As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi


As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi 

    Análise bibliográfica dos trabalhos do historiador Giovanni di Nicòlo Cavalcanti (sec.XV) sobre a família Cavalcanti, bem como do genealogista Monaldo Monaldeschi (sec. XVI) sobre a sua família Monaldeschi – ambos os trabalhos apreciados no contexto histórico em que se formam estas duas  famílias na Toscana (sec.VIII – XI)

  
    Sabemos que o rei dos francos, Carlos Magno, a pedido do papa Adriano I deslocara suas forças militares compostas de exímios cavaleiros para dominar os bárbaros lombardos na península italiana. Carlos Magno e suas forças venceram os lombardos em Pádua no ano de 774 - fato muito bem documentado e relatado pelo cronista da época Einhard (770-840), biógrafo do próprio Carlos Magno (1). 

      Carlos Magno voltará em 780 à península para batizar seu filho Pepino e fazê-lo rei dos Lombardos. Passando pela cidade de Florença, premia sua fidelidade e muda seu nome de Flurencia para Florentia.  A cidade muito se desenvolvera neste período. Numa segunda campanha para a conquista de Benevento, Carlos Magno ainda passa o Natal em Florença no ano de 786 e já a encontra organizada no modelo feudal franco (2).
   
    A tradição da família Cavalcanti florentina de que seus antepassados teriam chegado à Toscana com Carlos Magno no sec.VIII, tradição muito antiga e registrada na obra do historiador Giovanni di Nicòlo Cavalcanti no século XIV, tradição hoje considerada lendária, já foi comentada por nós anteriormente de modo objetivo em trabalhos recentes (3). Nestes trabalhos sugerimos que não só os Cavalcanti poderiam ter origem do centro europeu, mas várias outras famílias italianas podem ter tido a mesma origem, vinda do centro europeu e estabelecidas e amalgamadas com outras mais antigas já na península italiana.

    Temos, portanto, plena consciência do valor da obra de Giovanni di Nicolau Cavalcanti, dedicado historiador e genealogista da família Cavalcanti, importante crítico social, até hoje citado como profundo conhecedor da sociedade florentina de sua época. Temos como prova deste fato a edição recente de seu Trattato Politico-Morale, com prefácio exaustivo de Marcella Grendler que sugerimos ao leitor. ("Trattato Politico-morale" of Giovanni Cavalcanti: 1381-c. 1451, introdução e notas de Marcella T. Grendler - A critical edition and interpretation,Travau d´ Humanisme e Renaissance, CXXXV, Genevre, Droz, 1973)
     
     Entretanto, não podemos deixar de comentar – o trabalho de Giovanni Cavalcanti foi escrito três séculos depois dos primeiros Cavalcanti terem sido registrados por documentos no ano 1000 em Florença. Neste caso, sentimos que decorrido tantos séculos da descida franca deveríamos passar as detalhadas informações do historiador por novos e mais atentos crivos baseados em documentação recém levantada, bem como por métodos científicos mais modernos para podermos melhor referendá-lo, e até mesmo acrecentar às suas afirmações novos achados.       
  
     Assim, voltamos mais uma vez ao estudo de sua obra já tão afastada no tempo, usando todos os recursos possíveis: fontes documentais, bibliografia primária e secundária, fontes genealógicas, enciclopédicas, heráldicas e arqueológicas, conhecimentos lingüísticos possíveis, etc. etc., visando não só referendar estas tradições antigas que nos chegam por Giovanni Cavalcanti, mas ainda acrescentar algumas informações e conclusões novas.
     
    Pois novas informações nos chegam, sobretudo, pela análise do trabalho genealógico também realizado pela família Monaldeschi, família que adquiriu relevo na região de Orvieto. O passado desta família registrado em “Comentário Historici” pelo descendente do século XV Monaldo Monaldeschi, (pag. 23, ano de 1584) - trabalho recém localizado para nós pelo pesquisador brasileiro Marcelo Bezerra Cavalcanti.
 
 
    A partir de agora recomendamos uma leitura vagarosa deste nosso texto, item a item, pois o tema é distante no tempo, as personalidades em causa apresentando comportamentos específicos de época, em um contexto muito diferente do atual. Ainda ressaltando que utilizamos uma abordagem por linhas dinásticas, abordagem pouco usual, mas característica da época – ainda análise de fontes heráldicas.
  
    Para auxiliar o leitor, reproduzimos inicialmente as próprias palavras de Giovanni di Nicòlo Cavalcanti sobre a origem da família Cavalcanti no seu Trattato do século XV, paginas 104-106, escrita em italiano antigo, trechos que tentamos traduzir em seguida:
                                  
                                   “Ancora un altra condizione di nobili c' è, intra quali siamo noi, i quali noi ci passano in compagnia d'uno signore della Magna [Itália] che venne in compagnia di Carlo Martello, i quali di noi l'uligine furono quattro fratelli, de' quali l'uno ne rimaste in Firenze, & in Terma fu la prima sua abitazione. & di costui sono discesi tutti quegli da Monte Calvi. Il secondo fratello n'andò ad Pescia, & quivi non senso murata la terra, vi murò una fortezza che ancora vi si vede alcune anticaglie di mura coperte dell' era. Costui fece una ricchezza da non stimare. Egli teneva grandissimo numero di muli, e tanti famiglia as guidare li detti muli, quanto facessono mestiere a conducete & a portare mercatantia dalla l'una città ad altra. Et da questo così facto exercitio tucta l'Athalia per le di costui opere era esercitata la mercantantia, del quale misteri o avanzò più che mezzano thesoro”.
                                    Il terzo fratello n'andò a Siena, & di costui ne nacquono gli Orlandi, i quali poi tre sito del luogo si chiamano i "Malavolti" perché lle loro case si chiamano "Amalavolta" & di costoro ne discese uno che si parli da lloro & andonne a Bologna, et vi a ppiù tempo ne discese l'uno da que' due cavalieri Gauldenti che furono eletti per podestà in uno medesimo tempo dalla nostra repiblicha. Quesi sì fatti discendenti si chiamarono poi Bianchi, perchè furono de' principali di parte Bianca. & il quarto & ultimo fratello elesse per sua stanza Urbivetero, & di costui son nati e' Monaldschi.  I quali noi tutti venino da uno castello fuori di Colonia quindici miglia & ha nome San Giglio, il quale castello con altre ancora sono sedia del nostro hurigine. & ricinta la nostra ciptà da Carlo Magno, s' ordinò nuov governo della repubblica. Di questo governo furono i principali e' consoli de' mercatanti, & della nostra famiglia furone in tre consolati prima. Questo nella vecchia matricola troverai essere così. & in questi medesimi tempi vennono quegli da Grigniano com più altri della Magnia Ythalia.
                               Em nossa tradução provisória: "No entanto, uma outra condição de nobre, entre os quais estamos nós, passamos na companhia de um dos senhores Magna [Italia] que vieram em companhia de Carlo Martello, pois nossa origem eram quatro irmãos, do qual um permaneceu em Florença, e nas primeiras Termas foi sua casa. E deste homem são todos aqueles descendentes de Monte Calvi. O segundo irmão foi para Pescia, e não havendo muros na região há emparedado fortaleza que você pode ver ainda algumas antiguidades de paredes cobertas de era. Ele tinha uma riqueza de não estimar. Conseguiu grande número de mulas, e famílias como conduzir estas suas mulas, e dirigiu o artesanato fazendo transportar a mercadoria de uma para outras cidades. E por este caminho transportou por toda a Itália as obras de seu comercio, e deste mister progrediu e fez um tesouro.
                                    O terceiro irmão saiu para Siena, e dele nasceram os Orlandi, que em virtude do local são chamados de "Malavolti", porque o local era chamado de "Amalavolta" - e deles descendeu um que por eles andou em Bolonha, e um dos quais descende dois cavaleiros Gaudenti que foram eleitos podesta no tempo da nossa republica. Estes descendentes depois chamados Bianchi, porque eles eram o principal partido dos brancos. E o quarto e último irmão escolhido para Orvieto, do qual descendem os Monaldeschi. Todos nós vindos de um castelo fora de Colônia quinze milhas chamado San Giglio, castelo com os outros que preside nossa origem e gerada nossa cipta por Carlo Magno, se ordenou novo governo da república. Deste governo foram os principais os cônsules de mercadores, da nossa família em três primeiros consulados. Na velha matricula encontrará ser assim. Nestes mesmos tempos os de Grignano vieram com mais outros da Magna Itália.

                                    Em outra obra, Istorie Fiorentine, vol. II – Firenze - Tipografia All insegne di Dante, 1838, p.455, apêndice, parágrafo 4, Giovanni di Nicolo Cavalcanti  afirma também:

                                 “Sappi, lettore, che la città di Colonia è molto magnífica di popolo plebeo, e nuda di catuno sangue gentile; Arquiviscovo di questa città n´è signore, e di fuori a´limitari delle cittadinesche porte, nessuna signoria ed altra maggiorità per l´Arcivescovo o per alcuno plebeo se confessa, ma in tutto per molti gentili uomini si tiene; e ditale luogo i Cavalcanti vennonno.
                                La loro residencia delle signoria di piu castella e la principale sedia era in San Gilio.
                               Questo Castello é molto magnífico, di popolo pienissino; del quale uscirono quatro fratelli, ed in compagnia d´uno signore el quale passo in questa Italia dietro allá cacciata de´Goti.”
                               Em nossa tradução provisória "Sabe, leitor, que a cidade de Colônia é magnífica e de pessoas plebéias, mas de sangue gentil; o arcebispo desta cidade é o seu senhor, e fora das portas da cidade nenhum domínio é maior do que a do Arcebispo, que para tudo muitos homens gentis se têm (recorrem); e de tal local vieram os Cavalcanti.
                               A senhoria dos seus castelos, o assento principal, estava em San Gillio.
                              Este castelo é muito magnífico, de pessoas piedossissimas; daí vieram quatro irmãos, e em companhia de um senhor o qual passou nesta Itália para expulsão dos godos. "(os grifos são nossos)

        Várias dessas afirmações de Giovanni Cavalcanti poderão ser por nós, agora, confirmadas através pesquisas aprofundadas com o auxilio do pesquisador da família Marcello Bezerra Cavalcanti – jovem que nesta geração, morando na Toscana, muito tem contribuído para esclarecimentos e comprovações. 
      A seguir vamos abordar, uma a uma, algumas afirmações de Giovanni que desde logo são passíveis de confirmação, acrescentados mais alguns detalhes, informações ou conclusões que nos vêm também pela obra genealógica de Monaldo Monaldeschi, da família Monaldeschi italiana.

   1 – Os Cavalcanti de Florença e as Thermas Romanas
    Facilmente podermos comprovar que um dos ramos da família Cavalcanti, como afirma Giovanni Cavalcanti, realmente se estabelecera em Florença, próximo às antigas Termas Romanas
    Pois um dos quatro barões - talvez melhor dizendo um dos quatro varões - teria sua primeira residência em Florença localizada próximo das antigas termas romanas na Via delle Therme. Esta afirmação comprovada agora através um registro de levantamento urbano do sec. XIX, que se encontra na Biblioteca Nacional de Florença (BNF) - levantamento urbano que antecedeu as obras modernizadoras nesta cidade.
   As antigas Termas Romanas foram observadas e registradas neste levantamento urbano antes das transformações por que passou Florença no ano 1884 - levantamento (Catasto Generale Toscano del 1884, Sezione F) localizado pelo pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti. Abaixo as fotos das plantas baixas que registram os resquícios das Thermas Romanas, até mesmo detalhes da decoração remanescente em “gregas” (4).


    Acrescentamos que as atividades mercantis realizadas pela família Cavalcanti na feira local permanente do artesanato da lã, “Arte della Lana”, e também de comércio e atividades bancárias, a ”Arte del Cambio” que no século XI e XII acontecem em torno ao Mercato Nuovo, centro comercial de Florença, foram consideradas recentemente as primeiras guildas européias.  Por este levantamento urbano realizado nos anos 1800 (Catasto Generale Toscano del 1884, Sezione F) nota-se a muito próxima vizinhança da casa dos Cavalcanti com a casa da “Arte de La Lana” aí assinalada. Não esquecendo que já em 1192 Gianni Cavalcante Cavalcanti foi Consul dos Mercadores da nascente Calimala, centro dos mercadores de pano (SUC, ano 1192, fonte Santini, vol. I XL). Os Cavalcanti por documentos comprovadamente várias vezes consules de Florença, como já afirma G.C.

Sobre sua afirmação de que o varão que teria se dirigido à Pescia e nesta região teria levantado forte muralha e desenvolvido comércio também intenso, nada de seguro conseguimos saber. Apenas formulamos algumas hipóteses que por hora explicitamos em nota, pois são ainda meras hipóteses (5).
                            A respeito daqueles a quem Giovanni Cavalcanti se refere como “de Garigliano (Grigniano), que neste mesmo tempo vieram com mais outros da Magna Itália”, concluímos que certamente Giovanni Cavalcanti estaria se referindo à parentela wido de Guido III (880-894), duque de Spoleto, pela linha de Lampert de Nantes, casado com Agetrude de Benevento, princesa filha do lombardo Adelchi, que no ano 880 vence os sarracenos ao sul de Garigliano tornando-se Guido I, Rei da Itália, em Pavia em 12 fev. 889 - pouco depois tornado sétimo Imperador do Santo Império Romano entre 891-892. (6)
                                     
                                     & in questi medesimi tempi vennono quegli da Grigniano com più altri della Magnia Ythalia.


2 – Os Cavalcanti no centro de Florença, no castelo em MonteCalvi e no do Stinche.
        
    Observamos que já no ano 1000 - momento de modificações dinásticas no reino franco - o ramo da família estabelecido em Florença passa a assinar de forma documentada o sobrenome Cavalcanti. A família já com este sobrenome estará numerosa no século XII, ocupando em Florença moradias e casas de comércio nas proximidades da Via delle Therme, como afirma G.C. e comprovamos acima, espalhando-se ainda por castelos e propriedades nas vizinhanças da cidade, ocupando cargos de relevo na incipiente Republica (1115) - Republica que como Consules haviam auxiliado a implantar.                   
   
   Já haviam herdado e ocupavam o Castelo do Stinche, castelo estrategicamente localizado no ponto mais alto da rota dos antigos lombardos em Val de Greve, e o Castelo MonteCalvi em Val de Pesa - proprietários e produtores agrícolas em Ostino e Luco, no Valdano superior. As atividades dos Cavalcanti neste período já muito bem percebidas pela historiografia e comprovadas por inúmeros documentos e registros históricos.

    Recentemente, em 2008, as ruínas do Castelo de Stinche em Radda del Ghianti foram localizadas para nós brasileiros por Marcelo Bezerra Cavalcanti em uma vinícola muito antiga, vinícola ainda em atividade na província de Siena, e que ainda mantem documentação a respeito.
   





O castelo do Stinche havia sofrido uma primeira destruição quando em 1304 foi quartel general do partido dos “brancos’ contra um ataque sob ordens da Republica. Reconstruído foi, posteriormente, de novo destruído. Domenico Buoninsegni em sua Storie Fiorentina conta que no ano de  1452 o exército do rei de Napolis, Afonso de Aragão, causou grandes prejuízos na região e novamente o destruiu.

Acima reproduzidas as fotos das ruínas milenares do Stinche, fotos tiradas recentemente pelo próprio Marcelo Bezerra Cavalcanti que as localizou na vinícola La Molle, em Val de Grève. Mais informações a respeito consultar o artigo “Origens da família Cavalcanti” e “Família Cavalcanti em busca de sua origem II”, publicado no mesmo ano em nosso blog htpp://rosasampaiotorres. blogspot.com/
                                                               

     Escritura do Stinche na vinícola               


 Em relação ao castelo de MonteCalvi, já [Leto, “Feliz”] Cavalcante de Cavalcante, cerca de 1060, aparece herdeiro e de sua posse, citado em “Delizie degli eruditi toscano” por Fr. Ildefonso de S. Luigi, informação repetida pelo contemporâneo genalogista italiano Sylvio Umberto Cavalcanti – o castelo, destruído em luta da família contra os guibelinos em 1260.
     Na região do antigo castelo de MonteCalvi existe até hoje a sede paroquial de São Pancrácio, igreja documentada desde o sec. X, em parte ainda de época, adornada com obras de arte medievais. Consultar:
https://en.wikipedia.org/wiki/San_Casciano_in_Val_di_Pesa
https://it.wikipedia.org/wiki/Pieve_di_San_Pancrazio_(San_Casciano_in_Val_di _Pesa


Pieve de San Pancrácio



    Possivelmente o mesmo Leto Cavalcanti, proprietário do castelo de MonteCalvi, foi o primeiro abade de uma abadia fundada na vizinhança do castelo em Val de Pesa (7) - Abbazia di San Michele Arcangelo a Passignano, próxima ao castelo, com biblioteca ainda não consultada, conforme  





3 – Sobre o ramo Monaldeschi, em Orvieto
   
    Outro dos quatro varões que, segundo Giovanni Cavalcanti, teria saído com os francos de Colônia e formado a família dos Monaldeschi, sabemos agora foi oficialmente estabelecida pelo rei franco Otto II no ano de 975 em Bagnoreggio, localidade próxima a Orvieto, a meio do caminho entre Florença e Roma.  
     
      A tradição registrada por G.C. e mesmo pelos descendentes dos Monaldeshi são reafirmados por documento recentemente localizado pelo pesquisador Bezerra Cavalcanti na obra de Francesco Tatti da Sansovino (1521–1586) - “Delle Origine et fatti delle famiglie illustri d´Italia” (1582, pg. 92)- documento em que o imperador franco-saxão Otto II no ano de 975 concede o estado e o domínio de Bagnoreggio, hoje cidade toscana, a Lodovico Monaldeschi:
"Atendente fidelia servitia que dilectus fidelis noster, ac gene posus vir Ludovicus Monaldensis Imperio, ac nobisfideliter contulit, & confert, & ipse, & eius haredes credimus in posterum exhibituros".

Em tradução provisória: “Atendendo ao serviço fiel do nosso querido varão Luiz Monaldensis e seus herdeiros ao império que acreditamos representam o futuro."

    Fonte nobiliárquica moderna referindo os Monaldeschi também confirma esta doação da região Bagnoreggio a Lodovico (Luiz) Monaldeschi, em localidade próxima a Orvieto, possivelmente baseada nesta mesma documentação de doação referida acima. Entretanto, a fonte já atribui à família também origens francesas:
   
 “[família] Originaria francese, trapiantata in Italia al tempo di Carlomagno e stabilita in Orvieto. L'Imperatore Ottone II la favorì di molti privilegi e concesse il dominio di Bagnorea a Lodovico ed i suoi successori ne furono fatti conti nel 975.”



4 – A tradição Monaldeschi de origem angevina.

    Como fonte confirmadora das afirmações de Giovanni Cavalcanti sobre a descida do ramo Monaldeschi paralelo à família Cavalcanti localizamos recentemente a obra do membro referido desta família do século XV, Monaldo Monaldeschi, em “Comentário Historici” (do ano de 1584, pag. 23), obra também localizada por Marcello Bezerra, cujo original se encontra da Bavarian State Library, referindo o genealogista do Codice Vaticano, Fanutius Campanus em “Familis Italicae” (livro i iij, cap.xij), Este trabalho comenta a presença do “capostipide” Rodoricus Monaldus na Toscana acompanhando Carlos Magno já no ano 809 e, sobretudo, alega a origem antiga deste ramo Monaldeschi, origem até mesmo angevina, próxima do rio Reno.  O descendente Monaldo do sec.XV ainda em latim relata detalhes do fato histórico:
 
“Nobilissima progênies de Monaldis origine habuit tempore Caroli Magni, anno domini 809, hoc pacto. Nam cum Rodoricus Monaldus dux e Heros, ac collega Imperii de Stirpe Dium Andegaensium, posi expulsos Longobardis, comemorando persisteret máxima cum amplitudine in Urbe veter, accpit in uxorem dominum Emiliam Casarinan Romanam, ex qua, suscepit ternos filios, salicet Carolum, Tancredum e Monaldum que fuo tempore milites stremissimi e contes sacri Palacis. Didictus Rodericus pro armis utebatur lombatio; hoc est rastro Cyaneo, in campo áureo e in galca, cum bordaturis, ceriuum erexit, sibi donatum a Carolo Magno Gallorum Rege”
  
   Em tradução aproximada e provisória: “O mais nobre da progênie dos Monaldos era da época de Carlos Magno, no ano do Senhor de 809, do acordo [hoc pacto]. Quando o líder e herói Rodorico Maldonaldo, companheiro da imperial estirpe angevina cancelada [ou superada, liquidada, ultrapassada - Andegaensium DIU – provável antiga marca Haspinga?] os lombardos expusos das posições, especialmente continuaram comemorando a ampliação da Cidade Velha, e aceitou como senhor e esposa Emilia Roma Casarina, a partir do qual ela concebeu três filhos - Carlos [Carolo] Saliceto [de rio ou aldeia da atual região da Emilia Romana], Tancredo e Monaldo que foram a tempo soldados extremíssemos e condes do Sagrado Palácio. O dito Rodorico usou armas lombardas [“lombatio”, dos lombardos], ancinho azul no campo de ouro em “etapa” [passo, chip] com bordadura [borda], encerado [cera por cima], dado a ele pelo rei da Gália, Carlos Magno”.
   Os Monaldeschi, portanto, ressaltam neste trabalho genealógico suas origens angevinas, renanas, e afirmam terem recebido as mesmas armas lombardas.
       Mais adiante, em Orvieto e redondezas, comprovadamente os Monaldeschi irão continuar a desenvolver suas específicas atividades de controle franco na península – história de uma família de extrema importância na vida política da península, história que em outra oportunidade poderá ser desenvolvida e mais longadamente explicitada.


5 – Os Monaldeschi na “compagnia d'uno signore della Magna [Itália]”

   Neste momento preferimos continuar explorando a possibilidade de uma origem comum, como refere Giovanni Cavalcanti, entre os Monaldeschi de Orvieto e os Cavalcanti estabelecidos em Florença e arredores no Castelo de Monte Calvi, ainda os Malavolti descendente de um outro varão que teria se localizado próximo à Siena.  

     Pela lógica, se o capostipide Rodorico Monaldo usou armas lombardas como afirma o próprio texto acima citado dos Monaldeschi - ancinho azul no campo de ouro em “etapa” com bordadura e encerado, a ele concedido pelo rei da Gália, Carlos Magno - notamos desde logo que estas armas coincidem com os brasões referidos por fontes nobiliárquicas não só dos Monaldeschi, mas também da família antiga dos Hildobrandeschi (ou Aldobrandeschi, Aldobrandini), parentes de sabida origem lombarda ligada aos Cavalcanti de Florença. Encontramos que os ancinhos seriam símbolo cristão de vida simples. E pela semelhança entre os dois brasões indagamos:
       Teria o capotipide dos Monaldeschi, Rodorico Monaldo como sugere Giovanni Cavalcanti (ao se referir à descida comum dos Cavalcanti na companhia de um “senhor de la Magna [Itália]) descido também na companhia do chefe lombardo Ildebranto de Spoleto? – este de origem lombarda com quem os Cavalcanti de Florença notoriamente teriam tido parentesco pelos Guidi (linhagem wido) ou mesmo diretamente pelos da família Hildebrandeschi ou Aldobrandeschi, Aldobrandini? - pois os Cavalcanti do Stinche e MonteCalvi na sua descendência chegaram a adotar várias e seguidas vezes o prenome Aldobrandino (Ver TavolaCavalcantiFlorença de Sylvio Humberto Cavalcanti e nosso trabalho sobre as linhagens francas na península em “Cartas ao Bezerra” I e II, informações também utilizadas em nossos trabalhos sobre o poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII).
       Giovanni Cavalcanti chegara a afirmar: “i quali noi ci passano in compagnia d'uno signore della Magna [Itália] che venne in compagnia di Carlo Martello” .
       Como comprovação desta mesma origem lombarda indicamos a semelhança existente entre os brasões dos Monaldeschi e o dos Ildobrandeschi ou Aldobrandeschi, de notória origem lombarda por seu líder Hildebrando de Spoleto, um aparentado dos guidi, fato que indica, mais uma vez, uma origem comum sugerida por Giovanni Cavalcanti.


Brasão dos Monaldeschi

Brasão dos Aldobrandeschi           


6 - Os Monaldeschi, sua alegada origem angevina e a afirmativa de Giovanni Cavalcanti da origem comum dos quatro varões.


     No texto da família Monaldeschi é afirmado que o herói capostipide Rodorico Maldonaldo fora companheiro da imperial estirpe angevina cancelada” ou superada, liquidada, ultrapassada - Andegaensium DIU – que temos como a provável e antiga marca Haspinga no centro franco. 
       Em outra fonte enciclopédica moderna encontramos também comentários sobre as possíveis origens angevinas e plantagenetas dos Monaldeschi:
 
  “Almeno quattro versioni leggendarie sulle origini della famiglia dei Monaldeschi.
    Secondo la prima di esse [versões]  (forse la più diffusa), la famiglia Monaldeschi sarebbe discesa da un conte tedesco venuto in Italia ai tempi di Carlo Magno e signore di diversi feudi nei pressi di Colonia. Uno dei figli di questi, di nome Monaldo, avrebbe dato origine ai Monaldeschi, mentre altri tre suoi fratelli sarebbero stati i capostipiti di altrettante famiglie fiorentine e senesi: i Cavalcanti ed i Calvi di Firenze, gli Orlandi-Malevolti di Siena.
     La seconda versione leggendaria sancirebbe la discendenza in epoca carolingia della famiglia Monaldeschi da quella dei conti d' Angiò, ovvero dei Plantageneti. Gli antenati dei Monaldeschi avrebbero posseduto molti feudi e castelli nella provincia d'Angiò”.
      
 Nossa tradução: "Pelo menos existem quatro versões lendárias sobre as origens da família Monaldeschi.
     De acordo com a primeira delas (talvez a mais comum), a família Monaldeschi seria originária por um conde alemão [?] que veio para a Itália na época de Carlos Magno e senhores de diferentes feudos perto de Colônia. Um dos filhos destes, chamado Monaldo, daria origem a Monaldeschi, enquanto três outros irmãos foram os fundadores de outras famílias florentinas e sienesas: o Cavalcanti de Florença e MonteCalvi, e os Orlandi-Malevolti de Siena.
      A segunda versão consagraria a descida legendária da família Monaldeschi no período carolíngio dos d 'Anjou, ou Plantagenet. Os antepassados dos Monaldeschi teriam possuído muitas propriedades e castelos na província de Anjou" (os grifos são nossos).
   
      Neste caso, chama mesmo nossa atenção o fato da fonte enciclopédica moderna referir como hipótese, não só as informações da tradição comum aos quatro varões indicados por Giovanni Cavalcanti, mas também a indicações das fontes familiares próprias dos Monaldeschi de origem angevina e plantagenetas pelos condes d´Anjou que abaixo explicitaremos.
     A nosso ver as hipóteses principais propostas pelas famílias Cavalcanti e Monaldeschi não são excludentes. Ao contrário elas se complementam, pois no caso as origens dos quatro varões seriam certamente comuns e a mesma – a dos Cavalcanti estabelecidos em Florença e no Castelo MonteCalvi de Val de Pesa; os de Pescia, a dos Monaldeschi de Orvieto e ainda certamente os estabelecidos em Malavolta (Siena) - a família Malavolti.
    
     As afirmações familiares dos Monaldeschi como de origem angevina estão referendadas e registradas pela genealogia da própria família que refere o capostipide Rodoricus Monaldus - origens que devemos agora, por séria hipótese, estendemos pelo menos aos Cavalcanti e Malavolti - pois naturalmente seriam as mesmas origens comuns dos quatro varões indicados pelo nosso Giovanni di Nicòlo Cavalcanti, quando o historiador com convicção afirma seriam eles provenientes da mesma linhagem de Carlos Magno e das redondezas de Colônia. Repetimos:
       
 ” I quali noi tutti venino da uno castello fuori di Colonia quindici miglia & ha nome San Giglio, il quale castello con altre ancora sono sedia del nostro hurigine. & ricinta la nostra ciptà da Carlo Magno, s' ordinò nuov governo della repubblica”.  


   
7 – Os Cavalcanti, os Monaldeschi e os d´ Anjou.

Já havíamos comentado em trabalho anterior que a importante linhagem dos d´ Anjou comprovadamente estivera associada aos Cavalcanti de Florença no século XIII, por laços de casamento e auxílio mútuo - análise que repetimos aqui.  
 
   Já em meados dos anos 1200 os Anjou haviam desempenhado papel político e militar importante na Itália e no Reino de Nápoles, participando e auxiliando os Cavalcanti de Florença na luta contra os guibelinos (8). O próprio pai do poeta Guido Cavalcanti, o cavaleiro Cavalcanti Cavalcante, tão celebrado por Dante Alighieri, depois da derrota de Florença para os guibelinos na batalha de Montaperti, em 1260, esteve a serviço dos d´Anjou na Toscana em 1280 (9).   
Em 1263 o papa Urbano convidara Carlos d´Anjou para conquistar o reino da Sicilia, então sobre o controle do imperador do Sacro Império Germânico, Manfredo - vitória que Carlos conseguirá em Benevento, na península italiana em 1266


No brasão dos Anjou nota-se ainda a simbologia dos ancinhos de vida simples, bem como a presença de flores de Liz , que simbolizam a pureza.

Já no século XII, portanto, os Cavalcanti de Florença e MonteCalvi comprovadamente estiveram muito próximos aos d´Anjou, por colaboração política guelfa e também por casamento - na Provence, no Reino de Nápolis e na Toscana.
  A respeito deste difícil período de enfrentamento das dinastias guelfas, apoiadores do papado contra dinastias do Império guibelinas e seu apoiadores (10), conflitos que antepuseram o papado contra o imperador Manfredo do Sacro Império Germânico, consultar as tabelas genealógicas dos Cavalcanti realizada pelo genealogista contemporâneo Sylvio Umberto Cavalcanti - tabelas publicadas na mídia eletrônica com indicações que aprofundam e comprovam fartamente estas ligações genealógicas e identidades políticas dos Cavalcanti com os d´Anjou no século XII. (11).
 
Assim, buscando a origem ainda mais antiga desta ligação genealógica e política entre os d´ Anjou e os Cavalcanti buscamos por elos possíveis e mais antigos desta linhagem angevina, para melhor referência temporal.    
             
E encontramos que Robert Le Fort, conde de Anjou, nascido cerca de 820, morto na batalha de Brissarthe em 2 de julho de 866, capostipide da dinastia dos reis robertinos franceses, ancestral da dinastia capeto da França que teve recentemente comprovada sua origem renana (próxima ao rio Reno) por trabalho histórico apresentado pelo historiador Karl Ferdinand Werner em um colóquio científico realizado na cidade de Angers no ano de 1987.  Neste colóquio foi confirmado que seu pai seria Robert III de Hesbaye, conde de Worms e Oberrheingau e sua mãe Waldrada, irmã de Eudes de Orleans (12).

   Robert Le Fort, Conde de Anjou era, portanto, da estirpe dos condes de Hesbaye, importante família de origem franco–borgonhesa, ligada à dinastia merovíngia e mesmo à antiga e aristocrática dinastia dos agilofings bávaros. Seus ascendentes detidamente estudados por nós – notável, sobretudo, a grande religiosidade desta família Hesbaye. A mãe de Robert seria já da linha wido diretamente descendente de S. Warin. Em nota indicamos mais detalhes sobre Robert Le Fort e seus ascendentes em Hesbaye (13). Para mais detalhes sobre estas ligações dos de Hesbaye com as dinastias agilofings bávaras indicamos nosso próximo artigo - “Os condes de Hesbaye no caminho da Toscana”.
     O condado de Hesbaye (“Hesbaye” em francês; “Haspengouw” em holandês; em  latim “Hesbania”), estava localizado ao sul da província belga de Limburgo, a noroeste a província de Liège e a leste o Brabante Flamengo e o Brabante Valão – região corresponde à antiga “marca”, linha de defesa, “Haspinga”- o sufixo ga significando país (14).

          No centro desta região está localizada hoje a cidade de Maastricht que, junto com Aachen (Aix-la-Chapelle) e a área em torno de Liège formou, no passado, o coração mesmo do Império Carolíngio.

              Ainda que a família de Hesbaye, de fortes ligações originárias bolonhesas e agilofings bávaras, tivesse conseguindo manter no centro de poder carolíngio ainda algum prestígio em virtude dos novos laços de consangüinidade estabelecidos por três casamentos de moças da família com os próprios carolíngios (15), o prestígio e poder político da família certamente saíra abalado com a queda final do merovíngio Childerico III em 751 a derrota final do dux bávaro agilofing, mesmo neto de Carlos Martel, Tassilo III em 794 (16).

                        Fonte da própria região de Hesbaye ou ”Hesbania” indica que o nome de Lamberto de Maastricht  é mencionado no tratado de Maerssen relativo à divisão de territórios entre Carlos II de França e Luís o Germânico no ano de 880 (16).  São Lambertus é tido como filho de São Warin, conde Warin I (ou Guerin) de Poitiers (n 612 em Austrásia, 677/87) sua descendência estabelecida em Hesbaye.

    Por nós observado, sobretudo, que o prenome Lambert aparece freqüentemente depois nesta importante linhagem de Hesbaye, ainda com freqüência nas linhagens dos Wido na Tocana e nas listas genealógicas dos Cavalcanti (18). Igualmente está presente na lista genealógica dos condes de Brabante (19).
  
   Em relação especialmente à dinastia dos wido, descendentes do conde Warin I, São Warinus capostipide desta família de Hesbaye que foi martirizado em luta política com os prefeitos partidários carolíngios - encontramos ligação direta já do século oitavo em descida para a Provence e para a península italiana.

Brasão dos Wido (Guerin) da Provence

Os descendentes do conde Warin II de Hesbaye - os Guerin da Provence – já apresentam brasão também como o ancinho, que temos como símbolo cristão de vida simples e apenas uma flor de lis - brasão muito semelhante não só ao brasão dos d´ Anjou, mas também semelhantes aos reproduzidos acima dos Ildobrandeschi e Monaldeschi – pela presença do mesmo ancinho. Citados entre os Guerin (Warin) da Provence: Warin I de (Chalon?) e Auvergne (v 760 – antes 819) e Guerin de Provence (antes 825 - 853) conde de Chalon, Mâcon, Autun e Arles.

    Sobretudo observado que os Cavalcanti do ramo brasileiro, por seu patriarca Giovanni di Lorenzo Cavalcanti no século XVI, ainda apresentam em seu próprio brasão duas flores de lis e o leão característico dos plantagenetas - brasão doado pelo rei inglês Henrique VIII. A flor de lis chegava aos Cavalcanti certamente pela linha wido, originária de Hesbaye que se estabelecera da Toscana.

Brasão do ramo Cavalcanti brasileiro


Brasão Plantageneta

 8 Os Cavalcanti teriam também origens angevinas?

     No item anterior esperamos ter deixado bem demonstradas as origens renanas e angevinas dos condes de Anjou e dos robertinos franceses, origem reivindicada também pela tradição da família Monaldeschi.

  Assim sendo, a nosso ver, esta origem em Hesbaye deve ser necessariamente estendida também aos demais varões Cavalcanti de Florença e de MonteCalvi, e ainda por extensão também aos Malavolti - varões que o nosso Giovanni Cavalcanti afirma terem todos a cepa de Carlos Magno e a mesma origem no reino franco. 

   Neste caso, esta origem comum renana, da região do Reno, certamente seria ainda mais antiga que a dinastia dos wido e rorbertinos, pois ligações angevinas são atualmente referidas também aos duques bávaros da linhagem dos agilolfings (ou agilolfides ou gisulfs, proto-germânico Agilwulfaz), dinastia que aparece ainda muito lá trás, nos anos 400 governando com leis e regras bávaras a região de Regensburg ou Radisbona, dinastia  mesclada aos de Hesbaye como comentamos acima e posteriormente aos próprios carolíngios.
    
     Os ascendentes da nobreza franco-borgonhesa dos condes de Hesbaye estiveram associados à nobreza agilolfing-bávara e à dinastia merovíngia como fomos já capazes de observar na nota 13, assunto que mencionaremos mais profundamente em próximo trabalho sobre os condes de Herbaye, a ser editado em breve.
       
    Anteriormente havíamos encontrado sugestões e informações sobre esses agilolfing, associadas às anteriores dinastias merovíngias – o capostipide Agilulfo (Agiulfo), prenome muito repetido nesta família nobre, comentada historicamente como refinada e aristocrática.
  Coincidente com o prenome agilofings, agilolfides ou gisulfs (Agilwulfaz) é o prenome do famoso e citado Santo Egídio (ou AEgidius - a palavra AEgidius tida como de origem hebraica. O nome Egídio, em grego - Αἰγίδιος; em latin: Ægidius; francês - Gilles; em húngaro- Egyed; polonês – Idzi; em italiano – Egidio; espanhol – Egidio; catalão – Gil).  Lembrando ainda que os Malavolti teriam também desenvolvido um ramo específico da familia denominado Aegidi ou Giglense, fato que analisaremos não só em nota, mas no item adiante 11 (20).
    



9 – Os Cavalcanti, sua tradição de origem em Colônia, saídos de um Castelo San Giglio e os Monaldeschi com sua tradição de propriedades angevinas e ligações com a dinastia robertina e plantageneta.
      
     Para avançar nossa análise sobre a origem da família Cavalcanti na Europa central, voltamos às repetidas e contundentes afirmações de Giovanni di Nicòlo Cavalcanti de que os quatro irmãos barões (ou varões?) da família teriam saído de um Castelo de São Giglio e da cidade de Colônia - informações agora cruzadas com os resultados obtidos sobre a família Monaldeschi que indicaram firmemente os seus antepassados de origens angevinas, portanto também renanas, próximas do rio Reno. Os Monaldeschi além do mais se afirmavam aí possuidores de feudos e castelos, região que na época incluiria as cidades atuais de Anvers, Maastricht e Liège, hoje a região do Maine-et-Loir.
    As indicações dos Monaldeschi de que teriam ligações ainda posteriores com as dinastias robertinas e plantagenetas nos conduzem a tentar comprovar, desde logo, esta ultima hipótese - hipótese para nós já bem plausível.

                     As afirmações dos Monaldeschi de ligações desta família com o império angevino e posteriormente com os plantagenetas são afirmações que se encaixam - pois plantageneta foi a linhagem a que pertenceram uma série de monarcas britânicos, conhecidos como dinastia plantageneta ou Angevina dos d´Anjou, que reinaram na Inglaterra entre 1154 e 1399.   O nome “plantageneta” originário na planta chamada “giesta” (“plant genêt” em língua francesa) que o fundador da casa, Geoffrey V (1113 - 1151), Conde de Anjou, escolheu para seu símbolo pessoal.  


Brasão de Geofrey V, conde de Anjou, casado com Matilde da Inglaterra que deu origem a dinastia Plantageneta



Já comentado acima que duas flores de lis e especialmente o leão plantageneta estão presentes no escudo do comerciante renascentista Giovanni di Lorenzo Cavalcanti do ramo Cavalcanti brasileiro - armas doadas por seu amigo o rei inglês Henrique VIII no começo do século XVI fato que indicam para os Cavalcanti também ligações angevinas e plantagenetas.
   
   (Lembramos - a flor de liz ou lírio na heráldica é símbolo de poder e soberania, assim como de pureza de corpo e alma, candura e felicidade muito antigo. Julio Cezar já a tinha como símbolo gravado em sua espada.
     Tradicionais fontes heráldicas informam que os lírios já haviam sido usados também em armas no ano de 496 na vitória de Tolbiacum (Zulpich, Galia germânica) onde os francos do rei Clovis derrotaram os alamanos e teriam mesmo se coroado de lírios.  Clovis, sucessor de Childerico, casado com a princesa cristã Clotilde, depois de derrotar os alamanos nesta Batalha convertera-se à fé cristã.


Os lírios também aparecem no Brasão da Abadia em que esteve Alpaïs de Paris (824-896) - Abbesse de St-Pierre de Reims - filha ilegítima do Imperador carolíngio Luíz o Pio, oriunda do condado de Sens, filha de Geofrey de Sens).
              
                                                                                 
    Geoffrey V capostipide dos plantagenetas era também descendente da linhagem wido, dinastia na época já se considerando hunfring, walfrid ou godofrid que constatamos estiveram empenhados desde o sec.IX na defesa das marcas de Friul, da Gothia, da marca da Hispania, na Catalunha e também na Toscana. Na Toscana esses hunfridings ou godofrings aparecem com clareza em geração anterior por Geoffrey (Godfrid ou Godofredo) IV, que no ano de sua sucessão casou com a celebre Matilde, a grande condessa (1046 - 1115) filha de Bonifácio III da Toscana e Beatriz de Bar.
     Matilde de Canossa ou da Toscana, marca da Tuscia, chegou a tentar intervir nas relações entre o papa reformador Gregorio VII e o imperador Henrique IV do Sacro Império Germânico - figura feminina que o poeta  Dante Alighieri  mais tarde irá, simbolicamente, colocar em seu Paraíso (21). Gregório VII note-se da família Ildobrandeschi. Constatado, portanto, que esta linha walfredo ou godofredo aparecerá na Toscana como aparentados aos wido ou guidi, dos Ildobrandeschi (ou Aldobrandeschi), ainda com certeza aos próprios Cavalcantis, já em gerações anteriores à da própria Matilda.
    Pois na Toscana pelo fim dos anos 900 os filhos de um desses Walfrido, estariam sendo beneficiados por herança em transações fundiárias documentadas na região de Val de Greve - bens que pouco depois aparecem na posse dos Cavalcanti, já assim documentados (22).
         Acreditamos demonstradas, portanto,  não só as ligações dos walfrido ou godofredo com os Cavalcanti por estas propriedades em Val de Gréve, mas também a estreita ligação dos Cavalcanti por laços de matrimonio e de colaboração posterior com os d´Anjou, ancestrais do Plantagenetas.  Por estes fatos demostradas e comprovadas mais uma vez, também para os Cavalcanti, ligações angevinas e renanas pelos widos oriundos de Hesbaye e provavelmente também pelos plantagenetas.

   Para melhor entendimento, reler em especial os itens 7 e 8 anteriores. 
  


10 – As afirmativas de Giovanni Cavalcanti da origem dos Cavalcanti nas proximidades de Colônia, associadas às tradições angevinas dos Monaldeschi.
   
   Ao final de nossa pesquisa levando em conta as indicações dos Monaldeschi que reafirmam origem e até mesmo existência de propriedades na região angevina, região de Anvers, Maastricht e Liège (ver acima) - resultado que cotejamos com as informações recolhidas na obra de Giovanni Cavalcanti igualmente afirmando, com firmeza, as origens francas da família Cavalcanti e também indicando possíveis propriedades da família próximo de Colônia - se de inicio estas informações haviam se constituído informações vagas ou lendárias, notamos que aos poucos elas se haviam somado e realmente se complementaram.
   
    Em relação a estas indicações fornecidas pelos Monaldeschi de que seriam de origem anjevina, linhagem proveniente da região das cidades de Anvers, Maastricht e Liège, informações persistentes no tempo, notamos que estas informações se encaixam agora muito bem com o resultado de nossa própria pesquisa apresentada acima, relativa à origem ainda mais antiga e comum aos d´ Anjou no condado de Hesbaye.
   
    A partir das tradições dos Monaldeschi, e buscando traços concretos da possível origem angevina, renana, dos próprios robertinos - buscas cruzadas com as indicações fornecidas por Giovanni Cavalcanti da origem dos quatro varões muito religiosos saídos das proximidades de Colônia - depois de muita pesquisa pensamos ter encontrado em região da contagem de Hesbaye, região da antiga marca da Hesbania (23), local concreto e possível de proveniência comum - localidade muito sugestiva na zona central do reino franco, próxima de Mannhein, Aachem, Radisbona e Colônia com uma igreja muito antiga ainda dedicada a St. Aegidius na   atual localidade de Seckenhein-Mannheim -  (“Neustadt on the Wine Route” - Rhineland-Palatinate)  - aldeia no passado referida em documento de registro, o  “Codex Lorsch”, ano de 766 com a igreja do mesmo nome do santo indicado por Giovanni Cavalcanti, St. Aegidius - local relativamente próximo de Colônia.   Notado, sobretudo que esta região teria sido propriedade do já referido anteriormente conte Warin I, mártir e santo, ascendente dos famosos contes de Hesbaye do próprio Robert Le Fort e da dinastia dos wido (24).



Esta cidade mantém ainda hoje símbolo muito interessante – um brasão com a imagem de Santo Egídio (Sto. Giglio) indicando a região de Neustadt (a Cidade Nova) onde teria se localizado antigo ramo dinástico rural politicamente afastado do centro do poder, mas ainda oriundo da corte chamado “Brunchwilre” (25) Reproduzimos ao lado o brasão da Igreja de santo Egídio em Seckenhein-Mannheim.
 
    Entretanto, como pesquisas locais ainda não foram realizadas, ficamos por aqui em nosso atual trabalho. Deixamos esta sugestão ainda para futuras pesquisas e seguimos em frente em busca ainda de novas possíveis comprovações do afirmado na obra de Giovanni Cavalcanti.
   

11 – Saídos do castelo de Saint Gillesdi popolo pienissino”
        
 
      Ao estudarmos a genealogia dos Condes de Hesbaye fomos surpreendidos nesta linhagem muito antiga, pelos numerosos ancestrais envolvidos nas questões políticas relativas à mudança de linhagem merovíngia para a carolíngia no sec. VII, e que por esse motivo foram mesmo tornados mártires e santos. A grande religiosidade do período, natural para a época, permeia estas figuras patriarcais que chamaram nossa atenção - sobre elas comentaremos em próximo artigo específico, já redigido, mas ainda não editado.
                          Entretanto devemos adiantar que as biografias de São Leodegart, S.Warin, São Lambertus, São Rupert, São Leodwinus, sem dúvida centralizam a história desta região da Hesbania e dos condes de Hesbaye - fato que confirma mais uma vez as afirmações de Giovanni Cavalcanti que refere o local de senhoria de vários castelos, cuja sede seria um castelo muito magnífico de onde teriam saído os ancestrais dos Cavalcanti, local de população muito devota – local de onde teriam saído quatro “irmãos” da mesma família, que pensamos talvez membros da família unidos pela mesma intensa fé.  
                “La loro residencia delle signoria di piu castella e la principale sedia era in San Gilio. Questo Castello é molto magnífico, di popolo pienissino; del  quale uscirono quatro Fratelli”          
             
         Já em nosso artigo de 2013, “Família Cavalcanti em busca de sua Origem II (Castellum Divitia)”, artigo publicado no nosso blog haviamos levantado informações sobre um real e magnífico Castelo chamado “Divicia”, castelo existente em Colônia no período franco. E mesmo constatado em sua planta baixa, a presença já de um recinto dedicado ao culto de um São Heriberto dos anos 1000. Este magnífico Castelo no passado mais remoto havia sido um enorme “castro” romano cujas bases de muralha são o que hoje nos resta. No artigo citado reproduzimos a planta baixa e outros detalhes deste magnífico castro romano, cujas bases das muralhas podem ser vistas ainda hoje em Colônia. Ver fotos na nota (26).

        Acrescentamos ainda algumas referências explicativas sobre o próprio Santo Egidio, santo extremamente popular na época da descida franca e que não só teria dado mesmo o nome a um castelo referido por Giovanni Cavalcanti, de onde teriam saídos os barões ou varões citados - mas santo cuja historia, ainda que lendária reflete igualmente  a religiosidade intensa da época, santos  em trabalho de catequese e conversões religiosas freqüentes.
       Santo Egídio, constatamos, inspirou grande devoção entre os francos que com ele teriam convivido - santo até hoje merecedor de muitas honrarias e de inúmeros lugares votivos no centro europeu do reino franco.  Nascido em meados do VII século, c. 650 – falecido c. 720, segundo a lenda que registra sua história era de origem grega, ainda que a palavra AEgidius seja tida como de origem hebraica.  O nome Egídio em grego - Αἰγίδιος; em latin: Ægidius; em francês - Gilles; em húngaro - Egyed; polonês – Idzi; em italiano – Giglio, Gilles; espanhol – Egidio; catalão – Gil. Seu culto foi espalhado por toda a área franca a partir do sec. VIII.      
        A história lendária de Santo Egídio registra que no ano de 719 os sarracenos que ocupavam a Espanha haviam atravessado os Pirineus e ocupado parte de região da Provence incendiando aí grande numero de igrejas e abadias. Conta a tradição religiosa que o eremita Egídio teria ido à Orleans, onde se encontrava Carlos Martel e dele conseguido tirar a promessa de que depois de uma vitória sobre os sarracenos reconstruiria o seu monastério. Esta vitoria efetivamente conseguida por Carlos Martel na batalha de Tours em 732.
     O Monastério de Saint Gilles du Gard, Languedoc, na Provence, constatamos foi realmente reconstruído e tornou-se núcleo de intensa peregrinação durante a Idade Media - sendo Saint Gilles e suas relíquias ainda hoje aí veneradas. A belíssima abadia beneditina de Saint Gilles du Gard, no Languedoc, construída no século VII, posteriormente reconstruída, está hoje com precisão localizada na Petite Camargue, entre Arles e Nimes


   Quadro cérebro retrata o encontro de São Giglio com Carlos Martel denominado “A missa de São Egídio diante de Carlos Martel” - pode ainda hoje ser apreciado na Nacional Galery, a Inglaterra.
A própria família Cavalcanti tem capela e retábulo na igreja de S, Giovanni dei Fiorentini em Florença - cujo retábulo lateral ainda apresenta pintura de S.Gilles.

(foto    Marcelo B. Cavalcanti).  

12 – Concluindo – sobre os Malavolti de Siena, também ramo descendente de um varão referido por Giovanni Cavalcanti.

    Giovanni di Nicolo Cavalcanti refere um barão (varão?) da família que vindo do reino franco para a Toscana teria se estabelecido em um lugar próximo à Pescia e aí construído uma fortaleza murada e, comerciando, ficara muito rico. “Il secondo fratello n'andò ad Pescia, & quivi non senso murata la terra, vi murò una fortezza che ancora vi si vede alcune anticaglie di mura coperte dell' era”.         
    Sobre a localização exata de uma muralha construída pelo segundo varão,  referida por G.C. próximo de Pescia, como afirmamos acima nada pudemos constatar conclusivamente, e acreditamos que o local, hoje província muito ampla, deva ser ainda melhor pesquisado tendo em vista confirmar alguma hipóteses nossas, incipientemente formuladas na nota 5.
  
           Entretanto, temos também informações recentes, recolhidas pelo pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti no livro de “La Battaglia di Montaperti”, diorama Mario Venturi (Firenze, Scramasax Edizioni, ano 2000, pag. 21), dando notícia da existência de aintigas construções basilares atribuídas aos Malavolti na proximidade de Siena - ruínas milenares, bem anteriores ao século XIII. Reproduzimos o texto:
 "E' del 1253 la prima menzione di un palazzo a Siena, quello dei Malavolti, allora sembra limitado ad una grande torre e alla parte basamentare del palazzo poi construito e tuttora esistente. Molte le cheise di antica fondazione, gli ospedali e i monasteri, ai quali si aggiungono, nel terzo decenio del secolo, le fondazioni conventuali, come i Domenicani, il convento è construito a partire dal 1225-27 nei pressi di Camporegio, su terreno donato dai Malavolti”.
Em nossa tradução: "É de 1253 a primeira menção a um palácio em Siena, aquele dos Malavolti, que agora parece limitado a uma grande torre e fundações do palácio mais recentemente construído e que ainda existe. Ainda muitos vestígios de antigas fundações, hospitais e mosteiros, às quais se juntam, no terceiro decênio do século fundações monásticas, como a dos dominicanos - o convento recentemente construído a partir de 1225-27, perto de Camporegio - ainda em terreno doado pelos Malavolti”.


Observamos que o brasão dos Malavolti reproduz, como o dos demais ramos Monaldeschi e Ildobrandeschi, a figura de um ancinho, símbolo de vida simples, flores de lis referida à pureza, acrescentada curiosamente desta vez uma escada.
      A que tudo indica são remanecentes, portanto, alguns alicerces antigos de um castelo ou fortaleza, - vestígios locais atribuídos aos mais antigos Malavolti, os “fundacus Malavolti” e uma torre que teriam restado de construção bem mais antiga, anterior ao 1200. Bibliografia moderna trata do assunto: Kathryn L. Reyerson, ‎Faye Powe - The Medieval Castle: Romance and Reality, 1991, especialmente aí referido o artigo de Ubaldo Morandi, "Il castellare dei Malavolti a Siena," in Quattro monumenti italiani (Rome: Istituto Nazionale delle Assicurazioni, 1969, pp. 81-82). Mais fontes de informações sobre os “fundacus Malavolti” e torre em nota (27).
     Por outras fontes genealógicas sabemos também que este ramo Malavolti teria tomado o sobrenome do lugar onde se estabeleceram próximo de Siena, Malavolta. Mas registrado que teriam desenvolvido três ramos – o propriamente Malavolti, o ramo Orlando Malavolti (já citado por G.C.) e o ramo Aegidi ou Gigliense.    

     Citamos o “Somario storico delle famiglie celebri Toscane”, compilato da Demostene Tiribilli-Giuliani, riveduto dal Cav. Luigi Passerini (1816-1877) -

 Volume 2 , ano 1855 que entre muitas outras informações comenta:
                          “Di questi Malavolti ben presto si formò una doviziosa e potente famiglia che si divise in tre rami Malavolti, Orlandi Malavolti, Egidi o Gigliensi” (Volume 2, editada Lorenzo Melchiorri, Firenze, 1855, verbete “Malavolti di Siena”). 
     Acreditamos que estes Malavolti tenham se entrecruzado na Toscana e proximidades com membros de família de origem bretã dos Orlandi, ainda com outras famílias locais mais antigas na península, como certamente a família Giglio de origem etrusca, a mesma dos conhecidos Ginoli. Nas costas da Toscana próximo à ilha de Giglio, sabemos, habitaram etruscos e a família Ginoli tida como de origem na Umbria.

      Em um Dicionário heráldico encontramos que a família Giglio foi considerada...
              “Antica e nobile famiglia, detta Giglio, Di Giglio e, più anticamente, Lilio, originária di Roma la cui blasonatura è riportata dal commendator G.B. di Crollalanza, nei volumi del suo "Dizionario storico blasonico delle famiglie nobili e notabili italiane". 
      
            A ilha de Giglio na costa da Toscana fora ocupada na alta Idade Média por monastérios e não sabemos se o nome desta família Giglio é proveniente da simbologia referida à pureza destes sibaritas ou mesmo proveniente de pequeno animal local, tipo de cabra, chamada “aigýllio” – animal originário da própria ilha - ou até mesmo seu nome atribuído na época à devoção ao famoso santo do sec. VIII já referido acima - Santo Egidio, também um puro eremita.   
   
        A simbologia representada pelo lírio poderia ter origem muito antiga, pois o romano Julio Cesar o usava em suas armas brancas e os francos merovíngios de Clovis se teriam coberto mesmo de lírios para comemorar suas vitórias.

     Sabemos que a flor de lis tem na heráldica simbologia ligada à esta família Giglio, mas também à própria à cidade de Florença - flor que simboliza poder e soberania, pureza de corpo e alma, candura e felicidade – aparecendo não só nos brasões da cidade de Florença no brasão dos Malavolti, nas moedas depois aí cunhadas pelos banqueiros Cambi-Cavalcanti, nos brasões robertinos, no brasão dos Wido da Provance e até mesmo aparece ainda no ramo descendente Cavalcanti brasileiro do sec. XVI.
  
   Devemos lembrar finalmente que a família Orlandi, unida aos Malavolti, é de provável origem bretã e teria origem talvez não tão antiga como os Giglio, mas que bem se encaixa.
     Se hoje temos a nossa disposição informações já bem balizadas por documentos, possibilidades ainda de utilizadas várias técnicas auxiliares e modernas à disposição (genealogia, heráldica, numismática, etimológica, arqueologia, literatura, historia da arte, etc., etc.) constatamos que o nome dos Orlandi seria forma apocopada, ou abreviada, de Roland ou Rolando, do germânico “Hruodland”, significando “gloria de sua terra” - nome de um dos mais famosos chefes do exército de Carlos Magno, herói da batalha de Roncesvalles em 778 – a que tudo indica capostipile desta linhagem.
      O famoso Hruodlandus, prefeito e líder da marca da Bretanha, “Hruodlandus Brittannici limitis praefectus”, sabemos foi o comandante da retaguarda de Carlos Magno e estava entre os francos mortos na famosa e heróica batalha de Roncesvalles.
        Nesta ocasião já existiriam os “primi palatii” (ou primi in curia), que eram os principais vassalos a serviço do rei. A tropa de elite de Carlos Magno é citada na chamada “Nota Emilianense, comentário datado do século XI (c. 1054-1070) escrito no “Códice emilianense 39”. O episódio da batalha Roncesvalles conhecido através da “Vita Caroli Magni”, biografia de Carlos Magno escrita pelo cronista Einhard (770-840) por volta de 830. Einhard e os “Anais Reais” carolíngios são as fontes documentais desta batalha. Em outro trabalho (“Carta ao Bezerra II”) contamos detalhes desta famosa batalha em que a elite dos cavaleiros francos é sacrificada, fazendo Historia.

   

Conclusão deste artigo

        Depois de listados pelo menos doze itens que confirmam e reforçam informações do cronista e historiador da família Cavalcanti, Giovanni Cavalcanti do sec. XV em seu Tratatto Politico-morale" e em sua “Istorie Fiorentine” - bem como afirmações de Monaldo Monaldeschi do sec. XV registradas em seu trabalho genealógico “Comentário Historici” - somos capazes de confirmar também a hipótese segura e concreta sobre a origem mais antiga da família Cavalcanti na região da Hesbania, região próxima a cidade de Colônia.
       
    Confirmando informações recolhidas na obra de Giovanni di Nicolo Cavalcanti do século XV sobre as origens francas da família Cavalcanti de Florença e de MonteCalvi - informações acrescidas pelo levantamento das tradições específicas do ramo Monaldeschi que afirmam origem angevina, portanto renana, podemos concluir que estas tradições familiares não seriam conflitantes - mas sim complementares.
   
      Nos próximos trabalhos aprofundaremos a pesquisa sobre a localidade de Seckenhein onde está localizada ainda muito antiga igreja com o nome de St. Gilles, região característica da antiga marca da Hesbania , onde no sec. VIII esteve localizado o condado de Hesbaye - origem da dinastia wido estabelecida na Toscana, dinastia notoriamente muito ligada aos Cavalcanti. Nesta próxima pesquisa, que temos hoje já bem balizada por informações e documentos, pretendemos acompanhar seus descendentes, um a um, em descida para o sul do reino franco.      
    Esperamos poder trazer novidades ainda mais seguras para nossos leitores com o aprofundamento de mais esta pesquisa. 


Notas

(1) Há principal  descrição da descida franca para a península foi realizada por Einhard (770-840), cronista e biógrafo, autor de A Vida de Carlos Magno, obra escrita por volta de 817-829. Descrição já por nós utilizada em trabalho anterior “Os Sdegnosos Cavalcanti”, artigo que reproduz esta descida pela tradução do Prof. Luciano Vianna e Profa. Cassandra Moutinho. Rev. e notas: Prof. Dr. Ricardo da Costa (Ufes) Base da tradução: Medieval Sourcebook: Einhard: The Life of Charlemagne (translated by Samuel Epes Turner, New York: Harper & Brothers, 1880.
(2) Consultar nosso trabalho “Os Sdegnosos Cavalcanti”, publicado no ano de 2013 em nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, onde a decida franca de Carlos Magno é comentada e outras fontes citadas nas notas 11 e 12 - a principal delas o cronista Eberard, referido acima.
(3) No nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, já citado, foram publicados em 2013 pelo menos quatro trabalhos dedicados ao tema da origem Cavalcanti, referindo também a obra de Giovanni di Nicòlo Cavalcanti: “Familia Cavalcanti em busca de sua origem” I e II, e “Carta ao Bezerra” também I e II.
(4) Fato já comentado em livro (fase final de edição) “A família Cavalcanti no sec. XIII e o poeta Guido Cavalcanti”, nota 18ª.
(5) Não encontramos na atual província da Pescia nenhuma obra de muralha significativa ou digna de nota, mas na cidade próxima de Lucca é referida uma notória e imensa muralha de uns quatro kms e meio de comprimento.  Fonte relativa à história desta cidade informa obra inicial romana, em parte restaurada não se sabe em que época, indicado possivelmente no período  de Bonifacio da marca da Toscana (doc. 922, 946, 951) -  obra mais tarde corrigida e completada no renascimento, sec. XV e XVI. A confirmar em fontes de informações específicas.
         Sabemos por fontes genealógicas da família dos bonifácios que seriam descendentes de um Richbald de origem bávara que teria chegado à Toscana com os francos, estabelecidos em Lucca. Richbald e seu filho, Bonifácius I - franco merovíngio de origem bávara, chamado o Bávaro - este por notícias familiares dado como falecido antes de 785 – também Bonifácio II da Ligúria e Lucca, documentado como “da Baviera” falecido antes de 823. Estes Bonifácio e também alguns Adalbertos foram condes da Ligúria e Lucca e, agora acrecentamos pela fonte Franks Nobility na mídia eletrônica, controladores do vale do Arno.
   A fonte Frank Nobility confirma a genealogia dos bonifácios que aparece documentada no ano 823: “BONIFACE [I]? (-antes 5 Oct 823). Um Franco da Baviera. Sua origem bávara é confirmada pela carta datada de 5 de outubro de 823 que comenta a eleição de sua filha” Richilda ... abbatissa filia bm Bonifacio comiti natio Baivarorum “como abadesa do mosteiro de SS Benedetto e Scolastica em Lucca [48]. Contagem em Lucca 812/13. Ele controlava a maioria dos condados no vale do Arno”
    Em próximo trabalho pretendemos melhor avaliar as relações desta família Bonifácio, de origens bávaras na Toscana - família que mais adiante apresentaria também relações familiares com os ucpoldings (cerca 850) e com os Cavalcanti (cerca 950). Seria ela a família realmente descendente de um dos “fratelli” que teria ido para Pescia referido por Giovanni Cavalcanti? Ainda não podemos confirmar o fato conclusivamente, mesmo que com algumas indicações já sugestivas.
(6) Guido III – (n. c. 855) filho de Guido I, neto de Lampert de Nantes (linha wido proveniente dos condes de Hesbaye por Guy da marca da Bretanha e Lampert de Nantes. Guido III  já nascido em Spoleto (Perugia, Umbria, Itália) casado com Agetrude de Benevento, princesa filha do lombardo Adelchi, ela mãe de Lamberto. Guido sucede seu sobrinho Aderán como Guido III em Spoleto. Foi conde de Camerino (876) e dux de Spoleto de 883 -891, com o título de Guido III. Em 885 derrotou os sarracenos em Garigliano e depois, em 889, também Berengario, da marca de Friuli. Segundo fonte abaixo foi eleito Guido I, Rei da Itália, em Pavia em 12 fev. 889, em oposição ao mesmo Berengario di Friul – governou até 894 - sétimo Imperador do Santo Império Romano entre 891-892. É possível que tenha influído na queda do rei da França, o carolíngio Carlos, o Gordo em 888. Seu filho Lamperto também foi feito Imperador, entretanto logo falecido em 898 de uma queda de cavalo. Fonte Medieval Italy baseada em documentação.
      Fonte enciclopédica, bem fundamentada, ainda afirma:
    “Nel 774, dopo la definitiva sconfitta di Desiderio ad opera di Carlo Magno, mentre si persero notizie di Teodicio, citato in quel periodo nel Regesto Farfense come protettore di quell'abbazia, gli spoletini si recarono a Roma, attraverso il taglio simbolico dei capelli, fecero atto di sottomissione a papa Adriano I; con nomina pontificia, il duca Ildeprando prestò giuramento di fronte al pontefice Adriano I e fece del ducato, sostanzialmente, un feudo pontifício [referencia 29]; la tradizionale cerimonia longobarda del Gairethinx, in occasione dell'elezione del duca, rimase definitivamente affidata alla storia. Il ducato ebbe notevole fortuna, dato che i Longobardi controllavano la Via Flaminia, importante via di transito tra Roma e l'Esarcato, oltre a quella del Corridoio bizantino [30].
    Dall'880 fu duca Guido II [ou III] (880-894), anche lui di stirpe franca, che nell'885 sconfisse i Saraceni sul Garigliano e poi nell'889 anche Berengario del Friuli. Guido fu quindi incoronato re d'Italia da papa Stefano V e poi sacro romano imperatore nell'891 da papa Formoso, associando al potere il figlio Lamberto. Guido II morì nell'894. Anche Lamberto, associato al padre Guido sul trono d’Italia nell'891, dopo tre anni venne incoronato imperatore da papa Formoso. Confermato imperatore legittimo anche dal sinodo dei vescovi a Ravenna, morì nell'898 per una caduta da cavallo durante una battuta di caccia”. Fonte Jörg Jarnut, Storia dei Longobardi, Torino, Einaudi, 2002. ISBN 8846440854.
(7) Já [Leto, “Feliz”] Cavalcanti de Cavalcante, que genealogicamente indicamos em  cerca de 1060, aparece herdeiro do castelo de MonteCalvi  citado na obra “Delizie degli eruditi toscano” por Fr. Ildefonso de S. Luigi, informação repetida pelo contemporâneo genalogista italiano Sylvio Umberto Cavalcanti  e referido por nós no texto acima.
     E a fonte da abadia de Passignano afirma: “l primo abate vallombrosano di Passignano fu Leto che, nella primavera del 1050, era presente ad um sinodo romano e che organizzò l'incontro tra papa Leone IX e san Giovanni Gualberto, incontro che si tenne nell'estate dello stesso anno proprio in questo monastero”continua a fonte “Un altro importante abate di Passignano fu Pietro che il 13 febbraio 1068 davanti Allá Badia a Settimo camminò in mezzo al fuoco, uscendone illeso; dopo tale episodio il vescovo di Firenze Pietro Mezzabarba, accusato dai vallombrosani di simonia, dovette abbandonare la città e l'abate Pietro venne denominato Igneo.” Citado por Guarducci, Torquato - Guida Illustrata della Valdipesa, San Casciano in Val di Pesa,  Badia a Passignano, pag.4. Fratelli Stianti editori, 1904. ISBN não  existente”. Obra não diretamente consultada.
(8) A origem do conflito entre guelfos e guibelinos se estabelece na sucessão do Imperador do santo império Henrique V (1081-1125), sem herdeiros diretos. O papa apoiava a dinastia dos guelfos, que constatamos originaria da casa de Hesbaye, enquanto os guibelinos, senhores do castelo de Waiblingen, daí sua denominação, eram partidários dos Hohenstaufen da casa da Suábia. Este conflito generalizou-se entre as cidades italianas e já no sec.XIII os guelfos se fortalecem com o apoio do rei Carlos de Nápoles da casa de Anjou e o apoio de vários papas.
(9) As tabelas genealógicas dos Cavalcanti de autoria de Sylvio Umberto Cavalcanti, TavolaCavalcanti, publicadas na mídia eletrônica, e seu trabalho “Se Chiavamono Cavalcanti”, edição eletrônica em pdf, xoomer.virgilio.it  citam inúmeros membros da família que estiveram ligados por laços de casamento ou atuado com os d´ Anjou, especialmente no reino de Nápolis.   
        Notar que a imagem de flores de liz, presentes nas armas florentinas, são as mesmas dos d´Anjou.

        Na batalha de Montaperti (1260) os Cavalcanti já utilizaram seu brasão próprio - cruzes agulhadas, semelhante em forma e cores (cruz vermelha sobre fundo branco) à cruz pátea Templária. O pai do poeta Guido Cavalcanti, o cavaleiro Cavalcanti Cavalcante usou este brasão quando da derrota de Florença para os guibelinos na batalha de Montaperti, e esteve também a serviço dos d Ánjou na Toscana pouco depois em 1280. (ver tabela de Sylvio Humberto )
        Carlos I d´Anjou (1226 - 1285) foi rei de Nápoles e da Sicilia (1266-1285) e, como membro da dinastia Anjou, exerceu por breve tempo domínio no Mediterrâneo. Como seu irmão, o rei francês Luíz IX, Carlos d´Anjou foi um simpatizante de ideais guelfos, de apoio ao papado. Em 1263 o papa Urbano convidara Carlos d´Anjou para conquistar o reino da Sicilia, então sobre o controle do imperador do Sacro Império Germânico, Manfredo - vitória que ele consegue em Benevento, na península italiana em 1266. Ver nosso trabalho “Carta ao Bezerra II” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ nota 39. 
   Carlos d´Anjou havia obtido vultosa ajuda financeira dos banqueiros florentinos e preparara muito bem sua vinda para a Itália, onde livrou Florença dos guibelinos - passando a dirigir a cidade por dez anos com a colaboração especial dos Cavalcanti - o cavaleiro partidário guelfo, Cavalcante Cavalcante, pai do poeta Guido, a serviço de Carlos d´Anjou - notícia SUC (Silvio Humberto Cavalcanti com fonte, Borghino, ano 1280, xoomer.virgilio.it.) Carlos I, apesar de sua participação e dos d´Anjou nas Cruzadas, tornou-se rei de Jerusalém em 1277, mas não conseguiu como era seu desejo conquistar Constantinopla. Ver nosso trabalho “Carta ao Bezerra II”, nota 40.
(10) Sobre os conflitos entre guelfos e guibelinos, ver acima nota  8.
(11) Consultar o genealogista contemporâneo italiano Silvio Umberto Cavalcanti, autor de “Se Chiavamono Cavalcanti”, edição eletrônica em pdf, xoomer.virgilio.it e de sua TavolaCavalcanti também na mídia eletrônica.
(12) Por ocasião do milênio capetiano no ano de 1987, o historiador Karl Ferdinad Werner em colóquio científico acontecido em Angers confirmou a origem renana de Robert Le Fort, apoiando-se em testemunho de Réginon de Prum. Consultar “Pays de Loire et Aquitaine de Robert le Fort aux premiers Capétiens, actes du colloque scientifique international” (Angers, septembre 1987), atas reunidas e preparadas por  Olivier Guillot e Robert Favreau, in-8, 266 p., Société des antiquaires de l'Ouest, Poitiers, 1997 (Mémoires de la Société des antiquaires de l'Ouest et des musées de Poitiers, 5esér., t. 4)  
     Por esta fonte séria, repetida por fontes enciclopédicas modernas, é firmado que Robert Le Fort teria nascido entre 815 - 830.   “Ayant pris part en 858 à une révolte contre Charles II, il se soumit en 861 et reçut la marche de Neustrie, la région entre Seine et Loire. Il s'illustra par la suite dans la lutte contre les Bretons et lês Normands.   Robert le Fort est très probablement fils de Robert III de Hesbaye (?- av. 834), comte de Worms et d'Oberrheingau, et de Waldrade, sœur d'Eudes d'Orléans (?-834). L'origine familiale de Robert le Fort est longtemps restée méconnue et diverses conjectures ont pu être formulées. Au xxe siècle, des travaux de plusieurs historiens comme Karl Glöckner ou Karl Ferdinand Werner confirmés par Christian Settipani ont permis de dégager un certain nombre d'hypothèses et de quasi-certitudes sur l'histoire et la généalogie de Robert le Fort. Ses ancêtres formeraient un groupe familial constitué de serviteurs des derniers Mérovingiens em Neustrie comme Robert Robert Ier, comte de Hesbaye et de Worms mort en 764, référendaire de Dagobert Ier puis de proches des premiers Carolingiens em Austrasie”.  
   Trabalho aprofundado de genealogistas evidencia, portanto, a origem da linhagem robertina na própria aristocracia franca merovíngia - muito provavelmente seu avô Robert I, conte de Hesbaye e de Worms ainda a serviço dos últimos merovíngios na Neustria. Os antepassados de Robert I, falecido em 764, teriam mesmo sido “referendaires” de Dagobert I, mas ele próprio já se aproximando dos primeiros carolíngios na Austrália. Ver nota 13 abaixo.
   O condado de Anjou de Robert Le Fort parece ter tido a extensão idêntica a diocese eclesiástica de Angers, ocupando grande parte do que é hoje o departamento do Maine-et-Loir.
(13) Citamos alguns dos principais ascendentes de Robert Le Fort para auxílio do leitor - informações obtidas em fontes genealógicas, enciclopédicas, e mesmo documentais, contextualizadas por nossos conhecimentos genealógicos e históricos já adquiridos sobre o tema. Em resumo:
   Ascendentes de Robert Le Fort:
* Warin I de Poitiers, ou São Warin (Warin, Guerin, Gerinus, Varinus) tido como de origem de franco-borgonhesa, Conde de Poitiers e  de Paris. Nascido cerca de 612 na Austrasia – falecido entre 677/87. Conde de Palácio (Contagem de Poitiers e Trier).  Em 677 Warinus teria sido apedrejado até a morte perto da cidade de  Arras, hoje fronteira belga, por causa de uma briga entre seu irmão Leodegarius e  Ebroin, o  prefeito franco do palácio da Nêustria inimigo de sua familia. Foi tornado mais tarde São Warinus, mártir franco.    
* Landebertus de Maastrich, ou St Lambert, já referido em genealogia como de Hesbaye, n. 636 - f. 705, filho do acima santificado Warin I (Guerin, ou Guerino) com Gunga de Metz. Lambert foi Bispo de Maastricht-Liège (Tongeren) do ano próximo de 670 até sua morte. Cristianizador da região de Maastrich (Flanders, Belgium), foi  educado por seu tio Theodobertus  de Maastricht, St. Theodard, este membro da dinastia bávara agilofing assassinado em  cerca de  669. O próprio Lambert de Maastrich também pivô no enfrentamento entre merovíngios e carolíngios, assassinado e depois tornado santo (Ver mais detalhes na nota abaixo específica)   
* Leudwinus ou St Liutwin, Bispo ou Arcebispo de Trier e Bispo de Laon – tido também como filho de São Warin I (Guerin, Gerwin) de Poitiers acima referido e de Gunza (Poitiers) van Metz. A nosso ver sua data de nascimento o encaixa melhor como neto de S.Warin. Nascido cerca de 660 em Mettlach, Alemanha – falecido 717 em Reims, França. Casado com uma agilolfings, filha do dux Teodoro II, duque da Bavaria. Por sua própria santidade e de sua familia  adquiriu grande relevância religiosa em sua época. Tem sua vida já bem estudada e balizada.
* Robert de Hesbaye I (falecido 764), neto de São Warin acima. Em parte já bem documentado.  Chegou a ser dux em Hesbaye (Haspengau) no ano de 732, conde do Alto Reno (Oberrheingau) e Wormsgau em 750. Mas em 751 Childerico III ultimo rei merovíngio tem mesmo seus cabelos tosados e pouco depois em 757 Robert é enviado como “Missi Dominici” (“régio patroa”) à Itália (emissário diplomático). A aldeia de Seckenheim onde se encontra hoje uma antiga igreja de Saint Gilles (Santo Egídio ou Giglio) aparece mencionada no código de Lorsch em 766, dois anos depois de sua morte (mais informações em próximo artigo).
 * Robert (Chrobert) de Hesbaye II - (nascido c. 770 - falecido em 12 de julho 807- tido como missi na França (embaixador). A data do nascimento de Robert II por nós indicada apenas por calculo referente à data do seu provável pai. Fonte recente indica Robert II filho do Thuringbert conde de Worms e Rheingau (c. 740 - 770). [fonte Settipani, Christian, “Les Ancetres de Carlos Magno”, 2e édition revue et corrigée, ed. P & G, Prosopographia et Genealógica de 2015)] Neste caso Robert II seria neto do anterior Robert I, conte de Hesbaye, Duque da Neustria (c. 697-764).      
*Ermengard de Hesbaye (n.c. 775/80, em Hesbaye — 3 Outubro 818 em Angers, Loire. Seu pai Ingermam, conde de Hesbaye (Haspengau ou Hesbania) e sua mãe Lendrade (Landreé) de Hesbaye. Casada antes de 795 com Luis, o Piedoso, o próprio filho de Carlos Magno. Foi Imperatriz do Santo Império Romano a partir de 813, também rainha dos francos em 814, Coroada pelo papa Estevão IV em 5 de outubro de 816.
* Robert de Hesbaye III, doc. 834, comte de Worms e d'Oberrheingau, casado com Waldrada de Worms, irmã Eudes de Orleans, pai de:
*Robert Le Fort – Conhecido como Roberto IV de Worms, nascido entre 815 e 830, morto em 2 julho  866 na batalha de Brissarthe, próximo do rio Sena. Em outra fonte nascido em 820 em Anjou. Comprovadamente filho de Robert III de Hesbaye, conde de Worms e Waldrada de Orleans. Robert provavelmente casado com uma filha de d'Adélaïde d'Alsace e de Conrad I.
       O muito jovem Robert teria deixado o Reno Médio em 836 sem ser ainda titulado, quando das lutas pelo poder entre os filhos de Luis o Piedoso, tendo tomado partido por Carlos II, o Calvo, filho da imperatriz Judith sua parente. Robert teve que deixar suas terras incorporadas ao reino de Lotário II para refugiar-se a oeste na família materna. Em 852, Carlos II o Calvo o fez abade laico de Marmoutier e no ano seguinte “missus dominicus” de diversos condados da Neustria, notadamente nas regiões de Tous e Angers.
       Mas m 858 Robert Le Fort rebelou-se abertamente contra os carolíngeos, sendo, entretanto, submetido em 861 e encarregado então de lutar contra os bretões e normandos. Por fim faleceu na batalha de Brissarthe em 866 na França.  Neste meio tempo foi Conde de Anjou em 862, conde de Auxerre e conde de Nevers em 865, por fim Margrave da Nêustria.
         Sua mãe Waldrada, tida de linhagem materna também wido, proveniente de São Warin e de São Leudwinus - ela filha do conde Adriano da Suábia e Orléans (f. 822). Waldrada por este seu pai foi rica herdeira de seu avô Gerold I de Winzgouw, casado com sua avó Emma da Alemanha, filha do herzog alamanni Nabi. Gerold II, primo de Waldrada, tornado cunhado de Carlos Magno em 771, já havia também falecido em batalha no ano de 799 durante a descida franca para a península italiana, lutando contra os ávaros na Panônia.  Robert Le Fort, portanto, era primo em segundo grau destes geroldings
     Robert le Fort foi pai de reis de dinastia robertina:  
    - Eudes, (n d.852, f.898), rei dos francos de 888 à 898.
    - Robert, n.c. 860, f.15 juin 923), rei dos francos de 922 a 923.
Robert Le Fort ainda o avô de Hugo Capeto, ancestral da linha capetiana
 (14) De fonte enciclopédica local:
    No sétimo século, Hesbaye (Hesbania em latim, Haspengow em holandes) era um importante feudo na marca nordeste do reino merovíngio da Austrasia   "that region where the western foreland of the Eifel meets the south-western fringe of silva carbonaria, a woodland frequently mentioned in Frankish historiography." 
      Em 870 a região de Hesbaye é associada a figura de Lambertus de Maastrich, São Lambert (nascido 640), filho  de Warin I (Guerin, Guerino), conde de Poitiers (ca. 612 in Austrasia – 677/87). Lambert é mensionado depois de quase um século de sua morte no documento da divisão de territórios entre Carlos, O Calvo e Louis o Germânico em 870, tratado de Maerssen (Ver ainda nota 16). Mais tarde em 1040, o Imperador Henrique III cedeu o feudo para o bispo Nithard de Liège que o integrou como Principe-Bispado de Liège. Conhecidos condes de Hesbaye foram Ingerman e o citado Roberto, o Forte que funda a dinastia dos duques de Brabant e dos reis robertinos da França, mais adiante reis da dinastia dos capetos.
       A linha dos condes de Hesbaye foi certamente desprestigiada com a queda dos merovíngios, mas novamente fortalecida, ou concertada, quando Ermengard de Hesbaye (778 em Hesbaye – 3 de Outubro de 818 em Angers), filha de Ingerman casou com Louis, o Pio, o filho de Carlos Magno, dando origem à linha dos ingelgeriens - linhagem “de la noblesse franque, qui établit l'autonomie et la puissance du comté d'Anjou entre 930 et 1060, profitant des luttes entre les derniers Carolingiens et les Robertiens, ancêtres des Capétiens”. Também à origem dos Plantagenetas por Geofrey V († 1151).
      Notar - Lamberto é prenome que curiosamente aparece até mesmo entre os Cavalcanti na Toscana, momento de afirmação dos d´Anjou na região, século XIII. Ver notas a seguir 8 , 9  e 10. 
(15) O primeiro dos casamentos que buscava manter o prestígio dos de Hesbaye com os carolíngios foi o de Routrude de Hesbaye, filha de São Leudwinus logo casada com o ainda prefeito Carlos Martel, capostipide desta linhagem. O segundo casamento foi o de Hildegard de Vizintgau – casada com Carlos Magno tornada Rainha dos Francos - mãe de Luís, o Piedoso, falecida em 783. Hildegard era da linhagem paterna de Gerold I, agilofing, aparentado pela mãe aos de Hesbaye. O terceiro foi o casamento de Ermengard de Hesbaye (n.c. 775/80, em Hesbaye — falecida em 3 Outubro 818 em Angers, Loire, seu pai Ingermam, conde de Hesbaye (Haspengau) e sua mãe Lendrade (Landreé) de Hesbaye, casada antes de 795 com o imperador Luis, o Piedoso, o próprio filho de Carlos Magno. Foi Imperatriz do Santo Império Romano a partir de 813, também Rainha dos Francos em 814, coroada pelo papa Estevão IV em 5 de outubro de 816. Exerceu grande influência política sobre seu marido que reinou de 814 a 840 ainda com problemas de fronteiras. Certamente seu casamento, apesar de bem sucedido, foi uma composição política ainda tentada pelos carolíngios para melhorar relações com os de Hesbaye e os agilofings. Ermengard de Hesbaye e Luiz o Piedoso originaram a linhagem dos ingelgeriens. Seus filhos: Lotário I (795 — 855) rei da Italia, da Lotharingia e imperador do Ocidente de 840 à 855Pepino I da Aquitânia (793 — 838), Adelaide (c. 799) Rotruda (c. 800 - 841) Hildegarda (c. 802 -?), e o imperador  Luís II, o Germânico (804 — 876).
(16) Tassilo III, filho do dux Odilo da Baviera e Hiltruda (? † 754) - esta já filha de Routrude de Hesbaye e do famoso Carlos Martel, capostipide dos carolíngios. Tassilo III tido ainda como um aristocrata agilofing, que mesmo neto de Carlos Martel não conseguirá mais manter a independência da Baviera. Em reunião no palácio imperial de Ingelheimem em 788, Tassillo III será forçado a confessar todos os crimes que o fazem reconhecer como um opositor e traidor - condenado à morte. Por seu parentesco, Carlos Magno o beneficiará, mas exige que ele se torne monge, assim como os membros de sua família. Carlos Magno sacrifica os bávaros rebeldes, mas coloca à frente do exército um prefeito (præfectus) na pessoa de seu cunhado, Geraldo II de Vizintgau -  este ainda provavelmente neto de Heresvinda de Hesbaye, filha de um dux bavaro - e o poder de dux assim diluído por vários condes. No conselho de Frankfurt, em 794, Carlos Magno faz Tassilo renunciar a todo o poder, e a Baviera é definitivamente anexada ao reino Franco.
(17) Saint Lambert (Landebertus, Lambertus) (c. 636 – c. 705) bispo de Maastricht-Liège (Tongeren) de cerca de 670 até sua morte. Fonte específica informa Lambertus de Maastrich, nascido em 636 em Maastricht, falecido em 17 de setembro de 705 em Liège, citado como filho de Robert II, lorde Chancellor da França.
     Lampert foi protegido de seu tio, o bispo Theodard de Maastricht (nobre agilofing da casa da Baviera). Quando Theodard foi assassinado logo depois de 669, os conselheiros de Childerico II tornaram Lambert bispo de Maastricht. Lambert ainda parente de Hugobert, dux da Baviera e Plectrude, a legítima esposa Pepino de Herstal - este parente de prefeitos hereditários do palácio que controlavam os reis merovíngios da Austrasia. Depois de Childerico II, rei merovíngio ter sido também assassinado em 675, a facção d  Ebroin, mordomo da Neustria, verdadeiro poder por trás desse trono, expulsou Lampert de seu bispado a favor do seu candidato Faramundus. Lambert teria passado então sete anos no exílio na recém-fundada Abadia de Stavelot (674-681). Com mudança na fortuna política, Lambert foi devolvido ao seu bispado.
     Lambert pregou o evangelho aos pagãos nas zonas inferiores do Meuse e por volta de 705 completou a cristianização de Liège e seus arredores.  Pouco depois que a família de Plectrude, a mesma de Lambert, assassinou Dodo, “domesticus” de Pepino de Herstal e do pai de Alpaida, amante de Pepino, como represália parentes de Dodo assassinaram Lambert em sua propriedade, a villa  que depois se tornou Liège .
     Lambert tornou-se, portanto, mártir em defesa da fidelidade conjugal, denunciando a ligação de Pepino de Herstal com Alpaida, a filha de Dodo, que viria a ser a mãe de Charles Martel. Para consagrar as relíquias de Lambert, seu sucessor, Rubertus (depois São Rupert), construiu uma basílica perto de sua villa, basílica que se tornou o verdadeiro núcleo da cidade – A Catedral de Nossa Senhora e St. Lambert em Liège, construída em sua honra. Lambert havia sido o diretor espiritual do depois  Saint Rupertus.
(18) O prenome Lambert, ainda aparece entre os Cavalcanti do sec. XIII –
       Lamberto, pai de Theghaio e o filho deste
       Lamberto Cavalcanti, membro do Conselho Comunal florentino e embaixador de Florença em 1291 (Tabela SUC).
      
       Na linha Wido ou Guidi, linha da Bretanha e Nantes, a ocidente, o prenome permanece atravez:
       -Guy, Conte da Marca da Bretagne (f.c. 819)
       -Hrodolt ou Frodoald, conde de Vannes
       -Guy II de Vannes, conde de Vannes, filho do precedente (f. 834)
       -Lambert Ier, (†836) conde de Nantes, de 818 à 834, filho de Guy.
       -Lambert II, conte de Nantes e d'Angers (f.852)
(19) O prenome Lambert também se mantem nas listagens dos condes de Brabante. Referidos em fonte genealógica:  
       - Lamberto I, (9501015), filho de Ranier III de Hainaut, conde de Lovaina por casamento em  988.
      - Henrique I de Lovaina, († 1038), filho do anterior.
      - Otão de Lovaina, morto antes de 3 de junho de 1041, filho do anterior.
      - Lamberto II de Lovaina († 1054), tio do anterior e filho de Lamberto I,
      - Henrique II de Lovaina (10201079), filho do anterior
       -Henrique III de Lovaina († 1095), filho do anterior e conde de Brabante em 1085, casado com Gertrudes de Flandres (10801117), filha de Roberto I, conde de Flandres e de Gertrudes de Saxe.     
   - Godofredo I de Brabante, "o Barbudo" (1095-1139), irmão do anterior, conde de Brabante, conde de Lovaina e de Bruxelas e duque da Baixa-Lotaríngia de 1106 a 1125, que ainda dará seguimento a linha dos condes de Brabante.
(20) Não sabemos se o tão famoso São Egídio (tido como grego) que pediu auxilio dos francos no tempo de Carlos Martel contra os sarracenos teria alguma ligação familiar com esta linha dinástica agilofings.
      Os agilofings seriam provenientes do mesmo prenome Agilof ou Agilulfo em alemão (outras variantes “Agilolf", "Egilulf", "Egilolf") – abreviação de "Agilo" ou "Egilo". Em latim Aegidius, em portugues Egídio, italiano Giglio, em francês Gilles, em catalão Gil.
      O capostipide suevo Agilulfo antes de 482 teria sido pressionado por inimigos a leste e em migração alcançado a Galícia, na península Hibérica, onde teria chegado a ser rei - mais tarde estes suevos aí se mesclaram a população local
    A linhagem dos agilolfings teria também governado o ducado da Baviera em nome dos reis merovíngios do ano 550 até 788. Um ramo cadete dos nobres agilolfings governou o Reino Lombardo de forma intermitente de 616 a 712.          E curiosamente já no ano de 716 S. Egidio estará em Orleãs demandando benefícios a Carlos Martel. (Ver texto acima item 8)
     Esta dinastia agilolfinger, ao fim do período merovíngio chegou a se associar por ligações familiares à nova dinastia carolíngia. Entretanto, anteriormente unidos à dinastia merovíngia e por terem no passado se oposto à ascensão dos carolíngios teriam os agilolfings sido, por fim, derrotados e completamente privados do poder.
       O próprio Carlos Martel (676 - 741) chegou a unir-se com a princesa dos agilofings vencidos, Swanachild. E por sua esposa Routrude e pela sua filha Hiltrude, que fugiu após a sua morte para casa-se com Odilo da Baviera, foi avô do aristocrático Tassilo III que, entretanto, submetido pelo primo Carlos Magno não poderá governar (Ver mais nota 17).
  Os nomes de Theodoberto, Hugobert, Odilo, dux de agilofings bávaros, aparecem com frequência em nossas pesquisas ligados aos condes de Hesbaye em íntimas relações familiares.
    Encontramos ainda um Agilof, bispo de Colônia em cerca de 750 - agilofing ligado aos condes da Bavária e, acreditamos, por casamento a uma senhora de Hesbaye.
    Para aprofundamento e mais indicações a respeito dos agilofings, ver texto abaixo e ainda o nosso trabalho “Carta ao Bezerra II – Introdução” publicado em nosso blog em 2013, notas 12 e 13.
(21) Mais informações básicas sobre os plantagenetas ver nossa pesquisa no artigo “Carta ao Bezerra II” notas 17, 23, 24 e 28.
       Matilde da Toscana ou Matilda de Canossa, célebre e muito rica comandante da marca da Tuscia. Em virtude da morte de seu pai, irmão e marido, na  questão das Investiduras foi tida como uma das poucas mulheres medievais a ser relembrada por seus feitos militares, apelidada de la Gran Contessa. Matilde chegou a tentar intervir nas relações entre o papa reformador Gregório VII e o imperador Henrique IV do Sacro Império Germânico, sendo a principal apoiante do papa  contra o imperador nesta crise das Investiduras. Teve um segundo casamento com o Guelfo II, já de dinastia guelfa, dinastia derivada da linha wido. Matilda doou seus bens à Igreja e após sua morte seus domínios tornam-se Repúblicas, como a de Florença. Ver comentários muito pertinentes e esclarecedores pela especialista em Dante Alighieri, Barbara Reynolds - Dante, já traduzida Record, S.P., 2011, pg. 438, capitulo “Quem é Matilda?”.
(22) Sobre os documentos fundiários localizados por Marcelo Bezerra Cavalcanti em um registro geográfico e documental de Val de Greve, documentos reportados por Emanuele Repett no seu “Dizionario geografico físico storico della Toscana”, Volume três, página 106, ver texto do artigo “Carta ao Bezerra II” e nota 24. Estes documentos dos fins dos anos 900 são relativos às propriedades que pouco mais tarde surgem de posse dos primeiros Cavalcanti documentados. Lembrando que [Leto] Cavalcante di Cavalcanti, <1060>, a que se indica, já teria sido proprietário nesta região do Ghianti.
(23) A palavra 'Markgraf' de origem germânica se refere aos condados, às "contas” de fronteiras; marcas, regiões de fronteira do império franco a serem defendidas. Pelo que observamos, inicialmente não eram as marcas propriedades dos guerreiros nobres. Famílias nobres e aguerridas apenas ocupavam as posições em rodízio ou sucessão, na medida em que tivessem maiores ou menores recursos e capacidade de defendê-las. Entretanto, a partir no século IX observamos questões referentes a demandas por parte destas famílias nobres frente aos Imperadores francos, pretendendo a posse dessas regiões defendidas também para seus filhos - notando-se que por várias gerações grandes esforços haviam sido despendidos para sua defesa. Assim o Margrafe, marquesado posteriormente marquese. Em outra oportunidade poderemos ampliar e exemplificar melhor o afirmado.
(24) Warin I de Poitiers, São Warin, foi conde de Poitiers e de Paris e é documentado por carta remanescente de seu irmão para sua mãe, Santa Sidarta. Warin era de origem franco-borgonhesa pela mãe, e pelo pai filho de um nobre franco da Neustria. Warin, nascido cerca de 612 na Austrália – falecido 677. Conde de Palácio (Contagem de Poitiers e Trier).  Em 677 Warinus por causa de uma briga entre seu irmão Leodegarius e  Ebroin, o  prefeito franco do palácio da Nêustria, inimigo de sua família, foi apedrejado até a morte próximo à cidade de  Arras, hoje fronteira belga. Foi tornado mais tarde São Warinus, mártir franco e capostipide da linhagem wido que decidida participou da descida franca - sua descendência na marca da Bretanha, na marca da Gothia, na marca de Friul e mesmo na Toscana. Mais sobre seus parentes e descendentes condes de Hesbaye, ver nota 13 acima. Também outras informações no item 11.
(25) Ver sobre a localidade de Seckenhein-Mannheim e sobre o ramo Brunchwilde o artigo “Carta ao Bezerra” em nosso blog, notas 18 e 19.
(26) Sobre o Castellum Divitia, antigo e magnífico castro romano (construção militar) ver planta, tentativa de restauração em três dimensões (abaixo), ainda fotos de vários achados, em nosso artigo “Família Cavalcanti em busca de sua Origem II (Castellum Divitia)” publicado no ano 2013 no blog                 http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

Castello Divitia 








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