seu pequeno filho.
Nesta Igreja de Santa Maria Reparatta encontra-se hoje o túmulo de Iacopo Cavalcanti do ano 1302 - personagem sepultado pouco o tempo depois da morte do poeta Guido Cavalcanti em 1300 - período de efevercência revolucionária ocorrida em Florença. Na época viveram um religioso e o provável irmão do poeta Guido, com este mesmo nome – entretanto mais provável fosse mesmo o religioso a ocupar este tumulo.
“Scavi di santa reparata sotto il duomo di firenze, lastra tombale di ser jacopo cavalcanti, 1302”. JPG (Da Wikipedia Commons, l'archivio di file multimediali liberi) Foto da mídia eletrônica tida como de Iacopo, mas que não podemos confirmar, observada a diferença com a foto abaixo do túmulo de Iacopo apresentado por SUC.
Foto do túmulo apresentado por SUC como do canônico Iacobo Cavalcanti - notar os brasões Cavalcanti colocados nas laterais.
Segundo o genealogista Silvio Umberto, na igreja de Santa Reparatta teria sido sepultado o próprio poeta Guido Cavalcanti, mas não sabemos onde seu corpo estaria hoje localizado.
A Igreja ainda abriga também os sepulcros dos papas Estêvão IX e Nicolau II, bispos florentinos e algumas personalidades como o próprio e célebre arquiteto Filippo Brunelleschi.
Filippo Brunelleschi (1377-1446) foi autor de muitas obras primas e especialmente da planta do portentoso Palácio Pitti, edificado depois de sua morte para esta família de banqueiros que pretendiam rivalizar com os Médici em poder econômico. Brunelleschi participara decididamente da edificação da Santa Maria del Fiore e do próprio Duomo, mas teve seu túmulo colocado na Igreja da Reparatta, neste subsolo do Duomo - túmulo muito simples, rente ao chão.
Foto do Tumulo de Bruneleschi.
Para o Duomo o arquiteto e escultor da família André di Lazzaro Cavalcanti (Il Buggiano 1412- 1462), nascido em Borgo a Buggiano, Val di Nievole, filho adotivo e auxiliar de Bruneleschi executou na sacristia entre 1439/40 pias batismais com delicados anjos vertendo água (40).
Acima, em item referente à Igreja de Santa Maria Novella, reproduzimos também o púlpito por ele realizado entre 1443-48 - desenho também do seu celebre pai, Filippo Brunelleschi.
Mas já em 1447 Andrea Cavalcanti realiza especialmente para o próprio Duomo um medalhão em mármore que homenageia o sepulcro de seu pai adotivo, morto no ano anterior - figura com placa que ainda se encontra na nave direita do Duomo (41).
Medalhão com busto de Brunelleschi por Andrea
Cavalcanti
Andre Cavalcanti foi o arquiteto ainda de uma igreja dedicada a S. Pedro e S. Paulo, conhecida como Madonna di Pie di Taxa, construída em Pescia (Pistóia) no ano de 1447 - desenho fortemente influenciado pelo trabalho de Bruneleschi.
A Igreja Madonna di Pie di Piazza,
construída por André em Pescia (Pistóia)
Adendo
Ao
términ deste trabalho não podemos deixar de indicar ainda dois imperdíveis
programas para membros da família Cavalcanti em visita à Florença – 1) a Casa dos Cavalcanti no
centro de Florença, 2) as ruínas do Castelo do Strinche, em Radda
Ghianti, 3) e a Villa de Bellosguardo – hoje um hotel, também situado nas
proximidades de Florença.
Estes
tres locais, brevemente referidos abaixo, estarão apresentados com mais
detalhes no nosso “Guia de moradias e ruínas do antigo Cavalcanti na Toscana”, próximo
em nossos blog.
1- Casa (Palazzo) dos Cavalcanti na via Porta Rossa,
antiga via Cavalcanti.
Casa dos Cavalcanti no centro de Florença, numero 50123, esquina com Porta Rossa, antiga via Cavalcanti, próximo ao Mercado Novo.
O “Palazzo” foi vendido pelo florentino Pietro Cavalcanti em 1503 à guilda das Arte dos Mercanti – a famosa Calimala.
O brasão dos Cavalcanti ainda está em sua fachada. Informações e fotos abaixo já publicados por SUC, pg. 65.
“Via de' calzaiuoli, palazzo cavalcanti e della compagnia di orsanmichele”
Mais detalhes sobre a Casa-Palazzo Cavalcanti em nosso Guia de Moradias e Ruínas dos antigos Cavalcanti na Toscana.
2- Castelo do Strinche
O Strinche é um castelo lombardo (século IX)
construído sobre um assentamento romano anterior. Desde a Idade Média, os
habitantes do Strinche inciaram a cultivar em “lamulae”, "lâminas",
pequenas faixas de terra plana na íngreme encosta oeste da montanha. A partir
destes o nome da aldeia próxima, Lamole.
Por
fontes históricas sabemos que castelo do Strinche na região val de Greve foi construído
e estratègicamente colocado no ponto mais alto da antiga rota dos lombardos, no
caminho da muito antiga via romana Flamínia. A origem do nome do tradicional
castelo dos Cavalcanti, Stinche, seria a palavra “shin’ (inglesa?) ou
“shinbone”, borda superior da tíbia, por extensão toponímica “cume, ponto mais
alto da colina”. (Wolfang, Marvin – Crime and Justice at the milenium, Kluwer
Academic Publishers, 2002, pg. 358)
O Castelo recém
localizado para a família por Marcello Bezerra Cavalcanti, que informa localizado
em Radda, Toscana - onde atualmente
existe uma vinícola de nome La Molle.
Mais
informações também no nosso futuro Guia específico.
3 Villa Bellosguardo
Está localizada na Collina Bellosguardo, próximo de Florença.
Antiga Villa, hoje o hotel “Torre di Bellosguardo”. Guarda lembranças e brasões da família Cavalcanti - a figura do célebre poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII sendo citado no prostecto do hotel como seu construtor.
Mais detalhes em nosso próximo artigo no blog “Guia de Moradias e Ruínas dos antigos Cavalcanti na Toscana”.
Notas
Referentes à Basílica da Santíssima Anunciação
(1) Matilde da Toscana ou Matilda de Canossa (1046 - 1115) filha de Bonifácio III da Toscana e Beatriz de Bar, foi figura histórica feminina que o poeta Dante Alighieri simbolicamente coloca em seu Paraíso. Muito rica herdeira, Matilda teve que assumir o papel de cavaleira armada, guerreira e defensora da marca da Toscana em virtude da morte de seu pai, irmão e marido. Na chamada “Questão das Investiduras” junto ao papado, Matilde deu prova de grande firmeza e foi tida como uma das poucas mulheres medievais a ser relembrada por seus feitos militares. Também grande benemérita, foi apelidada La Gran Contessa. Seu pai era da linha dos Bonifácios, mas já um hucpolding - linha que também temos como ascendente dos Cavalcanti. Matilde fora casada a primeira vez com Geoffrey IV (Hunfrid, Godfrid ou Godofredo) da linhagem dos combativos hunfridings, ancestrais dos plantagenetas e também dos Cavalcanti. Teve um segundo casamento com Guelfo II, da dinastia guelfa - esta linhagem igualmente derivada da linhagem comum, wido de Hesbaye e hunfridings. Matilda doou seus bens à Igreja e após sua morte seus domínios tornam-se Repúblicas, como a de Florença - Republica que foi avalizada pelos Cavalcanti como primeiros Consules. Ver comentários pertinentes e esclarecedores sobre sua personalidade na especialista em Dante Alighieri, Barbara Reynolds - Dante, traduzida pela Ed.Record, S.P., 2011, pg. 438, capitulo “Quem é Matilda?”.
A análise genealógica de Matilde está baseada em nossas pesquisas sobre a família Cavalcanti apresentada já em vários artigos: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade, edição n. 57 de julho de 2017; “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec. VIII”, “Os Berardegas”, no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, e ainda “Propriedades dos Cavalcanti na Toscana” e “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, próximos no blog.
Notamos que o simbolismo do lírio vinha de um passado antigo associado ao pendão de lírios cantado pelo rei David, flores presente no cântico dos Cânticos como símbolo de pureza e eleição, de escolha; flor também representada na espada de Julio Cezar e associado a Jesus Cristo - que recomenda a simplicidade do lírio – “olhai os lírios do campo”. No Egito esteve associado à flor-de-lótus. Cedo se tornou símbolo de poder e soberania da realeza que se faz por escolha divina, com pureza do corpo e da alma. Pelos francos foi adotado depois pelos condes de Anjou, descendentes dos condes de Hesbaye no centro franco, pela realeza francesa e chega aos Cavalcanti brasileiros.
Brasão do mecenas Giovanni Cavalcanti
(2) Há texto na mídia eletrônica de autoria de Cris de Oliveira, guia de turismo, texto delicado que conta o milagre. - “A imagem milagrosa da Basílica Santissima Annunziata”. O artigo versa sobre magnífico trabalho colocado na Basílica Santissima Annunziata em Florença e ressalta:
“Podemos dizer que esse é o quadro religioso mais caro para o povo florentino.
Para os artistas florentinos o tema da anunciação a Virgem Maria por parte do Arcanjo Gabriel, era um tema muito importante - tão importante que o dia 25 de março, dia da Anunciação, foi escolhido como o primo dia do ano do calendário florentino. Até o ano de 1750, o ano em Florença se iniciava no dia 25 de março - lembrando que a Europa católica e o restante da Itália já tinha adotado desde de 15 de outubro de 1582 o calendário gregoriano. Essa imagem assim popular foi reproduzida em 08 tabernáculos que estão espalhados pela cidade de Florença. A lenda diz que no ano de 1252, um certo pintor chamado Bartolomeo, recebeu a encomenda de pintar uma Anunciação para a Basílica”.
Bartolomeo se ocupou primeiramente do anjo e ficou maravilhado diante de tanta beleza, mas ao mesmo tempo, Bartolomeo ficou preocupado, com medo de não conseguir pintar a Virgem Maria mais bela que o anjo. Então, ele pintou o corpo da Virgem e ficou ali matutando como faria o rosto de Maria. Cansado e preocupado, acabou se adormentando sem conseguir terminar a obra.
Quando
Bartolomeo acordou, o quadro já estava terminado. O rosto da Virgem Maria
estava alí prontinho... muito mais bonito que o anjo Gabriel! Quem será que
pintou o rosto da Virgem Maria? Adivinhem? Certamente foi feito através das mãos
de um anjo!
Desde
então a imagem foi considerada milagrosa e a Basílica Santissima Annunziata
meta de peregrinações
1- Basílica da Santa Croce
(3) Sobre a sociedade Cambi e Cavalcanti comenta SUC, “Se Chiavamano Cavalcanti”, pg. 4 (em tradução): “Em 1214 o bispo de Volterra [Ranieri I] obtém um grande empréstimo da banca florentina e em contrapartida concede a mina de prata da comunidade de Montieri à sociedade de banqueiros Cambi-Cavalcanti”. Esta sociedade assim formada irá implantar e gerenciar no castelo de Volterra a “zecca”, moeda de Volterra. Notar que a moeda já levava a imagem da Cruz pátea, símbolo de Volterra, cruz pátea usada pelos templários e que estilizada adiante se torna mesmo o símbolo dos Cavalcanti. Detalhes fornecidos do livro Una Moneta inédita dei Vescovi di Volterra Costantino Luppi, 1891, pg. 383.
A Ordem dos Templários usava esta mesma cruz pátea, fundo branco em cor vermelha, cruz anteriormente ainda usada por Carlos Magno.
Moeda de “Carlo Magno re dei Franchi, 774-800. Denaro, AR 1,43 g. + CAROLVS REX FR Croce. Rv. + PAPIA Monogramma di Carlo"
No interior da Igreja de San Jocopo di Vecchio (“São Tiago”) em Florença encontra-se ainda hoje uma série de afrescos bizantinos medievais com os temas caraterísticos da Ordem Templária, ordem religiosa que exerceu grande poder em Florença na época (sec.XIII). Na igreja de San Jacopo in Campo Corbolini a Ordem teria a sua sede provincial (Carboline nome de uma família com casa na piazeta ou campo, hoje chamada Madonna degli Aldobrandini – Aldobrandino prenome também entre os Cavalcanti). A Igreja de S. Jacobo foi fundada em 3 de Maio de 1206 e pertencia à Ordem Templária já em 1256.
Depois que a ordem foi suprimida em 1312 a igreja passou para a Ordem de S. João do Hospital. Do passado templário resta uma cruz no capitel do pórtico (ver foto ao lado).
Uma das pinturas caracteristicamente templária do interior desta igreja é a pintura de “Jesus Morto saindo do Sepulcro” - episódio no quadro apontado ou anunciado por uma Madonna que não se sabe se é Maria de Nazaré ou Maria Madalena, uma mistura talvez de ambas como Mãe e Mulher, característica gnóstica e esotérica. O especialista em esoterismo Vitor Manoel Adrião comenta ainda no blog Lusophia na mídia eletrônica: “A outra pintura retrata S. Miguel, abençoado por Cristo pairando acima envolto num esplendor de glória, à frente de 11 Santos Apóstolos representando a Milícia Celeste em luta com o dragão, atrás do qual se dispõem demônios representando as Forças do Mal. Se por um lado representa o conceito ortodoxo do embate da Fé com a heresia, por outro também assinala a idéia heterodoxa do encontro do conhecimento desvelado ou esotérico (representado por S. Miguel) com a sabedoria velada ou esotérica (assinalada no dragão)”.
(4) A morte de Guido Cavalcanti é referida em SUC, pg. 21. As condições e motivos de sua morte contextualizados em dois trabalhos da autora: o artigo “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015
O filho de Guido, Andrea, e também Ciampolo, filho de Cantino Cavalcanti (SUC livro, pg. 25 e sua tabela) foram salvos na ultima hora de uma pena de morte pelo parentesco de Cantino (genro) com os Salimbeni de Siena, que por eles intercederam. Ver foto de um brasão Cavalcanti e comentário sobre tumba de senhora Cavalcanti/Salimbeni no item referente à Igreja de Santa Maria Novella.
(5) A fonte das análises genealógicas por nós utilizada é a tabela TávolaCavalantiFirenze de SUC, que indica sempre como bem seguras suas informações colocadas em vermelho. SUC cita em seu livro ainda um Nicolo Cavalcanti, eleito Prior dos Signori em 1493 e um Nicolo di Giovanni, Podestà de San Geminiano no mesmo ano. Não devem ser o mesmo Nicolò por nós referido, porque as datas são bem posteriores. Há também um Nicolo de Sartano mencionado por SUC, pg.56, no ano de 1456, mas casado com Camilla Morelli. O genealogista Giovanni di Amerigo Cavalcanti referido na tabela SUC é muito estudado na Introdução da nova edição de sua obra “Tratatto...” por Marcella Grendler (Giovanni di Giovanni Cavalcanti (1381- 1451) "Trattato Politico-morale" of Giovanni Cavalcanti: 1381-c. 1451, Introdução e notas de Marcella T. Grendler – “A critical edition and interpretation, Travau d´ Humanisme e Renaissance, CXXXV”, Genevre, Droz, 1973 pgs. 106 e segs). Giovanni também ponto central de nosso trabalho “As tradições de origem franca das famílias Cavalcanti e Monaldeschi, publicado na revista InComunidade, numero 57, de junho de 2017.
(6) SUC, opus cit, pg. 52.
(7) SUC, opus cit, pg. 57. No original citado por SUC: “non solo il capolavoro dell´autore, ma anche uno dei più bei numeri del quattrocento”
(8) SUC,opus cit, pg.58 e sua tabela citada.
(9) O filho de Giovanni Cavalcanti, Nicolo Cavalcanti, teria encomendado ainda no ano de 1468 para o enxoval de casamento da sua filha Margarida com Lorenzo di Bernardo Ridolfi alguns “cassepanche”, baús próprios para enxoval de noivas, pintados a óleo sobre táboa com cenas dedicadas ao “Triunfo de Petrarca”- trabalho artesanal que é tido hoje como notável (SUC, pg.59). Preparamos trabalho especial também sobre esta obra de arte, obra que se tornou relevante historicamente – artigo a ser editado no blog.
(10) SUC, opus. cit., pg. 56.
(11) Informação de Marcelo Bezerra Cavalcanti. O episódio clássico da conjura Pazzi ocorrida no fim do século foi relatado por Maquiavel em sua História de Florença, fato resumido por SUC, pg. 61.
(12) Conclusões de Torres, R.S. – artigos “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, “Accademici del Piano”, “Medici X Cavalcanti” e outros no blog http://rosasampaiotorresblogspot.com/
(13) Em nossos trabalhos sobre a Conspiração de 1559 ficou demonstrado o grande rancor de Cosme de Médici pelo líder republicano e conspirador Bartolomeu Mainardo Cavalcanti, que alguns anos depois morre refugiado e escondido em Pádua (1563). Rancor que seus filhos transformam até mesmo em um tipo de “delírio persecutório” sobre as demais famílias que se opuseram aos Médici posteriormente. A alteração e destruição proposital de capelas da família Cavalcanti - família tão relevante e decidida a defender o sistema Republicano que ela própria havia avalizado séculos antes - ainda outras famílias, não nos parece surpreendente, na medida em que casos de túmulos violados de líderes rebeldes da Guerra Popular de Siena em 1554 foram por nós igualmente observados. E os revoltosos contra os Médici, já ao fim do século, foram até mesmo enterrados no exterior para evitar que suas sepulturas fossem violadas. Pretendemos, se possível, apresentar trabalho mais amadurecido sobre o tema com detalhes e todas as fontes de que já dispomos. Por ora sugerimos nossos trabalhos “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559” e “Academicci dei Piano”, editados no blog httprosasampaiotorres.blogspot.com/ e “Medici X Cavalcanti” no 4Sharad.
(14) GiovanBattista Cavalcanti na Basílica de Santo Espírito em 1562 se propôs a fazer uma homenagem ao seu pai - o rico banqueiro Tomasso falecido logo após a desgraça ocorrida com seu outro filho, Stolto Cavalcanti, degolado em 1559 por haver feito parte da conspiração contra o absolutismo dos próprios Medici. GiovanBattista encomendou na ocasião ricas e belíssimas obras de arte, em parte ainda aí encontradas. Detalhes sobre essa capela citada em SUC, opus cit., pg.73 e 74, e mencionada adiante no item relativo à Igreja do Santo Espírito - com fotos e detalhes.
(15) Citado em SUC, opus cit., pg.52.
(16) SUC, opus cit., pg.41, citando textualmente: “uno stupendo sfondo a sagoma provenzale”
(17) Fonte Silvio Umberto Cavalcanti (http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm) Em tradução: “Brasão Cavalcanti com touca e em um mosaico de pedra sereno quadrilobado - acima de uma das portas da Capela Cavalcanti dedicada à Anunciação, hoje Sacristia, Século XIV”.
Devemos notar que a touca ou barrete frígio na antiguidade constituiu símbolo de liberdade. De fonte enciclopédica: “Em vasos pintados e outras artes gregas, o barrete frígio serve para identificar o herói troiano Páris como um não grego; poetas romanos habitualmente utilizam o epíteto "frígio" para se referir aos troianos. Pode ser encontrado também nas esculturas da Coluna de Trajano, vestido pelos dácios, e sobre o Arco de Septímio Severo vestido pelos Espartanos. Os elmos militares dos macedônios, trácios, dácios e normandos do século XII possuíam a ponta virada para frente para se assemelharem ao barrete frígio”. De outra fonte enciclopédica: “O barrete frígio era utilizado pelos sincretistas helenistas e romanos para representar o deus salvador de origem persa Mitra. Ele era vestido durante o Império Romano pelos antigos escravos que tinham conseguido emancipação de seus mestres e cujos descendentes eram, por esta razão, considerados cidadãos do império. Este uso é freqüentemente considerado a origem de seu significado como um símbolo de liberdade”
2 – Santa Maria Novella
(18) Entre aspas frase sobre a demolição em SUC, opus cit, pg. 76. A relação de parentesco clarificada pela Tabela SUC e por nossos trabalhos sobre a Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559 (Torres, RS – artigos “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, “Acadêmica Del Piano”, no blog http://rosasampaiotorresblogspot.com/, e “Médici X Cavalcanti” no 4Sharad.
(19) SUC, opus cit., pg. 45, citando Monaldi - Istoria Pistoiese [s/ed].
(20) Rainha Giovanna ou Joana II de Nápoles, conhecida como Joana II de Anjou-Durazzo (1373 – 1435) - rainha de Nápoles a partir de 1414 até sua morte. Ela também levou o título de rainha de Jerusalém, Sicília e Hungria. Giovanna teve como marido Luigi D'Angiò ou d´Anjou. Era a terceira ou quarta filha de Carlo da Calábria, primogênito do rei de Nápoles Roberto d'Angiò e de Maria di Valois (1311-1341), esta irmã do rei Filippo VI da França. Teria sido uma das primeiras mulheres a reinar por direito próprio. As relações dos Cavalcanti com os d´Anjou havia sido intensa no final do século XIII, fato que se confirma também nesta ocasião pela solidariedade comprovada om o sacrifício da própria vida de Mainardo Cavalcanti. O Brasão das duas famílias se encontra gravado no Palazzo-Villa de Bellosguardo - Villa que teria sido dos Cavalcanti nos arredores de Florença, e os brasões registro simbólico da relação familiar com os d Ánjou - relação que, tudo indica, vinha de longe pelos condes de Hesbaye no centro franco. Sobre o tema ver especialmente nosso trabalho “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade Ed, 57 de julho de 2017 e “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec. VIII”, no blog.
Em cima Brasão de Giovanna e Luigi d´Anjou, e abaixo à esquerda brasão de Mainardo Cavalcanti. À direita ainda brasão da sua esposa Andrea Acciaiuolli - cerca 1365.
(21) SUC cita como sua fonte C.Guasti, Ser lappo Mazzei, Lettere di um notaro del secolo XIV, Firenze, 1880, II, pg.387- 88.
(22) O Brasão e a figura de Aldobrandino mencionados em SUC, pg. 45. Talvez o mais antigo registro do brasão familiar Cavalcanti esteja neste selo do Cavaleiro Cavalcante Cavalcanti, pai do poeta Guido, foto abaixo. O Cavaleiro Cavalcanti podestà de Gubbio em 1257. Selo hoje no Museu Burgelo
(23) SUC, opus cit., pg.12 e 13.
(24) O poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII é abordado em nossos trabalhos especialmente “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015.
(25) SUC, opus cit., pg. 14.
(26) Enciclopédia descreve a Igreja como hoje pode ser apreciada e afirma com detalhes: ”A sacristia no final do transepto esquerdo foi construída como Capela da Anunciação pela família Cavalcanti em 1380. Agora abriga novamente, depois de 40 anos de limpeza e renovação, a enorme pintura de Crucifixo com Maria e João Evangelista, inicialmente trabalho de Giotto. A sacristia está também embelezada com terracota vitrificada e mármore, peças de Giovanni della Robia. Os armários foram projetados por Bernardo Buontalenti em 1593. As pinturas nas paredes são assinadas por Giogio Vasari e outro pintor contemporâneo, Florence. A grande janela gótica com três “mullions” na parede do fundo data de 1386 e foi baseada nos desenhos de Niccolo di Pietro Gerini”
3- Piève di S.Pietro à Pitiana
(27) Fonte o livro de Giancarlo Stanzani. Il Plebato di Pitiana, Storia del territorio dalle origini al XVIII secolo".
(28) Também notícias Stanzani, Giancarlo Il Plebato di Pitiana, Storia Del territorio dalle origini al XVIII secolo". Pesquisa de Marcelo Bezerra Cavalcanti.
(29) Notícias da Piève di Pitiana em Stanzani, Giancarlo Il Plebato di Pitiana, fotos tiradas de Marcelo Bezerra Cavalcanti.
(30) Informações locais sobre a igreja, ainda fontes enciclopédicas.
(31) Conclusões do nosso trabalho “Accademia del Piano”, baseado em documentos de época obtidos na Biblioteca Nacional de Florença através o pesquisador Marcello Bezerra Cavalcanti.
(32) Informações sobre este Giovanni Cavalcanti em meu trabalho “Bartolomeu Cavalcanti” editado no blog e na revista InComunidade, ed.38, setembro de 2015.
4 - Igreja S. Giovanni dei Fiorentine (s/nota)
5 - Igreja de “Santa Maria
Anunciatta” na Capraia Florentina (s/nota)
6 - Basílica do Santo Espírito
(33)
Capela do Santo Espírito referida em SUC, opus cit., pg. 73, 74.
(34)
Contexto da Conspiração em Torres, Rosa Sampaio - vários trabalhos editados no
blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, já referidos na nota 18.
(35) SUC, pg. 75. Contexto em Torres,
Rosa Sampaio - trabalhos sobre a Conspiração Pucci e Cavalcanti já referidos na
nota 18.
(36) SUC, opus cit., pg. 74.
Sobre a interpretação da imagem da Madalena na igreja de San Iacopo, ver texto
e nota 3.
(37) Trecho de Giorgio Vasari sobre as duas
Marias citado por SUC, opus cit., pg. 73.
7 - Igreja de Santa Maria Madalena delle Convertite
(38) Informações em SUC, opus cit., pg. 62. Os nomes citados por SUC como artistas atuantes nesta Igreja foram Giuliano da Sangallo (Florença, c. 1443 – 1516), célebre escultor, arquiteto e engenheiro militar que havia realizado aprofundados estudos em Roma, e o pintor Andrea Botticini. Entretanto, o nome de pintor por nós encontrado foi Francesco Botticino, florentino (1446-1498) - ainda que um artista, Andrea, apareça em uma das suas obras associado a Francesco Botticino. Seria seu parente ou auxiliar?
(39) Lista do batistério referida por Marcelo Berra Cavalcanti, ainda túmulo por ele fotografado e referendado por SUC em sua listagem de brasões do sec. XV. Na mídia eletrônica o túmulo é referido como do ano 1080 (erro?).
(40) SUC, opus cit., pg. 53. Por este trabalhos teria recebido 80 florins. Antes de 1440 Andrea Cavalcanti teria esculpido o lavabo da sacristia norte do Duomo, obra encomendada a Brunelleschi desde 1432. De 1442 a 1445 teria feito o outro lavabo da sacristia sul, e ainda obras menores realizadas na mesma catedral.
(41) SUC, pg.54.
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