"1817"

 “ 1817 ”

                                                   O caminho para a Independência 

     Brasil – Revolução Pernambucana

  

    Em duas oportunidades havíamos abordado o tema da Revolução Pernambucana de 1817.

  Referi a atuação dos Cavalcanti de Albuquerque do ramo Suassuna em 1817 no artigo “Cavalcantis em Questão” (1). Criticava o relaxamento historiográfico referente à atuação desses importantes senhores de engenho Cavalcanti que haviam participado em ações precursoras da Independência. Lamentava não ser o assunto suficientemente abordado por nossa historiografia, talvez por preconceito em relação a estudos sobre a chamada ‘nobreza da terra”.

    Em outro artigo “O ramo do Castanha Grande”  publicado no nosso blog abordava com detalhes um episódio de 1817 ocorrido no ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque - quando o filho único da família, o seminarista Manuel teve sua cabeça à prêmio e foi mantido pelos parentes e amigos, ainda pessoas de confiança, escondido na mata durante quase um ano, até o relaxamento do Ouvidor - episódio mesmo desconhecido da historiografia, restrito à anotações familiares.

     Entretanto, durante nossa pesquisa histórica e genealógica mais recente sobre os principais ramos nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque, notamos sobretudo a grande integração de vários núcleos familiares de engenhos nordestinos, mobilizados para a realização contestadora e já urgente da Independência.

      Sinto a necessidade de sintetizar agora essas informações recolhidas ao longo dessas variadas pesquisas, para fechar o tema relativo aos ramos nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque que acabavam por desaguar no movimento de 1817 - trágico movimento fracassado de franca revolta independentista, tido atualmente como revolucionário.

     

     Se bem o papel ideológico representado pelo Seminário de Olinda, pela escola do Paraízo e mesmo pela Academia dos Suassuna em 1817 já tenha sido abordado por Denis Antonio de Mendonça Bernardes em seu livro “O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822” de 2006, bem como  o clima revoltoso com maestria descrito recentemente por Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque em seu romance  “O Seminário” de 2018, devo acrescentar neste presente artigo minha própria  visão do movimento rebelde de1817, colaborando assim  para as comemorações de seu segundo  centenário -  visão surgida  a partir dos nossos estudos genealógicos e nativistas  pela identificação de vários núcleos familiares de senhores de engenho durante as ações ocorridas  em 1817.

    Além da liderança dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna em 1817, devemos lembrar e ressaltar vários outros exemplos de núcleos familiares de senhores de engenho envolvidos nesses episódios - a colaboração da família rebelde dos  Rego Barros do engenho Trapiche; da senhora de engenho Ana Lins do engenho Senimbú, dos senhores do engenho Serinhaém; do Flamenguinha e Unussu em Alagoas; o de Pedreira, dos quatro irmãos Lins Cavalcanti;  ainda o núcleo da família Andrade Lima do audaz “Leão Coroado”;    da família do engenho Bonito, o   herói Amaro Coutinho; o apoio da senhora  do engenho S. Bartolomeu, Rita de Cássia na Muribeca; sobretudo a atuação  dos tenazes Albuquerque Maranhão do engenho  Cunhaú no Rio Grande do Norte. Especialmente notável  a participação de membros da família Albuquerque Maranhão,  martirizados na repressão de 1817. 

 

   Pelo menos onze foram os núcleos familiares nordestinos ligadas à produção açucareira que levantamos e agora referimos, núcleos sempre em intensa preparação para a ação, mobilizados em apoio á Revolução - devemos enfatizar levados sobretudo por interesses maiores, tentado colaborar já em ultima instância para realização da própria Independência brasileira. Senhores donos de engenho idosos, senhoras colaboradoras e indignadas, numerosos filhos, netos e sobrinhos ainda muito jovens, cunhados e afins, todos envolvidos na ação.

    Devemos entender que estas famílias, especialmente as mais tradicionais e antigas de donos de engenho nordestinos, tinham índole muito aguerrida nas lutas ligadas ao estabelecimento e à formação colonial - sobretudo sofrida  pela longa vivência na defesa contra as invasões estrangeiras – que inclusive envolveu intensa participação feminina.

   Famílias que haviam passado por intensas e prolongadas conspirações, longos preparativos visando reagir às invasões francesas e holandesas; participado com imensos sacrifícios na demorada e exaustiva luta final pela expulsão holandesa  –posteriormente à esta guerra se atrevido em confrontos até mesmo de caracter pessoal e  anárquico já contra  autoridades portuguesas -  como os protagonizados pelo idoso  Jorge Cavalcanti  no século  XVII que morreu na prisão contestando autoridades portuguesas por pretensões econômicas ainda  mais abusivas do que as dos holandeses (2).     

      Estas famílias haviam atuado em confrontos precoces não só contra abusos coloniais, mas também  já por Republica , por ocasião de  violenta “fronda da nobreza da terra” que  marca o começo do sec. XVIII em Pernambuco – ainda  sérios conflitos nitidamente nativistas  no Rio de Janeiro e Bahia. A Inconfidência Mineira (1789), a Revolta Baiana e de negros (1796) - experiências sempre traumatizantes pela severa repressão das autoridades portuguesas (3).       

      Assim sendo, as trocas de nomes de vários ramos de Cavalcanti de Albuquerque para denominações indígenas, fato comprovado em nossa ultima pesquisa, revela no sec. XVIIII o estabelecimento de uma  simbologia nativista que não nos surpreende - apenas mais uma vez nos comove.

     Este sentimento profundamente nativista - em especial na família Cavalcanti de Albuquerque - aos pouco espraia-se em migração por todo o Brasil através os nomes indígenas adotados – mantendo  esse processo de “independentização” latente e gradativo, na forma simbólica de uma  volta ao passado mítico, ao  culto aos antepassados indígenas -  fato percebido e abordado por Antenor Nascente, comentado em trabalho nosso recente (4).

  

    Identificaremos a seguir em itens específicos alguns núcleos e episódios em que se destacam senhores de engenhos e famílias tradicionais nordestinas “aguerridamente” nativistas no passado, ainda ao começo do século XIX empenhadas na tentativa da Revolução Pernambucana  de 1817 – episódios que ocorrem já num contexto internacional novo, de ideais provenientes da Revolução francesa e americana com influência social  e mesmo da própria  maçonaria. Esses episódios, entretanto, não podem ser desligados das raízes de nossa Historia colonial passada, ainda da nossa   genealogia – proposta para a qual gostaríamos de chamar a atenção da historiografia contemporânea.  

  Sobretudo não podemos deixar de observar que estes episódios ocorridos em 1817 envolvendo numerosos senhores de engenhos conheceu repressão também severíssima - aos molde das repressões coloniais de governança portuguesa  por ocasião da “fronda” contra autoridades portuguesas e mascates,  da  Inconfidência mineira e das revoltas baianas e negras -  inúmeros cidadãos colocados à ferros, exilados,  sacrificados no patíbulo, enforcados e até mesmo depois esquartejados – sem falar dos castigos de açoites públicos, preferentemente sobre os mais humildes, negros e mulatos envolvidos (5).

 

1- O núcleo Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna, liderante entre 1801 e  1817.

  

   Sem dúvidas, o mais importante núcleo familiar de engenho, núcleo sem duvidas liderante  entre 1801 e 1817 foi o  do engenho Suassuna – a nosso ver ainda hoje pouco estudado por nossa historiografia. Por estes motivos   dedicamos a ele  um espaço bem maior que os demais, o que não impedirá de realizarmos adiante trabalho ainda mais exaustivo.      

   O núcleo do engenho Suassuna foi aparentemente liderado em suas ações rebeldes  por Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1760-1827), o alcunhado e famoso “Coronel Suassuna”, ainda seus velhos pais, seus  irmãos -  envolvendo até mesmo suas irmãs, cunhados, jovens filhos, sobrinhos  e afins.

   Este núcleo rebelde já havia sido penalizado em uma conspiração independentista anterior, descoberta em 1801 - ampla conspiração de que participaram esses proprietários do engenho Suassuna.

   A família novamente comprometida por atuação de vários de seus membros na Revolução Pernambucana de 1817.   O “Coronel Suassuna” agora uma segunda vez preso com membros da sua família por liderar, como General de Divisão, as tropas rebeldes da pretendida Revolução

    Sem pretender esgotar o tema, temos como objetivo neste primeiro item do artigo caracterizar o melhor possível as personalidades Cavalcanti de Albuquerque deste ramo  Suassuna, bem como demonstrar suas peculiaridades “sdegnosas” -  característica típicas da família Cavalcanti de muito antiga origem italiana, procurando  integrar estas características peculiares ao contexto amplo da nossa própria história colonial. Sobretudo, visamos apresentar sua continua atuação política rebelde, pertinaz e sincera, sobretudo já muito experiente nos primeiros anos do século XIX  (1).    

      Esses Suassuna eram originários de um ramo Cavalcanti de Albuquerque particularmente precoce no processo de formação nativista, indignados não só com a dominação holandesa no sec. XVII, mas já também com a prepotência portuguesa (2). 

    Ressaltamos que esses Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna eram descendentes diretos, por ambos os lados, paterno e materno, de Antonio Cavalcanti, o da Guerra - o líder da conspiração contra os holandeses para a efetivação da  Restauração contra o invasor -  líder precocemente falecido em 1646 com suspeição da familia  de ter sido assassinado pelo seu rival político, o  reinol madeirense  João Fernandes Vieira.

    Eram os irmãos Suassuna, portanto, pelo lado paterno do seu patriarca Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque (1731-?) descendentes deste precursor nativista Antonio “da Guerra” – atravez sua  filha Isabel Albuquerque casada com Jerônimo Fragoso de Albuquerque,  o neto Jerônimo C. de A., o bisneto Antonio C. de A., e a trineta Ana Cavalcanti casada com Francisco Xavier Bernardino.

    De outra filha de Antonio “da Guerra”, irmã de Isabel Albuqerque, Leonarda, descendia o clã colateral Bezerra Cavalcanti – Leonarda casada com Cosme Bezerra Monteiro, membro também de família formadora e aguerrida na luta holandesa, especialmente nativista. Os Bezerra Cavalcanti foram os grandes heróis e mártires nativistas da Guerra dos Mascates de 1710. O cel. Leonardo Bezerra Cavalcanti mazombo por exelência,  severamente punido à ferros e exilado - sempre indignado com a dominação portuguesa, até a sua morte (3).  

   Pela parte materna, os irmãos Cavalcanti Suassuna eram descendentes de Felipa Cavalcanti de Albuquerque, ela neta do próprio Antonio “da Guerra” – o  famoso herói nativista, líder conspirador que levantara os pernambucanos contra os holandeses iniciando a guerra da Restauração em 1645 (4).  

  

   Sabemos que uma séria conspiração desses atrevidos Suassuna fora delatada em 1801, e teria chegado a preconizar a tomada de Napoleão como protetor de possível movimento independentista -  o momento político internacional de guerras napoleônicas  tido pelos conspiradores como oportuno. Neste sentido haviam eles mantido  até mesmo contatos com organizações maçônicas francesas em 1801, fatos confirmados por vários autores entre eles o militar Sylvio de Mello Cahú em 1951 (5). Lembramos que a solicitação de auxílio externo e a busca de auxílio estrangeiro não constituíam fato inédito em nossa História, pois na antiga conspiração liderada pelo ancestral Antonio da Guerra que preparara a Restauração em 1645 , pela falta e demora  de auxílio vindo do governo da Bahia haviam admitido   e  mesmo desejado o auxilio externo europeu (6).       

     Em nossa historiografia são citados como os líderes na conspiração Suassuna delatada em 1801 o capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, dono do engenho “Suassuna”, ainda seus filhos - José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque e Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque. 

    Entretanto, devemos observar que sòmente o cap. Francisco de Paula e ainda um outro irmão, Luíz Francisco foram por ocasião da descoberta da conspiração, interrogados e presos,   mantidos posteriormente em prisão por cerca de um ano e meio  (7). O irmão mais velho, José Francisco, que estava à negócios em Portugal e residia na época em Lisboa não fora preso, mas relevante na conspiração sua correspondência com o irmão Francisco de Paula que foi vasculhada vasculhada.João Francisco  não chegou  a ser implicado ou preso - oportunamente refugiando-se   na Inglaterra.

   A devassa ocorreu em sigilo tendo em vista a  importância social dos envolvidos, fato logo percebido por nossos cronistas (8).       

  Notado ainda que o nome Holanda desses conspiradores do engenho Suassuna lhes chegava também pelo menos da segunda ligação dos Cavalcanti de Albuquerque com os prestigiados e experientes membros da família Holanda – família igualmente de antigos formadores em Pernambuco, ainda com exemplos no passado de atuação nativista (9).  Francisco de Paula, o cel. Suassuna, ainda mais casado nesta geração com a jovem Maria Rita da 8ª geração dos Holanda Cavalcanti - filha de Antonio Cavalcanti de Albuquerque (da 7ª geração do tronco Holanda) casado com Maria Manoela de Mello (10).      

     Outras três moças, as irmãs Suassuna da geração da conspiração, teriam adiante seus maridos envolvidos, e foram ela, segundo a genealogista Bittencourt com nossos acrescentamentos:

    - Mariana Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque casada o Dr. Francisco Rego Barros - ele senhor do engenho Trapiche no Cabo, onde ocorrerá batalha em 1817, de família no passado tradicionalmente aliada dos Cavalcanti em ação nativista. O filho do casal muito jovem, Francisco Rego Barros com apenas quinze anos (1802-1870) atuou em 1817, com futuro anda notável - a família também envolvida em 17 pelo da família certamente Joaquim José Rego Barros, que formou entre outros o governo revolucionário como coronel de milícias (11).  

                                                                        

- Outra irmã foi Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque - casada com o dono de engenho Joaquim Vaz Salgado. Este também irá participar de 1817 e nesta ocasião assinou também até mesmo o ato de formação do Governo (12).

 

- Ainda Tereza Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, casada com o rico e poderoso mestre de campo Garcia de Ávila Pereira de Aragão da casa da Torres de Garcia d´Ávila, com vastas propriedades na Bahia - ele irmão do futuro lutador e indepedentista Barão da Torre em 1822, o casal com um filho nascido coincidentemente em 1801 (13).    

    Pelo prestígio que a família Suassuna gozava na sociedade nordestina - podendo servir ainda de exemplo perigoso - a devassa da conspiração de 1801 correu em segredo, mesmo ouvidas mais de oitenta e quatro pessoas - numero que dá a medida da conspiração ampla que se tramava.

     As cartas trocadas entre Francisco de Pádua e seu irmão José Francisco, em estadia em Portugal - e mesmo uma carta trocada com senhora das relações de José, carta amorosa, teriam sido vasculhadas cuidadosamente pelas autoridades. Estas cartas haviam sido delatadas por um amigo que ficou a par do conteúdo.

   

     Na verdade, esses conspiradores da família Suassuna estavam ligados a uma ampla base social de apoio, bem como à primeira loja maçônica fundada no Brasil. Aparentemente seguiam a inspiração e as idéias do “Aerópago de Itambé” – loja maçônica precursora, sociedade secreta com ritos franceses e ideais políticos preconizados pela revolução francesa - luta pela igualdade, liberdade e fraternidade - funcionando estrategicamente a partir da cidade de Itambé (limítrofe entre Pernambuco e Paraíba). Não admitindo a participação de europeus em seus quadros, o Aerópago foi não por acaso fechado, após a descoberta da Conspiração (14).   

    Com dois de seus membros detidos por ano e meio, abalados economicamente pelo arresto de seus bens - bens na verdade depois devolvidos – suas estadias na prisão aparentemente teriam feito ainda mais crescer entre os membros Suassuna a indignação e os sentimentos “sdegnosos” de rebelião e independência. 

    Mesmo depois de na corte conseguidas honrarias e fidalguias para a família, talvez para abrandar seus ímpetos independentistas bem como da elite nordestina - o irmão José mesmo nomeado governador no Rio Grande do Norte - os Suassuna continuaram conspirando.

 

    Texto do qual não temos as fontes, mas ao qual damos fé, pois organizado pelo conhecido escritor Paulo Santos de Oliveira, registra os benefícios recebidos pela família:

 “Solto, Luiz Francisco conseguiu o posto de coronel do Regimento de Infantaria de Olinda e Francisco de Paula retomou o comando da freguesia do Cabo. Em 1804, este último também se tornou capitão de ordenanças de Jaboatão e cavaleiro da Ordem de Cristo, pela contribuição de cinco contos de réis para despesas extraordinárias da coroa. No ano seguinte, foi nomeado capitão de Olinda, e, três anos depois, elevado a cavaleiro da Casa Real, como seu pai tentara e não conseguira” (15). 

    O cargo de governador obtido pelo irmão José Francisco é confirmado por órgão do governo do Estado do Rio Grande do Norte.

   No passado sabemos que várias vezes já haviam ocorrido episódios rebeldes que haviam gerado grande desconfiança das autoridades portuguesas em relação à família Cavalcanti, especialmente associada aos Rego Barros em 1666 e que já haviam atuado unidos por ocasião da “Conspiração do Nosso Pai”, episódio rebelde contra o governador português que quase havia provocado o envio de dois jovens dessas famílias para julgamento em Portugal. Assim sendo, não sabemos se houve registro em Portugal desta solicitação de fidalguia do patriarca da família Suassuna, anteriormente negado (16).         

     Portanto, mesmo após receberem benefícios e fidalguias a Academia dos Suassunas continuou funcionando em reuniões e jantares no engenho familiar, reuniões que identificamos como aparentemente despistadoras das novas confabulações - à espera provavelmente do melhor momento para a ação.   Em “reuniões inocentes” regadas à vinho, certamente ainda eram discutidas questões relativas ao futuro da Colônia e à escolha da oportunidade para a sedição (17).

     Sabemos que no passado, o ardiloso Antonio “da Guerra” igualmente havia participado e mesmo convivido socialmente em reuniões palacianas com os holandeses para obter informações sigilosas (18).

  

   Já próximo de 1817 os contatos com autoridades nos EUA e mesmo “bonapartistas” aí refugiados - desejosos de soltar Napoleão neste momento exilado na ilha de Sta. Helena - são também comentados por Sylvio de Mello Cahú baseado no artigo “Napoleão I no Brasil”, publicado pela revista do Instituto Histórico Pernambucano (19).      

   O Pe. Dias Martins autor de uma obra escrita vinte anos depois desses fatos, “Os Mártires Pernambucanos”, já reporta e enaltece os propósitos e os auxílios prestados pelos Suassuna aos conspiradores em seu engenho:

 “Depois desta incompreensível época de glória e de ruína [sua prisão em 1801] o publico se admirou vendo o grande Suassuna cada vez mais infatigável, se bem mais circunspecto, em cultivar, propagar e arraigar a ciência oculta da liberdade: o seu engenho – Suassuna - converteu-se numa brilhante Academia, onde os adeptos e aprendizes não só da província e nacionais, mas ainda estrangeiros, achavam luz, agasalho, e subsídios....”.

  Certamente Dias Martins referia-se ao cel. Suassuna, Francisco de Paula, e não ao seu velho pai. Mas toda a família naturalmente envolvida nos preparativos da Revolução de 1817.  

 

   A partir de 1793, data do nascimento do seu primeiro filho, o “Cel. Suassuna”, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, casado na família Holanda com Maria Rita de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, desenvolvia sua própria prole. Os Cavalcanti de Albuquerque mais uma vez, a terceira, se uniam à família prestigiada dos Holanda em Pernambuco - família com passado também nativista, envolvida na guerra Mascates, E agora a nova geração preparava-se igualmente para a ação.

  Certamente o cel. Suassuna agora tentava atrair esta geração de seus parentes Holanda para sua causa, ao mesmo tempo em que mantinha ainda seus contatos com oficias maçons. 


  Participaram da revolução militar em 1817 com o cel.Suassuna mais uma vez o velho patriarca, seu irmão Luis Francisco no comando de tropas como coronel, o irmão mais velho José Francisco - ainda dois de seus filhos rapazes, jovens Tenentes –além do muito novo sobrinho Rego Barros e o cunhado Vaz Salgado A presença do seu irmão José Francisco no “campo de luta” é referida por Bittencourt, opus cit. pg. 299 (20).    

    O Suassuna convidado para o posto honroso e de responsabilidade de General de Divisão.

   Seus esforços sem dúvida sinceros pelo movimento chegaram a colocar risco a vida de vários membros da sua família, e possivelmente um parente tenha morrido durante o ataque no eng. Pindoba, onde as tropas revolucionárias de Martins enfrentaram o inimigo governista de surpresa e foram massacrados – seu corpo mutilado, em episódio de todo ainda não bem esclarecido (21).

   Em que pese os elogios ao Cel. Suassuna, registrados pelo Pe. Dias Martins em “Os mártires Pernambucanos”, o historiador militar e Major, Sylvio de Mello Cahú, em seu livro “A Revolução Nativista de 1817” é extremamente severo em suas apreciações sobre as ações militares do gen.Suassuna e de seu irmão, o cel. Luiz Francisco (22).    

   Frente à disparidade e divisão das forças, bem como a própria ambigüidade ideológica no interior do movimento - ambigüidade certamente já percebida e antevista pelo próprio General  Suassuna -  ocorre o fracasso inevitável da Revolução  -  fato que ele infelizmente não poderia evitar sem a ocorrência ainda de maiores desgraças.

   Por fim, o cel. Suassuna foi mais uma vez preso - implicado agora no movimento que tomava sem duvida um nítido caráter social revolucionário.  

 

      A revolução convulsionara o nordeste brasileiro, especificamente Pernambucano em 6/7 de março de 1817, Paraíba (16 de março) e no Rio Grande do Norte (28 de março).       

      A revolta vitoriosa estendera-se rapidamente, e no dia 7 de março de 1817 o Padre Roma (José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, 1768-1818, teólogo, filosofo, adepto das idéias iluministas, já secularizado) e outros revoltosos organizaram reunião em que foi votado o Governo Provisório, composto por cinco membros representantes das classes - um representante do exército, um do clero, um do comércio, um da agricultura e um das magistraturas.

    Porém, a Revolução foi vencida militarmente logo em 19 de maio do mesmo ano, e a onda repressiva gerada pelo movimento atingiu também o Ceará, Alagoas e Bahia - onde foi fuzilado o seu considerado líder maior, o Pe. Roma, pelo Governador Conde dos Arcos.

     O general Suassuna, seu irmão o cel. Luis Francisco, ambos pela segunda vez presos em Recife, ainda seu filho mais velho enviados com os outros detidos de navio e sob ferros para a Bahia.   

   Os presos enviados para a Bahia apenas deixaram a prisão em 1821, quatro anos depois - anistiados após a revolução constitucionalista do Porto em 1820. 

 

   Pela situação social de prestígio dos Suassuna e mesmo dos parentes afins que haviam atuado no movimento revolucionário de 1817 - ocasião, agora, extremamente comprometedora - é natural tenha esta nova atuação rebelde da família sido mais uma abafada pelas autoridades portuguesas para evitar, pela influência da família, possível propagação das posturas não só independentistas, mas agora já socialmente revolucionárias.

 

   Entretanto, ocorre nestes tempos de conspirações e luta na família ainda um fato curioso.

   Segundo a tradição oral que hora nos chega pela atual geração dos Suassuna, uma senhora da família, d. Mariana Correia de Albuquerque, casada com Raymundo Francisco Salles C. de A. e que habitou o engenho (irmã de Felipa C. de A. a idosa proprietária? esta senhora também herdeira pelo seu nome Correia?) teria sugerido pelos motivos de entusiasmo nativista também a adoção do nome Saussuna para os demais membros de sua pequena família - nome indígena, significando veado negro - denominação do riacho próximo ao engenho, onde a família ainda indica uma batalha (?), um enfrentamento - possivelmente contra os holandeses no sec. XVII, quando era ainda propriedade de João de Barros Correia (23).

     Há notícia de que este Engenho Suassuna foi invadido pelos holandeses em um dos assaltos à Muribeca no sec. XVII, quando o engenho pertencia ainda a este João de Barros Correia, filho de Fernão Soares (24).  

    Da progênie dessa Mariana são originadas as gerações seqüentes de membros da família Suassuna que não foram, porém, depois nobilitadas pelo Império.

 

    E, dando seqüência à atuação rebelde dos Cavalcanti de Albuquerque Suassuna e Rego Barros, famílias que no passado haviam ainda atuado juntas na guerra dos Mascates, devemos lembrar que o muito jovem e também “sdegnoso” Francisco Rego Barros, sobrinho dos irmãos Suassuna, que com quinze anos alistara-se em 1817 no Regimento de Artilharia de Recife, posteriormente ainda participou na chamada Revolução de Goiana de 1821 – um novo levante contra autoridades portuguesas - agora contra o governador indicado pelos realistas, mais uma vez atrabiliário e muito rigoroso na repressão, o Gen. Rego Barreto - sendo que o jovem Rego Barros foi mesmo enviado preso para julgamento em Portugal, só retornando em 1823 (25)

   Trabalho recente não refere o episódio da prisão de Francisco Rego Barros no episódio de Goiana em 1821, mas chama nossa atenção também a participação de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque no celebrado acordo de Beberibe. O autor da tese não deixa claro se refere ao filho já adulto do gen. Suassuna, mas acreditamos nesta possibilidade (26). 

  É certo que a tenaz ação rebelde Suassuna irá ainda se prolongar adiante pela participação deste filho mais velho do general revolucionário - Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880) – que tentou continuar atuando pelo processo de autonomia pernambucana depois da Independência, e fez parte da “Junta dos Matutos” - episódio transitório de governança pernambucana entre outubro de 1822 a dezembro de 1823 - governo que se segue ao governo da convenção de Beberibe de Gervásio Pires Ferreira (presidente entre outubro de 1821 e outubro de 22) (27).  

   Não por acaso, os quatro filhos descendentes do coronel ou general revolucionário Suassuna - descendentes desta família tão atuante, “sdegnosa’ e entusiasta nativista contra as autoridades portuguesas – após a Independência tenham sido atraídos e convocados para a formação de quadros de administração do Império, tornados figuras de relevo. Extremamente ilustrados e educados na Europa, muito prestigiados, foram esses jovens da nova geração Suassuna atraídos e reconhecidos, escolhidos para interlocução e administração do novo Império, em seguida nobilitados.

    Em suas novas funções acabam eles, pelo fato de serem cinco e muito bem preparados, por exercer grande influência no jogo do poder político frente ao Imperador (28).   

   Há, entretanto, toda uma descendência desta linha familiar Suassuna, que apesar de não ter sido nobilitada ou exercido funções de preeminência, continua até hoje usando o prestigioso sobrenome Suassuna.

   Essa descendência deu seqüência aos méritos da família, especialmente através a obra literária do celebrado escritor Ariano Suassuna (29).

  

2 - A ação rebelde do extraordinário núcleo Rego Barros do engenho Trapiche em 1817 em auxílio aos Suassuna.

 

    Há muito os Rego Barros eram aliados dos Cavalcanti de Albuquerque em sua luta contra os holandeses e posteriormente na luta nativista, apresentando também feitos e trajetória igualmente notável.

    Mariana Cavalcanti de Albuquerque – uma das filhas e irmã do clã Cavalcanti de Albuquerque Suassuna foi mais uma vez casada na família dos Rego Barros com Francisco Rego Barros, senhor do engenho Trapiche, engenho até mesmo cenário do mais sério conflito militar do período revolucionário de 1817.

    Seu marido, Francisco Rego Barros, era de família formadora e muito sofrida durante a ocupação holandesa - família nativista, descendente do “mazombo” João do Rego Barros - ancestral preeminente que mesmo idoso com os seus familiares participara decidido da “fronda” contra mascates e autoridades portuguesas em 1710, sofrendo o clã punições vexatórias, morrendo o patriarca na prisão (1).     

      A família Rego Barros anteriormente ao casamento de Mariana já unida aos Cavalcanti de Albuquerque do ramo Suassuna pela própria matriarca Felipa, citada pela fonte Geni como irmã de Francisco Rego Barros do engenho Arariba – no caso um tio-avô do muito jovem filho do casal Mariana e Francisco - outro Francisco Rego Barros nascido em 1802 (2).

   Em 1817 pelo exemplo de envolvimento familiar acirradamente contestatório, este muito jovem filho de Mariana, sobrinho dos irmãos Suassuna, e do mesmo nome de seu pai, Francisco, com apenas quinze anos já se havia mobilizado e alistara-se no Regimento de Artilharia de Recife. Possivelmente pretendia atuar em companhia do seu parente (seu tio ?) Joaquim José da Cunha Rego Barros (1775-1818) - este até mesmo depois  responsável pela  formação  do governo revolucionário de 1817 como Coronel de Milícias  (3). 

   Em 1817 o engenho Trapiche dos Rego Barros fora cedido e ocupado pelas tropas do governo rebelde comandadas pelo agora gen. Suassuna, certamente com a concordância de cunhado e dono, Francisco Rego Barros.

   Nas terras deste muito antigo engenho, com belíssima igreja dedicada a S.Francisco, travou-se por fim em 13 de maio de 1817 o mais sério enfrentamento das tropas rebeldes com as forças do general realista Gorgominho - enfrentamento que durou todo um dia.

      Pelas forças muito desproporcionais (quatro para um), o Suassuna como General de Divisão decidiu então recuar após consultar seus oficiais, sem conseguir, porém realizar a manobra de modo ordenado (4). 

     Entretanto, o jovem Francisco, sobrinho do general Suassuna, mesmo acompanhando o fracasso de 1817, já no ano de 1821 estaria de novo em ação e teria ainda mais uma vez participado como cadete do episódio de insubordinação independentista ocorrido em Goiana nesta data - movimento que por um atentado determinou a deposição do então governador gen.  Luís do Rego Barreto  - este General tido como muito rígido na repressão de 1817, especialmente sobre a população mais modesta em geral punida com açoitamento, e mesmo com os rebeldes retornados por anistia vindos da Bahia.

   Francisco por este envolvimento agora preso, severamente enviado para julgamento em Portugal, onde permaneceu até 1823. Os castigos físicos sofridos pelos populares na época são comentados pelo historiador Denis Antonio de Mendonça (5).   

    

   A biografia deste jovem lutador é referida pela fundação Joaquim Nabuco e confirma o acima resumidamente acrescentando: já em 1817 ele com apenas quinze anos alistara-se no Regimento de Artilharia de Recife. E, em 1821, cadete do Exército no mesmo batalhão teria participado da Revolução de Goiana, que em outubro daquele ano depõe o Capitão General Rego Barreto - tido como autoridade muito rígida na repressão de 1817 e com os rebeldes retornados por anistia da Bahia. Por este motivo o jovem Francisco teria sido preso, enviado para o Forte São João da Barra, em Lisboa, Portugal, onde teria permanecido até 1823. Mais tarde com a Independência desenvolvido carreira política no Império de grande sucesso, tornado conde da Boa Vista em 1866.

   Acrescenta a Fundação: “Uma vez liberado, ele viajou para Paris, graduando-se em Matemática.... Em seu retorno a Pernambuco, dedicou-se à política. Com apenas 35 anos de idade, em 1837, foi nomeado Presidente Provincial de Pernambuco, permanecendo no cargo até 1844. Em 1842, recebeu o título de Barão, promovido ao Visconde em 1860 e elevado ao Conde de Boa Vista em 1866. Foi eleito senador em 1850 e, em 1865, nomeado Presidente Provincial do Rio Grande do Sul, acumulando as funções de Comandante de Armas... essa província já envolvida na Guerra do Paraguai”. Francisco faleceu em Recife em 1870.

 

   Tese de mestrado de 2005 da autoria de Juliana Ferreira Sorgine pelo Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro que estuda o episódio ocorrido em Goiana não refere a prisão de Francisco Rego Barros nesta ocasião, mas chama a nossa atenção para a participação, no acordo celebrado em Beberibe, de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, filho do Suassuna.

     Afirma a autora da tese:

     “A pacificação do confronto armado estabelecido entre os aliados do governo de Rego Barreto e os partidários da Junta de Goiana foi acertada por intermédio de Gervásio Pires Ferreira e Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, na chamada Convenção de Beberibe, em 5 de outubro de 1821. Ambos os intermediadores participaram da insurreição de 1817, e se reconheciam como representantes do “liberalismo” pernambucano, o que no cenário pernambucano que se seguiu a 1817, significava dizer que eles mais se opunham à política de [do governador] Rego Barreto, do que exatamente defendiam os ideais revolucionários que nortearam a formação do governo em 1817”.

     Em nota de no pé de página, entretanto, a autora reconhece a gravidade do possível enfrentamento: “[Beberibe] Região entre o Recife e Olinda onde as forças arregimentadas pela Junta de Goiana estacionaram, com o propósito de atacarem as forças de Rego Barreto vindas do Recife”.  Houve, portanto, no episódio de Goiana uma quebra séria de hierarquia em algum momento anterior, e ainda que mesmo acordados posteriormente é provável que o jovem Francisco Rego Barros tivesse sido preso entre muitos outros por esta séria insubordinação, mesmo um atentado, enviados como punição para Lisboa.

       Evaldo Cabral de Melo em seu livro “A outra independência”, de 2004, usando fontes de jornal, refere que houvera na verdade um ato de séria insubordinação da tropa em Goiana em relação ao governador (1821) e afirma que foram 42 homens embarcados para Portugal entre eles o morgado do cabo Francisco Paes Barreto e José Barros Falcão de Lacerda. Acreditamos que Francisco Rego Barros tivesse sido embarcado entre eles (6).

   

    O núcleo familiar resistente desses Rego Barros, e a própria figura deste jovem pertinaz nativista, merecem estudos mais aprofundados – os episódios ocorridos em Goiana em 1821 ainda não bem enfrentado pela historiografia - Francisco punido, embarcado e enviado preso para Portugal – fato em tudo semelhante às punições nativistas do passado sofridas pelos Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates.

 

3 - A rebelde Ana Maria José Lins, senhora do engenho Sinímbu e sua família.

 

    Não podemos esquecer a ação em 1817 dos descendentes da família Lins - produtores de açúcar aqui chegados muito antes da invasão holandesa, provenientes da região da Bavária - família que se tornara notória no passado por um episódio familiar conspirativo ocorrido contra os holandeses.

  

   No passado, em 1638 durante a ocupação holandesa a senhora D. Jerônima de Almeida Lins por ter incentivado seus filhos à luta contra os holandeses chegou a ser presa com seu marido Rodrigo de Barros Pimentel por conspiração, e até mesmo condenada à degola pelo governador holandês Maurício de Nassau – sendo, entretanto favorecida pela intermediação de senhoras de prestígio luso-pernambucanas, a custo de muitas caixas de açúcar - e em tempo perdoada. 

   

           Relata o historiador:

      “Em 1638, o fidalgo Rodrigo de Barros Pimentel, dono do engenho “Santo Antonio”, no Cabo, e do “Morro”, em Porto Calvo, foi mais uma vez preso, desta vez com sua esposa, D. Jerônima de Almeida Lins, descendente das famílias Linz e Holanda - marido e mulher acusados de conjura contra o domínio holandês e de abrigar campanhistas luso-brasileiros. D. Jerônima por ter incentivado seus filhos à luta de resistência foi mesmo, nesta ocasião também presa, com outros ameaçada de decapitação - inocentada com o auxílio de “senhoras portuguesas” que ofereceram a Nassau muitas caixas de açúcar” (1)

 

        D. Jerônimo de Almeida Lins, descendente de Cristovão Lins era, portanto, uma antepassada da jovem senhora Ana Maria José Lins (2).

      Esta linha dos Lins de Vasconcellos a partir de Cristovão Lins casado com Adriana de Holanda em sua seqüência chegara à esta senhora de engenho, D.Ana Maria José Lins (1764-1839) proprietária no engenho Sinimbu em Alagoas - senhora ainda aguerrida á exemplo de sua antepassada que expressou neste fim do sec. XVIII posturas radicais independentistas e republicanas, e que havia até mesmo adotado para a família o próprio nome de seu engenho, o nome indígena “Senimbu” - camaleão em tupi – mudança do nome de família como já notamos também “adotado na fase do nacionalismo dos tempos da independência” também por vários ramos de Cavalcanti de Albuquerque (3)      

    Esta segunda figura feminina notável entre os Lins - Ana Maria José Lins - nossa História já ressalta era a quarta neta do casal original Cristovão Lins e Adriana de Holanda, filha de João Lins de Vasconcellos do Engenho do Meio e sua mulher Inês de Almeida Pimentel (4).  

    Esta brava senhora acompanhada por seu marido, o capitão-mor de Porto Calvo Manoel Vieira Dantas, a partir do seu engenho Senimbu foi acusada de proselitismo por ocasião dos dois movimentos independentistas e republicanos, o de 1817 e mesmo o de 1824, este já nitidamente Republicano em Alagoas - repressão que o casal por fim enfrentará em conflito até mesmo armado, presos e escapando da pena de morte por fuga da prisão e posteriormente por anistia.  O filho do casal com cerca de quatorze anos e que teria acompanhado a mãe na prisão já levava o nome nativista adotado pela família - João Vieira Cansanção do Sinimbu (5).

         Os episódios de que participou Ana Maria José Lins entre os 1817 e 1824 merecem ser aprofundados, pois são apenas abordados nos trabalhos de Esaura Quixabeira Rosa e Silva, ainda Edilma Bonfim e Divaldo Suruagy (6). 

       Podemos acrescentar que João Vieira Cansanção do Sinimbu (1810 - 1906), o jovem preso com a mãe em 1817, tornou-se em 1888 por seus inúmeros méritos, inclusive formado em universidades européias e falando correntemente cinco idiomas, com muitíssimos serviços prestados ao governo do Império - Visconde de Sinimbu. Foi Presidente da província de Alagoas, do Rio Grande do Sul e da Bahia, membro do partido Liberal e especialmente presidiu o 27º Conselho de Estado, ocasião em que ocupou interinamente alguns ministérios de 1878 a 1880, ainda atuando como Conselheiro do Império (7).   

    A filha do casal rebelde, Ana Luiza (Lins) Vieira de Sinimbú foi posteriormente casada com Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão – este da linhagem de Isabel Cavalcanti e dos Albuquerque Maranhão - deste modo reforçando e homenageando, já no período Imperial, as características nativistas de três vertentes familiares formadoras e nativistas – os Lins, Cavalcanti de Albuquerque e Albuquerque e Maranhão (8).

 

4 - O núcleo dos quatro irmãos Araujo Lins Cavalcanti oriundos do engenho de Pedreiras (Itamaracá)

    Nucleo  descendente de lutadores na Restauração e de atuantes na Franda de 1710 .

    O historiador Denis Antonio de Mendonça Bernardes em seu livro “O Patriotismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822” refere o papel preponderante nas proximidades do ano 1817 do conspirador e ativista político Francisco Xavier de Morais, freqüentador muito ativo das rodas conspirativas que se reuniam na maçônica Academia do Paraízo.

  Em nota de rodapé o autor refere ainda seus outros três irmãos, todos Lins Cavalcanti e que haviam também participado do movimento de 1817 - dois deles padres, o outro capitão-mor em Goiana.

       Intrigados com esta indicação de Denis Bernardes, tentamos identificar o núcleo familiar desses quatro jovens que haviam sido punidos em 1817 -  dois deles capitães-mor  e  dois deles religiosos,  membros desta mesma família Lins que já observaramos no item anterior tão atuante em 1817. Descobrimos que o núcleo destes quatro jovens era também descendente de Amador Araujo Pereira, o herói restaurador que na guerra holandeza levantara  Ipojuca em 1645 (1)

     Francisco Xavier de Morais constamos era descendente da família Lins Cavalcanti e Wanderlay, cap. mor de Igaraçu, cavaleiro do Habito de Cristo, irmão do Pe. Antonio José Cavalcanti Lins - este coadjutor do pároco da matriz do Santíssimo Sacramento no bairro de Santo Antonio. O pároco, o outro irmão, Luis José Cavalcanti Lins, que  também era da Ordem de Cristo e  capitão – mor de Goiana. Segundo o Historiador Oliveira Viana este teria sido maçon e ido a Lisboa em 1807 para, em Pernambuco, abrir loja maçônica em 1809 (Oliveira Viana, notas ao livro de Muniz Tavares, pg 143).   O pároco, seu outro irmão, Luis José Cavalcanti Lins.  O quarto irmão Luiz José Cavalcanti Lins também da Ordem de Cristo era capitão – mor de Goiana.

   Esses quatro irmãos envolvidos na revolução de 1817 presos naquela ocasião (2).

   Um dos irmãos, o Pe. Antonio José Cavalcanti Lins chegou mesmo a suicidar-se na fortaleza das Cinco Pontas e os outros três irmãos enviados presos para a Bahia, somente deixando a prisão quatro anos depois, em 1821 - anistiados depois da revolução do Porto (3).

   Por documentação descobrimos que estes quatro jovens eram filhos do bacharel Manoel de Araújo Cavalcanti, que encontramos depois de muitas pesquisas homônimo de seu avô da 6ª geração, Manuel de Araujo Cavalcanti (1686), descendente do herói nativista de Ipojuca, Amador Araujo, casado com Brásia Cavalcanti Bezerra, dos aguerridos Bezerra, também muito atuantes na Fonda de 1710.– Esta correlação familiar só nos foi possível realizar  pela presença do nome deste filho, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque na lista genealógica de Adalzira de Bittencourt com datas que bem se encaixam (4) 

   O pai dos jovens rebeldes, o bacharel Manuel de Araujo Cavalcanti, por documento verificamos fora casado com Isabel Teresa de Moraes Lins (c.750) e era dono do engenho das Pedreiras, Itamaracá - por este casamento três dos filhos do casal foram nominados Cavalcanti Lins, e Francisco Xavier de Moraes Wanderlay e/ou Cavalcanti, note-se, levava quase o mesmo nome do avô paterno (5).

  Em conclusão, podemos afirmar sem erro que esses quatro irmãos do engenho Pedreira, inclusive Francisco Xavier Morais Cavalcanti, que foi um importante líder e conspirador na Academia do Paraízo, receberam além do incentivo antigo dos Lins Wanderlay também a herança cultural e genética de seu ancestral famoso Amador Araujo Pereira, revoltoso que levantou Ipojuca contra os holandeses em 1645 (6). As  atuações de seus antepassados na Fronda de 1710 levantadas em nosso próximo trabalho.

 

5 - A participação em 1817 de Manoel Correia de Araujo, senhor do eng. Serinhaém.

      Encontramos atuando na revolução de 1817 também um núcleo da família de Manoel Correia de Araujo, donos do engenho Serinhaém (1). Conseguimos identificar que seu pai, Joaquim Correia de Araujo do eng. “Muribara”, S. Lourenço da Mata, fora parente de Sebastião Correa de Araujo e de Fabrício Correa de Araujo do eng.”Poeta” (Apicucos), também envolvidos politicamente em 1817. Manoel não seria descendente de Amador Araujo Pereira - ainda que o distrito da Muibara houvesse entusiasticamente secundado o líder nativista Amador Araujo Pereira por ocasião do levante de Ipojuca em 1645. 

    Durante a revolução de 1817 Manuel Correia de Araujo  (1767 – 1824),  participou intensamente do governo revolucionário como encarregado da pasta da Agricultura. Sua nomeação para este cargo é citada no documento que organiza o governo revolucionário “Provisório da Pátria”. Com o fracasso do movimento foi ameaçado de desterro nas Indias portuguesas e sofreu pena de prisão de quatro anos na Bahia -  só libertado com os outros presos em 1821, depois da revolução constitucionalista  do Porto. Talvez não tenha sido executado por não ser ele republicano convicto (2).   Manuel Correia foi casado na família Lins – com Antonia Lins.   Após o fracasso do movimento que o eng. Serinhaém ainda continuará na posse dessa família Lins Wanderlay por um sobrinho ou parente de sua esposa (3).  

   Na fonte Geni encontramos uma senhora filha do Barão da Escada, do mesmo nome Antonia (da Silveira Lins), casada com um Correia de Araujo - Antonio Francisco Correia de Araujo - certamente já em geração posterior, talvez próximo a este ramo familiar de Manuel Correa de Araujo (4). 

     E apuramos ainda que o filho do cel. Suassuna, antigo aliado de Manuel Correia Araujo na revolução de 17 - Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - tornado pelo Império Visconde de Camaragibe irá proteger e desposar sua filha, Ana Tereza Correia de Araújo, então tornada viscondessa de Camaragipe.  Não sabemos se o casal teria tido sucessão (5).

 

6 - A atuação do núcleo familiar e amplo do líder José de Barros Lima, o “Leão Coroado” – os Andrade Lima, Pessoa de Araujo e Camello Pessoa.

 

   Citamos também um núcleo familiar entrecruzado, composto por vários elementos revolucionários em entre 1817 e 1821, até então desconhecido para nós – a estes núcleos familiares pertenceram lideres revolucionários famosos como José de Barros Lima, o celebre “Leão Coroado”; o conhecido líder José Mariano de Albuquerque, ambos atuantes em 1817; o Cap. Miguel Pessoa de Araujo e José Camello Pessoa de Mello - estes envolvidos no episódio militar ocorrido em Goiana em 1821.  

   O elo  familiar entre estes revolucionários muito aguerridos foi reconhecido pela melhor identificação de Maria (Barbosa) Pessôa de Araújo Camello Borba, nascida depois de 1823, casada com José Ignácio Camello Borba Junior (n. 1853).

    Maria Pessoa de Araujo é tida pela tradição familiar como parente  de Clara de Lyra Pessoa, do mesmo núcleo da sua parente Luzia Pessoa de Araujo (solteira Barros de Andrade Lima) referida como irmã do famoso revolucionário, o Leão Coroado (1).

    Documentos de época disponíveis na mídia eletrônica referentes ao pai de Maria, Miguel Pessôa de Araújo, filho de José Inácio Camello Borba, o Velho, o informam militar, capitão participante no episódio revolucionário de Goiana em 1821. 

   Em ”Memória Justificativa sobre a conduta do marechal de Campo Luíz do Rego Barreto” (Google livros, pg. 103) seu autor Manoel do Rego Abranches reproduz documento exarado na sala de governo de Goiana em 30 de agosto de 1821, reunião de que participou Miguel Pessôa de Araújo e que o informa militar, capitão com participação no episódio rebelde de Goiana em 1821.  O episódio de Goiana foi recentemente estudado pelos historiadores Evaldo Cabral de Mello e também por Mendonça Bernardes, e por nós já mencionado quanto aos Rego Barros na item 2 anterior (2).

   Membro da família Camello Pessoa, José Camello Pessoa de Mello, de Goiana, referido várias vezes na mesma documentação do governo de Goiana - possivelmente um parente dos Camello Pessoa, sargento-mor do Regimento de Cavalaria Auxiliar, que sabemos foi preso e enviado para a Bahia em 1817, solto em 21. Referidas também suas ações libertárias em Goiana, Igarassú, Olinda e Recife. Não sabemos se foi ele novamente punido por esta ação em Goiana em 1821 e desta vez enviado para Lisboa (3).

    Esta Maria Pessoa de Araujo Camello Borges, filha de Miguel Pessoa de Araujo referido acima, foi casada com um Camello Borges e ainda que de geração nascida pouco depois dos acontecimentos revolucionários fez parte de um núcleo familiar muito ativo que entre 1817 e 1821 em Goiana, personalidade feminina que une não só os Pessoa de Araujo e Camello Pessoa, mas também Lyra Pessoa e Barros de Andrade Lima – esta a família do famoso rebelde “Leão Coroado”, José de Barros Lima. Na fonte Geni é também referida Luzia Pessôa de Araújo, de solteira Barros de Andrade Lima casada com Jose Ignácio Camello Pessoa de Araujo (1813-1888) - ela conhecida como "tia Bígia", falecida em 1884 e irmã de José de Barros Lima – o “Leão Coroado”, herói de 1817 que foi enforcado e decapitado (4).  

     Comprovando estas ligações familiares de José de Barros Lima, membros desta geração da família comprovam: “José de Barros Lima, natural de Olinda, Pernambuco, filho de pais nobres e abastados, pertencia a uma das maiores famílias daqui, pois a ela estão ligados Andrade Lima, Pereira de Andrade, Pereira Borba, Pereira de Lira, Arruda Câmara, Pereira de Araújo e muitas outras”.

    José de Barros Lima o chamado “Leão Coroado” por sua calva encimada por cabelos que alguns dizem dourados chegou a iniciar o movimento de 1817 reagindo com espada à tentativa de sua prisão pela autoridade portuguesa, e depois do fracasso do movimento foi enforcado e decapitado - tendo suas mãos decepadas em Recife, enterradas na capela do engenho do Meio (5).

      Ainda informações por seus descendentes sobre José de Barros Lima: 

                               “José de Barros Lima fora casado com D. Thereza de Jesus de Albuquerque Mello, também fidalga e descendente da grande família de Jerônimo de Albuquerque e, deste consórcio, tiveram três filhos: Cândida Rosa de Barros Lima, casada que foi com José Mariano de Albuquerque; Antônio de Barros Lima, padre, e Joaquim Ignácio de Barros Lima, de que vamos nos ocupar. Em 1817, quando Leão Coroado foi preso seu filho Joaquim Ignácio então cadete do exército, com 17 anos, foi amarrado, sacudido no porão de um navio e enviado para a Europa”. 

    Não temos certeza, porem, quanto a esta informação familiar relativamente seu filho, Joaquim Inácio. Poderia ele ter sido mandado para Montevideo, para onde os demais cadetes na época foram embarcados em castigo depois de 17.   Deixamos em nota um artigo que consta na mídia eletrônica sobre a família referindo seus descendentes (6).

  Devemos acrescentar também que o notável revolucionário de 1817, José Mariano Albuquerque Cavalcanti, punido por participação em 1817 foi casado em segundas núpcias com Cândida Rosa de Albuquerque Cavalcanti, a filha do próprio José de Barros Lima, o "Leão Coroado". Assim sendo, igualmente fez parte deste núcleo familiar amplo por nós referido, mas que em seu caso se amplia ainda aos Albuquerque e Cavalcanti.  Mariano atuou militarmente de forma importante e notória em 1817 com o Gen. Suassuna e certamente conspirou para a deflagração do movimento.  José Mariano foi enviado para julgamento em Portugal, segundo sua biografia. Perdoado pelo degredo na Ásia, teria voltado ao Brasil e ainda participado como intermediador e pacificador.  do episódio acorrido em Goiana no ano de 21 (7).

   Cândida Rosa de solteira Barros Lima casada com José Mariano teve sete filhos, todos assinando “Albuquerque Cavalcanti” segundo as recentes informações familiares: Cândida Rosa (casada com Luís Sobral Pinto); Maria da Conceição (casada com Antônio Manuel de Campos Melo); Vicente; Carlos; José; Dulce Pórcia (casada com Joaquim Augusto do Livramento, pais de Artur Cavalcanti do Livramento e Afonso Cavalcanti do Livramento, entre outros), e Mariana Cândida (casada com Miguel Joaquim do Livramento).

    José Mariano foi recompensado pelo Império depois da Independência, com cargos de presidência Provinciais.

    Seu neto Luis Cavalcanti de Campos Melo, filho de Maria da Conceição, mudando-se para a província de S. Catarina foi ainda deputado em várias legislaturas no Império e depois na República (8).

   Os descendentes de Mariana Cândida, casada com Miguel Joaquim do Livramento dará desenvolvimento a um ramo da família muito simbólico - os Cavalcanti do Livramento, ainda hoje conscientes e participantes no estado de Santa Catarina.  

 

 7 - Núcleo do ramo central Cavalcanti de Albuquerque do seminarista Manuel do eng. Flamenguinha (AL) -  aliados aos Machado da Cunha do engenho do eng. Unussu – Manoel depois senhor do engenho Castanha Grande (AL).  

     

     Manoel Cavalcanti de Albuquerque jovem seminarista, neto pelo lado paterno de Manuel Cavalcanti de Albuquerque Lacerda (Walcacer) que havia participado discretamente da Guerra dos Mascates em1710, foi também participante do movimento revolucionário de 1817.         

       Este jovem seminarista de 17 anos era da linhagem central e varonil dos Cavalcanti de Albuquerque - linhagem que se desenvolveu a partir do florentino e seu filho Antonio – e que foi por nós acompanhados, elo a elo, em atuação política prolongada de resistência à invasão holandesa, ainda precursora da ação nativista, sempre presente em episódios marcantes na história colonial brasileira.   A linhagem paterna deste seminarista Manuel já foi por nó apresentada com detalhes nos artigos “Antonio Cavalcanti de Albuquerque 1564-1640)” e “O ramo do Castanha Grande”.         

  

    A mãe do seminarista Manuel foi senhora de engenho da família Lins - Luiza Lins, de casada Cavalcanti, nascida calculamos cerca de 1780 - casada com o primogênito desta linha também Lacerda, José Cavalcanti de Albuquerque [Lacerda],mas que republicano  rompeu com este sobrenome Lacerda e a própria fidalguia e se radicou no começo do sec.XIX no engenho Flamenguinha (AL).

  A linhagem materna do jovem seminarista, por parte de sua mãe Luiza Lins, ainda não está bem identificada. Pela tradição familiar é indicada sua origem no eng. Serinhaém, mas não pudemos identificar plenamente esta Luiza, porque muitas são as Luízas listadas genealogicamente nesta família Lins, originariamente Linz - ora como Luzia, ora Luiza – de mesma origem etmológica de Lucia (italiano?) - de luz (1).  

   Lembramos que o avô paterno do jovem seminarista, Manoel Cavalcanti de Albuquerque Lacerda , quease  seu homônimo, havia colaborado de forma discreta na “fronda" dos “nobres da terra” contra autoridades e mascates portugueses nos anos de 1710, emprestando a capela de seu engenho Tapirema para esconderijo dos revoltosos fugitivos da época, não sabemos com certeza se teria sido incriminado (2).   O jovem seminarista seu neto, Manoel, segundo as fontes orais da própria família, muito culto e ilustrado logo teria manifestado igual índole indômita e não conformista, “sdegnosa” dos longevos Cavalcanti italianos.       

   E, pelo seu envolvimento na “Revolução Pernambucana” de 1817 Manoel teve sua cabeça cobrada pela Coroa - a exemplo dos seus mais antigos ascendentes - os nobres “da terra” Antonio Cavalcanti “da Guerra Holandesa”, primeiro nativista, e Leonardo Bezerra Cavalcanti que atuara decidido contra os mascates e autoridades portuguesas em Recife - ambos no passado também com suas cabeças postas a prêmio pelas autoridades holandesas e portuguesas (3).

    E, observamos, o enforcamento fora castigo utilizado contra os revoltosos de 1817 - fato que na época assustou e mesmo traumatizou os pais do jovem Manoel.   

     Lembranças de família recolhidas e registradas em documento pelo descendente Oziel Cavalcanti de Gusmão compõem até hoje relato marcante sobre estes acontecimentos ocorridos entre os membros da família do ramo do engenho Castanha Grande:

 

“Manoel, que cursava o seminário de Olinda, comprometera-se com o movimento republicano e foi obrigado a se esconder nas matas circunvizinhas do engenho paterno depois do fracasso da revolução nacionalista daquele ano. Corriam notícias alarmantes de enforcamentos e degredos de patriotas. José Cavalcanti e esposa temiam pelo destino do filho. Eles sabiam que o Conde dos Arcos estava procurando por vítimas. Por vezes, na calada da noite, o aflito casal reunia num das salas mais discretas da casa grande o conselho de família, para deliberar sobre o assunto. O jovem Manoel continuava oculto nas brenhas, alimentado às escondidas por pessoas de confiança. Os bens dos revolucionários já tinham sido seqüestrados e um decreto real nomeara o neto do Marquês de Pombal, o tenente-coronel Sebastião Francisco de Mello Povoas para o governo da Capitania. José Cavalcanti resolveu ir pessoalmente ao Ouvidor Batalha, antes da chegada de Mello Povoas e apelar perante o Ouvidor as “tontices da mocidade”. Depois de ouvi-lo, Batalha sentenciou: “Entregue-lhe a cabeça à forca”. O senhor do “Flamenguinha” saiu da audiência sem acertar as escadas. Pode-se calcular a angústia que trouxe para casa quando noticiou o resultado da conversa à sua esposa. Mas, não se deixou tomar pelo desalento. Seu amigo e vizinho Ambrósio Machado da Cunha, capitão-mor e senhor do engenho Unussu, aconselhou-o a ter calma e “dar tempo ao tempo”. E, com efeito, quando da chegada de Mello Povoas, quinze meses após sua nomeação, a autoridade de Antônio Ferreira Batalha já estava enfraquecida. Grandes acontecimentos estavam para ocorrer. O caso de Manoel Cavalcanti de Albuquerque caiu no esquecimento e ele voltou ao seminário, sarado do seu entusiasmo”.

   O jovem Manoel do engenho “Flamenguinha’ posteriormente irá deixar o seminário e se casar com a filha daquele prezado vizinho e amigo, senhor do engenho Unussu que havia estimulado e acalmado seus pais, comprando com auxilio do sogro e estabelecendo-se em um engenho próximo, o Castanha Grande - núcleo posterior de outros onze engenhos por ele muito bem administrados.     

     Seu feliz e depois prolífico casamento com a muito jovem Ana Rosa Machado da Cunha aconteceu de forma coincidente com as comemorações da Independência do Brasil - episódio de rompimento com Portugal que, como vimos, muito se deveu aos Cavalcanti de Albuquerque de outros amos envolvidos na revolução Pernambucana de 1817.

     O casamento no próprio ano de 1822 foi muito festejado pela família, amigos e parentes - importante e duplo motivo de comemorações - pois finalmente havia sido conseguida a Independência - Independência há tanto perseguida pela família dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil.  

       A República e seu aperfeiçoamento, também desejados por Manuel, ficariam ao cargo de novas gerações familiares que o sucederam.

        Seu próprio filho, Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, quase o mesmo nome de seu sogro, participou de forma marcante na campanha da Abolição e da Republica. Ambrósio por fim envolvido no episódio político denominado “Hecatombe de Vitória” ocorrido em 1880, um dos mais marcantes do período imperial, com grande repercussão na Corte - episódio vivenciado por este jovem dono de engenho, em tudo um Cavalcanti - “fidalgo de modos e alma” que expôs sua vida já na luta contra a escravidão, e mesmo precocemente pela República. Ambrósio enfrentou a peito aberto uma emboscada preparada por membros de família rival na época, os Souza Leão, quase morrendo naquela ocasião - violentamente agredido a tiros e facadas na porta de uma Igreja da cidade de Vitória (4)  

   Após a Abolição e a Proclamação da República, Ambrósio ocupou ainda o cargo de Governador de Pernambuco por duas vezes, no ano 1890 e entre os anos de 1892 e 1896. Estes fatos históricos que protagonizou são já comentados com detalhes no nosso artigo “Os Cavalcanti em Questão”, publicado em nosso blog (5).      

   Por fim o próprio neto do nosso seminarista “sdegnoso”, Manoel, filho de sua filha Maria Luiza, Manoel Messias Cavalcanti de Gusmão Lyra, simbolicamente marcando mais uma vez a característica republicana dos Cavalcanti italiana, e sacrificando mesmo a produção de açúcar da família é ainda convocado a liderar a política republicana em seu Estado, Alagoas, e ocupará posto de Senador em seguida à proclamação da Republica (6).

   Esta a tradição republicana ainda hoje seguida pelo ramo central e varonil da família Cavalcanti no Brasil.

 

 8 - O herói Amaro Coutinho e sua atuação no núcleo do engenho Bonito (PE).

 

     Tivemos conhecimento recente da existência de um ramo politicamente muito ativo da antiga família Coutinho, família que também esteve unida aos Cavalcanti em Pernambuco no sec. XIX.

     A família Coutinho é mencionada em Pernambuco como estabelecida no “Engenho Bonito” em Nazaré da Mata (fonte DFB) – seu mais antigo proprietário o Mestre de Campo Amaro Gomes da Cunha Coutinho. Amaro Gomes da Cunha Coutinho teria comprado o engenho Bonito aos jesuítas em cerca de 1747 e o passou para seu filho ou genro Ignácio Xavier – ancestrais dos nossos informantes nesta geração, Carlos Alexandre da Fonseca Lima e João Pedro Cavalcanti.

   A tradição familiar indica que o velho Amaro Gomes, tendo passado um tempo em Minas Gerais junto a seus parentes, de lá voltara bastante rico e proprietário de muitos engenhos: Araripe do Meio/Itamaracá, Tracunhaém, Jardim, Camorim, Sipoal, Morojó, Taquara, Tabajara, Tabira, Merecê (depois Salvador) e Tabayê/Goiana e Bonito/Nazaré da Mata; Camila/Paudalho (1).

    Constatamos que o velho Amaro Gomes da Cunha Coutinho teve um filho homônimo, o celebre herói Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817), atuante na Revolução de 1817 e que foi enforcado e martirizado pela cruel repressão portuguesa - como severa punição teve suas mãos amputadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio (Araripe do Meio, dos Carneiro da Cunha ?) (2).   As fontes biográficas do herói Amaro Gomes Coutinho baseadas no inquérito realizado na Paraíba, hoje no Arquivo Nacional, referem seu nascimento na Paraíba c.1774 e falecimento em Recife, 21 de agosto de 1817 - coronel do regimento miliciano de brancos e proprietário de terras. Com ele atuou seu cunhado Estêvão José Carneiro da Cunha (1762 —1832), sargento-mor da Vila de Igarassu, filho de João Carneiro da Cunha (3), que foi tenente-coronel comandante das tropas de linha da Paraíba na Revolução. Estevão mais tarde tornou-se senador do Império. Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (n. 1784 em Pernambuco, f. 1852) residente na Paraíba, onde era rico proprietário também participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e  esteve nos cárceres de Salvador, na Bahia, até 1821 (ver item 10).

    Amaro Gomes teria sido o principal chefe da Revolução Pernambucana de 1817 na Paraíba, tendo iniciado o levante em Itabaiana e ocupado a capital a 16 de março. Com o fracasso do movimento foi enforcado no Recife em 21 de agosto de 1817, juntamente com seus companheiros Francisco José da Silveira e José Peregrino Xavier de Carvalho, sendo depois ele esquartejado, seus membros distribuídos e expostos em João Pessoa. 

     Ficou celebre um quadro pintado por Antonio Parreiras que retrata a tentativa de fuga de José Peregrino Xavier de Carvalho,  que e conseguira refugia-se entre os seus, mas motivado pelo pai a entregar-se foi em conseqüência também martirizado. Melhor sorte teve o seminarista Manoel Cavalcanti de Albuquerque do engenho Flamenguinha, em Alagoas, que foi escondido e protegido pelos seus, caso relatado no acima item 7.

    Temos notícia de que descendente (neto?) de Amaro Gomes da Costa Rabelo, nascido cerca de 1800 teria também participado muito cedo das conspirações da época, sido mesmo membro da Academia (maçônica) do Cabo de Santo Agostinho e da Academia do Paraízo, ainda prestado serviços à causa da Republica (episódio de Goiana em 1821?) casado com (sua prima?) Ignácia Xavier da Cunha Coutinho Carneiro de Albuquerque – ela filha de Ignácio Xavier Carneiro de Albuquerque (certamente genro do primeiro Amaro) e Joana Coutinho Carneiro de Albuquerque.  Tornado Amaro Gomes da Costa Rabelo mais tarde General no Império (4).

   Este ramo da família Coutinho Cavalcanti até o começo do século passado apresentou comportamento político avançado e propostas eminentemente de cunho republicano e  social, apoiadora da atuação de Luiz Carlos Prestes na década de 20 e mesmo integrada ao Partido Comunista Brasileiro (5).        

 

 9 - A atuação dos Bezerra Cavalcanti do engenho do S. Bartolomeu na Muribec, pela  atuação da senhora de engenho Rita de Cássia.


      Como prova da ampla participação de famílias e núcleos de engenho nesta triste experiência revolucionária de 1821, reproduzimos ainda noticias obtidas da família do Engenho São Bartolomeu, na Muribeca, que apoiou os ideais da revolução - seguido certamente os ideais libertários de seus tenazes antepassados independentistas Bezerra Cavalcanti.

  O proprietário do engenho São Batolomeu o cel. Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti (1770-1919), filho de Antonio Luís Bezerra da Silva e Rita Francisca Xavier Cavalcanti, casado com Rita Francisca de Paula de Sousa Leão. Seu filho Agostinho Augusto Bezerra Cavalcanti (fonte Geni), irmão de Teresa Vitorina Bezerra da Silva Cavalcanti, ainda (em fonte Geni) Maria Francisca Bezerra Cavalcante (1).

     Lembramos que a senhora deste engenho Bartolomeu, Dona Rita de Cássia Souza Leão Bezerra Cavalcanti, esposa do coronel Agostinho resolveu durante o movimento de 1817 introduzir adaptações culinárias necessárias ao momento - adaptações culinárias capazes de acompanhar as carências de material culinário da época, assim dando apoio simbólico aos ideais revolucionários.  Pois com a dificuldade das importações de produtos portugueses se fazia necessário introduzir modificações nos costumes e mesmo na culinária.

     Comentário de época registra o fato, e foram reproduzidos:

    “Dona Rita de Cássia já havia criado então um bolo denominado São Bartolomeu, em homenagem ao engenho, no qual havia massa de mandioca [em vez de trigo]. Mas o mesmo levava as especiarias européias, que foram suprimidas na versão do [bolo] Souza Leão. Substituindo a manteiga francesa por manteiga feita no engenho, a farinha de trigo pela massa de mandioca [massa puba]. Açúcar, quase um quilo”.

    Da própria mesa dos engenhos foram criadas e depois ainda mantidas as tradições hoje seculares do movimento de 1817- pois este bolo é ainda hoje tradição nordestina muito apreciada - iguaria preparada segundo receita que inclui massa de mandioca (massa puba), leite de coco, açúcar, manteiga e ovos. 

   Para confirmar o simbolismo deste tipo de colaboração doméstica e familiar á revolução de 1817 esta receita é considerada hoje como patrimônio cultural e imaterial do estado de Pernambuco por lei sancionada em 22 de maio de 2008 (2). Esta família ligada ao governador de Pernambuco Eduardo Campos.

   Devemos registrar, entretanto, um fato trágico. Por ter acompanhando frei Caneca na revolução do Equador em 1824, Agostinho Bezerra Cavalcanti e Souza possivelmente desta família foi ainda enforcado  em 19 de março de 1825 no Recife (fontes - Eder Aparecido de Carvalho, Carlos Henrique Gileno” “Poder Moderador: Diferenças no comportamento político dos imperadores do Brasil, Revista Agenda Política | Vol.4 – n.3 – setembro/dezembro – 2016, ISSN: 2318-8499; Cabral de Mello, Evaldo, “Frei Joaquim do Amor Divino Caneca”, ainda várias outras fontes inclusive recente conferência sobre os Bezerra Cavalcanti no IHGP). Agostinho citado várias vezes nas cartas de Frei Caneca editadas por Evaldo Cabral de Mello.

    Por seus nomes e datas acreditamos fosse o filho Agostinho deste do núcleo familiar do engenho S, Bartlomeu. 


10 - O núcleos dos engenhos Tiúma e Araripe do Meio dos Carneiro da Cunha na Revolução de 1817 

    O Carneiro da Cunha foram desde a ocupação holandesa aliados dos Cavalcanti, casados no tronco central por volta da Fronda de 1710, posteriormente muito ligados ao sub-ramo Rufino Bezerra Cavalcanti como percebemos em trabalho recente. Os Carneiro da Cunha foram grupo familiar muito numeroso e atuante com os Cavalcanti do ramo Suassuna na Revolução de 1817-  já citados em nosso longo trabalho sobre esses Susassuna. 

   Apresentamos agora uma síntese de nossos conhecimentos obtidos nestas pesquisas mais recentes em que observamos esse clã dos Carneiro da Cunha envolvidos na Revolução de 1817, em especial parentes colaterais do patriarca dos Rufinos Bezerra Cavalcanti, José Bezerra Cavalcanti (n. 1793 – f.1870) por sua  esposa -  irmãos de seu sogr , envolvidos posteriormente ainda  sogra e cunhado.

  

1º núcleo do engenho Tiúma - Os Carneiro da Cunha Berenger de Andrade eram oriundos do engenho Tiúma. A união dos [Pedro] Carneiro da Cunha e os Berenger de Andrade já antiga – desde a luta holandesa.

   

     O Ten. Coronel José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade, ou simplesmente José Carvalho Carneiro da Cunha como aparece na lista dos incriminados em 1817 presos na Bahia até 1821 (em Muniz Tavares, Francisco, Pe. – História da Revolução de Pernambuco de 1817, Casa Civil de Pernambuco, ed. 1969) foi tenente-coronel revolucionário muito atuante na Revolução de 1817, citado freqüentemente em nossa historiografia (Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exército, 1951, pg. 121) e aparece referido ao núcleo familiar do Eng, Tiuma de seu pai - Pedro da Cunha de Andrade (parentes afins, pela esposa, do patriarca José da linha Rufino Bezerra Cavalcanti). 

   José Carvalho Carneiro da Cunha é referido com o nome completo de José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade em um documento do ano de 1804, quando trata de assuntos ligados ao seu pedido de fidalguia. Assim por seus vários sobrenomes, por vezes apenas parcialmente citados, seria das importantes famílias formadoras Carneiro da Cunha e Berenger de Andrade.            

          O historiador militar Cahú refere sua participação na Revolução de 1817 com o General Suassuna: 

“O Capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti Lins esmerava-se no cumprimento de suas ordens [ordens de José Mariano Albuquerque Cavalcanti]. Uniu-se também à expedição o tenente coronel José Carneiro Carvalho da Cunha Berenger [de Andrade] com vários de seus milicianos”.

         Também Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (n. 1784 em Pernambuco, f. 1852) residente na Paraíba, originário deste mesmo engenho Tiúma dos Carneiro da Cunha de Andrade, rico proprietário na Paraíba, participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e esteve preso nos cárceres de Salvador até 1821, continuando mais tarde honrosa trajetória política (citado pelo PE. Dias Martins, pg.164). Sua neta Antonia Maria Cavalcanti de Albuquerque Carneiro da Cunha foi dona do famoso “engenho Monjope” e é tida como neta paterna de Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque (sobre esta família e fontes, ver nosso artigo “O Engenho Monjope”). 

  Deste mesmo núcleo, Francisco Xavier Carneiro da Cunha, apelidado Chicão –sugerimos teria atuado como Alferes de Milícia decidido. Com o nome Francisco Xavier de Albuquerque é citado em Dias Martins em Mártires de Pernambuco, pg. 45, também preso por participação na Revolução de 1817 até 1821. 

 

   Depois da Independência, por ocasião da Revolta Republicana do Equador em 1824 já o sogro de José, Pedro José dos Reis Carneiro da Cunha, (n.1770?), desta mesma irmandade estará agora participando da tropa de Frei Caneca, dirigindo-se em combate e fuga em direção ao norte com seu filho Diogo Soares de Albuquerque (II), ainda seu genro José Bezerra Cavalcanti, patriarca dos Rufino, possivelmente também o pai deste, Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque (n.1759- f.1824) e/ou outro filho, o cel. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque (n.1792) - grupo de revoltosos do qual também havia participado Agostinho Bezerra Cavalcanti, já citado acima do núcleo do engelho S. Bartolomeu e que foi apresado e enforcado  com outros. Frei Caneca fuzilado. A família de José Bezerra Cavalcanti por um tempo estabeleceu-se na Paraíba (1).

  

   2º núcleo – Carneiro da Cunha  do engenho “Araripe do Meio” - núcleo familiar de propriedade de João Carneiro da Cunha – também originário do engenho Tiúma.

     Lembramos que o mártir revolucionário de 1817, José de Barros Lima teria tido suas mãos decepadas enterradas na capela do Engenho do Meio - acreditamos capela do “engenho Araripe do Meio” dos Carneiro da Cunha - capela em que foram enterradas também as mãos do herói e mártir Amaro Gomes Coutinho (fonte nosso trabalho “Os Suassuna”?). 

   As fontes biográficas do herói Amaro Gomes Coutinho estão baseadas no inquérito realizado na Paraíba, hoje no Arquivo Nacional e referem seu nascimento na Paraíba c.1774, falecimento em Recife, 21 de agosto de 1817. Coronel do regimento miliciano de brancos e proprietário de terras, Amaro Gomes atuou com seu cunhado Estevão José Carneiro deste clã do engenho Araripe, casado com sua irmã, Rosa Cândida Tenório de Aragão (filha de Amaro Gomes da Silva Coutinho e Cândida Rosa de Aragão) - Estevão José Carneiro da Cunha capitão da Vila de Igarassú e filho do João Carneiro da Cunha, proprietário do “engenho Araripe, também oriundo do Tiúma.

   Em fontes recentes (Geni) Estevão José Carneiro da Cunha (1762 —1832), aparece como capitão-mor da Vila de Igarassú, filho de João Carneiro da Cunha, (I), o Bom, senhor do Engenho Araripe e Antônia da Cunha Souto Maior. Estevão após o fracasso da revolução de 17 conseguiu evadir-se, e muito preparado mais tarde tornou-se Senador no Império.

    Amaro Gomes Coutinho herói independentista não só tivera suas mãos amputadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio (em Araripe), cuja propriedade era dos Carneiro da Cunha, mas também teve sua cabeça exposta em seu sítio “Varadouro” em João Pessoa (fonte seu descendente Carlos Alexandre Costa Lima). Amaro Gomes atuara não só com este seu cunhado Estevão citado acima, mas também com José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade, oriundo do engenho Tiúma, tenente-coronel já reportado, comandante das tropas de linha revolucionárias da Paraíba durante a Revolução, provavelmente ainda com Manoel de Carvalho Paes de Andrade, outro filho de João Carneiro da Cunha deste núcleo familiar do engenho Araripe do Meio. 

     Este Manoel encontramos citado na lista dos incriminados em 1817 de Muniz Tavares, como “auzente” (sic.) - entendendo-se naturalmente que havia conseguido escapar (sua parentela relacionada em fontes genealógicas “parentesco com/” e Geni – informações sobre Rosa Cândida, a descendente Claudete Cavalcanti de Araujo Massard).

   Da geração seguinte, e ainda muito jovem, mas do mesmo engenho Araripe, Amaro Gomes da Cunha Rabelo (? -?) teria também conspirado - irmão de José Inácio Gomes Cunha Rabelo (1806-1864) segundo a fonte blogdosengenhos por documento citado. Amaro Gomes da Cunha Rabelo foi “Tenente Coronel de Milícias de Brancos da Capital”; “Cavalheiro da Ordem de Cristo” e membro (maçon?) da Academia do Cabo de Santo Agostinho e Paraíso.

         

  3º núcleo descendente dos  Carneiro da Cunha, e Machado da Cunha do engenho Unussú, que manifestaram-se em auxilio ao núcleo central dos Cavalcanti de Albuquerque. do “Engenho Flamenguinho”, mais tarde estabelecidos  no engenho  “Castanha Grande”. 

   Já na geração da Fronda de 1710 os Carneiro da Cunha estavam unidos ao ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque descendentes de Antonio, filho do florentino (Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos).   Agora em 1817 foram os Cavalcanti do ramo central política e moralmente apoiados na geração da revolução pelos Machado da Cunha.  A este ramo C. de A central pertencia nesta ocasião o seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque (1792 -1870) do eng. “Flamenguinho”, em Alagoas, que já apresentamos com outras informações no item 7 deste trabalho.

   O jovem seminarista segundo seus descendentes foi comprometido em 1817 e teve sua cabeça colocada à prêmio, mas conseguira evadira-se se escondendo nas matas do engenho familiar por longo tempo, não sendo preso - sua família na ocasião estimulada e apoiada por estes vizinhos Machado da Cunha do engenho “Unussú”.  

     Notamos recentemente que um revolucionário de 1817 de nome Manuel Carneiro Cavalcante, consta como “ausente” [fugitivo] na lista dos incriminados na Paraíba (em Munis Tavares) – e a nossos ver  poderia ser ele o nosso seminarista, com nome familiar parcialmente modificado, referido o nome originário do ramo feminino [Carneiro] agindo na Paraíba? (Ver detalhes no item acima 7, ainda  em nossos trabalhos “Ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande” e “A surpresa de Heleni”, editados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ )


11 - A Atuação dos Albuquerque Maranhão do engenho Cunhaú (RN)  

   

   Os Albuquerque Maranhão eram parentes colaterais dos Cavalcanti de Albuquerque, igualmente descendentes de Jerônimo de Albuquerque e da índia Muíra - os Cavalcanti de Albuquerque nascidos pela filha Catarina e os Albuquerque Maranhão pelo outro filho, Matias de Albuquerque. Este depois da vitória sobre os franceses adotou o nome da região dominada – Maranhão.

  Os Albuquerque Maranhão e os Cavalcanti de Albuquerque considerados, portanto, até hoje a base e o próprio centro da “nobreza da terra” no nordeste brasileiro, pois ambos os ramos eram descendentes dos filhos mais velhos da índia Muíra.

   Os Albuquerque Maranhão como os Cavalcanti de Albuquerque sempre demonstraram na História brasileira políticas decididas contra as invasões e condutas nativistas. 

   Matias que falava tupi desde a infância na taba de sua mãe foi aguerrido “mameluco” e sempre demonstrou no trato com os indígenas que liderava militarmente contra os invasores franceses suas profundas ligações de sangue com os “da terra” - chegando até mesmo a assumir e assinar o sobrenome “Maranhão” após a batalha de “Guaxenduba” - símbolo de sua própria conquista territorial e do seu clã, seus filhos, frente aos franceses e espanhóis e mesmo portugueses já no começo no sec. XVII (1).

    Com este ato de simbolismo Matias tornara a região conquistada como sua propriedade - grande área de nome do tupi "Mar'Anhan", que significaria "mar que corre". Assim sendo, sua descendência direta com grande responsabilidade logo depois estará igualmente empenhada na luta por suas propriedades contra os holandeses, especialmente por seu neto Pedro de Albuquerque Maranhão – este envolvido em sérios enfrentamentos e muitas aventuras, até mesmo heróicas (2).

      Com tais responsabilidades, esta família lutadora sofrerá ainda as vicissitudes das invasões holandesas sobre seus engenhos. O engenho Cunhaú no Rio Grande do Norte teve seus habitantes locais barbarizados pelos prepostos holandeses no célebre episódio de na capela do engenho, em 1645 (3) Mais adiante os descendentes Albuquerque Maranhão estarão também apoiando seus parentes Cavalcanti de Albuquerque e Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates.  Apóiam e participam desta “fronda” em 1710 contra os mascates e autoridades portuguesas.

   Assim sendo, torna-se quase natural que muitos dos Albuquerque Maranhão participassem também de lutas pela Independência e fossem igualmente penalizados em 1817, por ocasião da revolução Pernambucana - seus nomes citados nas muito longas listas dos mártires, vítimas da severa repressão portuguesa.

  O mais lembrado deles na revolução de 1817 é André de Albuquerque Maranhão (1775-1817), o 6ª Senhor do Engenho Cunhaú - Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Coronel do Regimento de Cavalaria Miliciana da Divisão Sul do Rio Grande do Norte, freqüentador da Escola do Paraíso e já tido como maçom.

    Andrezinho do Cunhaú como era mais conhecido, nascido em 4 de maio de 1775, filho do Cel. André de Albuquerque Maranhão, o Velho - Cavaleiro da Casa Real, Coronel do Regimento da Cavalaria Auxiliar de Cunhaú, Tamatanduba, Arês e Vila Flor e de sua esposa Antônia Josefa do Espírito Santo Ribeiro. (4) Este 6º jovem dono do famoso engenho Cunhaú é referido como tendo pertencido ao grupo de conspiradores da Academia do Paraízo, tendo aceitado o cargo de chefe da Revolução de 1817 no Rio Grande do Norte.

   

    Com o fracasso do movimento, André é alcançado de surpresa no Palácio - “mortalmente ferido foi conduzido à cadeia, carregado de ferros, expiando em breve em completo abandono. Seu corpo enrolado numa esteira e em cova rasa enterrado no cemitério local”. Sua casa saqueada e as de seus parentes mais ricos também. Sua mãe idosa falecendo de sofrimentos logo depois (5).   Outras informações são acrescentadas em um recente artigo acadêmico que usa Câmara Cascudo como fonte:

  

   “Em 25 de abril de 1817, a tropa comandada pelo capitão Antônio Germano invadiu o palácio às novas horas da manhã, somente André e o Padre velho e doente João Damasceno estavam, outros fugiram, alguns conspiraram a favor da Coroa, ou não sabiam de nada. Diante disso, André tentou pular da janela, mas foi detido pelo alfares Francisco Felipe da Fonseca Pinto, que desferiu por debaixo da mesa uma espada na virilha e depois escondeu a espada. João Álvares do Quental pisou no cadáver com esporas que o furou.... Depois da humilhação no palácio, André foi levado à fortaleza dos Santos Reis Magos para uma cela escura ao lado direito de uma das suas escadarias.

   No dia 26, o soldado Bernardo José de Araújo, ficou encarregado de ver o prisioneiro, que já jazia morte desde aquela madrugada. Não bastassem as crueldades anteriores, agora foi arrastado para fora da cela pelo pé com o gancho de um croque, quase despido, enodoado de lama e sangue coagulado. Depois foi amarrado em uns paus com forte embira, puseram a padiola aos ombros dos soldados e rumaram à Matriz da cidade para à execração pública. Próximo da casa de D. Rita Coelho, senhora abastada, dona de escravos, e esposa do tenente Francisco Coelho, o cortejo sinistro foi atrasado, pois essa mandou colocar uma esteira nova de piripiri (Cascudo; 2008). Próximo da atual Praça André de Albuquerque, antiga Rua Grande, defronte da Igreja Matriz de Nossa. Senhora da Apresentação, num corredor lateral, foi enterrado.  João Álvares do Quental bradou em contrário, querendo que fosse fora.

    Em 1995, durante a restauração da antiga Sé, encontraram um corpo, e sabendo da possibilidade daqueles restos mortais fossem de André de Cunhaú, foram exumados e num teste de DNA com Paulo Fernando Albuquerque Maranhão, sobrinho-quadrineto de André, foi confirmada a origem do cadáver como sendo o do filho mais ilustre da Casa de Cunhaú, depois depositado em nova urna funerária e novamente sepultado no mesmo local, e diante disso, em 10 de dezembro de 1996, foi providenciada uma lápide de mármore com o brasão da Casa de Cunhaú ao Mártir da Revolução Pernambucana de 1817 no sul da Capitania do Rio Grande do Norte. (“Cascudo; 2008)” (6).

   

     Bem mais tarde, já em 1834 outro descendente desta família, André Arcoverde de Albuquerque Maranhão (1797-1857), do mesmo nome que o anterior, brigadeiro e também proprietário do Cunhaú pretendeu vingar este seu tio mandando assassinar o pretenso matador de seu parente (7) Ainda do trabalho citado, referindo-se ao episodio da morte do individuo que jactou-se do assassinato de Andrezinho:

   

                                    “Antônio José Leite Pinho andou mostrando uma lâmina de sangue que afirmava ser dele, por isto recebeu da Coroa a comenda da Ordem de Cristo. Em 15 de março de 1834, numa tardinha em que se refrescava, deitado num tapete em frente à sua casa, foi morto por um jagunço do sobrinho de Andrezinho, o Brigadeiro André de Albuquerque Maranhão Arco Verde” (cit.Cascudo; 2008)

   Sabemos ainda que vários outros membros da família Albuquerque Maranhão, não só André, haviam se notabilizado no movimento revolucionário de 1817 - foram encarcerados e mesmo martirizados.

    Seus nomes constam da lista no “Almanaque da Paraíba, 1899”, citado por Carlos Eduardo Barata no seu Dicionário das Famílias Brasileiras, verbete Albuquerque Maranhão. São eles:

 

   - Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão - natural da Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817 – Residente na Vila do Pilão, onde era abastado lavrador. Declarou-se patriota e colaborou arduamente na causa revolucionária, sendo por isso eleito membro do governo provisório.  Foi executado em 06/09/1817 no Campo do Erário de Pernambuco, seu cadáver mutilado e arrastado ao cemitério da matriz de SS. Sacramento (Almanaque da Paraíba, 1899).

- Jerônimo Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817, Capitão-mor das ordenanças da cidade de Paraíba.  Em idade já avançada tornou-se fogoso republicano, por sua causa trabalhou esforçadamente.  Preso, foi remetido para os cárceres da Bahia, onde esteve até 1821, quando obteve a liberdade (Almanaque da Paraíba, 1899).

 - José Felipe de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817.  Residente na capital.  Sargento-mor - movimento das Ordenanças. Foi dos devotados á causa liberal e também dos seus mártires.  Foi solto na Bahia em 1821, por decreto da corte (Almanaque da Paraíba, 1899).

- João Nepomuceno de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Prestou relevantes serviços à causa de liberdade remetido para os cárceres da Bahia, morreu na prisão (Almanaque da Paraíba, 1899).

- João de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Residente em Pernambuco distinguiu-se no memorável 6 de março.  Foi um dos eleitores do governo provisório e por todos os seus serviços à revolução foi considerado réu de lesa – majestade e mandado para os cárceres da Bahia, onde esteve até 1821 (Albuquerque de Paraíba, 1899).

- João de Albuquerque Maranhão, natural de Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817.  Filho de João de Albuquerque Maranhão I igual ao seu pai nos sentimentos e participante de sua glória e de seu martírio (Almanaque da Paraíba, 1899).

- José Felipe de Albuquerque Maranhão, natural de Cunhaú no Rio Grande do Norte, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Domiciliado na Paraíba, no engenho Itapicirica.  Sua descendência passou a Portugal.

   Ainda Luiz Inácio Albuquerque Maranhão (? - 1821) que temos notícias foi assassinado por rivais políticos em 1821.

  

   Os atos heróicos da família dos Albuquerque Maranhão, família das mais ilustres da terra, foram já por nós mencionados com destaque no livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, 2001, 1ª edição (esgotada), e no livro “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, ainda no prelo, que já recomendamos os nossos futuros leitores.

 

 

 

Notas

 

1 – Introdução

 

 (1) “Os Cavalcanti em Questão”, artigo publicado em nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(2) Sobre as atuações nativistas no Brasil Colonial ver nossos trabalhos publicados em nosso blog acima citado: “Mazombo’, “Jorge Cavalcanti de Albuquerque (c1605-1695)”, “Antonio Cavalcanti de Albuquerque (c.154-1640)”, “O Ramos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Gastanha Grande”, e o livro no prelo “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, já aberto a pesquisas.

(3) Sobre a fronda liderada pelos dos Bezerra Cavalcanti nosso livro no prelo “Os Bezerra Cavalcanti”, também aberto a pesquisas.

(4) Observações de Antenor de Veras Nascentes (1886 - 1972) - o mais reconhecido filólogo, etimólogo, dialetólogo, e lexicógrafo brasileiro. Suas observações sempre referidas por Carlos Eduardo Barata em seu Dicionário das famílias Brasileiras. As mudanças identificadas várias vezes no nosso trabalho “Ramos nativistas de Cavalcanti de Albuquerque”  

(5) Mendonça, Denis Antonio de - O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, Hucítec, 2006, pg.226.

 

  1 - O núcleo liderante dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna, atuante entre 1801 e 1817.

 

(1) Sobre as características de comportamento dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil e dos Cavalcanti na Itália são já inúmeros os nossos artigos, especialmente “Os Sdegosos Cavalcanti”, artigo que refere à longa fama dos Cavalcanti italianos desde o sec. XIII - aspectos também ressaltados na obra da nossa escritora e memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque. Nosso trabalho atual visa, sobretudo, situar agora os Cavalcanti Suassuna no contexto amplo do processo de nativismo e independência.

(2) As informações genealógicas em geral obtidas em Adalzira Bittencourt - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, sua listagem baseada em Jaboatão e Borges da Fonseca, corrigida por Carlos Xavier de Paes Barreto.  Genealogia já citada e comentada por Torres, Rosa Sampaio – em inúmeros artigos entre eles “Antonio Cavalcanti, o da Guerra holandesa” ainda inédito, mas já aberto para pesquisas e vários outros trabalhos sobre os Bezerra Cavalcanti.

(3) Informações genealógicas em Adalzira Bittencourt - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pgs. 299 e 300 genealogia comentada por Torres, Rosa Sampaio – em inúmeros artigos e mesmo livros entre eles “Antonio Cavalcanti, o da Guerra” e “Os Bezerra Cavalcanti” no prelo.

(4) Pelo lado materno, os Suassunas eram filhos de Felipa Cavalcanti de Albuquerque, filha de Gonçalo Xavier Cavalcanti de Albuquerque e Luíza Bandeira de Melo. Filipa neta paterna de Mateus de Souza e Luiza Cavalcanti de Albuquerque. Neta materna de Antonio Cavalcanti e Margarida Souza. Trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa, esta filha de João Cavalcanti de Albuquerque e Maria Pessoa.  Genealogia referida para Felipa Cavalcanti de Albuquerque por Bittencourt. opus cit., pg. 299. O historiador Gonçalves de Mello  em Tempo dos Flamengos, pg. 35, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil  de D. Duarte de Albuquerque Coelho, relembra e cita mais uma vez os “varões” corajosos envolvidos na guerra contra os holandeses - Gonçalo Velho e Maria de Souza tinham seis filhos e um genro: perderam na luta três filhos e o genro.

(5) Entre esses autores Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 16, baseado em Mario Melo – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife 1912. Referida a atuação conspiratória de José Francisco na Europa em 1801 e sua transferência para a Inglaterra. Também comentários de Evaldo Cabral de Mello em A outra Independência, ed.34, 2004, citando próprias fontes de origem maçonica.

   As informações desta nota com mais detalhes já foram também referidas em Torres, Rosa Sampaio, “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, edição limitada para uso familiar, atualmente em revisão. Também no artigo citado “Os Cavalcanti em Questão”, publicado em nosso blog. 

(6) Sobre auxilio externo consultar nosso trabalho “Antonio Cavalcanti, O da Guerra”, no prelo , já aberto a consultas.

(7) Informações a partir da análise das cartas apresadas pelas autoridades, agora arquivadas na BN, referidas com mais detalhes em nosso trabalho “o ramo dos Cavalcanti de Albuquerque Suassuna em 1810 e em 1817”.

(8) O Padre Dias Martins em seu livro editado duas décadas depois, Os Mártires Pernambucanos pg. 42, referindo-se à Conspiração Suassuna  de 1801 afirma: ..."o público jámais penetrou os esconderijos d'este mistério; porque molas reaes e secretas, fizerão correr sobre elles cortinas impenetráveis”

(9) Na  primeira geração  já formadora - Catarina Cavalcanti de Albuquerque -  filha do florentino com a mameluca Catariana de Albuquerque foi casada com Cristovão de Holanda e Vasconcellos, filho de família oriunda  dos Baises Baixos aqui estabelecida por  Aranu de Holanda. Participaram da luta contra os holandeses e Cristovão de Holanda Cavalcanti desta geração atuou com irmãos e filhos na Guerra dos Mascates, tendo morrido idoso na prisão. Já na 6ª geração seguinte Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque viveu no Apoá na primeira metade do século XVIII, capitão – mor de Trucunhaem casado com Paula (de Bezerra) Cavalcanti de Albuquerque, da Paraíba descendente de Antonio “da Guerra “(filha de Paulo Cavalcanti de Albuquerque casado com Ângela Cavalcanti de Albuquerque, neto da filha Isabel Albuquerque de Antonio “da Guerra). Este Cristovão chegou a enfrentar e apresar um famoso bandido, o Cabeleira, chefe de um bando de malfeitores que infestavam as matas do Trucunhaém  com os quais os rebeldes já se haviam enfrentado da Guerra contra os Mascates. Sobre a atuação nativista dos Holanda Cavalcanti  na guerra contra os Mascates e autoridade portuguesas, consultar a lista dos Holanda Cavalcanti nos trabalhos “Ramos Nativistas...” e “Engenho Mojope”, próximos no blog  http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(10) Mais sobre a familia Holanda de  Maria Rita, ver nota acima 9.

(11) O parente afim de Mariana, Joaquim José Rego Barros, fez parte da organização do governo revolucionário de 1817, sendo citado em Cahu, opus cit. pg.72.

   Mais sobre a atuação do jovem Francisco Rego Barros ver ainda texto e notas abaixo.     Ver também item específico sobre os Rego Barro neste trabalho.                     

(12) O nome  de Joaguim José Vaz Salgado é  citado por Cahú  entre os que assinaram o documento de compromisso, opus cit., pag. 54.

(13) A.Bittencourt, opus cit. pg. 305, ver outros detalhes ainda nota adiante. Mais detalhes sobre esta família a do Barão da Torre no nosso trabalho especifico em andamento ”O ramo Cavalcanti de Albuquerque Suassuna”

(14) Há inúmeras menções historiográficas sobre as atividades do Aerópago. Especialmente consultados Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg.16; Denis Antonio de Mendonça Bernardes - O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, Hucítec, 2006, pgs. 151-170, cap. “As academias”; Evaldo Cabral de Melo - A Outra Independência, Editora 34, 2004, pg. 25. Ainda Mario Melo – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife, 1912. Já alinhavado o nosso trabalho mais aprofundado sobre os Suassuna, também  com a nossa própria comprovação.

(15) http://blogs.diariodepernambuco.com.br/historiape/index.php/paulo-santos-de-oliveira/ 

(16) O fato de Francisco Xavier, pai desses irmãos Suassuna, não ter aparentemente conseguido a fidalguia desejada teria ligação com o trajetória anterior de contestações da família pelo ramo de Antonio da Guerra ? No ramo Cavalcanti de Albuquerque Lacerda a fidalguia ainda se manteve. Nada sobre fidalguia nos é informado pela historiografia relativa a este ramo de Antonio “da Guerra”, mas a trajetória da família descendente pelo lado Bezerra Cavalcanti certamente estaria abalada pelos sucessivos atos de rebeldia, que fazia jus à fama dos Cavalcanti em geral, frente as autoridades portuguesas, de provocar “cizânia” -  assunto este já muito abordado pela historiografia.

(17) As atividades dos conspiradores que mantiveram contatos com organizações maçônicas francesas em 1801 foram comentadas por Sylvio de Mello Cahú em seu livro publicado na Biblioteca do Exército em 1951 (Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 16, baseado em Mario Melo – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife 1912.). Referida também por este autor a atuação conspiratória de José Francisco na Europa em 1801 e sua transferência para a Inglaterra.

   As informações desta nota com mais detalhes e fontes já em Torres, Rosa Sampaio, “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, edição limitada para uso familiar, atualmente em revisão.  Sobre Antonio Cavalcanti o  da Guerra, entre outros consultar nosso trabalho “O Mazombo” , bem como o artigo pr´ximo a ser editado “ Os Ramos nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque”  e o livro  no prelo, já  aberto a pesquisas  “Antonio Cavalcanti, o  da Guerra “

(18) Segundo nosso trabalho a ser editado “Antonio Cavalcanti, O da Guerra”, já aberto para consultas.

(19) Cahú, opus cit. pg. 92, baseado no artigo “Napoleão I no Brasil”, publicado na revista do Instituto Histórico Pernambucano. Cahú comenta também a atuação do rico comerciante Antonio Gonçalves da Silva, o Cabugá, para viabilizar auxilio de americanos e também “bonapartistas” então refugiados nos Estados Unidos e  interessados em soltar Napoleão da ilha de S. Helena,  pelo  envio de armas e voluntários que só aqui chegarão  depois do fracasso do episódio revolucionário. O tema de contatos com “bonapartistas” também referido em Grieco, Donatello - Napoleão e o Brasil, Bibliex, 1955.  

(20) Dois dos jovens filhos tenentes do cel Suassuna- Francisco de Paula e José Francisco de Paula, e ainda um Francis Xavier de Albuquerque (sic), possivelmente seu pai, são citados em documentação que se encontra registrada na BN,  publicada sob orientação do historiador Jose Honorio Rodrigues - A revolução de 1917 , pg.105 a  111 -  o cunhado Vaz Salgado assina documento  de formação de governo de 17, referido por Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 54.  A atuação do muito jovem sobrinho Francisco Barros Rego referida em sua própria biografia. Sobre ele ver nota acima e texto abaixo, ainda item específico referente à sua família. A presença de José Francisco não pode ser comprovada.           

(21) O episódio da morte de um parente ainda não bem esclarecido, referido um filho seu ou ao seu irmão José Francisco de Paula Cavalcanti.

    Cahú, opus cit. 124, sem citar diretamente as fontes do seu texto, refere a morte do Capitão de Cavalaria José Francisco de Paula Cavalcanti, que afirma filho de Francisco de Paula,  cujo corpo teria sido mutilado por caboclos alagoanos  do comando Atalaia do gen. Gorgomilho. Como a historiografia não refere, pelo que saibamos, a  morte de nenhum dos filhos de Francisco de Paula, a nosso ver  o episódio parece ainda mal esclarecido.    Realmente um  filho seu, Francisco de Pádua Cavalcanti Junior, sem assinar o nome completo assina o documento dos revoltosos que instituem o Governo Provisório – quase mesmo nome assinado pelo cel. Suassuna, Francisco de Pádua Cavalcanti neste documento. Cahu, opus cit, pg.54. Em próximo trabalho sobre o ramo Suassuna , com mais vagar,  tentaremos esclarecer o assunto.

(22) Cahú, opus cit., capitulo ”Esplendor e Ocaso da Revolução” pg. 88. Detalhes da atividades conspiratória da família e mesmo atividades militares dos Suassunas em 1817 serão em futuro trabalho já a caminho  mais apurados -  nós agora limitados a ressaltar  fatos básicos da ação do núcleo  familar do engenho. 

(23) Informações da jovem Raquel Suassuna, familiar da atual geração, referem os nomes citados no texto. Esta tradição oral familiar em parte confirmada por histórico do engenho Suassuna na mídia eletrônica.  Informações de Bittencout, opus cit. pg. 305 refere as três irmãs na linha dos primeiros irmãos do engenho Suassuna, uma delas deste mesmo nome Mariana -  Mariana  Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque casada com o Dr. Francisco do Rego Barros. Seria a senhora Mariana referida por nossa informante Raquel Suassuna  de geração  anterior ? As próprias palavras de Rachel por e-mail em 2014: “A Sra. Mariana [d. Mariana  Correia de Albuquerque,  casada com    Raymundo Francisco Salles C. de Alb.] sugeriu ao marido o uso do sobrenome Suassuna (veado negro em tupy) por nacionalismo. Parece que depois de uma batalha, num lugar chamado riacho do veado negro. Já ouvi falar que foi neste lugar onde os meus ancestrais ganharam uma batalha”. Rachel acrescenta que a senhora Mariana seria antepassada dos Suassuna da linha de Ariano Suassuna, linha que não foi, porém  nobilitada.  

(24) Noticias sobre o engenho na mídia eletrônica. O historiador Evaldo Cabral de Melo também indica noticias deste engenho em “O Bagaço da Cana”, Ed. Pinguim, pg. 98, engenho que ao fim da Guerra  devia  devia a WIK.

(24) Na Fundação Joaquim Nabuco há biografia bem elaborada do muito  jovem Francisco Rego Barros que noticia: “Em 1817, com apenas quinze anos, alistou-se no Regimento de Artilharia de Recife. Em 1821, já cadete do Exército no mesmo batalhão, participou do movimento conhecido como Revolução de Goiana, estabelecido pela Convenção de Beberibe em outubro daquele ano. Foi preso e enviado para o Forte São João da Barra, em Lisboa, Portugal, onde permaneceu até 1823. Uma vez liberado, ele viajou para Paris, graduando-se em Matemática”. Fez carreira política de sucesso, no Império  enobrecido com o título de  conde de Boa Vista. Ver detalhes sobre o jovem Francisco no item específico deste mesmo trabalho sobre a participação específica de sua familia Rego Barros.

(26) Tese de mestrado datada de 2005 da autoria de Juliana Ferreira Sorgine pelo Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publicada na mídia eletrônica em pdf que refere o episódio rebelde ocorrido em Goiana. Os castigos físicos dos populares na época que teriam justificado esta nova revolta  são relacionados por Denis Antonio de Mendonça em   O Patriotismo Constitucional. Pernambuco  1820-1822”- Hucitec, S. Paulo Recife, 2006, pg 226s. Há também neste livro um capitulo sobre o episódio do atentado ao governador  português em 1821, pesquisa não conclusiva sobre os nomes dos  implicados na revolta de Goiana -  apresentado, porém, bibliografia primaria sobre o episódio do atentado ao governador que teria saído ferido. Evaldo Cabral de Melo -  “A outra independência”, 2004, Editora 34, pg. 68, 69, já trata do assunto ligeiramente, usando fontes de jornal da época

  Ver também relativo à ação  dos Rego Barros item abaixo neste mesmo artgo.

(27) O historiador Evaldo Cabral de Melo em Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, editora 34, pg. 34, lembra que em 15 de setembro de 1823 “... um movimento castrense prendeu o governador das armas nomeado pelo Imperador e forçou a renúncia do presidente da Junta dos Matutos, Afonso de Albuquerque Maranhão, reduzindo-a ao triunvirato composto de Francisco Pais Barreto, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, futuro visconde de Suassuna, e Manuel Inácio de Bezerra de Melo”. A Junta, assim dividida e desmoralizada, acrescenta o autor: ... “arrastou uma triste existência até dezembro de 1823, quando renunciou, enfrentando de um lado a oposição dos antigos gervasistas [desejosos de garantias autonomistas], reunidos em torno do intendente da Marinha, Manuel de Carvalho Paes de Andrade e de Cipriano Barata [radical defensor republicano], que regressara das Cortes de Lisboa; e de outro as pressões do Rio, donde se exigia que Pernambuco não só enviasse as quantias mensais do tempo do Rei Velho, como o montante de 2 milhões, equivalente às remessas feitas para Portugal após a partida de d. João VI”. 

(28) Sobre a atuação dos cinco irmãos  Cavalcanti de Albuquerque Suassuna já  no Império consultar nosso trabalho “Os Cavalcanti em questão”, publicado em nossos blog.

(29) A lista genealógica desta linha não nobilitada fornecida por Rachel Suassuna  na atual geração de Suassunas será  oportunamente publicada em nosso artigo “Ramos Nativistas da família Cavalcanti de Albuquerque”

2 – Os Rego Barros do engenho Trapiche

 (1) Dados históricos da família Barros Rego por nós recolhidos - família com ramo também seqüencial Rego Barros – estão já citados em nota de nosso trabalho sobre Antonio da Guerra, que aqui adiantamos e transcrevemos, ressaltando seus inúmeros percalços e atuações políticas anteriores a 1817. Nos penitenciamos se formos exaustivos, mas aqui recolhemos todas as informações que conseguimos.  

   Família de origem portuguesa em Barcelos e Viana, enobrecida na guerra holandesa (origem portuguesa da família em C.E. Barata, DFB, verbete Rego Barros)

    O historiador Gonçalves de Mello em Tempo dos Flamengos, pg. 35, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil de D. Duarte de Albuquerque Coelho, ressalta os “varões” corajosos envolvidos na guerra de defesa contra a invasão holandesa entre eles: “os cinco filhos de Francisco Monteiro Bezerra; na Várzea, os cinco filhos de uma viúva nobre, D. Maria Barrosa, esposa de Francisco de Barros Rego. (Torres, Sampaio –” Antonio Cavalcanti- o da guerra” nota 13),

  Esta viúva Maria Barrosa ou Barroso é indicada como salva aos holandeses em seu engenho próximo à Maciape por Manuel Bráz Bezerra em 1633 - militar que neste sério entrevero sob o comando de Matias de Albuquerque perdeu a vida (fato lembrado no romance de Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque - Matias, pg.126, certamente tendo também como fonte também D. Duarte)

    Cabral de Mello em O Bagaço..., pg. 60, refere este engenho “Maria Barrosa” no vale do Capibaribe e indica que esta senhora, já viúva de Francisco Barros Rego (I), foi obrigada a refugiar-se em 1633 no Arraial de Bom Jesus e a pagar resgate após a capitulação. Estaria viva, [possivelmente retirada na Bahia], ainda em 1664.

    Cabral de Mello na mesma fonte acima refere João de Barros Rego como um dos filhos de Maria Barrosa. Apuramos que outro dos filhos de Maria Barrosa teria sido Cristóvão de Barros Rego, falecido em 1694 (indicado filho deste mesmo Francisco Barros [Rego] [I] natural de Viana, cuja mãe fora uma Barros do solar da Cabaceira, e sua segunda esposa [a própria] D. Maria Barrosa, filha de João Fernandes Pessoa e de Maria Gonçalves Raposo). Cristovão, capitão em 1633 serviu na guerra contra os holandeses com grande valor e distinção, tornado Fidalgo da Casa real e Governador de São Tomé. Instituiu o Morgado do engenho “São Bento do Caiará” e o da “Conceição”, cujo administrador foi seu neto homônimo Cristóvão de Barros Rego, casado com Anna Wanderlay - (fontes C.E Barata - v. Rego Barros e blogdosengenhos na mídia eletrônica). 

    Se foram cinco os filhos de Maria Barrosa, como nos lembra D. Duarte, e só conseguimos identificar dois sobreviventes, indagamos se não seriam também filhos de Maria Barrosa e Francisco Barros Rego I os três jovens de família nobre, menores de idade, que em 1635 na região de S. Lourenço ou Muciape foram extremamente torturados e mortos pelos holandeses quando tomadas estas povoações em represália a ataques das forças resistentes. Na época estas forças eram transitoriamente comandadas pelo mestre de campo Manuel Dias Andrada-jovens mártires relembrados e citados por Fernandes Gama em Memórias..., tomo II, livro III, cap. I, pg. 16.

   Sabemos que já na geração seguinte João do Rego Barros, filho de Francisco Rego Barros II (n. c. 1598) pretendeu voltar da Bahia em 1646 nas forças da Restauração para retomar a propriedade de sua família, o engenho “Maciape”. Ele casado com Arcangela da Silveira e neto de Luis do Rego Barros [irmão de Francisco Barros Rego I] e de Inês de Goes de Vasconcelos - filha de Arnau de Holanda, que mesmo havia fundado este engenho. Lembrando que o pai de João, Francisco Rego Barros II, herdeiro do engenho “Maciape” se havia refugiado no Arraial de Bom Jesus em 1633, [possivelmente coma a parenta (tia avó ?) Maria Barrosa] levando “todos os mantimentos que puderam carregar seis carros e quarenta pretos seus e mais de trinta homens armados que pode juntar”. O engenho lembramos foi atacado pelos holandeses em 1635 e neste mesmo ano Francisco e a família se retiram para a Bahia, onde Francisco vem a falecer, honrado como  Fidalgo da Casa Real em 41, e Cavaleiro da Ordem de Cristo em 43. Falecido antes de receber a comenda (fontes Cabral de Mello em O Bagaço, pg. 82; C.E. Barata - v. Rego Barros)

   Adiante, o também o descendente desta família André Barros Rego, filho de Cristovão e Anna Wandelay, já no ano de 1666 participará com Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, o quarto filho do “da Guerra” de uma violenta ação nativista - destituição do governador português atrabiliário, Jerônimo Mendonça Furtado - ação pela qual foram ambos quase enviados para Portugal como punição. (Torres, Sampaio “Antonio” nota 130 e 131).

   Na próxima geração, finalmente, o filho de André, Provedor da Fazenda Real em Pernambuco - determinado e memorável “mazombo” - João Rego Barros (1653-1712), em auxilio aos Cavalcanti de Albuquerque e Bezerra Cavalcanti participará da Guerra nativista contra os Mascates em 1710.

  A atuação dos Rego Barros na Guerra dos Mascates também é relatada por Evaldo Cabral de Mello em O Bagaço de Cana, Ed. Pinguin e Cia das letras, 2012 – engenho Maciape, pg.83 e em A Fronda dos Mazombos, Companhia da Letras, 1995(ver índice onomástico). Também recordado pela memorialista Maria Cristina C de Albuquerque em O Magnificat - Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti, Fundação Gilberto Freyre, Tempo Brasileiro, Recife, 1990, pg. 129, que comenta “O venerável João do Rego Barros, preso, após colocar à disposição da causa seus oitocentos soldados, não resistiu pela idade avançada aos maltratos recebidos na masmorra”.

  Maria Cristina, pg. 129 ainda afirma: “Cosme, Manuel [Bezerra Cavalcanti] e José do Rego Barros receberam mais maltratos que os demais... [condenados] a desfilar pela povoação, em condições aviltantes”.

    Evaldo, Cabral A Fronda – opus cit. pg. 395 refere à mesma ocasião: “Escoltados por terra pra o Recife ai entraram em começo de junho passando por vexames idênticos aos que já haviam sofrido em Goiana [desfilando em ferros]”.

   Estes episódios e suas pesadas punições já comentados por nós em “Os Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates”, no prelo.

 (2) O jovem Francisco Rego Barros, filho de Mariana como já observado na lista acima era descendente, portanto, de uma longa tradição dos de mesmo nome e sobrenome no Brasil desde o sec. XVI.

   Os irmãos Suassuna, filhos de [Maria] Felipa Cavalcanti de Albuquerque, ela também já ligada aos Rego Barros por seu pai, irmão de um Francisco Rego Basrros - Felipa era filha de Gonçalo Xavier Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho Pantorra e Luíza Bandeira de Melo. Neta paterna de Mateus de Souza e Luiza Cavalcanti de Albuquerque. Neta materna de Antonio Cavalcanti, o da Guerra e Margarida Souza. Trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa, esta filha de João Cavalcanti de Albuquerque e Maria Pessoa.  A genealogia de Felipa, muito segura referida por A.Bittencourt. opus cit., pg. 299.

     A fonte Geni apresenta a genealogia do pai de Felipa.

 "Gonçalo Francisco Xavier Ferreira de Sousa" ou "Gonçalo Francisco Xavier Cavalcanti"

Data de nascimento:  estimado entre 1622 e 1742

Falecimento:  31 Dezembro 1783    

Filho de Matias Ferreira Ferreira de Sousa, Sr Engenhos Anjo e Pantorra; Mathias Ferreira de Sousa Xavier Ferreira de Souza e Lusia Margarida Cavalcanti.

Esposo de Luiza Bernarda de Melo.

Pai de Pedro Cavalcanti de Albuquerque; Maria Felipa Ferreira de Souza Cavalcanti de Albuquerque e Ana Maria de Santa Rita.

Irmão de João Cavalcanti de Albuquerque; Francisco do Rêgo Barros, Sr. do Engenho de Arariba; Nicolau Coelho de Albuquerque; Lusia e Maria

Senhor dos engenhos Pantorra e Pindoba

(3) Este Joaquim (1775 - 1818) chegou a assinar o documento da formação do governo revolucionário, documento reproduzido em livro de Cahú (Major Sylvio de Mello Cahú) A Revolução Nativista de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951, pg.72.

   Informações genealógicas da fonte Geni indicam sobre Joaquim José da Cunha Rego Barros nascido 1775, falecido 1818 – mas não sabemos como faleceu neste ano revolucionário.

    Filho de Capitão João da Cunha Rego Barros e Josefa das Neves Teixeira

    Esposo de Rita Maria de Jesus Coutinho

    Pai de João Joaquim da Cunha Rego Barros, 2º barão de Goiana; Margarida Coutinho     

   da Cunha Rego Barros; Joaquina Maria de Jesus Coutinho; Rita Maria de Jezus       

    Coutinho; Inácia e 3 outros.

    Irmão de Francisca Xavier da Cunha; Maria José do Coração de Jesus; 2ª Filha; 3ª     

    Filha; 4ª Filha e 1 outro.

(4) Cahú, Major Sylvio de Mello - A Revolução Nativista de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951, pg.125.

(5) Denis Antonio de Mendonça, O Patriotismo Constitucional. Pernambuco, 1820-1822, Hucitec, S. Paulo Recife, 2006, pg. 226s.  Há neste livro na pg. 386 também capítulo sobre o episodio do atentado e sobre o governo rebelde em Goiana no ano 1821, não conclusivos sobre o numero e nomes dos implicados que foram embarcados para Lisboa e logo liberados com a ocorrência Revolução constitucionalista do Porto e especialmente por falta de correto indiciamento, o que prejudicou a formulação de sua culpabilidade.

(6) Cabral de Melo Evaldo -“A outra independência”, 2004, Editora 34, pg. 68, 69. Sobre o jovem Francisco Rego Barros consultar futuramente nosso trabalho em aprofundamento sobre o tema dos Suassunas.

3- A rebelde Ana Lins, senhora do engenho Sinimbu

 (1) O levantamento factual amplo desta conspiração no século XVII, preparada para eclodir à chegada da frota do conde da Torre, ainda é pouco abordada em nossa historiografia, mas já referida por Gonçalves de Mello e ampliada por Torres, Rosa Sampaio no livro “Antonio Cavalcanti da Guerra Holandesa, no prelo, usando como fontes os historiadores Evandro Cabral de Mello, Manuel Diegues Junior e o próprio Gonçalves de Mello. Conspiração também referida pela autora no artigo “Ramos Nativistas da família Cavalcanti de Albuquerque”.

(2) Lista inicial da família Lins estabelecida em Pernambuco:   

    Cristovão Lins + Adriana de Holanda. Filhos:

    Ines Lins, Bartolomeo Lins de Vasconcellos (1570-1635 + Mércia Rocha Dantas) e Brites Lins de Vasconcellos.

   De Bartolomeo e Mércia são filhos –       

   Cristovão Lins (+Adriana de Holanda), Sinbaldo Lins, Constantino Lins, Maria Lins e Cosma Lins.

    D. Jerônima de Almeida Lins, antepassada de Ana Lins, era neta de Cristovão Lins e Adriana de Holanda, filha de Brites Lins de Vasconcellos e Baltazar de Almeida Botelho.

(3) Segundo Antenor Nascente. (II, 283) citado por Barata, C. E -Dicionário da famílias Brasileiras

(4) Ana Maria José Lins seria a quarta neta do casal Cristovão Lins e Adriana de Holanda, filha de João Lins de Vasconcellos e Inês de Almeida Pimentel (Barata, C.E Dicionário das Famílias Brasileiras, verbetes Lins e Sinimbu).

(5) Sobre o Visconde de Sinimbu, Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 353.

(6) Esaura Quixabeira Rosa e Silva e Edilma Bonfim e Divaldo Suruagy - Dicionário Mulheres de Alagoas, Ontem e Hoje, 2007, Alagoas, Google Livros. Também em Suruagy, Divaldo e outro - Raízes de Alagoas, Catavento, 2000, pg. 54-57.

(7) Fonte Suruagy, Divaldo e outro - Raízes de Alagoas, Catavento, 2000, pg. 71, 72. Ainda na mídia eletrônica mais informações no endereço www.fuj.com.br/files/ykLH40igK0aDJaF.rtf Também A. Bittencourt – opus cit., pg. 353.

 (8) Torres, Rosa Sampaio – “Ramos Nativistas”, próximo no blog.

4 - O núcleo dos quatro irmãos Araujo Lins Cavalcanti oriundos do engenho de Pedreiras (Itamaracá)

 (1) Ver a origem familiar desses quatro irmão explicitada no decorrer do texto e nas notas abaixo.

(2) Bernardes - Denis Antonio de Mendonça, em rodapé de seu livro O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822” - Hucitec, S. Paulo Recife, 2006 - Sociabilidade..., pg.166.

  Ficou celebre porque pintado por Parreiras o episódio da fuga de José Peregrino Xavier de Carvalho que em 1817 conseguiu refugia-se ainda entre os seus, mas agora foi motivado a entregar-se, e depois martirizado. Melhor sorte teve o seminarista Manoel Cavalcanti de Albuquerque do engenho Flamenguinha, em Alagoas, que seus parentes por pessoas de confiança esconderam durante um ano nas matas do engenho e não foi sacrificado. Posteriormente senhor do eng. Castanha Grande, seu filho Ambrósio ainda grande batalhador pela Abolição e Republica (84). Acreditamos que muitos batalhadores da revolução de 1817 tenham conseguido escapar e esconder-se, esperando nova oportunidade

 (3) Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 295 citado Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, casado com Luiza Cavalcanti, filho de Manuel Cavalcanti de Albuquerque casado com Brasia Bezerra, este irmão de Bernardino de Araujo. Ver mais nota 6.

(4) Bernardes, Denis Antonio de Mendonça em rodapé de seu livro O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822 – cap. ”Sociabilidade...”. pg.166.

 (5) Documento que comprova definitivamente a genealógia dos irmãos - um requerimento à rainha [D. Maria I], Manuel Araujo informa seu nome e de sua esposa e pedindo passar provisão para tombar as terras de seu engenho das Pedreiras, na capitania de Itamaracá (Anexo: 1 doc. 1779 – biblioteca digital Luso brasileira). Também encontramos um ofício do [padre] Luís José de Albuquerque Cavalcanti [Lins] ao [conde das Galveias, D. João de Almeida Melo e Castro], sobre a ida de D. José Tomás de Meneses para o Maranhão, mesmo não tendo se restabelecido de suas dores; informando acerca do requerimento de seu irmão, o padre Antônio José Cavalcanti Lins, que ainda não havia sido decidido.    

(6) Na fonte Bernardes, Denis Antonio de Mendonça - O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822 - pg.166 são referidos estes quatro irmãos - sem que sua genealogia fosse identificada.

   Entretanto, na lista segura de Bittencourt. A - opus cit. pg. 353 um Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, aparece casado com Luiza Cavalcanti e como filho do velho Manuel de Araujo Cavalcanti. Ainda informado pela fonte Geni como esposa do Manuel mais jovem uma filha de Tereza de Jesus Lins e Manoel Álvares de Morais Navarro do terço dos Paulistas - Isabel Tereza de Morais Lins - irmã de Ana Francisca Xavier, Adriana Wanderlay e Maria de Moraes Lins (qual geração?).

    Encontramos ainda para nossa comprovação mais segura o documento de prova genealógica - um requerimento do mais novo Manoel Araujo à rainha [D. Maria I], pedindo passar provisão para tombar as terras de seu engenho das Pedreiras, na capitania de Itamaracá. (Anexo: 1 doc. 1779 – biblioteca digital Luso brasileira). Também encontramos na mídia eletrônica ainda um ofício do [padre] Luís José de Albuquerque Cavalcanti [Lins] ao [conde das Galveias, D. João de Almeida Melo e Castro] referente á ida de D. José Tomás de Meneses para o Maranhão, mesmo não tendo se restabelecido de suas dores; e informando acerca do requerimento de seu irmão, o padre Antônio José Cavalcanti Lins, que ainda não havia sido decidido.

    Esquematizamos assim os ancestrais maternos dos quatro irmãos:

 

Manoel Álvares Murzillo (1630) +Ana Pedroso de Moraes (1642-1686)

                                       

                        I                      Manoel Coelho Negromonte +Adriana Wanderlay   

                                                                                              I

      Manoel Alvares de Morais Navarro +   Tereza de Jesus Lins (1770) ou Tereza Negromonte 

    1700 -1745                                             

I

                                           Isabel Tereza de Morais Lins

 

5 - Os Correia de Araujo donos do engenho em Serinhaém

(1) Cahú - Major Sylvio de Mello - A Revolução Nativista de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 53, 54. Como punição também afastado de sua propriedade no Serinhaém que sabemos depois voltou aos parentes de sua mulher.

 (2) Dias Martins – “Martires Pernambucanos” (pg. 46)

(3) Antonia da Silveira Lins

Data de nascimento:  01 Março 1858 Local de nascimento: Escada, Pernambuco, Brasil Falecimento:  09 Junho 1941 (83). Filha de Belmiro da Silveira Lins, Barão de Escada e Maria de Jesus de Souza Lins. [Belmiro foi assasinado por motivos políticos na chamada Hecatombe de Vitória]  Esposa de Antonio Francisco Correia de Araujo

Mãe de Ana Lins Correia de Araújo; Maria Izabel Correia de Araújo; Belmiro Correia de Araujo; Beatriz Correia de Araujo; Antonio Francisco Correia de Araujo; Francisco Antonio Correia de Araujo e Henrique Lins Correia de Araujo

Irmã de Maria Lins Cavalcanti.

(4) Informação do blog na mídia eletrônica blogdosengenhos sobre o eng. Serinhaém. Mais informações na “Lista sobre a família Araujo Cavalcanti” no blog em breve. 

(5) “Camaragibe desposou Ana Tereza Correia de Araújo, a filha do Coronel Manoel Correia de Araújo, também membro da classe dos senhores de engenhos e escravos, que fez parte governo provisório revolucionário de 1817, como representante da lavoura na sua composição, mas que depois mudou de lado e se juntou as forças contra revolucionárias” (fonte Bernardes, Denis Antonio de Mendonça - O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822 pg.210)”. Comentário algo preconceituoso da doutora em História Suzana Cavani Rosa, citando o historiador Bernardes em seu trabalho “Um líder conservador no Império: perfil, atuação política e redes de sociabilidade do Visconde Camaragibe, em Pernambuco e na Corte, entre as décadas de 1850-1860”, apresentado no XXVII Simpósio Nacional de História, Natal –Rio Grande do Norte, 2013.

   Sobre o Visconde de Camaragipe consultar também texto de A. Bittencourt, – opus cit. pg. 341

 

 

6 - O núcleo familiar do “Leão Coroado” - Andrade Lima, Pessoa de Araujo, Camello Pessoa. 

(1) Informações e esclarecimentos orais prestadas pela descendente Claudete de Araujo Cavalcanti no ano de 2019, membro desta família Pessoa de Araujo Cavalcanti, que utiliza até mesmo documento cedido do inventário de Camillo Borba, o Velho - possibilitando assim a realização de lista genealógica familiar mais completa a ser publicada oportunamente.  Ver mais nota 4 e 5.

(2) Sobre o episódio de Goiana em 1821 ver Evaldo Cabral de Melo - A Outra Independência, Editora 34, 2004, pg. 68. Evaldo se baseia em noticias da gazeta “Aurora Pernambucana” de 21/7/21. Sua atuação citada também em nosso artigo mais detalhado sobre os Suassuna atuantes entre 1801 e 1817.  Ver também item referente aos Rego Barros neste futuro trabalho. 

(3) Dados da biografia de José Camello Pessoa de Mello que constam na internet informam que foi “político e militar, nascido na cidade de Goiana nos últimos anos do século XVIII. Durante a Revolução Pernambucana ocupou o cargo de sargento-mor do Regimento de Cavalaria Auxiliar, sendo preso na Bahia logo depois, e beneficiado nas vésperas da independência, no ano de 1821, com a sua liberdade. Participou também de outros movimentos libertários em Goiana, Igarassu, Olinda e Recife. No ano de 1823 foi designado como comandante das Armas da Província. Morreu em Goiana, com idade avançada”. https://www.pe-az.com.br/editorias/biografias/j/841-jos%C3%A9-camelo-pessoa-de-melo.html

(4) Como fontes de comprovação da ligação entre esta várias famílias, deixamos abaixo as fichas de genealogia que foram por nós checadas e comparadas, ainda corrigidas pela familiar Claudete Pessoa de Araujo Cavalcanti (2019), que inclusive nos forneceu documento de inventário de Inácio Camello Borba, o Velho.  O histórico do episodio revoltoso de Goiana em 1821 será aprofundado por nós no artigo mais longo e detalhado que refere a ação dos Suassunas entre 1801 e 1817, em breve em nosso blog.

Cap. Francisco Camello Pessôa de Araújo (1824 - 1904) Filho de José Ignácio Camello Borba e Ana Clara de Lyra Pessôa. Casado com Cândida Rosa Camello Pessôa de Araújo (irmã de Luzia abaixo). Pai de Dr. Antonio Miguel Pessôa de Araújo; Ana Clara de Lyra Pessôa; Francisca Barbosa da Silva; Miguel Pessôa de Araújo e Maria da Silva Pessôa de Araújo. Irmão de José Ignacio Camello Pessôa de Araújo e Cap. Miguel Pessôa de Araújo Camello Meio-irmão de José Ignacio Camello Borba Junior

Sua cunhada Luzia (Barros de Andrade Lima?) Pessoa de Araujo - Filha de Antonio Miguel Barros de Andrade Lima e Maria Nazaré Barros de Andrade Lima

Esposa de José Ignacio Camello Pessôa de Araújo.

 (5) Engenho do Meio, em Araripe? Propriedade de Amaro Gomes Coutinho?   

(6) Segundo informações genealógicas e biográficas facilmente encontradas na mídia eletrônica transcrevemos a ficha de José e seus parentes na fonte Geni:

 

Luiz de Andrade Lima (pai do Leão Coroado)

estimado entre 1699 e 1759

Filho de Cap. Luiz de Andrade Lima e Luzia Barbosa Carneira

Marido de Adriana de Barros Lima

Pai de José de Barros Lima, o "Leão Coroado" e Luiz Ignácio de Andrade Lima

José de Barros Lima, o "Leão Coroado"

cerca 1764

São Lourenço da Mata, Pernambuco

Falecimento 08 Julho 1817 (49-57) – enforcado e decapitado.

Largo do Erário, Recife, (Enforcado, decapitado e mãos decepadas)

Filho de Luiz de Andrade Lima e Adriana de Barros Lima

Marido de Teresa de Jesus de Albuquerque Melo

Pai de Cândida Rosa de Albuquerque Cavalcanti; Joaquim Ignácio de Barros Lima; Maria e Antonio de Barros Lima

Irmão de Luiz Ignácio de Andrade Lima; Antonia Monte Lins de Albuquerque; Maria das Merces Lins de Albuquerque; Ana Lins de Albuquerque; Maria Lins Cavalcanti de Albuquerque e Sergio Lins Cavalcanti

- “Arvore genealógica de um ramo da família de José de Barros Lima - O Leão Coroado” Diário de Pernambuco de 1937. Por um descendente da família Barros Lima.

“José de Barros Lima, natural de Olinda, Pernambuco, filho de pais nobres e abastados, pertencia a uma das maiores famílias daqui, pois a ela estão ligados Andrade Lima, Pereira de Andrade, Pereira Borba, Pereira de Lira, Arruda Câmara, Pereira de Araújo e muitas outras.

   José de Barros Lima casou-se em sua terra natal com D. Thereza de Jesus de Albuquerque Mello, também fidalga e descendente da grande família de Jerônimo de Albuquerque e, deste consórcio, tiveram três filhos: Cândida Rosa de Barros Lima, casada que foi com José Mariano de Albuquerque, Antônio de Barros Lima, padre, e Joaquim Ignacio de Barros Lima, de que vamos nos ocupar.

   Em 1817, quando Leão Coroado era preso seu filho Joaquim Ignacio então cadete do exército, com 17 anos, foi amarrado, sacudido no porão de um navio e enviado para a Europa [ou para Montevideo? para onde foram enviados os cadetes? Se foi para Europa seria em 21 pelo levante de Goiana].

  Escapando a todos os martírios, Joaquim Ignácio continuou a seguir a carreira das armas e, quando tenente de artilheiros, se casou, em Montevidéu, com D. Maria Amália da Matta Sarmento, filha do marechal de campo Faustino Jovitha da Matta Sarmento, vindo Joaquim Ignacio, em seguida, para o Rio de Janeiro, aonde residia sua veneranda mãe, em companhia de Cândida casada com José Mariano.

  Depois do falecimento de sua mãe, Joaquim Ignacio veio com sua senhora e três filhos para o Recife.

  Mais tarde Joaquim Ignacio pediu e obteve sua reforma e, por influência de seu primo, compadre e amigo o conde da Boa Vista, foi nomeado conferente da alfândega. [O Barão de Boa Vista era Francisco Rego Barros, sobrinho do gen. Suassuna que atuou como cadete em 17 e também em 1821 Goiana, enviado para julgamento na Europa] 

 De seu consórcio teve os seguintes filhos: José de Barros Lima, Júlio Pompeu de Barros Lima, Luiz Andrade de Barros Lima, Faustino de Barros Lima, Antônio de Barros Lima, Joaquim Inácio de Barros Lima, Maria Adelaide de Barros Lima, Thereza Alexandrina de Barros Lima e Cândida Rosa de Barros Lima.

  José de Barros Lima casou-se com D. Ignez do Rego de Barros tendo uma filha Nélida Barros de Lima Vilella.

  Júlio Pompeu de Barros Lima casou-se com D. Carolina Burlamaqui, tendo uma filha D. Júlia Amélia Barros Lima, solteira, residente em Recife.

   Luiz de Barros Lima casou-se com sua prima D. Josepha de Barros Lima.

  Faustino de Barros Lima casou-se com D. Anna Villarin.

   Maria Adelaide casou-se com seu primo Antônio de Souza Navarro e tiveram um filho e professor Romualdo Augusto de Souza Navarro e um neto Joaquim Anselmo de Souza Navarro residentes em Recife.

  Thereza Alexandrina casou-se com seu primo José Antônio da Silva e Mello e tiveram duas filhas: D. Maria Amália da Silva e Mello, falecida, e D. Adelaide Augusto da Silva e Mello residente em Recife.

Cândida Rosa casou-se com o Dr. Antônio Fernandes Trigo Loureiro de cujo casal existe o desembargador Antônio Trigo Loureiro advogado em Cuiabá e D. Alzira Trigo Loureiro, viúva, residente no Ceará.

  Portanto eis a descendência do tenente Joaquim Ignacio, filho do Leão Coroado, que constituiu família em Pernambuco e uma nota interessante sobre a genealogia dos mártires de 1817”.

(7) José Mariano Albuquerque Cavalcanti (1772-1844). Sua biografia comenta que era filho de Antonio Coelho Albuquerque, nascido em Aracajú. Com Ribeiro de Andrade Machado teria sido membro de uma loja maçônica intitulada “Distintiva” que ficava na freguesia de São Gonçalo, em Niterói, na companhia de José Joaquim da Rocha, Luís Pereira da Nóbrega, José Joaquim da Gama Lobo, Capitão Ornellas e Belchior Pinheiro de Oliveira. A loja mais tarde denunciada todos os seus utensílios (livros?) foram jogados ao mar à mando do príncipe regente D. João (Barata, Alexandre Mansur - 2006). Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência do Brasil, 1790-1822. São Paulo: Editora UFJF) Segundo sua biografia Mariano ´foi casado em segundas núpcias com Cândida Rosa de Albuquerque Cavalcanti, filha de José de Barros Lima, o "Leão Coroado". Teve quatro anos em prisão, julgado em Portugal pelo assassinato do brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro [possivelmente por conspiração por ocasião da deflagração do movimento revolucionário] Condenado a degredo perpétuo na Ásia, pena que não foi cumprida. Perdoado, voltou ao Recife, onde auxiliou ainda a deposição em 1821 da junta organizada com a expulsão de Luís Rego [?]. - Conseguiu mais tarde destacado papel no Império.  Faleceu em 20 de agosto de 1844 no seu sítio Guapemirim, em Majé, estado do Rio de Janeiro. Sobre a atuação  de José Mariano também nosso trabalho sobre “Os Cavalcanti de Albuquerque Suassuna entre  1801 e 1817”, próximo a ser publicado no blog.

(8) Luís Cavalcanti de Campos Melo, nasceu em Alagoas/AL. “Filho de Antônio Manuel de Campos Melo e de Maria da Conceição Albuquerque Cavalcanti de Campos Melo. Luís casou duas vezes, a primeira com Ana da Conceição Albuquerque de Campos Melo e a segunda, com Júlia Cavalcanti do Livramento.

Mudou-se para Santa Catarina, onde foi Deputado quatro vezes, uma na Assembléia Legislativa Provincial, à 21ª Legislatura (1876-1877), e três na Assembléia Estadual, no período republicano”. Fonte para aprofundamento MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Luís Cavalcanti de Campos Melo. 2019. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/624-Luis_Cavalcanti_de_Campos_Melo>.

 7- Núcleo do ramo central Cavalcanti de Albuquerque de Manuel e sua família do eng. Flamenguinha (AL), aliados dos Machado da Cunha do engenho Unussu – ele depois senhor do engenho Castanha Grande (AL). 

  (1) Seria nossa Luiza do nucleo Lins Wanderlay,  descendente de Adriana Wanderlay  (1648 e 1706) ?   Adriana Wanderley seria bisavó na nossa Luíza ?  Adriana era filha de João Maurício Wanderley e Maria da Rocha Lins, irmã de uma Luísa Wanderley e teve como  filha outra  Luísa Lins da Rocha.  

      Notado que no item anterior, durante a revolução de 1817 o dono do eng. Serinhaém (PE), Manuel Correia de Araujo, cuja filiação igualmente não identificamos foi casado com uma senhora dos Lins, possivelmente desta linha Wanderlay  e participou do governo rebelado na pasta da Agricultura -  sua esposa Antonia Lins (de casada Correia de Araujo). Seria nossa Luiza uma irmã de Antonia do Serinhaém  nesta geração ?  Notado que adiante o eng. Serinhaem continuou na posse dos Lins Wanderlay (pelo sobrinho ou parente  de sua esposa) ( fonte blog dos engenhos)

   Adiante encontramos  a linha Lins ainda  muito ligada aos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande. Ambrósio Machado da Cunha cunhado do barão de Escada, Belmino da Silveira Lins.

 

 Antonia da Silveira Lins

Data de nascimento:  01 Março 1858

Local de nascimento: Escada, Pernambuco, Brazil

Falecimento:  09 Junho 1941 (83)

Recife, Pernambuco

Família imediata:     

Filha de Belmino da Silveira Lins, Barão de Escada [cunhado de Ambrósio Machado] e Maria de Jesus de Souza Lins.

Esposa de Antonio Francisco Correia de Araujo.

Mãe de Ana Lins Correia de Araújo; Maria Izabel Correia de Araújo; Belmino Correia de Araujo; Beatriz Correia de Araujo; Antonio Francisco Correia de Araujo; Francisco Antonio Correia de Araujo e Henrique Lins Correia de Araujo.

Irmã de Maria Lins Cavalcanti.

  Temos ainda Maria Luiza Wanderley Cavalcanti casada no eng. Serinhaém em 1823,  com Antonio Peregrino Cavalcanti de Albuquerque (1831).   

   Ainda na geração seguinte,  Manoel Cavalcanti (Lins, Walcacer ? 1829-1902) teve um filho, Eustaquio Cavalcanti Lins Walcacer (1850-1929) genro desta Maria Luiza Wanderley Cavalcanti, casada no eng. Serinhaém em 1823  com Antonio Peregrino Cavalcanti de Albuquerque (1831). Eustáquio casado com  a filha do casal, Antônia Peregrina Uchoa Cavalcanti teve  uma filha,  Maria Luiza Cavalcanti Lins Walcacer (1883 - ?) - Deste nucleo familiar a origem recente do ramo Coutinho Cavalcanti, desdendente  do herói Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817) que também foi martirizado em 1817. Ver lista recente dos Coutinho Cavalcanti em anexo ao nosso trabalho “Ramos Nativistas “, próximo no blog.

A ficha de  Adriana Wanderlay, estimada entre 1648 e 1706, comenta: 

“Filha de  João Maurício Wanderley e Maria da Rocha Lins

Esposa de Manuel Coelho Negramonte, Sr Eng da Guerra de Ipojuca.

Mãe de Manoel Coelho Negramonte; João Maurício Wanderley; Francisco Coelho Negramonte; Maria de Barros Lins; Ana Maria de Jesus; Teresa Negramonte; Micaela Coelho Negramonte e Luísa Lins da Rocha

Irmã de Cristóvão da Rocha Wanderley; Isabel de Almeida Wanderley; Bartolomeu Lins; José Maurício Wanderley; Antonio Maurício Wanderley; João Maurício Wanderley; Francisca Maurícia Wanderley; Bento da Rocha Barbosa Maurício Wanderley; Ana Maria Wanderley; Rosa Maria Wanderley; Madalena Wanderley; Luísa Wanderley; Sebastião Maurício Wanderley, Sr Engenho da Fornicosa em Porto Calvo e Gonçalo da Rocha Wanderley, capitão-Mor.”

 (2) Ver nosso trabalho o “Ramo do Castanha Grande” com todas as fontes, e também o futuro livro sobre “Os Bezerra Cavalcanti e a guerra contra os Mascates”.

(3) Antonio da Guerra e Leonardo Bezerra são personalidades muitas vezes citadas em nossos diversos trabalhos já editados e por editar.     

(4) Oliveira Lima, Manuel – Memórias: estas minhas Reminicências... (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1937, pg. 88) comentando o episódio, especifica que Ambrósio levou um tiro na testa, uma punhalada nas costas e um tiro na coxa. Outros comentários sobre a trajetória política de Ambrósio são acrescentados por este autor.

    O episódio em que o jovem Ambrósio sai ferido ficou historicamente denominado “Hecatombe de Vitoria” – também narrado e comentado em Torres, Rosa Sampaio artigo “O ramo do Castanha Grande”, no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.

   No artigo “Narrativa completa da Hecatombe da Vitória” assinado por Álvaro da Costa Lins, http://www.paroquiadesantoantao.com.br, que relatado o episódio extremamente violento em que Ambrósio foi envolvido durante campanha para senador em PE. Detalhes indicam que pelo menos 14 pessoas teriam falecido, inclusive seu cunhado Belmiro Lis do engenho Escada. Citamos este autor:

      “O Dr. Ambrósio subiu na calçada e foi atingido pelo projétil de uma arma deflagrada por um cabo de polícia, de nome Amaro, que estava entrincheirado na torre direita [da Igreja]. Esse tiro foi disparado de pontaria na cabeça do Dr. Ambrósio. Este ignorava o que significava a palavra medo, pois nascera para as batalhas cívicas. Não sabia recuar nem mentir ao seu passado pleno de rudes campanhas. Diante daquela cena não podia parar, tinha que prosseguir na pugna até o fim... Assim, deixou o cunhado morrendo e teve de empregar a força física para dominar os amigos e abrir caminho. A despeito do ferimento, banhado em sangue, o branco lutador encaminhou-se para uma das portas de frente da Igreja, que foi por alguém aberta. Sua recepção foi uma saraivada de balas”.

      Hoffnagel, Marc Jay no artigo “O partido liberal de Pernambuco e a Questão Abolicionista 1880/1888” (Revista Cadernos de Estudos Sociais, Recife, 4 n.2, pg.195-206, julho/dezembro de 1988) pretende citar Ambrósio como um exemplo de senhor de engenho anti-abolicionista, mas com sua argumentação facciosa acaba por omitir o fato de Ambrósio quase ter morrido no conflito com os Souza Leão e ainda, depois da própria Abolição e da proclamação da República, ter ocupado o cargo de Governador de Pernambuco por duas vezes, no ano 1890 e entre 1992-1996.

(5) Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, teve duas passagens pelo Governo de Pernambuco, segundo informações do portal do governo de Pernambuco: “Em 1890, foi eleito, porém, deixou o cargo no mesmo ano que o assumiu, assim como seu antecessor, Albino Gonçalves. Sua segunda passagem pelo governo pernambucano foi mais longa. Vice-governador assumiu o mandato em 1892 e permaneceu à frente do estado até 1896.”

(6) Assunto detalhadamente abordado em nosso artigo “O ramo da Castanha Grande”, publicado em nosso blog.

8- A atuação de herói Amaro Coutinho do engenho Bonito (PE)

(1)  Segundo informações mídia eletrônica  “blogdosengenhos”

(2) Segundo a fonte publica  https://www.recantodasletras.com.br/artigos/4310000 .

(3) Estêvão José Carneiro da Cunha (1762 —1832), sargento-mor da Vila de Igarassu, filho de João Carneiro da Cunha neto de Sebastiana de Carvalho e Manuel Carneiro da Cunha - família já entroncada com o ramo principal dos Cavalcanti de Albuquerque Lacerda que foi  estudada no item 7 deste trabalho.

 (4) A fonte “blogdosengenhos’ na mídia eletrônica refere o “Engenho Bonito” em Nazaré da Mata não mais na propriedade do mestre de campo (coronel) Amaro Gomes da Cunha Coutinho (doc. 1747) e sim na  do descendente deste, Amaro Gomes da Costa [ou Cunha] Rabelo, provavelmente seu neto,  de geração posterior que teria conspirado pela Republica. Amaro Gomes da Costa [ou Cunha] Rabelo foi Tenente Coronel de Milícias de Brancos da Capital e era  irmão de José Inácio Gomes Cunha Rabelo (1806-1864), segundo ainda informação do blogdosengenhos. Cavalheiro da Ordem de Cristo; membro da Academia do Cabo de Santo Agostinho e Paraíso. Teria sido forte “abnegado apóstolo da República” e mereceu por isso a consideração do alto cargo de General. Casado com Ignácia Xavier da Cunha Coutinho Carneiro de Albuquerque - filha de Ignácio Xavier Carneiro de Albuquerque [genro do primeiro Amaro?] e Joana Coutinho Carneiro de Albuquerque. O “blogdosengenhos” indica ainda – “Com fotografias na Col. Francisco Rodrigues: FJN Nºs: 3.832, 4.376, 4.377, 4. 378; 3833 e 4379. Curiosidades: Diário de Pernambuco na História. Há 150 anos. Sexta-feira, 15 de julho de 1859 - Guarda Nacional - Por decreto de 18, 28 de junho e 2 de julho do corrente foram nomeados: o Dr. José Inácio da Cunha Rabelo, tenente-coronel chefe do estado maior do comando superior da Guarda Nacional do município de Goiana, da província de Pernambuco.

(5) Para o assunto recomendamos desde já  o nosso artigo “Ramos  Nativistas”, próximo no blog.

 

 

  9 - A atuação dos Bezerra Cavalcanti, do engenho do  S. Bartolomeu na Muribeca e da senhora de engenho  Rita de Cássia Souza Leão.

 (1) Pai de Agostinho - Antonio Luís Bezerra da Silva (1743 e 1803) em Geni       

Casado com Rita Francisca Xavier Cavalcanti

Pai de Teresa Vitória ou Vitorina Bezerra da Silva Cavalcanti e Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti, cel.          

(2) No dia 22 de maio de 2008, foi sancionada pelo governador Eduardo Campos a Lei nº 357/2007, de autoria do deputado Pedro Eurico, que deu ao bolo Souza Leão o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.

10 - Os núcleos dos engenhos Tiúma e Araripe do Meio dos  Carneiro da Cunha na Revolução de 1817 

(1) Os episódios em que se envolve em 1824 o patriarca dos Rufinos – José Bezerra Cavalcanti e sua familia - são por nós levantados em “A listagem dos Rufino Bezerra Cavalcanti”, próximo neste blog.

11- A atuação dos Albuquerque Maranhão do engenho Cunhaú (RN)   

 (1) Conclusões de nossos vários trabalhos, todos com fontes -  inclusive  o livreto “Familia Cavalcanti de Albuquerque”, 2001, 1ª edição (esgotada), ainda especialmente “Ramos Nativistas ...” próximo a ser editado.

  Sobre a origem do sobrenome Maranhão, consultar especialmente o artigo “Uma breve história da língua tupi, a língua do tempo que o Brasil era canibal”, assinado por Ozias Alves Jr, publicado em http://www.staff.uni-mainz.de/lustig/guarani/lingua_tupi.htm. Seu simbolismo estudado pelo nosso historiador Vanhagen.

 (2) Pedro de Albuquerque Maranhão segundo A.Bittencourt, opus cit., seria filho de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, o filho de Matias. Em Barata, C.E. (D.F.B.) Pedro  é sucintamente citado como neto do patriarca Jerônimo de Albuquerque.

      Pedro de Albuquerque teve destino muito aventuroso. Defendendo heroicamente o forte do Rio Formoso (PE), já todos os seus 19 companheiros mortos foi ferido e capturado pelos holandeses (1633). Expatriado possivelmente para as Antilhas ou Indias  atinge posteriormente a Europa.  Na Espanha lutou pela legalidade dos Bragança e por seu rei em Lisboa no 1º de dez. de 1640.  Voltando ao Maranhão por oredens reais  como Governador (1644) enfrenta com grandes peripécias  novamente os holandeses, falecendo em conseqüência de ferimentos recebidos. É enterrado com honras e  pomposos funerais. Pequena biografia em Bittencourt, Adalgiza – opus cit. p. 419. Também mencionado no nosso livreto “Familia Cavalcanti de Albuquerque”, 2001, 1ª edição (esgotada).

(3) Os Albuquerque Maranhão que no Maranhão haviam enfrentado luta contra os franceses, depois estarão também contra os holandeses quando seu engenho “Cunhaú” foi invadido e barbarizado por índios tapuias a mando dos inimigos -  o assunto abordado detalhadamente por nós no livro “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, ainda no prelo.

(4) Fonte Cascudo, Luiz da Câmara - A Casa de Cunhaú: História e Genealogia -  prefácio, notas, quadro genealógico, glossário de Paulo Fernando Albuquerque Maranhão. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2008, p. 182.

(5) Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951. pg. 97). Notícia em Tavares Lyra, A. – História do Rio Grande do Norte, p.173. 

(6) Cascudo, Luiz da Câmara - A Casa de Cunhaú: história e genealogia -   prefácio, notas, quadro genealógico glossário de Paulo Fernando Albuquerque Maranhão. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2008. 182 p. – (Edições do Senado Federal; v. 45).

   Ainda trabalho acadêmico assinado por Thiago Antônio de Oliveira e Marcio Monteiro Maia, “(Re)descobrindo André de Albuquerque Maranhão :O Mártir da Revolução Pernambucana de 1817”.

thiagooliveirarn@gmail.com

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

Campus de Educação a Distância

Marcio Monteiro Maia

marcio.maia@ifrn.edu.br

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Campus Canguaretam

(7) Albuquerque Maranhão, João de - História da Industria Açucareira no Nordeste, Briguiet e Cia. Rio de Janeiro, pg. 119.



                      ------------------------------       xxxx         ----------------------------------


 


Um comentário:

  1. Orgulho nacional! entre choros e lamentos, entre sonhos e sorrisos.
    "Deus tem limitações naturais, então cada um faça sua parte." Positivismo Moderno.
    Acima, a verdade plena, conforme a realidade humana.
    Feliz novos tempos.

    ResponderExcluir