Guia das Capelas Cavalcanti na Toscana


Guia das Capelas Cavalcanti na Toscana
Igrejas onde se encontram obras de arte encomendadas por antigos Cavalcanti


Introdução.  A Basílica da Santíssima Anunciação (”Santissima Anunciatta”) e a cidade de Florença.

1 - A “Anunciação Cavalcanti” de Donatello na Basílica da Santa Croce

2 - A Capela da “Anunciação” dos Cavalcanti, igualmente demolida na Igreja de Santa Maria Novella em Florença.

3 – A “Anunciatta” da Piève di S.Pietro à Pitiana, fazenda dos Cavalcanti e Guicciardini.

4 - A “Anunciação” retirada da “Capela Cavalcanti” na Igreja S. Giovanni dei Fiorentine - Roma.

5- Igreja de “Santa Maria Anunciatta” na Capraia Florentina.

6- A capela Cavalcanti dedicada ao banqueiro Tomasso Cavalcanti na Basílica do Santo Espírito.

7 - Capela Cavalcanti na Igreja de Santa Maria Madalena delle Convertite.

8 - Túmulos Cavalcanti descobertos sob o Duomo de Florença - Catedral Santa Maria del Fiori – sobre antiga Igreja Santa Reparatta.

 Adendo

  - A Casa-Palazzo dos Cavalcanti em Florença

  - O Castelo do Strinche dos Cavalcanti

  - A Villa de Bellosguardo 



Advertências e Agradecimentos.
   
     Este Guia não é um guia turístico comum – ele é em verdade um auxílio aos parentes Cavalcanti que pretenderem visitar Florença.
    Neste guia pretendemos apenas indicar e localizar as principais peças artísticas referidas à nossa família em igrejas especialmente florentinas, relacionando-as ao seu passado histórico.
    Apenas duas das igrejas referidas não estão localizadas em Florença - a Piève di S.Pietro, na fazenda dos Cavalcanti e Guicciardini em Pitiani, ainda na Toscana; e a Igreja S. Giovanni dei Fiorentine, em Roma.

Este nosso atual trabalho de pesquisa e síntese deve-se especialmente ao esforço do parente italiano e genealogista Silvio Umberto Cavalcanti que há anos vem levantando material de pesquisa sobre a família Cavalcanti em seu livro “Se Chiavamano Cavalcanti”, bem como sua tabela genealógica, a TavolaCavalcantiFirenze, ainda informações http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm – trabalhos gentilmente disponibilizados na mídia eletrônica – o material aqui exposto referido com suas iniciais, SUC.

Agradecemos também ao fotógrafo e pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti que, no momento, ainda pesquisa sobre a família na Toscana. A ambos nossos agradecimentos.

   Ao final do trabalho citamos três outros locais relevantes e imperdíveis para os nossos viajantes na Toscana sem ser capelas, em Florença ou proximidades - a Casa-Pálacio Cavalcanti no centro de Florença, o Castelo do Strinche em Radda, Ghianti, e a Villa de Bellosguardo, também nas porximidades de Florença. Na verdade itens  parciais de trabalho  a ser ampliado, acrescentados ainda outros locais de moradias e ruínas também de  antigos Cavalcanti na Toscana – próximo Guia  no nosso blog.


Introdução – o tema da Anunciação e a cidade de Florença

O tema da Anunciação de Nossa Senhora pelo anjo Gabriel foi o preferido dos florentinos, muito religiosos, que no ano de 1250 tiveram até mesmo a construção de uma Basílica dedicada à “Santissima Annunziatta” em Florença - momento que antecede os maiores enfrentamentos entre guelfos e guibelinos em Florença.
    A Basílica construída no lugar de um antigo oratório fundado ao tempo da grande benfeitora Matilde de Canossa, margrave da Toscana do sec. XI, até mesmo aparentada dos nossos ricos e poderosos Cavalcanti de origem franco-borgonhesa (1).
     Esta Basílica dedicada a Santissima Anunciatta constuída em período ainda de relevância dos Cavalcanti - família que hoje podemos mesmo comprovar era descendente desses anteriores ocupantes de origem franca. Talvez a cena da Anunciação uma referência a antiga religiosidade cristã franca. 
   O tema da Anunciação e o simbolismo do lírio teriam se popularizado entre os francos a partir do ano de 496 d.C. quando Clotilde, mulher do rei franco Clovis teria recebido a visita premonitória de um anjo portando um lírio, avisando da vitória numa batalha – episódio hagiográfico em tudo semelhante ao ocorrido com a Anunciação da Virgem Maria. O lírio estilizado, flor de lis, símbolo antigo e bíblico de escolha e pureza, retomado pelos francos e pela dinastia dos d´Anjou e continuada pelos reis franceses, aparecendo ainda no próprio brasão dos Cavalcanti brasileiros (1). Tornado mesmo o símbolo da própria cidade de Florença.
  Em época ainda de grande misticismo, nesta basílica florentina no sec. XIII foi colocada uma pintura de Anunciação notável - obra de um monge chamado Bartolomeo que por não se sentir capaz de pintar o rosto de Maria acabou tornando a pintura milagrosa – o rosto da Virgem acreditou-se pintado por um anjo enquanto o monge dormia à noite.  A Basílica “Santissima Annunziata” objeto, posteriormente, de romarias dos fiéis (2). 

Anunciação - obra na Basílica Santa Maria da Anunciação
Detalhe do rosto de Maria


Basílica Santissima Annunziata – Florença, pórtico construído em 1601


1 - A ”Anunciação Cavalcanti” de Donatello na Basílica da Santa Croce

Alguns anos depois de iniciada a construção da Basílica da Anunciatta em Florença, já no ano de 1294, teve inicio a construção da Basílica da Santa Croce dos franciscanos, sob orientação do arquiteto Arnolfo di Cambio. Este arquiteto membro de família antiga e aliada dos Cavalcanti -  até mesmo sócios  em “banca” de negócios.
     A Ordem dos Templários (1118-1312) ainda se fazia presente em Florença nessa ocasião, podendo-se ler ainda hoje numa tabuleta do muro lateral desta Igreja da Santa Crocce: “Gia del Tempio”, via do Templo – indicando o quarteirão onde os Templários possuíam um hospital -  os enfermos aí mantidos sob a proteção de Santa Maria e da Cruz Pátea que, por suas pontas, espalhava a luz de Cristo (3).   
    Mas a obra de construção da Basílica da Santa Crocce ocorria agora em momento de grande tensão para os Cavalcanti, cujo prestígio como muito ricos “magnati”, descendentes dos francos antes dominantes era já questionada pelo sistema republicano florentino vigente - sistema republicano que os próprios Cavalcanti haviam avalizado e ajudado a implantar como primeiros Consules - além de terem defendido militarmente a cidade Florença em várias oportunidades, especialmente na batalha de Montaperto em 1260 contra os partidários “guibelinos” de Siena. A prisão e morte do celebre poeta e cavaleiro da família, Guido Cavalcanti, falecido em 29 de agosto de 1300 em contestação à Republica radicalizada pelos direitos dos “magnati” , acabou mesmo gerando seria convulsão social – episódios famosos e descritos por Dante em seu livro “A Divina Comédia”.  O filho de Guido, Andrea, e Cantino Cavalcanti salvos a ultima hora da pena de morte (4). Pouco depois ocorre a queda da própria ordem dos Templários em Florença, e na Europa.

Durante o século seguinte, sec. XIV, a peste negra grassa por toda a Europa e os Cavalcanti teriam passado por período muito difícil. Haviam tido que sair da cidade e mesmo obrigados a trocar, por vezes, o nome da família para poder exercer cargos públicos.

Mesmo assim, já em 1435 a capela Capela Cavalcanti dedicada à Maria Madalena na Santa Crocce ganha um belíssimo auto-relevo em pedra com o tema da Anunciação que foi encomendada pelo membro da família Nicolò (di Giovanni) Cavalcanti ao celebre escultor Donatello (1386-1466).

Nicolò teria casado em 1409 com Contanza Peruggi, moça proveniente de família muito antiga e requintada, etrusca. Nicolò irmão de Genevra, oportunamente casada em 1416 com o poderoso Lorenço de Médici, o Velho. Nicolò também irmão de Amerigo, que teria sido dos “Signori” em 1451. O pai de Nicolò, Giovanni di Amerigo Cavalcanti (1381-c. 1451), durante sua vida passara grandes dificuldades econômicas com a família, tornando-se mais tarde famoso cronista, historiador e genealogista da família (5).
A obra da ”Anunciação Cavalcanti” encomendada por Nicolò Cavalcanti a Donatello é identificada por dois pequenos brasões da família em seus suportes, que  ainda hoje podem ser encontrados no seu local original (6).

”Anunciação Cavalcanti” de Donatello

Sabemos também que em 1457 Nicolò Cavalcanti encomendou ao artista Giovanni di Francesco del Cervelliera (1412 1459) um famoso tríptico com estórias da vida de S. Nicola di Bari para ser inserido abaixo desta obra da “Anunciação Cavalcanti” - pinturas minuciosas que foram comentadas, entre outros críticos de arte, por Giorgi Vasari e Roberto Longhi.

 Este ultimo chegou a afirmar “ser um dos melhores trabalhos do autor, também o de figuras mais numerosas do Quattrocento florentino”. Estas pinturas não estão mais em seu lugar original – agora com sua rica moldura (abaixo) abrigadas no Museo Buonarroti (7).

Trítico belissimamente emoldurado que esteve sob a “Anunciação Cavalcanti”,
 hoje no Museu Buonarroti.


O tema destas pinturas - os milagres de Nicola di Bari. Abaixo tres cenas de milagres  em detalhe:






Cena do milagre do dote de jovens sem recursos


É notório que o famoso escultor Donatello autor da “Anunciação Cavalcanti” executou igualmente  em cerca de 1460 um busto de Ginevra Cavalcanti, a irmã de Nicolò, quando idosa – ela já viúva de Lorenço de Médici, o Velho (8). Não sabemos quem teria encomendado este busto de Ginerva a Donatello - seu próprio irmão ou sua família Medici, como é referido atualmente. Hoje o busto de Ginevra está no Museo Nacional de Florença.


Nicolo Cavalcanti teria ainda encomendado um belíssimo trabalho artesanal para o casamento de sua filha Margarida com Lorenzo di Bernardo Ridolfi em 1468 - obra que pelo seu tema e tratamento tornou-se também notável, por nos estudada com detalhes em trabalho específico a ser futuramente editado (9).
   Mas acrescentamos que esta notável capela Cavalcanti dedicada à Maria Madalena na Basílica da Santa Croce foi além do mais “afrescada” por Domenico Veneziano (1405-1461)- autor já na época apresentando nítidas características expressionistas e renascentistas, e que pintou as figuras de S. João Batista e S. Francisco - obra retirada e deslocada de seu lugar original , hoje no Museo da Opera desta mesma Basílica (10).

Nesta capela Cavalcanti em 1496 ainda foi enterrado Lorenzino Cavalcanti, escudeiro que havia salvado a vida do poderoso Lorenzo de Médici por ocasião de uma conjuração tramada pelos membros da família Pazzi - família de banqueiros rivais e que nesta ocasião já contestava a predominância e as ambições políticas dos Médici.  O irmão do grande Lorenço, Giuliano de Médici, foi mesmo assassinado na ocasião. Lorenzino Cavalcanti que salvara o Grande Lourenço ainda permanece enterrado nesta Basílica no numero 03684 (11).

Nesta antiga e importante capela da família Cavalcanti em Florença, ladeando os túmulos Cavalcanti, trabalhos de história da arte recentes recordam que haviam sido colocados ainda vários túmulos de outras famílias - famílias que identificamos politicamente aliadas dos Cavalcanti durante vários séculos, e em vários episódios históricos: os Cherchi, os Manelli, os Nobili.

Os Cerchi aliados desde a época dos enfrentamentos contra os aristocráticos “guelfos negros” (“guibelinos” disfarçados) no fim ddaquele dificíeis anos 1200;  e os Manelli e os Nobili até mesmo solidários na Conspiração já liderada pelos Cavalcanti em 1559 contra os Medici, já com auxilio da família dos Pucci (12).  A família Manelli conhecida dos brasileiros, pois moça desta família, Ginerva Manelli, foi casada com Giovanni di Lorenço Cavalcanti - mãe, portanto, do nosso patriarca Felippo di Giovanni Cavalcanti que aqui veio parar em 1560, certamente fugindo de envolvimento por esta conspiração.
   Assim sendo, as reformas nas igrejas florentinas propostas pelos Medici em 1563, inclusive na Santa Crocce, é muito provável que fossem na verdade um revide pela descoberta desta Conspiração republicana liderada por Bartolomeu di Mainardi Cavalcanti, conspiração que pretendeu estourar o trono de Cosimo I em 1559.  
   Como prova de seu grande rancor pelo episódio conspirativo liderado por Bartolomeo Cavalcanti, Cosimo I de Médici chegou a mandar tampar com tijolos as janelas do prédio da via dei Servi, prédio de onde os tiros dos conspiradores em um de seus primeiros planejamentos pretendiam alcançá-lo e que assim permanecem tampadas  até hoje (13).  Assim também a capela Cavalcanti na Santa Croce foi praticamente destruída pela reforma encomendada pelos Médici na década dos 60.
      Mas em aparente revide aos Médici, nos anos seguintes uma nova capela Cavalcanti foi construída na igreja do Santo Espírito. Ricas e belas obras de arte serão especialmente encomendadas por Gian Battista di Tomasso Cavalcanti, do ramo Ciampoli da família – irmão de jovem Stolto Cavalcanti que fora decapitado pelos Médici por seu envolvimento na Conspiração de 1559. Esta nova capela Cavalcanti na Igreja do Santo Espírito foi dedicada à figura trágicado pai de ambos, o banqueiro Tomasso Cavalcanti - capela que será apresentada com detalhes no item a seguir (14).
  
    Ainda que a antiga capela dos Cavalcanti na Basílica da Santa Croce tenha sido destruída e seus túmulos transferidos, a famosa “Anunciação Cavalcanti” de autoria de Donatello aí permaneceu e hoje presença marcante -  fato que não permite sejam esquecidos a força de vontade, o prestígio, a sensibilidade social e cultural que os antigos Cavalcanti haviam demonstrado em Florença.
      A “Anunciação Cavalcanti” foi elogiada e estudada por artistas da época.            
      O crítico de artes Vasari (15) que muito apreciava este trabalho afirmou sobre o talento de Donatello:
“Mas acima de tudo grande gênio e arte demonstra na figura da Virgem a qual amedrontada pela súbita aparição do Anjo, move timidamente sua pessoa numa honestíssima reverência, com muita graça dirigindo-se àquele que a cumprimenta, de maneira que se vê no seu rosto a humildade e gratidão que ao inesperado senhor é devido, e tanto o senhor é o mais alto". No original: “Ma sopratuto grande ingegno et art mostro nella figura della Virgen, la quale impaurita dall´ improviso apparire dell´Angelo, muove timidamente con dolcezza la persona a uma onestissima reverenza, com bellissima grazia rivolgendosi a  chi la saluta , di maniera che se le scorge nel viso quella umilità e gratitudine che del non aspettato dono si deve a chi lo fa, e tanto il donno é maggiore”
       Esta obra marcante de Donatello ainda permanece exposta na Basílica, colocada no corredor lateral direito - os escudos dos Cavalcanti mantidos nos suportes laterais.
                                   
    Hildebrandino (Dino) di lapo Cavalcanti, florentino, fora sepultado em 18 de agosto de 1371 nesta Basílica da Santa Crocce – também aí mantido sua magnífica lápide - belíssimo trabalho em mármore no chão da nave, chamando a atenção do visitante para o tradicional escudo da família Cavalcanti “com um estupendo fundo com desenho provençal” e dizeres (16):

FIREN ZE - SAN TA CROCE H IC IACET CORPUS CAV ALCA NTIS D, LAPI DE CAV ALCA NTIBUS ET SUORUM D ESCENDEN TIUM A NNO DO MIN I MCCCLXXI MENSE A UGU STI CU IUS AN IMA REQ UIESTA T IN PACE



Na Santa Crocce permanece também os sepulcros de Francisco e Jacobo, do ramo chamado Papero, ainda Bernardo dei Cavalcanti e filhos.
FIRENZE - SANTA CROCE - CH IOSTRO S(EPU LCHRUM) FRAN CISCI (ET) IACOBI V OCATI PA PERI D (O MI)N I BERNARDI D E CA VA LCA(N)TIB(US) & FILIO(RUM)-  SEPOLCRO DI FRANCESCO E IACOPO DETTI PAPERI DI MESSER BERNARDO DEI CAVALCANTI E FIG


Ainda nos resta o interior da Santa Crocce uma pia batismal com o brasão dos Cavalcanti.

“Santa Croce, acquasantiera 05 stemma Cavalcanti”

Mas na sacristia do sec. XIV nos surpreende também um simbólico brasão Cavalcanti – em aparência um brasão contestatório - brasão com touca, em mosaico de pedra sereno quadrilobado.

Este interessante brasão está colocado acima de uma das portas da Capela Cavalcanti dedicada à Anunciação, hoje Sacristia (17). O brasão é encimado por um característico barrete frígio - símbolo da liberdade desde a antiguidade. Certo algum Cavalcanti já demonstrando claramente sua insatisfação em Florença.
   No arquivo da Oppera di Santa Croce foram ainda localizados por Marcelo Bezerra Cavalcanti registros de antigos Cavalcanti (foto da listagem Marcelo Bezerra Cavalcanti)


2 - A Capela da “Anunciação” dos Cavalcanti igualmente demolida na Igreja de Santa Maria Novella em Florença.

Somente em 1470 fora terminada a belíssima fachada em mármore preto e branco da Igreja Santa Maria Novella em Florença pelo artista Leon Batista Alberti.



A igreja construída onde estivera anteriormente o oratório de Santa Maria delle Vigne, datado do século IX.
      E o brasão da família Cavalcanti logo nos aparece em ressalto na parte externa da fachada, ainda hoje sob os arcos frontais da Igreja (observar na foto acima as capelas exteriores).


Tumba antiga de senhora Salimbeni casada com Cantino Cavalcanti é mantida nesta Igreja datando de 1300. O filho de Cantino, Ciampolo, fora condenado à morte juntamente com Andrea, o filho do celebre poeta Guido - ambos nesta situação pela perseguição aos “magnati” Cavalcanti, por ocasião dos celebres tumultos em Florença. Ambos salvos em 1302 pela intercessão desses Salimbeni de Siena.

A tumba desta senhora Salimbeni/Cavalcanti apresenta o brasão Cavalcanti, e tristemente registra o ano de 1300 – ano também  da morte do poeta Guido, que por ter participado desses tumultos fora confinado pela Republica em lugar insalubre, fato que acaba determinando sua morte.

Os dizeres: “D.Blasie uxor D. Cantini de Cavalcantibus, & filia D. Ciampoli de Salinbenis Senis MCCC.” (Blasia di Ciampolo Salimbeni falecida 1300, fonte tabela SUC)               

   Devemos recordar que esta Igreja de Santa Maria Novella abrigara duas capelas da família Cavalcanti. Uma delas dedicada a este já caro tema florentino da “Anunciação” e cujos resquícios ligados à família foram colocados na sacristia, destituída de sua função original de homenagear Mainardi Cavalcanti, e ainda desfalcada de sua maravilhosa e riquíssima “pala de altare” comemorativa da sua morte. Mainardi Cavalcanti o antepassado do conspirador republicano, dois séculos depois contra os Medici, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti.
   A capela de Maria Madalena teria sido igualmente demolida em 1563 - “demolita com il ponte nel restauro de Vasari” no ano de 1563, comenta já desconfiado como nós o genealogista Silvio Umberto Cavalcanti.  Esta Capela Cavalcanti destruída pelos Médici, pretextando necessária reforma na Igreja, coincide mesmo com a descoberta pouco antes da Conspiração dos Pucci e Cavalcanti em 1559 - conspiração que pretendeu atuar contra o absolutismo desses grandes banqueiros Medici que demoliam o sistema republicano.  Comprometidos pelos Medici na Conspiração o republicano Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti (c.1503-1562) e seu sobrinho Stolto Cavalcanti, do ramo Ciampoli - este punido com a morte. A conspiração da qual vários ramos da família Cavalcanti e os Pucci participaram fora, na verdade, liderada por Bartolomeo di Mainardo que acreditamos fosse um quarto neto deste Mainardo Cavalcanti sepultado em 1380, muito homenageado por sua esposa nesta igreja (18). 
    Fontes sobre a igreja e a capela da “Anunciação” dos Cavalcanti são sucintas, mas explicitas: “A sacristia [hoje em dia] se abre para a parede esquerda do transepto esquerdo e foi inicialmente construída por volta de 1380 como “Capela da Anunciação” em homenagem a Mainardo Cavalcanti. Foi reestruturada em grande parte do século XVI ao século XVIII”.
   Em 1380 para a decoração do tumulo de Mainardo Cavalcanti fora encomendada uma riquíssima “pala de altare” por sua esposa Andretta Acciaiolli ao pintor Giovanni di Biondo (1356 ao 1398) com o já caro tema da Anunciação. Esta “pala” mandada construir por Andretta em homenagem ao seu marido, que tivera morte violenta em 12 de fev. 1380 (19) por solidariedade familiar e defesa da rainha Giovanna d´Anjou - rainha de Nápoles que nesta ocasião enfrentava seu rival Carlos II, igualmente um d´Anjou.  Notamos que os Cavalcanti foram sempre muito ligados por laços familiares e suas origens francas, ainda solidariedade política aos d´ Anjou franceses (20).  
  Encomendada por Andreola Acciaiolli pouco tempo depois, em 1386, também uma belíssima “trifora invitiata” (um tríptico em vitral) a Leonardo di Simone - monge da piève de São Pancrácio (21), próxima ao castelo dos Cavalcanti em Monte Calvi - trabalho baseado nos desenhos de Niccolo di Pietro Gerini (doc. 1368, + c.1415), um seguidor de Giotto. Vitral magnífico que na janela central superior retrata também uma “Anunciação”.
   No vitral central a baixo colocado uma cena do nascimento de São João Batista e outra do nascimento de Jesus. Nas janelas laterais quatro histórias de S. João Batista. Nas duas “tondi”, abaixo do arco, os profetas Elias e Isaias. Os vitrais ainda mantidos nos locais originais.





Sabemos que por muito tempo o sepulcro de Mainardo Cavalcanti esteve colocado aos pés de imagem da “Madona com Banbino” de Andrea Pisano – imagem que nesta igreja ainda hoje se encontra, mas ao lado do tumulo de Aldobrandino Cavalcanti (observar abaixo a foto desta Madona ao lado do túmulo de Aldobrandino).    
   Sabemos que a lápide de Mainardo Cavalcanti foi transferida para a sacristia da igreja, e apenas uma placa explicativa colocada em 1734 na cripta inferior.   Sua célebre e riquíssima “pala de altare” retirada (22), hoje localizada na famosa Galleria de La Accademia.



    A rica “palla de altare” com o tema da “Anunciação” retirada do túmulo de Mainardo Cavalcanti.





Entretanto, na basílica de Santa Maria Novella foram mantidos os mais antigos registros de brasão da família Cavalcanti - dois brasões que nas laterais assinalam o sepulcro do importante religioso e filósofo da família, Aldobrandino Cavalcanti falecido em 1279 (23) – irmão do cavaleiro Cavalcante Cavalcanti celebrizado por Dante, tio e certamente orientador filosófico do celebre poeta da família Guido Cavalcanti (24). O próprio Aldobrandino como filósofo e teólogo foi precioso auxiliar na famosa obra de São Tomás de Aquino. Os brasões da família Cavalcanti ainda ressaltados no suporte de seu túmulo (25).





Túmulo de Aldobrandino Cavalcanti na Santa Maria Novella
cercado de brasões Cavalcanti. Acima, à direita a escultura da “Madona com Banbino” de Andrea Pisano, a Madona que velava o túmulo de Mainardo (26).

O elegantíssimo púlpito da Santa Maria Novella foi realizado ainda entre 1443-48 pelo escultor e membro da família Cavalcanti, Andrea Cavalcanti, o Buggiano (1412- 1462), seguindo desenho do celebre arquiteto Filippo Brunelleschi, seu pai adotivo.








Os resquícios artísticos mantidos nesta igreja permitem ainda vislumbrar o prestígio e o requinte de uma família no tempo.



3 – Ainda uma “Anunciatta” na Piève di S.Pietro à Pitiana, fazenda dos Cavalcanti e Guicciardini.




Os Cavalcanti e os seus aparentados Guicciardini no começo sec. XVI haviam sido proprietários em comum de uma fazenda em Pitiana, Donini, Reggello.
   Uma senhora Cavalcanti casada com um Guicciardini foram proprietários desta fazenda e outras terras na Toscana – esta  fazenda no Regello muito trabalhada, produtora de olivas, vinhas, etc. No recente livro, Il Plebato di Pitiana, Giancarlo Stanzani afirma que no século XVI foi construído um pórtico para a Igreja, onde ainda hoje estão os brasões da família Cavalcanti - colocados ambos nas laterais acima da porta da igreja. A fonte recorda: “Stemma della famiglia Cavalcanti nel portone d'ingresso alla chiesa. La sua fondazione [da Peive de Pitiana] è forse anteriore all'anno Mille e la torre campanaria risulta già esistente nel 1028” (27)


Brasão Cavalcanti nas laterais do pórtico da igreja.




Brasão também dos Guichiardini na casa sede da fazenda




(Fotos Marcelo Bezerra Cavalcanti)

     A Piève di Pietro à Pitiana tem sua fundação muito antiga atribuída à piedosa margrave Matilde de Canossa (1046 - 1115), que identificamos em nossas pesquisas como uma colateral dos primeiros Cavalcanti documentados - a igreja podendo ser anterior ao ano mil, mas a torre campanária de 1028.

    O pórtico da pequena igreja com o brasão dos Cavalcanti no alto da porta foram fotografados e se tornaram informações gentilmente compartilhadas por Marcello Bezerra Cavalcanti (28).

    Mas a Piève di Pietro à Pitiana é, a nosso ver, ainda ressaltada pela linda obra do célebre Rodolfo Ghirlandaio - obra encomenda em cerca de 1515 e que tem como tema a nossa já conhecida e característica “Anunciação” - tema acreditamos da preferência dos Cavalcanti e dos florentinos, possivelmente de origem franca pela figura simbólica do lírio (29).




“Anunciação” de Rodolfo Ghirlandaio, de cerca 1515 em Pitiana
Piève di s. Pitro em Pitiana, Donini, Reggello propriedade agrícola dos Cavalcanti e Guichiardini no começo do sec. XVI.  (O Anjo segurando um lírio, símbolo de pureza)



A “Anunciação” de Ridolfo Girlandaio foi realizada em cerca de 1515 e ainda hoje se encontra na Piève di Pitiana, devendo ter sido encomenda pela senhora Cavalcanti casada nesta ocasião com um Guichiardino (Dini?) – o tema da “Anunciação” durante séculos devoção constante na família como observamos, mais uma vez denunciando a origem franca dos Cavalcanti. Neste quadro o Anjo porta um pendão de lírios de grande simbolismo e  beleza,como observamos na Introdução.

    Em 1631 a estrutura do presbitério na igreja foi elevada e a cripta tornada em cruz latina (30).  Acreditamos que esta recuperação possa ter sido patrocinada pela própria família Guicciardini, família de celebres juristas, que em nossos estudos aparecem como parentes colaterais e que teriam acompanhado os Cavalcanti da geração seguinte até mesmo nas ultimas conspirações anti-medici do fim do sec. XVI, não tendo sido diretamente comprometidos (31).

    A senhora Cavalcanti que teria encomendado o quadro deve ter sido uma das filhas de Giovanni Cavalcanti (n.1448- f.1509) - fato até mesmo sugerido pelo autor acima citado. Este Giovanni foi ao fim de século riquíssimo herdeiro da família e muito amigo do celebre literato Marsílio Ficino, mas marcado pelo ideário da Revolução Social preconizada pelo padre Savanarola em Florença no começo do século, acabou por doar seus muitos bens à Igreja.  Seria a sua filha Lucrecia nascida 1473 aquela que teria sido casada com um Guicciardini (Dini?). O autor citado fotografa a tabela de Silvio Umberto Cavalcanti que indica uma destas filhas de Giovanni, com este prenome ao lado.  Ressaltamos que a irmã, Ginevra, foi casada no ramo dos Mainardo Cavalcanti, e a mãe do famoso conspirador pela Republica, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, o líder das conspiração anti-medici de 1559 (32).






Piève di Pitiana- foto recente de Marcelo Bezerra Cavalcanti






Interior da Igreja de S. Pietro em Pitiana, com a “Anunciação” de Ridolfo Girlandaio ao fundo.




Fazenda e casa ainda existentes em Pitiana - foto tirada por Marcelo Bezerra Cavalcanti




4 – Tela da “Anunciação” retirada da “Capela Cavalcanti” na Igreja S. Giovanni dei Fiorentine em Roma.




    A cidade de Roma foi refúgio do ramo Ciampoli da família Cavalcanti depois da conspiração de 1559, e temos nesta cidade a construção de uma Capela Cavalcanti na igreja de S. Giovanni dei Fiorentine, encomendada por Luca Cavalcanti em 1590 - capela também dedicada à “Anunciação da Virgem”.

     Entretanto, por volta de 1660 ela se tornou uma capela da família Pandolfini, e obra de pintura representando a “Anunciação” que a decorava dada como perdida, desaparecida, não sabemos em que momento. Hoje é uma capela da família dos Pazzi, e apresenta outra tela, uma Madona com Santa Madalena dei Pazzi aos seus pés.

    Porém, uma figura de S. Egidio (Saint Gilles) permanece decorando a lateral da capela e a abóboda,  santo que sabemos foi também de muita devoção franca, nome do castelo do qual teriam saido os Cavalcanti  marcando a origem da família Cavalcanti no reino franco.
       O brasão Cavalcanti mantido sob o arco da entrada.





A Figura de S. Egidio,santo  que sabemos de muita devoção dos antigos dominadores francos   permanece na lateral e na abóboda. No arco de entrada um brasão Cavalcanti.
Informações sobre a capela podem ser obtidas na própria Igreja. Fotos e pesquisa básica de Marcelo Bezerra Cavalcanti.




Foto do brasão Cavalcanti também mantido no retábulo – foto na mídia eletrônica



5- Na região da Capraia Florentina a Igreja de “Santa Maria Anunciatta”.

   Na região da Capraia Florentina os Cavalcanti de dinastia “guelfa’ enfrentaram os “guibelinos” que estavam contra a autoridade papal no inicio dos anos 1200 –  região chegada em parte aos Cavalcanti por casamento, advinda dos Guido di Davadola e dos Alberti. Gianberta Cavalcanti, foi cônsul mercador em Florença documentado em 1220, casado com uma filha do Guidi de Davadola e Quadralda Ravignani. Gianberta documentado em testamento de Beatriz de Capraia no ano 1278.





         Igreja de “Santa Maria Anunciatta” na Capraia Florentina, igreja  colocada na parte baixa do Castello
   
   A veneração pelo tema da Anunciação caracterizou as capelas da família Cavalcanti. Note-se que a Igreja de Santa Maria Anunciatta em Capraia apresenta um retábulo muito semelhante ao da “Ressureição Cavalcanti” de Donatello na capela Cavalcanti da Basílica de Santa Croce. A imagem da Anunciatta ainda presente nesta capela em Capraia é, entretanto, um acrescentamento moderno e bem posterior, mas que merece aprofundamento de pesquisa. Aí teria estado uma representação de uma  Anunciação ainda  bem mais antiga?


Capraia florentina– foto recente



       6 - Capela Cavalcanti dedicada ao sofrido banqueiro Tomasso Cavalcanti na Basílica do Santo Espírito.
     Em virtude das reformas nas igrejas florentinas propostas pelos Medici em 1563, a capela Cavalcanti na Basílica da Santa Crocce fora destruída pela família Médici – como sugerimos em virtude da descoberta e perseguição aos conspiradores da família em 1559. Ver capelas referidas anteriormente.
     Assim sendo, certamente em contraposição uma nova capela foi construída pelo ramo sobrevivente dos banqueiros Cavalcanti do ramo Ciampoli, construída nova e rica capela na Basílica de Santo Espírito.
    Nesta Basílica de Santo Espírito, talvez em um acintoso revide moral, já em 1562 GianBattista Cavalcanti se propôs a fazer uma bela homenagem ao seu pai - o rico banqueiro Tomasso – falecido logo após a desgraça ocorrida com seu filho Stolto Cavalcanti, jovem decapitado em janeiro de 1560, detido por fazer parte desta descoberta conspiração de 1559.    GiovanBattista encomenda para a Capela Cavalcanti na Basílica do Santo Espírito belíssimas obras de arte - obras de arte que, em parte, ainda hoje são encontradas nesta igreja (33)

Após a descoberta da Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559, conspiração em que o trono de Cosimo Medici seria mesmo explodido em uma festa religiosa - protesto clássico na época que denunciaria os tiranos - os bens do banqueiro Tomasso Cavalcanti e de seu filho Stolto Cavalcanti, o jovem conspirador decapitado, foram arrestados. Mas voltaram para o outro filho e irmão sobrevivente - GiovanBattista Cavalcanti – pois o arresto total de bens dos conspiradores já parecia aos florentinos acintoso (34).

  GiovanBattista após esta tragédia que abalou sua família - a morte de seus dois irmãos, um assassinado por amigos do Médici, crime que ficou impune, o outro decapitado, ainda a morte de seu pai em seguida - homenageia por tantos dramas familiares a figura paterna em 1562 criando uma belíssima capela nesta Igreja do Santo Espírito, em Florença (35).

  Capela que ficou, então, afamada pelos seus mármores raros e preciosos - mármores azuis e um busto de Tomasso Cavalcanti de autoria de Giovanni Angelo Montorsoli (1507 –1563),







Nota-se os brasões familiares e o busto de Tomasso. Posteriormente o busto do próprio GiovanBattista virá completar a capela.

Para caracterizar a capela dedicada à Maria Madalena foi encomendada por GiovanBattista ainda uma belíssima tela intitulada “Jesus aparece a Madalena” ou ”Noli mi tangere”. Encomendada esta obra marcante obra a Agnolo di Cosimo Tori – o celebre “Il Bronzino”- em 1561, inspirada num “cartone” de Miguelangelo cujas figuras foram, entretanto, invertidas. Obra em que aparecem os rostos de grande beleza de duas Marias no segundo plano - sugerimos com possível simbolismo gnóstico ou exotérico, de grande  interesse histórico. Obra atualmente no Museu do Louvre de Paris. 

Em outra oportunidade já havíamos notado também uma das pinturas do interior da igreja de São Iacobo em Florença, que no passado fora da ordem Templária - a pintura de “Jesus Morto saindo do Sepulcro” anunciado por uma Madonna, que não se sabe também se é Maria de Nazaré ou Maria Madalena, talvez uma mistura de ambas como Mãe e Mulher, aos moldes exotéricos. (36).

   Vasari especialmente comenta a feitura desta capela Cavalcanti na igreja do Santo Espírito em Florença e ressalta os seus mármores vindos “de outros mares” com grandes despesas, ainda este quadro de Bronzino – “as figuras de Maria realizadas com incrível perícia (“ diligenza”) (37).





A linda capela dos Cavalcanti dedicada à Maria Madalena - como era originamente na Igreja do Santo Espírito , ornada em mármores preciosos e azuis, ainda com o quadro original e simbólico ”Noli mi Tangere”. Os bustos dos familiares colocados em ambos os lados, com os brasões familiares acima. Na foto ao lado a mesma capela, mas a tela original já substituída por uma “Virgem com Menino”


Detalhe da Pintura ”Noli mi Tangere” atualmente no Museu do Louvre de Paris,
substituída por uma Virgem com Menino.


7 - Capela Cavalcanti na Igreja de Santa Maria Madalena delle Convertite.

     Em 1484 os Cavalcanti completaram uma capela na igreja de Santa Maria Madalena dos Convertidos em Florença - igreja hoje dedicada à uma santa mais recente - a carmelita Santa Maria Madalena de Pazzi canonizada em 1669.
   A freqüência do tema de N.S. Madalena já foi também percebida pelo genealogista Silvio Humberto como de preferência devocional dos Cavalcanti.

    Esta nova igreja de Santa Maria Madalena reconstruída sobre as fundações do convento cirtensiense de Borgo Pinti - projeto baseado em colunas iônicas de Giuliano da Sangallo (Florença, c. 1443 – 1516) célebre escultorarquiteto e engenheiro militar que havia realizado aprofundados estudos em Roma.




Interior da igreja Santa Maria Madalena delle Convertite


Brasão Cavalcanti sobre o arco da capela (SUC)
http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm

     Esta capela Cavalcanti foi colocada na entrada da Igreja, e ainda ao fim do século XVII foi enriquecida por uma pintura de Andrea (ou Francesco) Botticini representando a Virgem com Menino Jesus sentada no trono - aos seus pés uma figura expressiva S. Maria Madalena com longos cabelos e S. Bernardo, monge cisterciense.  Esta obra, entretanto, não se encontrada mais em seu lugar original e hoje está no museu do Louvre em Paris (38).





S. Maria Madalena e S. Bernardo, monge cisterciense, frente à Virgem e o Menino Jesus.




Fachada atual da Igreja Santa Maria Madalena delle Convertite ainda com seu pórtico de colunas jônicas.


8 – Túmulos Cavalcanti descobertos sob o Duomo de Florença - Catedral Santa Maria del Fiori.

     O chamado “Duomo de Florença” na verdade é parte da Catedral Metropolitana de Santa Maria del Fiore -  a mais importante Catedral de Florença e a terceira maior igreja do mundo. Catedral erguida a partir de 1296, mas que só ficou pronta no século XV - construída sobre as antigas fundações da Igreja de Santa Reparatta - igreja que no passado mais remoto abrigara até mesmo cultos do período romano.





Na foto um túmulo do sec. XV com brasão – indicado por SUC, “Sepolcro Cavalcanti sotto i gradini del Sagrato” (38).

No registro batismal da Catedral foram encontrados nomes de Cavalcanti relacionados pelo pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti.

Recentemente,porém,  entre 1965 e 1973 um  grande trabalho de escavação foi realizado sob esta Catedral de Santa Maria Del Fiore e surpreendentemente trouxe à luz restos ocultos no subsolo desta  antiga Basílica de Santa Reparatta, basílica sobre a qual foi a Catedral fora edificada, e que testemunhou o cristianismo primitivo em Florença. Foram então feitas descobertas romanas, proto-cristãs, lombardas e mesmo carolíngias, encontradas sob o próprio Duomo de Florença.

No subsolo que pode ser acessado por corredor direto do Duomo encontraram–se, especialmente, várias tumbas de Cavalcanti descobertas no ano de 1970.

     Foto do atual altar na área da antiga cripta da Sta. Reparatta - já visitada pelos nosso pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti na companhia de seu pequeno filho.



  Nesta Igreja de Santa Maria Reparatta encontra-se hoje o túmulo de Iacopo Cavalcanti do ano 1302 - personagem sepultado pouco o tempo depois da morte do poeta Guido Cavalcanti em 1300 - período de efevercência revolucionária ocorrida em Florença. Na época viveram um religioso e o provável irmão do poeta Guido, com este mesmo nome – entretanto mais provável fosse mesmo o religioso a ocupar este tumulo.



     “Scavi di santa reparata sotto il duomo di firenze, lastra tombale di ser jacopo cavalcanti, 1302”. JPG (Da Wikipedia Commons, l'archivio di file multimediali liberi) Foto da mídia eletrônica tida como de Iacopo, mas que não podemos confirmar, observada a diferença com a foto abaixo do túmulo de Iacopo apresentado por SUC.


    Foto do túmulo apresentado por SUC como do canônico Iacobo Cavalcanti - notar os brasões Cavalcanti colocados nas laterais.

Segundo o genealogista Silvio Umberto, na igreja de Santa Reparatta teria sido sepultado o próprio poeta Guido Cavalcanti, mas não sabemos onde seu corpo estaria hoje localizado.

A Igreja ainda abriga também os sepulcros dos papas Estêvão IX e Nicolau II, bispos florentinos e algumas personalidades como o próprio e célebre arquiteto Filippo Brunelleschi.

     Filippo Brunelleschi (1377-1446) foi autor de muitas obras primas e especialmente da planta do portentoso Palácio Pitti, edificado depois de sua morte para esta família de banqueiros que pretendiam rivalizar com os Médici em poder econômico. Brunelleschi participara decididamente da edificação da Santa Maria del Fiore e do próprio Duomo, mas  teve seu túmulo colocado na  Igreja da Reparatta, neste subsolo do Duomo - túmulo muito simples, rente ao chão.



Foto do Tumulo de Bruneleschi.




     Para o Duomo o arquiteto e escultor da família André di Lazzaro Cavalcanti (Il Buggiano 1412- 1462), nascido em Borgo a Buggiano, Val di Nievole, filho adotivo e auxiliar de Bruneleschi executou na sacristia entre 1439/40 pias batismais com delicados anjos vertendo água (40).






  Acima, em item referente à Igreja de Santa Maria Novella, reproduzimos também o púlpito por ele realizado entre 1443-48 - desenho também do seu celebre pai, Filippo Brunelleschi.

 Mas já em 1447 Andrea Cavalcanti realiza especialmente para o próprio Duomo um medalhão em mármore que homenageia o sepulcro de seu pai adotivo, morto no ano anterior - figura com placa que ainda se encontra na nave direita do Duomo (41).

  E na praça do Duomo obra estatutária hoje ainda relembra o célebre arquiteto.




Medalhão com busto de Brunelleschi por Andrea Cavalcanti 





  Andre Cavalcanti foi o arquiteto ainda de uma igreja dedicada a S. Pedro e S. Paulo, conhecida como Madonna di Pie di Taxa, construída em Pescia (Pistóia) no ano de 1447 -  desenho fortemente influenciado pelo trabalho de Bruneleschi.


A Igreja Madonna di Pie di Piazza, construída por André em Pescia (Pistóia)




Adendo


Ao términ deste trabalho não podemos deixar de indicar ainda dois imperdíveis programas para membros da família Cavalcanti em visita à  Florença – 1) a Casa dos Cavalcanti no centro de Florença, 2) as ruínas do Castelo do Strinche, em Radda Ghianti, 3) e a Villa de Bellosguardo – hoje um hotel, também situado nas proximidades de Florença.

Estes tres locais, brevemente referidos abaixo, estarão apresentados com mais detalhes no nosso “Guia de moradias e ruínas do antigo Cavalcanti na Toscana”, próximo em nossos blog.



1- Casa (Palazzo) dos Cavalcanti na via Porta Rossa, antiga via Cavalcanti. 

Casa dos Cavalcanti no centro de Florença, numero 50123, esquina com Porta Rossa, antiga via Cavalcanti, próximo ao Mercado Novo.   

O “Palazzo” foi vendido pelo florentino Pietro Cavalcanti em 1503 à guilda das Arte dos Mercanti – a famosa Calimala.

    O brasão dos Cavalcanti ainda está em sua fachada. Informações e fotos abaixo já publicados por SUC, pg. 65.





“Via de' calzaiuoli, palazzo cavalcanti e della compagnia di orsanmichele”

Mais detalhes sobre a Casa-Palazzo Cavalcanti em nosso Guia de Moradias e Ruínas dos antigos Cavalcanti na Toscana.


    2-   Castelo do Strinche




O Strinche é um castelo lombardo (século IX) construído sobre um assentamento romano anterior. Desde a Idade Média, os habitantes do Strinche inciaram a cultivar em “lamulae”, "lâminas", pequenas faixas de terra plana na íngreme encosta oeste da montanha. A partir destes o nome da aldeia próxima, Lamole.

    Por fontes históricas sabemos que castelo do Strinche na região val de Greve foi construído e estratègicamente colocado no ponto mais alto da antiga rota dos lombardos, no caminho da muito antiga via romana Flamínia. A origem do nome do tradicional castelo dos Cavalcanti, Stinche, seria a palavra “shin’ (inglesa?) ou “shinbone”, borda superior da tíbia, por extensão toponímica “cume, ponto mais alto da colina”. (Wolfang, Marvin – Crime and Justice at the milenium, Kluwer Academic Publishers, 2002, pg. 358)

  O Castelo recém localizado para a família por Marcello Bezerra Cavalcanti, que informa localizado em Radda, Toscana -  onde atualmente existe uma vinícola de nome La Molle.

   Mais informações também no nosso futuro Guia específico.

  

 3 Villa Bellosguardo



   

Está localizada na Collina Bellosguardo, próximo de Florença.

Antiga Villa, hoje o hotel “Torre di Bellosguardo”. Guarda lembranças e brasões da família Cavalcanti -  a figura do célebre poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII sendo citado no prostecto do hotel como seu construtor.

Mais detalhes em nosso próximo artigo no blog “Guia de Moradias e Ruínas dos antigos Cavalcanti na Toscana”.




Notas


Referentes à Basílica da Santíssima Anunciação

(1) Matilde da Toscana ou Matilda de Canossa (1046 - 1115) filha de Bonifácio III da Toscana e Beatriz de Bar, foi figura histórica feminina que o poeta Dante Alighieri simbolicamente coloca em seu Paraíso. Muito rica herdeira, Matilda teve que assumir o papel de cavaleira armada, guerreira e defensora da marca da Toscana em virtude da morte de seu pai, irmão e marido. Na chamada “Questão das Investiduras” junto ao papado, Matilde deu prova de grande firmeza e foi tida como uma das poucas mulheres medievais a ser relembrada por seus feitos militares. Também grande benemérita, foi apelidada La Gran Contessa. Seu pai era da linha dos Bonifácios, mas já um hucpolding - linha que também temos como ascendente dos Cavalcanti. Matilde fora casada a primeira vez com Geoffrey IV (Hunfrid, Godfrid ou Godofredo) da linhagem dos combativos hunfridings, ancestrais dos plantagenetas e também dos Cavalcanti. Teve um segundo casamento com Guelfo II, da dinastia guelfa - esta linhagem igualmente derivada da linhagem comum, wido de Hesbaye e hunfridings. Matilda doou seus bens à Igreja e após sua morte seus domínios tornam-se Repúblicas, como a de Florença - Republica que foi avalizada pelos Cavalcanti como primeiros Consules.  Ver comentários pertinentes e esclarecedores sobre sua personalidade na especialista em Dante Alighieri, Barbara Reynolds - Dante, traduzida pela Ed.Record, S.P., 2011, pg. 438, capitulo “Quem é Matilda?”.

A análise genealógica de Matilde está baseada em nossas pesquisas sobre a família Cavalcanti apresentada já em vários artigos: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade, edição n. 57 de julho de 2017; “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec. VIII”, “Os Berardegas”, no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, e ainda “Propriedades dos Cavalcanti na Toscana” e “As linhas francas descidas para a Itália com Carlos Magno”, próximos no blog.

   Notamos que o simbolismo do lírio vinha de um passado antigo associado ao pendão de lírios cantado pelo rei David, flores presente no cântico dos Cânticos como símbolo de pureza e eleição, de escolha; flor também representada na espada de Julio Cezar e associado a Jesus Cristo - que recomenda a simplicidade do lírio – “olhai os lírios do campo”. No Egito esteve associado à flor-de-lótus. Cedo se tornou símbolo de poder e soberania da realeza que se faz por escolha divina, com pureza do corpo e da alma. Pelos francos foi adotado depois pelos condes de Anjou, descendentes dos condes de Hesbaye no centro franco, pela realeza francesa e chega aos Cavalcanti brasileiros.

Brasão do mecenas Giovanni Cavalcanti


(2) Há texto na mídia eletrônica de autoria de Cris de Oliveira, guia de turismo, texto delicado que conta o milagre.  - “A imagem milagrosa da Basílica Santissima Annunziata”. O artigo versa sobre magnífico trabalho colocado na Basílica Santissima Annunziata em Florença e ressalta:

“Podemos dizer que esse é o quadro religioso mais caro para o povo florentino.
      Para os artistas florentinos o tema da anunciação a Virgem Maria por parte do Arcanjo Gabriel, era um tema muito importante - tão importante que o dia 25 de março, dia da Anunciação, foi escolhido como o primo dia do ano do calendário florentino. Até o ano de 1750, o ano em Florença se iniciava no dia 25 de março - lembrando que a Europa católica e o restante da Itália já tinha adotado desde de 15 de outubro de 1582 o calendário gregoriano. Essa imagem assim popular foi reproduzida em 08 tabernáculos que estão espalhados pela cidade de Florença. A lenda diz que no ano de 1252, um certo pintor chamado Bartolomeo, recebeu a encomenda de pintar uma Anunciação para a Basílica”.
Bartolomeo se ocupou primeiramente do anjo e ficou maravilhado diante de tanta beleza, mas ao mesmo tempo, Bartolomeo ficou preocupado, com medo de não conseguir pintar a Virgem Maria mais bela que o anjo. Então, ele pintou o corpo da Virgem e ficou ali matutando como faria o rosto de Maria. Cansado e preocupado, acabou se adormentando sem conseguir terminar a obra.

Quando Bartolomeo acordou, o quadro já estava terminado. O rosto da Virgem Maria estava alí prontinho... muito mais bonito que o anjo Gabriel! Quem será que pintou o rosto da Virgem Maria? Adivinhem? Certamente foi feito através das mãos de um anjo!
Desde então a imagem foi considerada milagrosa e a Basílica Santissima Annunziata meta de peregrinações


1- Basílica da Santa Croce

(3) Sobre a sociedade Cambi e Cavalcanti comenta SUC, “Se Chiavamano Cavalcanti”, pg. 4 (em tradução): “Em 1214 o bispo de Volterra [Ranieri I] obtém um grande empréstimo da banca florentina e em contrapartida concede a mina de prata da comunidade de Montieri à sociedade de banqueiros Cambi-Cavalcanti”. Esta sociedade assim formada irá implantar e gerenciar no castelo de Volterra a “zecca”, moeda de Volterra. Notar que a moeda já levava a imagem da Cruz pátea, símbolo de Volterra, cruz pátea usada pelos templários e que estilizada adiante se torna mesmo o símbolo dos Cavalcanti. Detalhes fornecidos do livro Una Moneta inédita dei Vescovi di Volterra Costantino Luppi, 1891, pg. 383.



A Ordem dos Templários usava esta mesma cruz pátea, fundo branco em cor vermelha, cruz anteriormente ainda usada por Carlos Magno.



Moeda de “Carlo Magno re dei Franchi, 774-800. Denaro, AR 1,43 g. + CAROLVS REX FR Croce. Rv. + PAPIA Monogramma di Carlo"


No interior da Igreja de San Jocopo di Vecchio (“São Tiago”) em Florença encontra-se ainda hoje uma série de afrescos bizantinos medievais com os temas caraterísticos da Ordem Templária, ordem religiosa que exerceu grande poder em Florença na época (sec.XIII).  Na igreja de San Jacopo in Campo Corbolini a Ordem teria a sua sede provincial (Carboline nome de uma família com casa na piazeta ou campo, hoje chamada Madonna degli Aldobrandini – Aldobrandino prenome também entre os Cavalcanti).  A Igreja de S. Jacobo foi fundada em 3 de Maio de 1206 e pertencia à Ordem Templária já em 1256.

Depois que a ordem foi suprimida em 1312 a igreja passou para a Ordem de S. João do Hospital. Do passado templário resta uma cruz no capitel do pórtico (ver foto ao lado).


Uma das pinturas caracteristicamente templária do interior desta igreja é a pintura de “Jesus Morto saindo do Sepulcro” - episódio no quadro apontado ou anunciado por uma Madonna que não se sabe se é Maria de Nazaré ou Maria Madalena, uma mistura talvez de ambas como Mãe e Mulher, característica gnóstica e esotérica. O especialista em esoterismo Vitor Manoel Adrião comenta ainda no blog Lusophia na mídia eletrônica: “A outra pintura retrata S. Miguel, abençoado por Cristo pairando acima envolto num esplendor de glória, à frente de 11 Santos Apóstolos representando a Milícia Celeste em luta com o dragão, atrás do qual se dispõem demônios representando as Forças do Mal. Se por um lado representa o conceito ortodoxo do embate da Fé com a heresia, por outro também assinala a idéia heterodoxa do encontro do conhecimento desvelado ou esotérico (representado por S. Miguel) com a sabedoria velada ou esotérica (assinalada no dragão)”.

(4) A morte de Guido Cavalcanti é referida em SUC, pg. 21. As condições e motivos de sua morte contextualizados em dois trabalhos da autora: o artigo “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015

O filho de Guido, Andrea, e também Ciampolo, filho de Cantino Cavalcanti (SUC livro, pg. 25 e sua tabela) foram salvos na ultima hora de uma pena de morte pelo parentesco de Cantino (genro) com os Salimbeni de Siena, que por eles intercederam. Ver foto de um brasão Cavalcanti e comentário sobre tumba de senhora Cavalcanti/Salimbeni no item referente à Igreja de Santa Maria Novella.

(5) A fonte das análises genealógicas por nós utilizada é a tabela TávolaCavalantiFirenze de SUC, que indica sempre como bem seguras suas informações colocadas em vermelho.   SUC cita em seu livro ainda um Nicolo Cavalcanti, eleito Prior dos Signori em 1493 e um Nicolo di Giovanni, Podestà de San Geminiano no mesmo ano. Não devem ser o mesmo Nicolò por nós referido, porque as datas são bem posteriores. Há também um Nicolo de Sartano mencionado por SUC, pg.56, no ano de 1456, mas casado com Camilla Morelli. O genealogista Giovanni di Amerigo Cavalcanti referido na tabela SUC é muito estudado na Introdução da nova edição de sua obra “Tratatto...” por Marcella Grendler (Giovanni di Giovanni Cavalcanti (1381- 1451) "Trattato Politico-morale" of Giovanni Cavalcanti: 1381-c. 1451, Introdução e notas de Marcella T. Grendler – “A critical edition and interpretation, Travau d´ Humanisme e Renaissance, CXXXV”, Genevre, Droz, 1973 pgs. 106 e segs). Giovanni também ponto central de nosso trabalho “As tradições de origem franca das famílias Cavalcanti e Monaldeschi, publicado na revista InComunidade, numero 57, de junho de 2017. 

(6) SUC, opus cit, pg. 52.

(7) SUC, opus cit, pg. 57.  No original citado por SUC: “non solo il capolavoro dell´autore, ma anche uno dei più bei numeri del quattrocento”

(8) SUC,opus cit, pg.58 e sua tabela citada.

(9) O filho de Giovanni Cavalcanti, Nicolo Cavalcanti, teria encomendado ainda no ano de 1468 para o enxoval de casamento da sua filha Margarida com Lorenzo di Bernardo Ridolfi alguns “cassepanche”, baús próprios para enxoval de noivas, pintados a óleo sobre táboa com cenas dedicadas ao “Triunfo de Petrarca”- trabalho artesanal que é tido hoje como notável (SUC, pg.59). Preparamos trabalho especial também sobre esta obra de arte, obra que se tornou relevante historicamente – artigo a ser editado no blog.

(10) SUC, opus. cit., pg. 56.

(11) Informação de Marcelo Bezerra Cavalcanti. O episódio clássico da conjura Pazzi ocorrida no fim do século foi relatado por Maquiavel em sua História de Florença, fato resumido por SUC, pg. 61.

(12) Conclusões de Torres, R.S. – artigos “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, “Accademici del Piano”, “Medici X Cavalcanti” e outros no blog http://rosasampaiotorresblogspot.com/ 

(13) Em nossos trabalhos sobre a Conspiração de 1559 ficou demonstrado o grande rancor de Cosme de Médici pelo líder republicano e conspirador Bartolomeu Mainardo Cavalcanti, que alguns anos depois morre refugiado e escondido em Pádua (1563). Rancor que seus filhos transformam até mesmo em um tipo de “delírio persecutório” sobre as demais famílias que se opuseram aos Médici posteriormente. A alteração e destruição proposital de capelas da família Cavalcanti - família tão relevante e decidida a defender o sistema Republicano que ela própria havia avalizado séculos antes - ainda outras famílias, não nos parece surpreendente, na medida em que casos de túmulos violados de líderes rebeldes da Guerra Popular de Siena em 1554 foram por nós igualmente observados. E os revoltosos contra os Médici, já ao fim do século, foram até mesmo enterrados no exterior para evitar que suas sepulturas fossem violadas. Pretendemos, se possível, apresentar trabalho mais amadurecido sobre o tema com detalhes e todas as fontes de que já dispomos. Por ora sugerimos nossos trabalhos “Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559” e “Academicci dei Piano”, editados no blog httprosasampaiotorres.blogspot.com/ e “Medici X Cavalcanti” no 4Sharad.

(14) GiovanBattista Cavalcanti na Basílica de Santo Espírito em 1562 se propôs a fazer uma homenagem ao seu pai - o rico banqueiro Tomasso falecido logo após a desgraça ocorrida com seu outro filho, Stolto Cavalcanti, degolado em 1559 por haver feito parte da conspiração contra o absolutismo dos próprios Medici.  GiovanBattista encomendou na ocasião ricas e belíssimas obras de arte, em parte ainda aí encontradas. Detalhes sobre essa capela citada em SUC, opus cit., pg.73 e 74, e mencionada adiante no item relativo à Igreja do Santo Espírito - com fotos e detalhes.

(15) Citado em SUC, opus cit., pg.52.

(16) SUC, opus cit., pg.41, citando textualmente: “uno stupendo sfondo a sagoma provenzale” 

(17) Fonte Silvio Umberto Cavalcanti (http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm) Em tradução: “Brasão Cavalcanti com touca e em um mosaico de pedra sereno quadrilobado - acima de uma das portas da Capela Cavalcanti dedicada à Anunciação, hoje Sacristia, Século XIV”.

Devemos notar que a touca ou barrete frígio na antiguidade constituiu símbolo de liberdade. De fonte enciclopédica: “Em vasos pintados e outras artes gregas, o barrete frígio serve para identificar o herói troiano Páris como um não grego; poetas romanos habitualmente utilizam o epíteto "frígio" para se referir aos troianos. Pode ser encontrado também nas esculturas da Coluna de Trajano, vestido pelos dácios, e sobre o Arco de Septímio Severo vestido pelos Espartanos. Os elmos militares dos macedônios, trácios, dácios e normandos do século XII possuíam a ponta virada para frente para se assemelharem ao barrete frígio”.  De outra fonte enciclopédica: “O barrete frígio era utilizado pelos sincretistas helenistas e romanos para representar o deus salvador de origem persa Mitra. Ele era vestido durante o Império Romano pelos antigos escravos que tinham conseguido emancipação de seus mestres e cujos descendentes eram, por esta razão, considerados cidadãos do império. Este uso é freqüentemente considerado a origem de seu significado como um símbolo de liberdade”

2 – Santa Maria Novella 


(18) Entre aspas frase sobre a demolição em SUC, opus cit, pg. 76. A relação de parentesco clarificada pela Tabela SUC e por nossos trabalhos sobre a Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559 (Torres, RS – artigos “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, “Acadêmica Del Piano”, no blog http://rosasampaiotorresblogspot.com/, e “Médici X Cavalcanti” no 4Sharad.

(19) SUC, opus cit., pg. 45, citando Monaldi - Istoria Pistoiese [s/ed].

(20) Rainha Giovanna ou Joana II de Nápoles, conhecida como Joana II de Anjou-Durazzo (1373 – 1435) - rainha de Nápoles a partir de 1414 até sua morte. Ela também levou o título de rainha de Jerusalém, Sicília e Hungria. Giovanna teve como marido Luigi D'Angiò ou d´Anjou.  Era a terceira ou quarta filha  de Carlo da Calábria, primogênito do rei de Nápoles Roberto d'Angiò e de Maria di Valois (1311-1341), esta irmã do rei  Filippo VI da França. Teria sido uma das primeiras mulheres a reinar por direito próprio.  As relações dos Cavalcanti com os d´Anjou havia sido intensa no final do século XIII, fato que se confirma também nesta ocasião pela solidariedade comprovada om o sacrifício da própria vida de Mainardo Cavalcanti. O Brasão das duas famílias se encontra gravado no Palazzo-Villa de Bellosguardo - Villa que teria sido dos Cavalcanti nos arredores de Florença, e os brasões registro simbólico da relação familiar com os d Ánjou - relação que, tudo indica, vinha de longe pelos condes de Hesbaye no centro franco. Sobre o tema ver especialmente nosso trabalho “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade Ed, 57 de julho de 2017 e “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec. VIII”, no blog.



Em cima Brasão de Giovanna e Luigi d´Anjou, e abaixo à esquerda brasão de Mainardo Cavalcanti. À direita ainda brasão da sua esposa Andrea Acciaiuolli - cerca 1365.

(21) SUC cita como sua fonte C.Guasti, Ser lappo Mazzei, Lettere di um notaro del secolo XIV, Firenze, 1880, II, pg.387- 88.

(22) O Brasão e a figura de Aldobrandino mencionados em SUC, pg. 45. Talvez o mais antigo registro do brasão familiar Cavalcanti esteja neste selo do Cavaleiro Cavalcante Cavalcanti, pai do poeta Guido, foto abaixo. O Cavaleiro Cavalcanti podestà de Gubbio em 1257. Selo hoje no Museu Burgelo 


(23) SUC, opus cit., pg.12 e 13.

(24) O poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII é abordado em nossos trabalhos especialmente “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015.

(25) SUC, opus cit., pg. 14.

(26) Enciclopédia descreve a Igreja como hoje pode ser apreciada e afirma com detalhes: ”A sacristia no final do transepto esquerdo foi construída como Capela da Anunciação pela família Cavalcanti em 1380. Agora abriga novamente, depois de 40 anos de limpeza e renovação, a enorme pintura de Crucifixo com Maria e João Evangelista, inicialmente trabalho de Giotto. A sacristia está também embelezada com terracota vitrificada e mármore, peças de Giovanni della Robia. Os armários foram projetados por Bernardo Buontalenti em 1593. As pinturas nas paredes são assinadas por Giogio Vasari e outro pintor contemporâneo, Florence. A grande janela gótica com três “mullions” na parede do fundo data de 1386 e foi baseada nos desenhos de Niccolo di Pietro Gerini”

3- Piève di S.Pietro à Pitiana

(27) Fonte o livro de  Giancarlo Stanzani. Il Plebato di Pitiana,  Storia del territorio dalle origini al XVIII secolo".

(28) Também notícias Stanzani, Giancarlo Il Plebato di Pitiana, Storia Del territorio dalle origini al XVIII secolo". Pesquisa de Marcelo Bezerra Cavalcanti.

(29) Notícias da Piève di Pitiana em Stanzani, Giancarlo Il Plebato di Pitiana, fotos tiradas de Marcelo Bezerra Cavalcanti.

(30) Informações locais sobre a igreja, ainda fontes enciclopédicas.

(31) Conclusões do nosso trabalho “Accademia del Piano”, baseado em documentos de época obtidos na Biblioteca Nacional de Florença através o pesquisador Marcello Bezerra Cavalcanti.

(32) Informações sobre este Giovanni Cavalcanti em meu trabalho “Bartolomeu Cavalcanti” editado no blog e na revista InComunidade, ed.38, setembro de 2015.

4 - Igreja S. Giovanni dei Fiorentine (s/nota)
5 - Igreja de “Santa Maria Anunciatta” na Capraia Florentina (s/nota)
6 - Basílica do Santo Espírito

(33) Capela do Santo Espírito referida em SUC, opus cit., pg. 73, 74.

(34) Contexto da Conspiração em Torres, Rosa Sampaio - vários trabalhos editados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, já referidos na nota 18.

(35) SUC, pg. 75. Contexto em Torres, Rosa Sampaio - trabalhos sobre a Conspiração Pucci e Cavalcanti já referidos na nota 18.
(36) SUC, opus cit., pg. 74. Sobre a interpretação da imagem da Madalena na igreja de San Iacopo, ver texto e nota 3.
 (37) Trecho de Giorgio Vasari sobre as duas Marias citado por SUC, opus cit., pg. 73.

7 - Igreja de Santa Maria Madalena delle Convertite

(38) Informações em SUC, opus cit., pg. 62. Os nomes citados por SUC como artistas atuantes nesta Igreja foram Giuliano da Sangallo (Florença, c. 1443 – 1516), célebre escultor, arquiteto e engenheiro militar que havia realizado aprofundados estudos em Roma, e o pintor Andrea Botticini.  Entretanto, o nome de pintor por nós encontrado foi Francesco Botticino, florentino (1446-1498) - ainda que um artista, Andrea, apareça em uma das suas obras associado a Francesco Botticino. Seria seu parente ou auxiliar?

8 – Duomo da Catedral Metropolitana de Santa Maria del Fiore e antiga Igreja Santa Reparatta.

(39) Lista do batistério referida por Marcelo Berra Cavalcanti, ainda túmulo por ele fotografado e referendado por SUC em sua listagem de brasões do sec. XV. Na mídia eletrônica o túmulo é referido como do ano 1080 (erro?).

(40) SUC, opus cit., pg. 53. Por este trabalhos teria recebido 80 florins. Antes de 1440 Andrea Cavalcanti teria esculpido o lavabo da sacristia norte do Duomo, obra encomendada a Brunelleschi desde 1432.  De 1442 a 1445 teria feito o outro lavabo da sacristia sul, e ainda obras menores realizadas na mesma catedral.

(41) SUC, pg.54.






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