Conspiração Pucci & Cavalcanti

Introdução

A chamada ‘Conspiração Pandolfo Pucci”, ou melhor, “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, porque em verdade liderada por Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, ocorre em Florença, no período final do governo de Cosimo I di Medici, aproximadamente entre 1550 e 1559, ano em que foi descoberta. (1)

Esta conspiração terá desdobramentos, quinze anos depois, na “Conspiração Orácio Pucci & Ridolfi”, liderada pelo próprio filho do enforcado Pandolfo Pucci e por Piero Ridolfi, descoberta em 1575, período já inicial do governo de Francisco I, filho de Cosimo I.

É necessário ressaltarmos, desde já, o desdobramento da “Conspiração Pucci & Cavalcanti” de 1559, pois a não diferenciação entre as duas conspirações, fato não percebido pelo historiador Sergio Buarque de Holanda, provocou equívocos de interpretação em suas análises sobre o ramo florentino dos Cavalcanti vindo para o Brasil, através Filippo di Giovanni Cavalcanti, como já explicitamos em outros trabalhos. (2)

Acrescentamos também que estes dois episódios conspirativos se constituem reações desesperadas e finais da elite florentina republicana à grande preponderância Médici, preponderância reafirmada especialmente com as quedas da República de Siena em 1555 e da República Retirada para Montalcino em 1559. Estes episódios, acrescidos pela vitória na batalha naval de Lepanto contra os turcos, em 1571, quando a frota de Cosimo aliada ao Sacro Império sairá vencedora, acabam por demarcar a estruturação definitiva do grão ducado Toscano.

Na cidade de Florença, o quadro da prepotência Medici em relação à prática republicana não se modificara e as famílias de elite, ainda pertinazes e contestadoras, atuavam, na corte de Cosimo e depois na de Francisco I, de forma cada vez mais audaciosa, aliciando cortesãos e agindo no interior mesmo das divergências do núcleo de poder: a descendência remanescente de Cosme I de Medici que não mais se entedia em frente nova, a geração feminina da família.

O envolvimento feminino na política anti-medici é observado em episódios políticos anteriores do começo do século, nos quais Clarice Medici Strozzi e Catarina de Medici atuaram de maneira decisiva. Mas, nos anos 70, esta atuação se tornará mesmo dramática, com a participação ainda de Eleonora de Toledo e Isabella Medici. (3)

Inicialmente, faremos um resumo da repressão Medici no séc. XV e início do XVI. Observamos que esta repressão Medici já vinha de longe e teve como objetivo final o estabelecimento de um Grão-Ducado Toscano. Esta constatação é importante para melhor compreendermos a violência da repressão no período final do governo de Cosimo I, e ainda da violência aparentemente inexplicável da repressão de Francisco I, momento já da estruturação definitiva do Grão-Ducado.

Neste resumo inicial, sobre a repressão Médici, comentaremos especialmente a participação dos vários membros da família Cavalcanti nos episódios contestadores, encaminhando o pensamento do leitor na direção de um possível envolvimento também de Felipe di Giovanni Cavalcanti, do ramo florentino que veio para o Brasil, na “Conspiração Pucci & Cavalcanti de 1559”. (4) A potencial atuação de Guido de Giovanni Cavalcanti e o enforcamento de um Cavalcanti, Francisco di Bastiano, é notada ainda no período final, na “Conspiração Pucci & Ridolfi”, descoberta em 1575.

Durante vários séculos, Florença havia vivido sob uma organização republicana, representação que os Medici, cada vez mais absolutos, vinham na realidade destruindo.

Nos meados do séc. XVI o episódio histórico do sítio a República vizinha da cidade de Siena, (1555), e a queda do ultimo baluarte republicano em Moltalcino, 1559, demonstram a resistência destas cidades toscanas na defesa de sua liberdade e de suas antigas práticas políticas, de maior ou menor representatividade.

Observaremos também que, no fim da década de 70, já a opinião publica florentina cobra, mesmo, o fim ao arresto dos bens da elite pelo governo, ato de usurpação que já lhes parece abusivo e suspeito.


Repressão Médici – séc.XV e XVI

A primeira oposição política ao poder de um Medici se dá com a revolta dos “ciompi” nos fins dos anos 1300, artesãos lutando por sua representação, Salvesto Medici já como “gonfaliero”.

Entretanto, no séc. XV, as reações à supremacia dos Medici e sua preponderância, sentida como ilegítima, estão ligadas à emigração sistemática das famílias mais antigas e prestigiosas de Florença, após tentarem apear Cosmo di Medici do poder nos anos 1433/34. (5)

No período da chamada idade de Ouro, de grande opulência e domínio dos Médici em Florença como Príncipes do Estado, as contestações foram limitadas e até mesmo teóricas, como a de nosso parente da família ampla Giovanni Cavalcanti em sua “Istorie Fiorentine”, de 1450. (6)

Mas, nos fins do século, com a introdução de capitais judeus novos e competitivos, rivalizando comercial e financeiramente com os de famílias remanescentes de prestígio em Florença, as insatisfações chegando a Roma, temos a ação detonadora da conspiração Pazzi em 1478, quando Juliano de Médici é assassinado dentro de uma igreja e os culpados, entre eles os Pazzi e os Salviati, enforcados nas janelas do palácio Bargello. Lorenzo havia se salvado com a colaboração de dois Cavalcanti aparentados, Lorenzo e Andréa, seus escudeiros. Para pacificar a situação com os Salviati, Lorenzo Magnífico casa sua filha Lucrecia com o jovem Jacobo Salviati.

Mas a tempestade continua ameaçando os Medici.

Lembramos, pouco depois, o questionamento de herança dos parentes Medici do lado Pierfrancisco e, sobretudo, o período de questionamento radical de Savanarola, em que não só o absolutismo dos Medici, mas o luxo e a própria moral renascentista, começam a ser contestados. A República dos cidadãos emerge como um desejo também divino. Dois Cavalcanti participaram do Conselho Maior desta Comuna Republicana: Giovanni di Nicolo Cavalcanti e Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti, de ramos abastados.

Mas Savanarola é queimado, por imposição do papa. E o Davi de Miguelangelo na Senhoria tornado uma bravata republicana.

O século XVI inicia com os Medici novamente no poder (1512), e novas conspirações para apeá-los. Na conspiração de 1513, Nicolau Machiavel, de família tradicional mas decadente, um ativista político pelos ideais radicais republicanos, é envolvido e torturado, talvez, injustamente.

O do nosso ramo familiar direto, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, de um ramo Cavalcanti nobre, talvez ainda menos radical, no fim desta Republica estava na Inglaterra, aparentemente atuando como comerciante de artes, protegido pelo jovem Cardeal Medici, Giovanni, pouco depois elevado a papa, Leão X. Nosso Cavalcanti é em seguida elevado também a seu “cubiculari”, camareiro secreto papal.

Lorenzo II, o novo Medici no governo de Florença, atua com o auxilio do bom senso deste primeiro papa Medici, Leão X, e governa numa política expansionista para Urbino até 1519. Julio Medici e seus prepostos incompetentes de 19 até 27. A partir daí as conspirações saem, como em 22, do interior mesmo das casas aparentadas dos Medici, e os comprometidos são, como sempre, enforcados no Bargello. O poeta Luigi Alamanni envolvido e foragido, mantêm-se em exílio, na corte de Francisco I da França.

Mas o do nosso ramo, Giovanni Cavalcanti, morto o papa seu protetor, voltara à Florença em 21, para casar-se e ter pelo menos dois filhos, nascidos nesta cidade. Em 25, entretanto, seus bens teriam sido aí arrestados. No começo da década de 30, pressionado pela situação política em Florença, situação certamente insustentável para todos os ramos Cavalcanti, volta enfim auto-exilado para a Inglaterra com a família.

O poder da família Medici havia sido questionado pelos decididos florentinos entre 27 e 30, sobretudo aturdidos com os estróinas da nova geração Médici predominante - Ipólito e Alessandro Medici - e as forças do imperador do Sacro Império, que saqueiam Roma.

Temos então o sítio de Florença pelo imperador Carlos V e a resistência desesperada desta Nova República, logo exaurida pela peste. Os de nossa família ampla, republicanos decididos, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti e seu filho, Bartolomeo di Maimardo Cavalcanti, participaram desta fase republicana ainda que tentando evitar maior radicalização. Mas em seus últimos momentos a República, já muito radicalizada, ameaçava de morte sua refém, a pequena Catarina de Medici, orfã de Lorenzo II, retirada dos braços de sua tia Clarice Medici-Strozzi, criada em conventos, afinal libertada pela a rendição da cidade.

Num acordo de Giuliano Médici, agora o novo papa Clemente VII, com Carlos V, o poder em Florença estará novamente nas mãos de um Medici, Alessandro, filho do próprio papa. E, em nova jogada política, Clemente VII contrata o casamento da muito jovem Catarina de Medici com um filho do rei francês, também adolescente, Henri d´ Orleans.

Neste casamento, em Marselha, em1533, acompanhando o cardeal Salviati estará o jovem Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, da família ampla, já auto-exilado de Florença, sendo aí muito bem recebido. Bartolomeo levava no cortejo sua filha Lucrecia e um filho de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, do nosso ramo. (7)

Em Florença, Alessandro Medici com a morte do papa, seu pai, e o envenenamento da jovem Luíza Strozzi a ele atribuído, provoca ainda mais a dissidência interna na família Médici. Por fim Alessandro arresta mesmo os bens do poderoso banqueiro papal Flippo Strozzi, já viúvo de Clarice Médici. O casal havia apoiado o estabelecimento do governo da República de 27, talvez sem poder prever o grau de radicalidade que ele iria alcançar.

Fato ainda mais dramático irá sacudir Florença no ano de 1537. Alessandro Medici será assassinado por seu amigo de infância e farras, Lorenzino Medici, descendente do lado contestador do ramo Medici dos Pierfrancisco, nosso conhecidos Popolanos, agora indignado com sua política de arrestos e tirania de seus parentes. (8)

Sobe então ao poder, um ramo familiar novo dos Medici, na figura de Cosimo I, jovem determinado e de tendências militaristas, sendo seu pai o condottiere Medici, “Il Bande Nere”. Cosimo dará logo inesperadas provas de grande energia. Para punir o assassinato de Alessandro, Cosimo mandará perseguir Lorenzino durante onze anos, até Veneza, onde será alcançado e morto.

Seus opositores agora, de tradicionais famílias emigradas e exiladas, os “fuoriusciti“, entre eles os Strozzi e os Salviati, da própria linha materna do próprio Cosme, serão agora incentivados, da corte francesa, por Francisco I rei da França e por Catarina de Medici, indignada com a conduta deste seu parente jovem, prepotente e insensível. (9) Entretanto, as forças contestadoras arregimentadas militarmente contra Cosimo serão vencidas na tomada do castelo de Montemurlo. A elite florentina humilhada desfila presa pela cidade, vários nomes tradicionais decapitados exemplarmente mais uma vez no Bargello.

O chefe da família Strozzi, o banqueiro Felipe Strozzi, preso, se suicida para não denunciar o envolvimento de Catarina de Medici e do rei francês Francisco I no episódio, ou talvez não revelar sua ligação com Lorenzino. A família Medici-Strozzi é severamente punida por suas pretensões de ainda reagir aos Medici absolutistas.

Alguns anos depois, em 1554/55, no cerco da cidade republicana vizinha de Siena, Cosimo vai enfrentar novamente os “fuoriusciti” em luta armada, com o apoio de famílias de banqueiros florentinos e agora o apoio aberto de Catarina de Medici, já Rainha da França, no contexto da guerra francesa contra as forças do Sacro Império. Entre os “fuoriusciti", mais uma vez, nosso parente Bartolomeo Cavalcanti (Baccio), em luta armada por sua liberdade e República, a luta pela dilacerada Siena.

Porém, com nova derrota dos aliados em Scanagallo, fortificações históricas toscanas, bombardeadas, se tornam ruínas.

Cosme de Medici criará, por fim, sua fama de tirano com os castigos impostos aos vencidos e implicados nestes episódios - entre eles os comandantes das forças francesas, Medici-Strozzi e Médici-Salviati seus parentes - decapitações, arrestos de bens, ameaças de morte, prisões, torturas e perseguições aos fugitivos.

A rendição, em julho de 1559, da “República popular de Siena retirada para Montalcino”, e a descoberta da “Conspiracão Pucci & Cavalcanti”, em outubro do mesmo ano em Florença, constituem, a nosso ver, momentos históricos finais de resistência da Republica aos Médici dominantes na Toscana, e se situam, portanto, num mesmo momento histórico que, simbolicamente, a personalidade de Bartolomeo Cavalcanti unifica.


Conspiração Pucci & Cavalcanti - 1559

Além de toda a oposição, natural e já tradicional ao absolutismo dos Medici, Cosimo I criara para si próprio uma oposição rancorosa, não só por suas perseguições políticas e punições exemplares, mas também pelos conflitos dolorosos inevitáveis entre os membros da própria família e participantes proeminentes de sua corte.

Entre as maiores vítimas destes conflitos familiares dolorosos se encontrava a própria Catarina, do mesmo clã Medici, então rainha da França. Ela fora acolhida, por decisão do seu tio avô, Leão X, pelo casal Strozzi - sua tia Clarice Médici e seu marido, Felipe Strozzi - quando muito criança. Acompanhará, certamente, o martírio desta família por Cosimo I, indignada.

Não perdoará Catarina de Medici, depois do cerco de Siena, cidade cuja forma de Governo Republicana as forças francesas havia tentado defender, os castigos impostos por Cosimo I ao clã de linha Salviati, da própria mãe de Cosimo, família escolhida por Lorenzo Magnífico como símbolo de apaziguamento dos ânimos florentinos.

Nesta ocasião o muito jovem Alessandro Salviati, por auxiliar os irmãos de criação de Catarina, os jovens comandantes Piero e Leone Strozzi em luta, foi punido exemplarmente por Cosimo I. Alessandro depois da derrota, tendo se recusado a arrepender-se publicamente pelo auxilio dado aos Strozzi, foi justiçado por traição na fortaleza de Livorno. (10)

Catarina de Médici teria, portanto, todos os motivos para continuar, após 1555, a apoiar a insubordinação dos florentinos contra Cosme I.

Em sua corte, recebe e acolhe com fidalguia os fugitivos e exilados florentinos, os “fuoriusciti”, sempre, ali abrigados.

Entre eles recebeu mais de uma vez, com mostras de grande amizade, o nosso parente “fuoriusciti” de família ampla, Bartolomeo Cavalcanti, como acima já realçamos. Bartolomeo era neto, do lado paterno, de uma Strozzi, Lucrecia. Republicano muito ativo na segunda Republica, mas não radical, fôra também atuante militar contra Cosimo I em Montemurlo em37 e confidente mesmo do papa Paolo III até seu falecimento. Em 52/55 Bartolomeo obteve do governo francês o cargo de regente da República de Siena, e enfrentou o cerco da cidade. Com a queda de Siena voltou à França, onde pouco tempo permaneceu.

Já em 56, quase ao fim de sua vida, Bartolomeo di Mainardi Cavalcanti estava de novo em Roma, mais uma vez tentado retomar o ciclo contestador republicano representado pelo cerco de Siena, e mais uma vez conspirava contra Cosimo I de Medici, ligado à corte francesa. ( 11) (12)

Também o banqueiro Francisco Nasi, um pertinaz inimigo dos Medici, ligado á corte francesa, ao que tudo indica participou das ações conspirativas que ocorreram em Florença na década de 50. ( 13)

Um outro Cavalcanti, Stolto, sobrinho de Bartolomeo participou da conspiração a partir de 57. Stolto era filho do comerciante, banqueiro e senador florentino, Tomasso di Francesco Cavalcanti, que chegou a ser o maior credor de Henrique VIII no ano 44 e, com certeza atuou financeiramente com o do nosso ramo, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti na Inglaterra. Do lado materno Stolfo seria filho de Piera Frescobaldi .(14)

Jovem de 34 anos, descrito segundo nossas fontes literárias como elegante cavalheiro vestido à moda francesa, Stolto provavelmente passou pela corte de Catarina de Medici em 1558, e acreditamos fosse o elemento de ligação entre Bartolomeo Cavalcanti e os conspiradores de Florença. ( 15)

Afirma o romancista Cesare Trevisane sobre este Cavalcanti:
... seria ”o segundo da família enviado à corte francesa por ser de natureza “sdegnosa”, intolerante ao império absoluto de Cosimo I.” (16)

Para o genealogista Sylvio Humberto Cavalcanti, Stolfo pretendia se vingar pela morte de seu irmão Francesco, assassinado um ano antes por parentes de sua amante Cassandra Ricci, parentes que eram protegidos pelos Medici, e o crime teria então ficado impune. (17)

Segundo Cesare Trevisane, um outro parente de Bartolomeo, também um sobrinho, personagem que no romance leva o nome de Francesco da Nobili Cavaliere, estaria ainda envolvido nesta conspiração em Florença, freqüentando desenvolto com Stolto a corte de Cosimo I. (18).

Não sabemos se o do nosso ramo brasileiro, o jovem Felippo di Giovanni Cavalcanti, teria participado, efetivamente, da conspiração “Pucci & Cavalcanti”. Mas possivelmente, na Inglaterra, tivesse conhecido o banqueiro Tomasso Cavalcanti e talvez seus filhos, pelas relações comerciais deste com seu pai.

Teria Felipe atuado como conspirador na “acolhedora” corte francesa ou na corte de Cosimo I em Florença, ou mesmo em Roma onde estava Bartolomeo?

Cremos que dificilmente Felipe, já com uns trinta e dois anos, deixou de saber o que se tramava, dada à participação ativa de seus vários parentes, de pelo menos dois ramos, na conspiração, sendo ele homem culto e politizado.

Sua ligação direta ou indireta na conspiração é indicada, de forma recorrente, pelas fontes orais familiares de vários ramos dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil, registrada por cronistas no Brasil e aceita pela historiografia tradicional brasileira.

Sabemos que passou por Portugal em 58, momento em que já a conspiração se alongava, possivelmente conhecida em Roma e preocupando Bartolomeo. No mínimo temendo um envolvimento indireto e as severas perseguições dos Médici, Felippo preferisse escapar da Europa.

Mas, efetivamente, encontraremos na corte francesa, quatro anos depois de descoberta a conspiração de 59 em Florença, seu irmão Guido di Giovanni Cavalcanti, a chamado da própria Catarina de Medici a partir de 1563. O terceiro Cavalcanti “sdegnoso” nesta corte. Guido, igualmente um Cavalcanti culto e refinado, depois da vinda de seu irmão Felipe para o Brasil em 60, também prestará serviços de relevância para Catarina de Médici como especialista em questões florentinas, pelo falecimento em 62 do seu parente e pertinaz conspirador republicano da família ampla, Bartolomeo Cavalcanti. (19)

Mas vamos aos detalhes do episódio conspirativo de 59.


Ainda nos meados dos anos 50, nesta mesma corte francesa da rainha Catarina di Medici, estavam Nicolo di Luigi Alamanni, filho do poeta Luigi Alamanni exilado em 22, e Gianbattista Gondi, os mais animados em agitar os “fuoriusciti” vindos de Florença. Piero Martelli, de tenaz família, ao que tudo indica, também ai se encontrava. (20)

Sabemos que Maria Catarina Pierrevive-Gondi, esposa do banqueiro florentino exilado Antonio Gondi, era a melhor amiga da rainha Catarina di Medici e fora sua maior colaboradora na corte francesa, ao que tudo indica, o núcleo aglutinador de conspiradores florentinos. Maria Gondi foi mulher bonita, sedutora, inteligente e muito culta. Giovanbattista Gondi era sobrinho de seu marido e, por este lado também o parentesco com Bernardino Corbinelli, envolvido agora nesta conjuração em Florença. (21)

Bartolomeo Cavalcanti, como marido de Dianora Gondi, sobrinha de Antonio, privou da intimidade dos Gondi na corte francesa. Em 1555, Antonio Gondi vendeu mesmo o castelo du Perron, próximo de Lyon para Bartolomeo, ainda que este, nos últimos anos aí pouco permanecesse, castelo posteriormente ocupado por sua filha Lucrecia.

Lembramos que a influência de Bartolomeo na corte francesa também se fazia através sua própria filha Lucrecia, tornada igualmente dama de honra de Catarina e casada com Bernard Albizzi Del Bene, banqueiro e conselheiro da rainha, comandante mesmo das finanças que saiam do reino para a península italiana no período do rei Henrique II (1547-1559). (22)

Como já afirmamos anteriormente, durante o ano de 1556, terminado já o cerco de Siena, Bartolomeu teria estado em Roma e lá continuou conspirando a serviço da corte francesa, e também para a corte de Parma, de Otavio Farnese. (23)

O Cardeal Alexandre Farnese, contatado a mando Catarina di Medici na corte de Cosimo I, teria agido desde o início da conspiração e conseguido aliciar Pandolfo Pucci em 55. ( 24)

A família Pucci fora sempre fiel aliada dos Medici e enriquecera por isso. Mas Pandolfo, apesar de ter a simpatia de Cosimo e ser um de seus cortesãos prediletos, teria por muito tempo dissimulado suas diferenças pessoais com ele. Pandolfo, fora preso em 41 por precaução, acusado de “vício florentino”, e liberado por intervenção de seu pai, o Cardeal Roberto Pucci. (25) Porém, determinante da entrada de Pandolfo na conspiração fora o fato de seu tio materno, o banqueiro Bertoldo Corsini, ter sido executado em 1555, por incitação aos sienenses e ajuda econômica a Republica da cidade sitiada. (26) Pandolfo teria entrado na conjura por este motivo e a partir desta ocasião. Apesar de privar com Cosimo, Pandolfo não tinha segurança para atuar sozinho no assassinato, pois Cosimo tinha melhor complexão física do que ele.

Na corte de Cosimo foram envolvidos os audaciosos Bernardino Corbinelli, ligado por parentesco aos Gondi, e Ricardo Milanesi. (27)

Os planos dos conspiradores, em determinado momento, previam que Pandolfo Pucci e Bernardino Corbinelli atingissem Cosimo com um tiro de arcabuz, saído da janela de uma casa do parente de Pandolfo, Puccio Pucci, quando o cortejo ducal fizesse a curva para se encaminhar para a Piazza della Santissima Anunziatta, já que o duque se deslocava, habitualmente, por ali para as celebrações religiosas da Basílica.

Enquanto isso, um membro da própria família Medici, Lourenço de Jacobo Medici, reuniria homens e cavalos, para tomar a Fortaleza. (28)

Mas os conjurados tardavam a agir e a conjuração já se prolongava muito, causando suspeitas.

Segundo Cesare Trevisane, Stolfo Cavalcanti teria estado em Pádua, com Bartolomeu Cavalcanti, antes de ir à França, em 58. (29)

E o cardeal Farnese, mandou Pandolfo pedir ao seu irmão, Otavio Farnese, Duque de Parma, armamentos para explodir Cosimo. (30)

Bartolomeu Cavalcanti, em Roma, recomendou a Pandolfo que os conjurados agissem e agissem rápido, pois a conjura já era conhecida. (31)

Nicolo Alamanni, por fim, teria vindo da França para reunir-se aos conjurados, e escrito carta a Lorenzo de Médici, em Pisa, solicitando que ele viesse para Florença. (32)

No romance de Cesare Trevisane, Francesco di Nobili Cavaliere, sobrinho de Bartolomeo Cavalcanti, teria também participado da fase final da conspiração em Florença, auxiliando Stolto Cavalcanti, o jovem de elegância francesa, filho do banqueiro Tomasso Cavalcanti, republicano talvez menos convicto do que seu parente. (33).

Os conjurados ao final, pretendiam explodir o trono de Cosimo I na celebração da missa de morte de Carlos V, em 3 de outubro. (34)

Estes últimos planos, sem que fossem executados, vazaram.

Em 7 de outubro de 1559, Pandolfo Pucci já estava preso. Ameaçado, delatou os envolvidos. A própria carta de Cosimo I, enviada ao duque de Ferrara, em dezembro relata o que já se apurara. (35)

As fontes de informação são acordes em afirmar que Pandolfo Pucci foi enforcado em uma das janelas do Burgello, os demais decapitados: o jovem Stolto Cavalcanti, Puccio Pucci, magistrado dos oito e Lorenzo di Iacobo Medici – os três decapitados na praça Sto. Apolinário, em seguida a Pandolfo, e todos no mesmo dia. (36)

Ricciardo del Milanese, tentou fugir num “salto su l´oest”, e Bernardino Corbinelli, escapou à captura apenas por algum tempo. (37)

Na realidade sabemos que um Lionardo di Nobili Cavaliere, preso, foi inocentado e liberado. (38)

Bartolomeo Cavalcanti, perseguido pelos Medici, passou ao sul veneto em 1559, e, convidado pelo cardeal Tournon, permaneceu refugiado em Pádua, até sua morte em dezembro de 62. (39)

Jean Gerolami, que sabia da conspiração Pucci & Cavalcanti, com ela não concordou, mas também não a delatou, tendo sido culpado de crime de “lesa majestade” sofreu pena de prisão perpétua, preso em Volterra não sabemos por quanto tempo. (40)

O comerciante e banqueiro florentino Francisco Nasi, ligado ao banqueiro e ‘Almocer” da corte francesa Bernard Del Bene, teria realmete participado dos planos conspirativos. Mas detido, Francisco Nasi foi inocentado e teria logo escapado para Veneza. (41).

Nosso parente, o rico banqueiro Tomasso Cavalcanti, pai de Stolto, certamente com tantos aborrecimentos com os filhos, faleceu pouco depois. (42)

O do nosso ramo, Felippo di Giovanni Cavalcanti, que no Brasil veio parar, com tantos parentes envolvidos na conspiração e no mínimo sabedor dos fatos, com certeza previamente avisado e de bom senso, como nos recorda a tradição oral, teria saído de cena, já em 1558.

Cosimo I não iria mais esquecer a periculosidade representada pelos Cavalcanti, o que fica claro em sua carta endereçada, pouco depois, ao duque de Ferrara, enfatizando a maior responsabilidade de Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti no episódio. Textualmente: “questi modi ando pandolfo a roma e lo conferi com bartolomeo cavalcanti il qual aprovo e lodo tutto... [. uma segunda vez] pandolfo ando a roma a parlar a cavalcanti il qual riprendendoli di tardita e negligencia ma que aspettassi altra occasione e veneto non si perdessi.” (43).

Triste sorte terá Bernardino Cobbinelli.

Seu irmão, Jacobo Cobinelli, envolvido indiretamente, conseguiu ainda se exilar na corte francesa. Mas Bernardino depois de dez anos em fuga pela Europa, foi por fim assassinado por um sicário de Cosme I, em 1569, em Lyon na França.

O historiador Paolo Carta relata o envolvimento na conjuração Pucci & Cavalcanti deste Jacobo Corbinelli, que mais tarde se tornou um célebre intelectual republicano, exilado na corte francesa. Jacobo punido por Cosimo I com cinco anos de prisão, preferiu não se entregar e fugiu de Florença em 59, peregrinando, enquanto estudava, por Pádua, Lyon, Viena e depois França. Neste período buscou contato com seu irmão Bernardino, também foragido e vítima já de vários atentados dos Medici contra sua vida, por fim alcançado e morto pelos seus perseguidores. Jacobo tentou denunciar o crime contra seu irmão e publicou uma obra ”La Morte de Monsigner Corbinelli”, em Francfort, em 1570. (44)

Ricciardo del Milanese, igualmente teve morte trágica. Embarcado em uma galera, teria morrido no mar, nas mãos dos turcos. (45)

Desta vez Cosimo, mais cauteloso, fez voltar às famílias dos rebelados o dinheiro do arresto dos bens de Pandolfo e Stolto, porque decidiu que suas famílias não estavam envolvidas, em realidade, no episódio.

Mas curiosamente a janela do palácio Pucci foi decretada vedada, e até hoje ela assim permanece, e se percebe, na esquina da Via Del Servi, como lembrança histórica.

Os bens do banqueiro Tomasso Cavalcanti e Stolto, arrestados, voltam para o outro filho e irmão sobrevivente, Giovanbattista Cavalcanti. Este jovem, após a tragédia que abala sua família, a morte de seus dois irmãos - um assassinado o outro decapitado - e a de seu pai logo em seguida, homenageia a figura paterna em 1562 criando uma capela na igreja do Santo Espírito, em Florença. Esta capela é hoje afamada pelos seus mármores preciosos e um busto de Tomasso Cavalcanti, de autoria de Agnolo Montosorli, que ainda lá se encontra. (46)

Também testemunho destes terríveis episódios é o famoso busto, em mármore, de Virgínia Pucci-Ridolfi, belíssima jovem filha de Pandolfo Pucci, neta do historiador republicano Francesco Guicciardini. Esculpido por Domenico Poggini em 1552, este busto, obra-prima atualmente exposto no Museu do Burgello, representa um elo com a conspiração seguinte de 1575, novamente contra os Médici, quando além do pai mais três irmãos de Virgínia irão ainda perder a vida de forma violenta. (47)


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As datas da prevista explosão do trono de Cosme I, da descoberta da conjuração, e da morte dos envolvidos no episódio “Pucci & Cavalcanti” não estão ainda bem definidas pela historiografia italiana. (48)

Tendo em vista a variação das datas apresentadas por várias fontes, prefiro remeter a data da descoberta da conspiração para o início de outubro de 59, em virtude da existência de uma carta, por nós localizada, escrita por Pandolfo Pucci já preso, e endereçada a Cosme I, datada de 7 de outubro, editada em obra de Francesco Guiciardini. (49) A morte de Pandolfo e demais companheiros, inclusive Stolto, prefiro situar em 3 de janeiro de 60, data referida por Publicazioni degli Archivi di Stato, e coincidente com a maioria das outras fontes, que citam todas vagamente o ano de 60, data também posterior à carta de Cosimo ao duque de Ferrara, 17 de dez de 59, quando demonstra que os fatos já estariam todos apurados nesta ocasião. (50)

A datas precisas destes episódios seriam importantes, para esclarecer e comprovar o momento mesmo da saída de Felipe di Giovanni Cavalcanti da Europa, sendo ele o tronco de onde provêem os Cavalcanti do Brasil, tradicionalmente sua migração associada à repressão de Cosimo I e à conjuração Pucci & Cavalcanti.

Entretanto, como os planos haviam vazado e a conspiração era tida, pelo menos em Roma, como já conhecida, é possível que alguns conspiradores, perifericamente envolvidos na trama, tivessem procurado sair de Florença, de Roma, ou mesmo da Europa, antes que ela eclodisse e os episódios devidamente esclarecidos, tornando as questões de datas precisas dipensáveis no nosso caso específico, o balizamento do momento da saída de Felipe para o Brasil.

Por outro lado podemos confirmar que em outubro de 1559, Pandolfo já estava preso, mas ainda estava vivo, segundo indica a data da carta (7 outubro de 59) que escreve para Cosimo I .

Sabemos também que Cosimo assinou o certificado de nobreza de Felipe di Giovanni Cavalcanti, com a qual ele sai de Portugal ,em agosto de 1559, dois meses antes, portanto, da descoberta da conspiração.

Confirmamos a violência e seriedade das punições que se seguiam a cada conjuração, os crimes dos implicados tidos como de lesa majestade. Esta circunstância deve ter atemorizado Felipe, homem de experiência política, no mínimo conhecedor do envolvimento de seus parentes Cavalcanti nestes episódios, desejoso sobretudo de afastar-se o mais depressa possível do cenário conspirativo...

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Antes de finalizarmos nossa atual pesquisa, não podemos deixar de nos referir ainda à nova conspiração que se segue em Florença, vários anos depois destes fatos de 59, a conspiração Orácio Pucci & Ridolfi, descoberta em 1575.

Lembrada no início do nosso trabalho, esta nova conspiração ocorrerá quinze anos depois dos episódios narrados acima, quase uma geração depois, mas causadas ainda pelo mesmo motivo - a preponderância dos Medici - que parece agora definitiva, estruturado o Grão- Ducado da Toscana. A conspiração “Oracio Pucci & Ridolfi” de 1575, já estudada pela historiografia moderna, poderá confirmar, e exemplificar melhor, as perseguições Médici certamente tão temidas pelo nosso parente Felippo di Giovanni Cavalcanti.

A “Conspiração Orácio Pucci & Ridolfi” constitui, mesmo, o episódio final das lutas antimedici, o estertor de famílias florentinas lutando pela sua tão longeva República.

Surpreendentemente para nós, nestes episódios Cavalcanti ainda estiveram envolvidos.

Conspiração “Oracio Pucci & Ridolfi” - 1575

Sobre a “Conspiração Oracio Pucci & Ridolfi“, descoberta em 1575, existe trabalho moderno do historiador Jean Boutier (51), que apesar de não situar o episódio em todo o seu contexto histórico amplo, aprofunda e aborda os fatos dentro de nossas perspectivas - da participação de várias gerações de membros das famílias florentinas de elite e mesmo tradicionais na contestação aos Medici - e nos dá uma imagem, bem sugestiva, do que foram as perseguições dos mercenários pagos pelos Medici para alcançar os foragidos, perseguições certamente tão temidas por nosso parente Filippo Cavalcanti, que tão longe foi parar... O acompanhamento da caçada aos envolvidos nesta conspiração por Boutier é notável, esforçando-se o historiador em seguir suas personagens históricas o mais longe possível, testemunha mesmo do jogo político paciente e persistente de Francisco I.

Lamentavelmente, Boutier não se refere aos envolvimentos femininos da descendência de Cosme I nesta conspiração, comprometimentos femininos que atribuem ao episódio um caráter extremamente moderno, fato apenas entrevisto pela historiografia européia recente. Boutier não se refere nem a potencial participação de Catarina de Médici.

Acreditamos que a historiografia atual ainda não alcance toda a dramaticidade da conduta familiar dos Médici no período, conduta intimamente associada à necessidade de uma ação política extremamente violenta sobre qualquer um que se envolvesse nas conspirações de meados dos anos 70, tendo em vista a definitiva estabilização do Grão-Ducado Toscano. (52)



Voltamos a lembrar:

A conspiração Pucci & Cavalcanti de1559 terá seu seguimento na conjuração Orácio Pucci & Ridofi, descoberta em Florença em 1575, vários anos depois do enforcamento de Pandolfo Pucci.

Chamamos novamente a atenção do leitor: a não distinção cronológica entre as duas conspirações foi um equívoco do historiador Sergio Buarque de Holanda, em seu artigo “Os projetos de colonização e comércio toscanos no Brasil ao tempo do grão duque Fernando I (1587-1609)”, equívoco este que acabou por prejudicar suas conclusões sobre o translado de Felippo di Lorenzo Cavalcanti, atribuído à “negócios de açúcar” e que teria ocorrido portanto ”antes da conspiração Pucci”,o que não é verdade , problemática já referida no início deste artigo. (53)

Mas vamos aos detalhes factuais da “Conspiração Orácio Pucci & Ridolfi” propriamente dita:

Em 1575, ano da descoberta da “Conspiração Orácio Puccio &Ridolfi”, já está no poder em Florença Francisco I, filho e sucessor de Cosimo I.

Neste momento, Felippo di Giovanni Cavalcanti há muito viera para o Brasil (1560), e seu irmão, Guido di Giovanni Cavalcanti, surpreendentemente para nós, é encontrado na corte francesa, atuando como conselheiro da Rainha em assuntos florentinos em substituição a Bartolomeo Cavalcanti, seu parente de outro ramo, lutador pela República e tenaz conspirador por esta mesma corte, falecido em 62 no exílio em Pádua.

O do nosso ramo brasileiro, Guido Cavalcanti, tinha chegado à França por solicitação de Catarina em 63, numa embaixada de pacificação da rainha Isabel I da Inglaterra, e por muito tempo foi o chefe de hospedagem da rainha francesa. (54) Lembramos que o apoio da rainha Catarina a Guido Cavalcanti se deveu possivelmente à amizade do tio-avô de Catarina, papa Leão X, por seu pai Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, do ramo brasileiro (pai também de Felippo e Schiatta), homem de cultura humanística que servira ao papa como “cubiculari”, mas que tivera seus bens em Florença injustamente arrestados pelos Medici, por volta de 1525.

Com a morte do conspirador Bartolomeo Cavalcanti, talvez os serviços de um novo Cavalcanti “sdegnoso” fossem ainda necessários à rainha Catarina, pois a família já seria reconhecida na Europa como contestadora aos Medici prepotentes. Guido Cavalcanti, em 1572, será elevado a membro do seu Conselho de Estado, atuando junto ao embaixador florentino. (55)

E Catarina de Medici nos surge, nestes episódios contestadores na corte florentina dos meados da década de 70, pelo menos surpreendentemente atenta, se não mesmo, suspeitamos, envolvida, acompanhando a ação de seus parentes Medici prepotentes e os fatos a seguir: (56).

A cidade de Florença, depois da morte de Cosimo, se agitara em duelos e conflitos armados, que poderiam ameaçar a segurança e o poder dos Médici. Afirma mesmo a historiadora Caroline Murphy: “ and the day that duke Cosimo died, which was 18 abril 1574, until 12 july 1575, there were 186 cases of death and injuries.”

Num destes tumultos, talvez um saque seguido de morte, teria se envolvido, em abril de 75, mais um jovem Cavalcanti, Nicolo di Bastiano, detido com outros. (57)

Como medida de segurança contra esses duelos e tumultos que grassavam por toda Florença, potencialmente desestabilizadores do governo de Francisco I, e sobretudo por influência do cardeal Ferdinando reclamando de Roma com seu irmão Francisco que boatos conspirativos aí já vazavam, os envolvidos nesta conspiração contra o grão duque e seus irmãos foram apresados e punidos no ano mesmo de 1775.

Muitos outros conspiradores fugitivos foram alcançados e também punidos  anos seguintes, entre 76/77 e 78, outros ainda muitos anos mais tarde.

Orácio Pucci, tido como líder da conjuração, era filho de Pandolfo Pucci, que sabemos foi enforcado na conspiração descoberta em 59 e irmão, pelo lado paterno, da belíssima Virginia Pucci Ridolfi, falecida em 68. Orácio era filho do segundo casamento de Pandolfo, com Cassandra Gagliano, e teria uns vinte e quatro anos quando foi detido. (58) Certamente pretendeu ele vingar-se pelo enforcamento de seu pai, fato que ocorreu quando ele era ainda criança de uns sete anos e, com Piero di Medici Ridolfi e outros, igualmente órfãos pelas punições Medici, tramou agora a própria morte dos filhos, já adultos, de Cosimo I. (59).

Lembramos que Cosimo I, apesar de já ter escapado de várias tentativas de assassinato (60) havia falecido no ano anterior aparentemente de causas naturais, derrames celebrais. Mas é certo que Cosimo, um estudioso de alquimia como sua avó Sforza, temeu com razão, ser assassinado ou envenenado. Ele havia perdido, aparentemente de morte natural, três filhas: a pequena e ilegítima Bia (37- 42), e as jovens Maria (40-57) e Lucrecia, esta recém-casada, (45-61).

Depois, num episódio trágico e controverso, Cosimo teria perdido ainda dois filhos homens, muito jovens: Giovanni, (43-nov. 62) com dezenove anos, já cardeal, e Garzia de quinze anos (47-dez. 62), bem como sua mulher Eleonora de Toledo, quinze dias depois da morte de Grazia, todos três de malária, em viagem a Pisa, segundo as fontes oficiais. (61)

De qualquer forma estas três mortes, tão próximas uma da outras, no interior da família do disciplinador Cosimo, não fossem ainda uma punição suficiente para os crimes atávicos dos Medici.

Na conspiração descoberta em 75, seriam agora assassinados pelos conspiradores os filhos homens, remanescentes e já adultos de Cosme I: o grão duque Francisco I, o cardeal Ferdinando e don Piero, em plena via Maggio, na saída de uma festa noturna da qual participariam grandes damas da sociedade, quando o grão-duque se dirigisse a casa de sua amante Bianca Capello. Os conjurados teriam introduzido em Florença pequenos arcabuzes de dardos e veneno. (62) Outras informações referem-se ao assassinato de Dom Piero num prostíbulo. (63)

A conspiração foi descoberta em 24 de abril de 1575. (64)

Orácio Pucci ao ser detido, muito jovem, com vinte e quatro anos, tentou ainda suicidar-se, ferindo-se no pescoço e peito, fato que até sua recuperação, permitiu a fuga de muitos conspiradores. (65)

Na conjura foram envolvidas inúmeras famílias tradicionalmente contestadoras dos Medici, em Florença, agora em nova geração: um Girolami, um Bartolomei, um Lenzi, cinco Capponi, um ou dois Martelli, um Machiavelli, mais um Alamanni, um Medici-Ridolfi, um Altoviti, um Antinori. Ao que tudo indica, também, a participação de um Frescobaldi, talvez da família da mãe do jovem Stolfo Cavalcanti, decapitado na conspiração anterior de 59. (66)

Piero Ridolfi, “Pierino”, um Medici-Ridolfi, íntimo da corte, inicialmente havia conseguido fugir com o auxilio da própria Eleonora de Toledo, esposa de D. Pedro de Medici.

Os Ridolfi vinham de família tradicional florentina de banqueiros nobilitados no começo dos anos 1400, e apoiaram os Médici desde o início, ligados por laços de casamento. Entretanto, desde os anos vinte vinham conspirando contra eles, tendo o cardeal Nicolo Ridolfi nos anos 30 atuado em favor dos “fuoriusciti” e feito, mesmo, a encomenda do famoso busto de Brutus, símbolo do tiranicídio, a Miguelangelo.

Lembramos também que a mãe de Piero Ridolfi era uma Strozzi, Maria, filha do poderoso banqueiro Filipe Strozzi, cujos filhos tanto lutaram em conflitos armados contra os Medici. Piero, bisneto do Grande Lorenzo, nascido em 49, com uns vinte e seis anos, talvez tivesse ainda pretensões ao poder. (67) Em 69, ele havia recebido como dote, por seu casamento com Madalena Salviati, o palácio Incontri. Este palácio lhe viera dos Salviati pelo justiçamento de Alessandro Salviati, por auxiliar os Strozzi, em 55. Lembramos que esta punição de Alessandro havia chocado Catarina de Medici, sendo os Salviati símbolo de pacificação, pacificação desejada por Lorenzo Magnifico com a elite florentina. (68)

Piero Ridolfi participara da guarda de confiança de Francisco I, e o acompanhara à Roma, para receber o título de grão–duque, em 70. Mas agora era acusado pelo cardeal pelo Ferdinando de Médici de haver mandado esculpir uma medalha em Roma, que homenageava Brutus, símbolo da resistência republicana. (69)

Temos indicação de que Cencio (Vicenzio?) di Piero Capponi, Cavaleiro de Malta, já falecido quando eclodiu a conspiração, teria também conspirado contra os filhos de Cosimo I. (70).

Os Capponi, como os Soderini, quase símbolos de republicanismo, mesmo assim bem relacionados com Isabelle de Médici, irmã de Francisco I, o Grão-duque.

Os jovens Capponi, de vários ramos da família, se envolveram: Ugoccioni, Antonio, Piero, Ruperto e Vicenzio eram netos do notório republicano Nicolò Capponi, dirigente da República em 27.

Estes jovens estavam, agora, também em fuga.

Eram eles de família não tão antiga ou tradicional, mas politicamente atuantes em Florença desde a derrota dos “Grandi”, no século XIV. Ricos, ligados à produção de seda, haviam participado como liderança, do governo republicano de Savanarola e da República de 1527/30, quando Nicolò Capponi, republicano decidido havia sido, mesmo, apoiado pelos Medici–Strozzi, pois cunhado de Felippo Strozzi. (71)

Orácio Pucci apesar de muito jovem foi, em 22 agosto de 1575, decapitado publicamente, seu corpo exposto até à noite nas janelas do Bargello, onde seu pai também fora pendurado.

O jovem Niccolo di Bastiano Cavalcanti julgado e tido como líder do episódio de saque acima referido no mês de abril, em 10 de outubro do mesmo ano, foi também enforcado publicamente como ladrão.(72)

Vinte nomes das melhores famílias incriminados, muitos foragidos. (73)

Na caça aos foragidos, Francisco I foi mais do que pertinaz.

Afirma Boutier:

« Dès lors, l’obstination et la violence que François manifeste dans la traque dès “conjurés¨ à travers l´Europe jusqu´au coeur des années 1580 révelent, au delà de l’individu et de sa psycologie , des formes de l´exercice même du pouvoir. »(74)

Ainda que muito próximo ao delírio persecutório, ressaltamos que este poder na verdade pretendia manter a qualquer custo o grão–ducado em seus primeiros momentos de definitivo estabelecimento, tarefa para qual haviam colaborado várias gerações de Medici. Poder agora, que responsabiliza mais as famílias, como um todo, envolvidas nos episódios contestadores, do que as culpas individuais. Pois as famílias representam agora a continuidade da própria luta pela Republica Florentina, já em seus estertores.

Três fugitivos alcançados terão morte pública em “suplicio”, decapitados, quase dois anos depois na Praça Santo Appolinario, em 6 de maio de 1577: Cosimo di Bernardo Rimeri e Ristoro di Ristoro Machiavelli, este bisneto do escritor, marcado por sua ação radical republicana. Suas cabeças colocadas em lança. (75)

Camillo di Pandolfo Martelli, meses mais tarde, foi igualmente decapitado, sua cabeça também colocada em lança, em 15 de janeiro de 78. (76) Martelli, por ocasião da descoberta da conjuração estava em Roma e havia fugido de Nápoles, embarcado numa galera para a Sicília, onde foi apresado com o apoio do Sacro Império. (77)

Acreditamos que o envolvimento de Camillo Martelli na conjuração, como a de Orácio Pucci, fosse pessoal-familiar e político, numa terceira geração de órfãos e rebeldes. Ele era neto de Piero Martelli, exilado na corte francesa, e filho do banqueiro Pandolfo Martelli, decapitado em 53, por envolvimento na causa sienense. Camillo era, além do mais, primo de Camilla Martelli, órfã casada por influencia do papa com Cosimo I, mas que tinha a profunda inimizade de Francisco I, por ele logo colocada em convento, depois de viúva. (78)

Cremos ter tirado as dúvidas do historiador Jean Boutier, sobre o número dos punidos. Teriam sido 4 os justiçados, publicamente, em Florença. (79)

Entretanto, vários outros participantes, direta ou indiretamente envolvidos, terão morte violenta - denunciados ou ainda em fuga.



Antonio di Francisco Altoviti, apenas por abrigar seu amigo Piero Ridolfi por uma noite em Roma, foi alcançado e apresado em abril de 77. Altoviti, nascido em 34, era descendente do importante banqueiro florentino em Roma, Bindo Altoviti, que empenhara seus vastos recursos financeiros na luta pela República. Cássio Altoviti morrera bravamente em luta, em 37, e a família atuou unida novamente em 54/55, em Siena. Antonio di Francisco Altoviti, Cavaleiro de Malta, agora foi mantido encarcerado nas masmorras de Volterra por cerca de seis meses, condenado à morte. Apesar do perdão oficial de Francisco I, foi mesmo assim decapitado, nesta prisão de Volterra, em agosto de 1577, sem sacramentos. (80)

Também Camilo Busini, cavaleiro de Santo Estevão teria tido morte, sem sacramentos, no cárcere. (81)

Urbano de Ripa, também culpado por ter auxiliado Piero Rodolfi, teve melhor sorte: fugiu para a Polônia, mais precisamente para a Lituânia, onde vários membros da família Soderini, e muitos outros cidadãos florentinos, republicanos exilados, permaneceram abrigados. (82)

Francesco di Tomasso Alamanni que se refugiou na França, aí foi alcançado e morto por profissionais, já em 1578, para a indignação de Catarina de Medici que reclamou veementemente destes fatos em seu reino... (83) Francisco era membro da atuante e conspiradora família Alamanni, parente do celebre participante da conspiração de 22, estadista e poeta exilado muitos anos na corte francesa, Luigi Alamanni, e de Nicolo, que havia atuado, da França, na conspiração anterior, em 59.

Também Bernardo Gerolami é alcançado e morto na França. Esses episódios justificaram seus esclarecimentos pelo rei francês, e a culpabilidade atribuída ao secretário do embaixador florentino. (84)

Catarina, ciosa das liberdades dos florentinos em seu reino, mesmo os republicanos mais declarados, ordena ao novo embaixador florentino: “Scrivete a Sua Altezza Che non proceda più di questa maniera, e massime in non fare amazzare persona in questo regno; perché il Re, mio figliuolo, non lo comporterà”. (85)

Os conspiradores florentinos foragidos eram ameaçados de morte por sicários e também por veneno, fato confirmado pelo historiador Jean Boutier. (86)

Um dos irmãos de Orácio Pucci teria tido morte por veneno, quando tentava a proteção do papa Clemente VIII. E o terceiro filho de Pandolfo Pucci, teria sido assassinado por um serviçal. (87)

Os jovens Capponi foram, de maneira sistemática, caçados por toda a Europa como símbolos de republicanismo, ameaçados com ampolas de veneno e sicários, tentando se exilar na França e, mesmo acolhidos por Elizabeth I na corte inglesa. Para o acompanhamento desta caçada exemplar, recomendamos ao leitor o próprio texto original de Jean Boutier. (88)

Conseguimos ainda a informação de que o republicano Piero di Alessandro Capponi, após ter peregrinado por toda a Europa, da Polônia à Inglaterra, foi alcançado na França, sete anos depois, em 1582, e aí apunhalado. Bem quisto pela rainha inglesa, foi sepultado em Londres. (89)

Ugoccione di Capponi teria sido também alcançado e executado fora do Estado, possivelmente muitos anos depois. (90).

Ruperto (Roberto) di Piero Capponi teria sido, na França, ainda bem mais tarde igualmente assassinado, já em 1605. (91)

Mas as punições dos conspiradores de 1575 terão ainda episódios muito mais trágicos, atingindo o interior mesmo do clã Medici dominante, numa vertente aparentemente nova, a ala feminina da família, desconte com a prepotência masculina.

Lembramos que, em sua fuga, Piero di Medici-Ridolfi fora auxiliado por Eleonora de Medici-Toledo, cunhada de Francisco I. Mulher belíssima, sobrinha de Cosimo I, criada por ele com todo carinho, era famosa por seus olhos inteligentes e “brilhantes como estrelas”. Eleonora teria oferecido jóias e cavalos para a fuga do seu amigo, o jovem “Pierino” Ridolfi. Os parentes espanhóis de Eleonora, prevendo o perigo que esta jovem corria por este envolvimento na conjuração, estariam preparando mesmo sua transferência para Genova. A punição dos Medici, entretanto, veio ainda mais rápida. (92)

Por Eleonora saber dos fatos conspirativos e ter dado fuga a um conjurado, fato injustificável, Francisco I em represália teria mandado seu irmão D.Piero, seu próprio marido, assassiná-la por sufocação ou estrangulamento, em 10 de julho de 76 , alegando depois comportamento indecoroso. (93)

Seu amante, Bernardo di Antonio Antinori, Cavaleiro da Ordem de Santo Estevão, anteriormente preso e possivelmente também comprometido na conjura, já dois dias antes havia sido estrangulado no cárcere, em 8 julho, sendo-lhe concedido duas horas para confessar-se. (94)

Não satisfeito e pretendendo dar à punição de sua cunhada um cunho ainda maior de punição moral, que desculpasse os Medici frente à família espanhola de Eleonora, Francisco I teria tramado igualmente a morte de sua própria irmã, Isabella de Medici, que também tinha um amante, Troilo Orsini, primo de seu marido.

Francisco I em arranjos com o marido dela, Paolo Orsini, a teria atraído para uma temporada de caça fora de Florença, para a propriedade dos Medici em Carreto Guidi, onde esta jovem, filha querida de Cosimo I com uns 33 anos, de extraordinária beleza, foi também assassinada, pelo marido e um serviçal, seis dias depois de Eleonora. (95)

Lembramos que Troilo Orsini estivera sob suspeita de Francisco I por haver acolhido o jovem Orácio Martelli em sua casa, tendo este matado, no período de conflitos, um protegido dos Medici. Troilo deixara Florença por precaução e aparentemente a tempo em setembro de 75 e, como fora sempre muito bem recebido na corte francesa de Catarina de Médici, no momento da morte de Isabella já se encontrava exilado nesta corte. (96)

Ao que tudo indica, Isabelle de Medici percebendo a situação perigosa de Antinori e Orsini frente aos seus irmãos Medici, pressentira o perigo que corria e temeu mesmo ser enclausurada em um convento com Eleonora.

Por seu lado, Francisco I e seus irmãos teriam temido que Isabelle fugisse e se reunisse à Troilo na corte francesa, o que seria a desmoralização dos Medici frente às cortes européias. (97)

O historiador Henry Napier chega a afirmar que Isabelle escrevera para Catarina di Médici, e esta sugeriu que Isabella se refugiasse em Genova, onde uma galera estaria pronta para recebê-la. Mas teria sido tarde. (98) Catarina di Medici estaria, a respeito destes fatos conspirativos em Florença, no mínimo atenta e muito bem informada, se não mesmo também envolvida.

Troilo Orsini permaneceu na corte francesa a serviço do rei francês, em Paris, mas em novembro do ano seguinte, 1577, foi também assassinado a mando dos Medici, alcançado por um tiro de arcabuz. (99)

O romancista italiano Cesare Trevisane dos anos 1800, lamenta a morte destas duas belas e refinadas mulheres. Isabella era já famosa não só pela sua beleza, mas também por sua fina e sofisticada educação, jovem da elite renascentista - sua gentileza, dons para as artes, dança, instumentos e canto, poesia de improviso, cultura ampla - falando francês, espanhol e latim. (100)

A tragédia de Eleonora de Toledo Medici e de Isabella Medici-Orsini chocou a corte espanhola. (101)

Bernardo Antinori torna-se, mais tarde, poeta reconhecido, cantando em prisão o olhar de sua Eleonora.

Pierino, fruto de tantas estirpes importantes, um Strozzi-Medici-Ridolfi condenado à morte, foi longamente caçado por toda a Europa... Depois de muito peregrinar, refugiara-se, ele também, na Polônia. Mas, atravessando as terras do Império foi, em 1577, alcançado na Germânia. Transferido para a Toscana, na fortaleza de San Moriz, em março de 1577, foi interrogado. Teve morte no cárcere, não sabemos se decapitado ou enforcado, talvez em 29 de maio do mesmo ano. (102)

Com a morte pungente destas duas jovens e belas mulheres da família Medici direta ou indiretamente envolvidas na conjuração, e o fim trágico e mal esclarecido deste jovem Srozzi di Médici-Ridolfi, fruto de tantas famílias tradicionais florentinas - neto do contestador Filipe Strozzi, o Novo, bisneto do Magnífico Lourenço - chegamos ao fim da nossa pesquisa...

...ao cume da tragédia dos Médici.

O arresto dos bens dos conspiradores implicados em 1575 teria chegado a 300 mil ducados, e causará, agora, a desconfiança na cidade que o considera cupidez de Estado. (103)


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(1) Dois autores se referem à conspiração de 1559 como conspiração Pucci & Cavalcanti: Trevisane, Cesare – La conjura di Pandolfo Pucci Florenze, tip. De Monnie, 1852, em pdf e Dufresnoy,Nicolas Lenglet-L´Histoire Justifiée Contre les Romans - J.F Bernard, Amsterdã, 1735 pag.100, em pdf. Preferimos manter esta denominação já que, vário Cavalcanti de diferentes ramos, estiveram envolvidos nesta conspiração e, pelo menos dois deles ativamente, Stolto e Bartolomeo, este último mesmo líder do episódio.

Bartolomeo Cavalcanti, uma das personalidades centrais da trama, atuante precursor do moderno republicanismo, deve ser lembrado e ressaltado. Sobre Bartolomeu Cavalcanti, ver nota 12.

A obra de Cesare Trevisane, um romance, ainda que muito bem documentado e com rigorosa cronologia, vai nos servir apenas com orientação no assunto, utilizadas várias outras fontes, também acessíveis.

(2) Lembramos que Sergio Buarque de Holanda, em seu artigo “Os projetos de colonização e comércio toscanos na Brasil ao tempo do Grão-duque Fernando I (1587-1609)” – Revista de História n. 71, 1967, pg.104, on line, se equivoca ao citar a conspiração Pandolfo Pucci & Cavalcanti como ocorrida em 1575, em vez de 1559, confundindo ambos os episódios conspirativos, o de 59 e o de 75. Se o equívoco não for logo esclarecido, poderá trazer sérios perigos para a historiografia brasileira, já que a vinda de Felippo di Giovanni Cavalcanti para o Brasil é sugerida por Buarque de Holanda por motivos meramente econômicos, o comércio de açúcar. Citamos B. de H. textualmente: “O interesse pelos negócios do açúcar, onde sua família se viu ocasionalmente envolvida, menos, porém do que os Affaitadi ou os Geraldi , pode sugerir uma explicação para a vinda a estas partes de Felipe Cavalcanti , patriarca do ramo que se estabelece no Brasil...A verdade é que a celebre conjura de Pandolfo Pucci e de outros , pertencentes à gente mais nobre de Florença, que tentarão fugir, inutilmente, aliás , porque acabam caçados e presos fora da Itália, não acontece em 1558, mas em 1576, quando já Felipe deverá estar fixado de longa data no Brasil” Os grifos são nossos. Sobre o assunto, centro do nosso interesse, consultar necessariamente Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus Filhos, Felippo, Schiatta e Guido”, in http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ Neste artigo, os interesses econômicos e as atividades do nosso ramo direto da família Cavalcanti em Florença são esmiuçados e não confirmam a sugestão de Buarque de Holanda. Ver também abaixo notas 42 e 53.

(3) Sobre a repressão Medici e os conflitos internos desta família, que se refletem na relação com os vários ramos da família Cavalcanti, pretendemos apresentar trabalho mais detalhado e fundamentado, já em finalização, trabalho em que a atuação feminina Medici é também ressaltada através Catarina de Medici e Clarice Medici-Strozzi. Consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo “Médici e Cavalcanti” a ser colocado em seguida em http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(4) Sobre a participação dos Cavalcanti na vida de Florença já publicamos dois trabalhos na mídia eletrônica “Cavalcantis em Florença” e “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus Filhos” em blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(5) Sobre o episódio do golpe contra Cosmo di Medici, em 1433/34, consultar desde logo Maquiavel, Nicolau - História de Florença, ed. Musa, 1998, e o nosso futuro trabalho já anunciado na nota 4.

(6) Cavalcanti, Giovanni – Istorie Florentine, vol.II, Tipografia all insegne di Dante, 1838, Firenze. Assunto melhor explicitado em Torres, Rosa Sampaio “Medici e Cavalcanti”, texto e nota no. 9.

(7) Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit. , ano referente 1533.

(8) Até ser morto a mando de Cosimo I, Lorenzino peregrinou por Bologna, Turquia, França e Veneza, onde enfim é alcançado. Escreve a obra “Apologia” em sua defesa, alegando que seu crime, como o de Marcus Brutus, teria se dado em defesa da liberdade humana. Escreveu uma peça, “Aridoso”, bem recebida pela crítica. Sobre a ação de Lorenzino citamos bibliografia recente que comprova sua morte a mando de Cosimo I: Dal´Aglio, Stephan – Giovanni Francia Lattini e o assassinato de Lorenzino Médici, Historical Rewiew c XXII, 2009.

(9) Sobre a relação dos Strozzi e dos Salviati com os Medici, especialmente no séc. XVI, assunto recorrente na historiografia italiana, e que exemplifica muito bem a divergência no interior da própria família Medici, não só em relação a Republica, mas também ao nosso próprio ramo Cavalcanti vindo para o Brasil, estamos elaborando trabalho novo, já citado, com amplas referências, intitulado “Medici e Cavalcanti”. Neste trabalho as relações de Catarina de Médici com Cosimo I são ainda mais aprofundadas, chegando a abordar as pretensões de Catarina sobre a herança paterna e a de Alexandre Medici. Desde logo, sugerimos a leitura de Trucchi, Francesco – Vita e gesta di Piero Strozzi, Firenze, 1847, em Pdf

(10) Segundo o Arquivo Storico Florentino – por Deputacione Toscane di Storia Patria, ano 1777, pg. 231, em 1555 Alessandro di Piero Salviati foi decapitado na fortaleza de Livorno, depois de preso na resistência desesperada de jovens “fuoriusciti” em Porto Ercole. Também Trevisane, Cesare - opus cit., pg. 97. Trevisani afirma que Alessandro Salviati teria dezoito anos.

(11) Carta de Cosimo I ao duque de Ferrara, enviada de Livorno, 14 de dezembro de1559 in Diciotto Lettere inédite di Bartolomeo Cavalcanti, prefácio Giuseppe Campori, Modena, Carlo Vicenzi, 1868 citada pg. 9, e transcrita pg. 31- 34, relatando a conspiração do qual fora vítima nestes últimos meses, e a atuação de Bartolomeo Cavalcanti como líder do episódio. Consultar também Lettere di Bartolomeo Cavalcanti, tratte dagli originali, prefacio Amadio Ronchini, Presso Gaetano Romagnole, Bolonha, 1869. Lettere di Bartolomeo Cavalcanti: tratte dagli originali – prefácio Amadio Ronchini, Arquivo Governativo di Parma, Biblio Bazaar, 2010.

(12) Trevisane, Cesare - opus cit. pg. 91 e seguintes , descreve Bartolomeo Cavalcanti, por volta de 1558, com uns cinqüenta e cinco anos: altura mediana, ar enérgico, cãs embranquecidas mas olhar brilhante e fala entusiasmada.

A personalidade de Bartolomeu Cavalcanti, ainda que não seja o objetivo maior do nosso trabalho atual, merece ser aprofundada e melhor analisada, como um dos

Devemos aqui lembrar que Bartolomeu Cavalcanti, nascido em 1503, era neto por parte de sua mãe, Ginerva, de Giovanni di Niccolo di Giovanni di Amerigo Cavalcanti, participante do Conselho Maior da Comuna de Florença em 1496, período do governo da República organizado pelo frade Savanarola, e do lado paterno, neto de uma Strozzi, Lucrecia. Seu pai, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti, industrial de seda, foi em 1509 do Conselho dos Senhores e, em 1530, do Conselho dos 200.

O jovem Bartolomeo Cavalcanti, apelidado Baccio, foi um jovem entusiasta republicano durante o último período da Republica de Florença (1527/30), inflamado orador frente à milícia florentina. Entretanto, neste mesmo período republicano, se opôs publicamente a Filipo Pandolfine, um republicano radical que pretendia a destruição da Igreja de São Lorenzo, dos Médici. Em 1530, Bartolomeo foi em embaixada dos sitiados ao papa Clemente VII, pedindo pela causa da República Florentina.

Mas seu pai, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti (1471)-1547, dirigente ligado aos ideais republicanos moderados de Niccolo Capponi, ao final defendeu a capitulação da cidade já tomada pela peste, milhares de corpos insepultos, momento em que a pequena Catarina de Medici, refém da República, era mesmo ameaçada de morte por republicanos radicais.

Tinha o jovem Bartolomeo grande admiração por Maquiavel, com quem se correspondeu, sabemos, por duas vezes. Com o fim da República, Bartolomeo não chegou a ser exilado pelos Medici em virtude do prestigio de seu pai, e supomos agradecimento pela vida da pequena Catarina. Entretanto, subindo Alessandro ao poder em 32, Bartolomeu deixa Florença em exílio voluntário. Em 1533, acompanhando o cardeal Giovanni Salviati, participa do casamento de Catarina de Medici em Marselha, sendo aí muito bem recebido, homenageado com poesias a ele dedicadas por seu amigo, poeta, Francisco Berni.

Foi também muito bem recebido, posteriormente, em Roma, pelo novo papa Paulo III Farnese, e se torna seu confidente, elemento de ligação e de sua inteira confiança, até a morte deste em 49.

Pelo menos desde 1536, Bartolomeo vinha conspirando pela Republica e contra os Medici, com o auxilio de Giuliano Gondi e muitos outros ”fuoriusciti”. Bartolomeo foi casado com Dianora Gondi, filha de Alessandro Gondi, família já intimamente ligada à corte francesa. Em 37, atuou como comandante militar contra Cosimo I em Montemurlo, com o auxilio dos “fuoriusciti” e o apoio disfarçado do rei francês, Francisco I e Catarina de Medici.

Depois do fracasso de Montemurlo e a tortura de Giuliano Gondi, fato que definiu o suicídio de Felippo Strozzi, Bartolomeo permaneceu alguns anos em Ferrara, sob a proteção do Duque Ercole II, cujo pai, Ercole I, fora mesmo simpático a Republica de Savanarola e pretendeu evitar a morte do frade. .

Mas as relações de Bartolomeo Cavalcanti com a corte francesa foram sempre muito estreitas, e teria ele chegado a servir como “Maitre D`Hotel” a Henrique II, marido de Catarina di Medici.

A mulher de Bartolomeo, Dianora, era sobrinha do banqueiro florentino, exilado em Lyon desde o início do século, Antonio Gondi. Gondi havia se casado, em 1536, com uma nobre francesa, Maria Catarina Pierrevive-Gondi, tornada a mais leal amiga da rainha Catarina de Medici.

Mas a grande influência de Bartolomeuo se fez presente na corte francesa atravez sua própria filha Lucrecia, tornada dama de honra da Rainha, casada como banqueiro florentino Pierre Albizzi Del Bene, Almocer do Reino no período de Henrique II, “facteur” da banca Gadagne, responsável pelas ligações financeiras com os banqueiros florentinos de Roma (através o Card.Tournon), Veneza (Francisco Nazi) e Ferrara (o próprio duque de Ferrara).

Em 52, Bartolomeo Cavalcanti com o cardeal de Ferrara foi convocado pelo governo francês para socorrer e defender a remanescente Republica toscana de Siena, ameaçada pelas forças imperiais. Em 1554, enquanto atuava por Siena, seus bens em Florença foram arrestados por Cosimo I, tido Bartolomeo como rebelado, seu jovem filho Giovanni, nesta mesma ocasião, preso como refém por Cosimo I de Medici.

Em 1555, é regente da República de Siena em nome dos franceses, contra as forças florentinas de Cosimo I. Entretanto, ocorre pouco depois a queda da já muito sofrida Republica de Siena, só restando aos cidadãos republicanos remanescentes retirarem-se para Montalcino, fato tido atualmente como de grande simbolismo para a causa republicana. .

Ainda neste mesmo ano, Bartolomeo Cavalcanti, a partir de sua experiência republicana em Siena, escreve “Trattati sopra gli reggimenti delle repubbliche antiche e moderne”, na qual tenta conciliar as idéias de Platão e Aristóteles sobre a organização republicana.

Bartolomeu comprara, em 55, de seu parente Antonio Gondi, o Chateau du Perron, próximo de Lion, na França, para sua filha Lucrecia, e aí pouco permanece.

No ano de 56 volta, mais uma vez, este tenaz conspirador a atuar para a corte francesa a partir de Roma, envolvido agora na “Conspiração Pucci & Cavalcanti” que deve eclodir em Florença, e igualmente atuando para a corte de Parma, de Otávio Farnese.

Descoberta a conspiração em Florença, perseguido pelos Medici, Bartolomeo passou ao sul-veneto, em 1559.

Ainda em 59, lembramos excelente orador, Bartolomeo Cavalcanti escreve sua obra “Retórica”, na qual pretende codificar a arte da oratória segundo os preceitos aristotélicos.

Já com dificuldades econômicas é obrigado, por segurança, a se auto-exilar em Pádua, a convite do cardeal du Tournon, e aí vem a falecer, em 5 de dezembro de 1562.

Fontes desta nota - Lettere di Bartolomeo Cavalcanti: tratte degli originali, prefacio Amadio Ronchini, Arquivo governativo di Parma, Biblio Bazaar, 2010. Diciotto Lettere inédite di Bartolomeu Cavalcanti, prefácio Giuseppe Campori, Modena, Carlo Vicenzi, 1868, apêndice com carta de Cosimo I. Cavalcanti, Sylvio Humberto – opus cit, referentes 1503, 1527, 1530, 1532, 1533, 1552, 1554,1555 e sua tabela genealógica, TavolaCavalcantiFirenze pdf Bulletin Italien vol. 1 e 2, Feret e Fis, Université Bordeau, 1901. Balsamo , Jean – De Dante à Chiabera. Droz 2007,e Societé de l`ecole des charles Bibliotheque de Lécole des charles,vol.127,parte2,1969, sobre Bernard Albizzi del Bene. Roucher, Jean Antoine - Collection Universelle des Memoires Particuliers vol .23 Londres, Paris, rue Anjou-Dauphine, 1785 p.232,233, pdf Simoncelli, Paolo - Fuoriuscitismo Republicano 1530-54, FrancoAngeli, 2006. Lettere di Bartolomeo Cavalcanti, tratte dagli originali, prefácio Amadio Ronchini, Presso Gaetano Romagnole, Bolonha, 1869. Sobre o episódio de tortura de Giuliano Gondi que antecede a morte de Felippo Strozzi, referida em várias fontes, consultar especialmente Napier , Henry Edward – Florentine History, Edward Moxon, 1847, London, pg. 102, 103.

(13) de Ricci, Marietta – Firenze al Tempo Del Assedio per Agostino Ademollo e Luigi Passerini, Stabilimento Chiari, Firenze, 1845, pg. 577, pdf confirma a participação do banqueiro Francisco Nasi na conjuracão de 1559. Nasi, foi anti–Medici decidido. Teria sido apaixonado por Luiza, filha de Felippo Srozzi, possivelmente envenenada a mando de Alessandro Medici, inspiração para o romance de Giovanni Rossini “Luiza Strozzi”. Francisco di Alessandro Nasi era jovem de familia de banqueiros de origem judaica e muito auxiliou os Strozzi nos anos 37. Esperamos o trabalho anunciado pelo historiador Paolo Simonelli para melhor conhecermos sua trajetória. Ver também nota 41.

(14) Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit, ano 1559. Sobre Tommaso, Holanda, Sergio Buarque – artigo citado pg.103. Sobre Frescobaldi, Cavalcanti, Marcelo Bezerra – blog “Famiglia Cavalcanti”.

Um Frescobaldi estaria presente também na conspiração de Orácio Pucci, em 1575. Ver a seguir e nota 66.

(15) Segundo Trevisane, Cesare - opus cit, pg. 16, Stolto teria passado em 58 pela corte francesa. Antes de ir à França, entretanto Stolto teria estado com Bartolomeu Cavalcanti em Pádua. Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 89-98.

(16) Sobre Stolto vestido à francesa, sinal de que tinha estado na França, ver descrição Trevisane, Cesare, opus cit, pg.16.

Citação de Trevisane, Cesare - opus cit, pg.16.

Segundo informação de Sylvio Humberto Cavalcanti em TavolaCavalcantiFirenze pdf, existem cartas no Arquivo di Stato di Florenza, fondo Cagni Scaffale B, com a linha genealógica, cartas e a história familiar dos Tommaso Cavalcanti, herança de sua descendente Madalena Cavalcanti Campagni, que talvez possam ser ainda consultadas.

(17) Cavalcanti, Sylvio Umberto – opus cit, ano referente 1559, e TavolaCavalcantiFirenze, pdf

Sobre as datas de nascimento e morte de Tomasso Cavalcanti, 1486-1560, também a tabela genealógica citada.

(18) Trevisane, Cesare – opus cit, pg 16. Este personagem de Trevisane, importante na trama de seu romance, freqüentando na companhia de Stolto a corte de Cosimo I, não sabemos se foi copiado da realidade ou fictício. Constatamos, em verdade, que um Lionardo da Nobili Cavaliere é detido para averiguações, e depois solto. Ver texto adiante.

Como os Cavalcanti usaram o nome Cavalereschi ou Cavalleschi, este Francisco da Nobili Cavaliere poderia ser considerado também um Cavalcanti? Constatamos a existência de alguns Nobili Cavaliere em Florença, no período. Cavaliere também se estabeleceram em Roma, e Miguelangelo teria sido apaixonado pelo romano Tomasso Cavaliere, que foi seu amigo até a morte. Curiosamente Miguelangelo teria sido sepultado em 1564, no altar dos Cavalcanti, na igreja de Santa Crocce de Florença. Miguelangelo deixara Florença por Roma em 34, já que Alexandre Medici o detestava, certamente por sua participação na segunda República, quando ajudara a fortificar a cidade rebelada.

(19) Sobre o assunto remetemos ao artigo Torres, Rosa Sampaio - “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ E, neste trabalho, texto acima. Ainda artigo “Medici e Cavalcanti”, a seguir em blog.

(20) Trevisane, Cesare – opus cit, pág 156 . Segundo ainda Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 99, nesta corte francesa teriam estado também, envolvidos nas conspirações florentinas, nas proximidades do ano 1558, entre outros: Antonio Barberini, Francisco Gualterotti, Oracio Ruccelai, Roberto Strozzi, [um dos filhos de Felipe Strozzi] Orácio e Piero Martelli. Acrescentamos que este último seria pai de Pandolfo di Piero Martelli, decapitado em 55, e avô de Camillo di Pandolfo Martelli, envolvido na conjuração seguinte de 75, também executado em janeiro de 1578. Ver nota n.76. Em Settimane delo Studio - Arte e Religione nella Firenze dei Médici, Cità di Vita, 1980, pg. 26, são citados, como igualmente ligados à conjuração Pucci: Orácio Rucellai, Giovanbattista Gondi, Roberto Strozzi, Nicolo Alamanni e Lorenzo de Libri. Este último também referido, por Cosimo I na carta citada pg. 32, como detido, mas logo liberado.

(21) A importância de Marie Catherine Gondi é confirmada em várias fontes entre as específicas, citamos Frida, Leonie - Catherine de Medici, London, Phoenix, 2005 e Iacono, Giuseppe e outro – Les marchands banquiers florentins et l árchitecture à Lyons au XVIe siècle, Publisud, 1999. Para o parágrafo foram usadas também fichas genealógicas da família Gondi, ed. eletrônica e informações Menue, Emil Perret de la – Recherches Historiques sur le Chateau du Perron a Oullins, Aimé Vingtrinier, Lyon, 1868, pg.26 ss, pdf Consultar também Torres, Rosa Sampaio - artigo citado “Medici e Cavalcanti”.

(22) No Grand Chateau de Perron, nas proximidades de Lyon, irá viver a filha de Bartolomeo, Lucrecia Cavalcanti, casada com Bernard Albizzi d´Elbène, de família florentina igualmente exilada dos Albizzi del Bene, que passara para a França ainda no governo do rei francês Francisco I, depois da tentativa de Montemurlo. Del Bene, intelectual, escritor, banqueiro, conselheiro e “almocer” da rainha, foi seu agente financeiro na península italiana. Dele se disse ter sido “general e superintendente das finanças que saiam do Reino”, no período de reinado de Henrique II (1547-1559) (sobre del Bene ver também nota 12, com bibliografia). Lucrecia acompanhara Catarina como pagem de seu casamento e será sua dama de honra , posteriormente também de Maria de Médici. Neste castelo do Grand Perron, Lucrecia em 1564 receberá, com honras, a visita da rainha Catarina e do rei, seu filho, Henrique II, depois, portanto, da morte de Bartolomeo. O filho de Lucrecia, Alessandro, nascido em Lyon, em 54 irá se destacar como militar e, em 1597, chega a Conselheiro de Estado francês, notamos como o do nosso ramo Guido di Giovanni Cavalcanti (em sua substituição?). Seu outro filho Pierre, abade, humanista e poeta, foi assistente, na corte francesa, do erudito florentino Jacobo Corbinelli, perseguido por Cosimo I por envolvimento na “conspiração Pucci & Cavalcanti”. Pierre acompanhará Corbinelli na leitura de Tácito, Políbio e Maquiavel, este último o pensador preferido de seu avô, Bartolomeo Cavalcanti. Pierre d Élbène ou simplesmente del Bene foi também poeta e “aumonier” da corte. Um Bartlomeo del Bene ( descendente de Lucrecia?) publicou em Paris uma obra “Civitas Veri”, em 1609.

Outra filha de Bartolomeo Cavalcanti e Dianora Gondi foi Cassandra, que tudo indica viveu em Florença casada com Píer Antonio Bandini, sua filha Dianora Bandini. Esta, por sua vez, foi casada com Lorenzo Strozzi (1539-1609), pais de Madalena Strozzi que entrou para a família Salviati, casada com Lorenzo, Marques de Giuliano (1568-1609), pais de Giacomo Salviati, Duque di Giuliano (1607-1672). Genelogia dos Salviati, genroy.free.fr/sources.htm

O único filho de Bartolomeu, Giovanni Cavalcanti, nascido em 1526, com 28 anos foi preso como refém por Cosimo I, no fim do cerco de Siena. Não teria sido bem sucedido em suas pretensões de obter, junto ao mesmo Cosme I, a herança de sua avó paterna em Florença, Ginevra di Giovanni di Niccolò Cavalcanti, havendo tentado a interferência de sua irmã Lucrecia, na forte francesa. Sentindo-se perseguido e injustiçado em Florença, sabemos que pretendeu reunir-se à sua irmã, já viúva na França, para auxiliá-la na criação dos sobrinhos. Cosimo I possivelmente não teria esquecido a atuação conspiratória de seu pai contra sua própria vida, como fica claro em carta por nós citada no corpo do trabalho. Giovanni teria vivido em Roma e se casado três vezes: com Lucrecia Capponi, Luiza Ridolfi e Tarquinea de Bufalo. Seus filhos: Mainardo, Francisco, Guido e Bartolomeo, este último filho de Tarquinea, considerado pelo historiador Sylvio Cavalcanti, “o último dos Cavalereschi”.

As informações, sobre Lucrecia foram selecionadas em vários livros de genealogia disponíveis na mídia eletrônica, pesquisa “Lucrèce Cavalcanti” e “Chateau du Grand Perron”. Também Menue , Emil Perret de la – Recherches Historiques sur le Chateau du perron a Oullins , Aimé Vingtrinier, Lyon, 1868, pg.26, 27 pdf . Cavalcanti , Sylvio Humberto – opus cit., ano 1559, incluindo TavolaCavalcantiFirenze pdf

Sobre Pierre dÉlbène : Birague, Flaminio de – Les primières oeuvres poétiques (1585), tomo III, Droz 2004 pg. 172 n. , esta em 1590 Scalieger , Joseph Juste – Lettres françaises inedites, Publiees e anotees par Phillipe Tamisey de Larroque,Slakine Reprints,1970

Sobre Giovanni, filho de Bartolomeu, ver cartas citadas em Lettere di Bartolomeo Cavalcanti-prefácio Amadio Ronchini, pg. 26 e 27 e nota. Sobre a tentativa de obter a herança de sua avó Cavalcanti, Sylvio Umberto. - opus cit, ano 1559, e descendência na tabela genealógica citada.

(23) Lettere di Bartolomeu Cavalcanti –, prefácio Amadio Ronchini, pág. XLII e Bulletin Italien vol.1 e 2, Ferets e Fils, Université de Bordeau, 1901. Ver nota 11.

(24) Trevisane, Casare – opus cit, pg. 160. O cardeal Farnese, neste romance, conta com o apoio de uma personagem feminina, copiada da realidade, que seria Isabella Salviati, filha do senador Filippo Salviati (1515-1572), revoltada com as atitudes de Cosimo I, em relação à sua família e à morte de Alessandro Salviati.

O apoio de “fuoriusciti” e de Otavio Farnese aos conspiradores é referido também por Moise, Filippo – Storia della toscana della fondacione di Firenze, Perv. Batelli e Compgni, 1848, Firenze, pg. 250.

Napier, Henry E. – Florentine History from the earliest authentic records to the... vol. V, Edward Moxon, London, 1847, pg. 205, cita a participação do cardeal Farnese na conspiração e sua presença na corte de Cosimo I, desde 51.

(25) Zobi, Antonio- Storia de la Toscana dal 1737 al 1848, Florence, 1850, vol I, p. 38. Trevisane, Casare - opus cit, pg. 156, e ficha elaborada pela Wikepédia italiana, “Congiura dei Pucci”.

(26) Bertoldo Corsini é citado por Simoncelli, Paolo – opus cit, pg. 186 e nota, pretendendo reagir armado à tomada de poder por Cosimo I em 37, tornado “fuoriusciti”. Citado também, pelo mesmo autor, pgs. 283 e 290. Segundo de Ricci, Marietta - Ovvero Firenze al Tempo dell Assedio, citada, pg. 1211, Bertoldo Corsini teria incitado os sienenses e ajudado, economicamente, a cidade durante o assédio. Tido como “fuoriusciti”, sua execução é confirma em 1555 pelo Arquivo de Estado Italiano – Aspetti delle Controriforma a Firenze, Ministério dell´ interno, 1972, pág. 569.

(27) Carta de Cosimo in Diciotto Lettere di Bartolomeo Cavalcanti, citada, p.31-34 e Trevisane, Cesar – opus cit, pág. 155.

(28) Scipione Amirato - Istorie Florentine, vol II, Agiuntamento di Spione Ammirato, il Giovane, ed. Florence, per Machini e G. Bechini, 1827, pg. 237. O nome completo de Lorenzo, não citado em outras fontes, seria Lorenzo di Jacob Medici, por nós localizado no ASF, citado, e ano também citado, incluindo o Jacob. Entretanto não conseguimos localizá-lo em nenhuma lista genealógica dos Medici. Suspeitamos que tenha havido ocultamento de algum sobrenome para não prejudicar o ramo familiar envolvido, (o Jacobo é frequentemente citado na família Salviati). Localizamos uma carta de Lorenzo de Medici no ASF - opus cit, pg. 378, com a data 1 de agosto de 1559, enviada de Augusta, não consultada por nós. Outra indicação seria sua estada em Pisa, onde teria corrido seu processo.

(29) Trevisane, Cesare - opus cit. pg. 89,90.

(30) Napier, Henry E. - Florentine History,vol.V, Edward Moxon, London, 1847, pag. 205.

(31) Carta de Cosimo in Diciotto Lettere citada e Trevisane, Cesare – opus cit., pág. 91, 92.

(32) Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 190, 193, confirmada em outras fontes.

(33) Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 16.

(34) Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 318, data de 3 de outubro para explodir o trono, confirmada em outras fontes.

(35) Carta de Pandolfo Pucci de 7 de outubro de 1559 à Cosimo I in Guicciardini, Francesco, Opere inedite : Ricordi autobiografici e di famiglia e scritti vari, Presso Cellini e Comp., Firenze, 1867, pg. 325.

(36) Adriani, G B. - Istoria de suoi tempi, vol VI, Prato 1823, pg.50. Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 327.

(37) Carta Cosimo in Deciotto Lettere citada.

(38) Carta Cosimo in Diciotto Lettere citada. Adriani, G.B. - opus cit., pg. 50.

(39) Lettere di Batolomeo Cavalcanti - prefácio Amadio Ronchini, citada, pg. xxxix.

(40) Dufresnoy, Nicolas Lenglet - Histoire justifiée contre les romans, J.F.Bernard Amsterdã, 1735, pg.85. Carta de Cosimo in Didiciotto Lettere di Bartolomeu Cavalcanti, citada. Ammirato,Scipione – opus cit., pg. 235, diz que Girolamo foi solto de Volterra, sem dizer quanto tempo ele ficou preso.

(41) de Ricci, Marieta - Firenze al tiempo dell assedio, per Agostino Ademollo, citada pg. 577, confirma a participação de Francesco Nasi na conspiração. Adriani, Giovanni Battista – opus cit., pg.50 e Napier, Henry E. – Florentine history from the earliest authentic records vol V, Edward Moxon, London, 1847, pg. 205. Ammirato, Scipione – Agiuntamento di Scipione Ammirato, il Giovane, parte II, per Machini e G. Bechini, 1827, pg 235, afirma : “ Nasi , tentado di simil modo se messe voluntariamente in pigione e um ligiero confino, fù absolvito”. Sobre as suas relações com o banqueiro da corte francesa Bernard del Bene, Balsamo , Jean – De Dante à Chiabera. Droz 2007, e Societé de l`ecole des charles Bibliotheque de Lécole des charles,vol.127, parte2,1969. Ver ainda suas relações com Bernardo Del Bene notas 12 e 22. Sobre a biografia de Nazi ver também nota 13.

(42) Sergio, B. de Holanda – artigo “Os projetos de colonização e comércio toscanos no Brasil ao tempo do grão duque Fernando I (1587-1609)”, citado, pág.103, 104, tenta acompanhar a trajetória do banqueiro Tomasso Cavalcanti pela Europa, possivelmente em 1557 teria ele passado por Antuérpia, sem data precisa. Sabemos, por Cavalcanti, Sylvio Umberto - TavolaCavalcantiFirenze pdf, que Tomasso viveu entre 1486-1560.

(43) Carta de Cosimo, in Diciotto Lettere, citada, pg.31, 32, 33.

(44) Carta, Paolo – La Republique em Exil , XVXVI siècles. ENS, 2002, p. 105, e nota, usando como fonte carta de Iacobo Corbinelli a Jean Vicenzo Pinelli, Paris, 27 de junho de 1569.

(46) Ammirato, Spione – opus cit, pg. 239, afirma que Ricciardo del Milanese, por não ser grave sua culpa e por intervenção de seu irmão visconde foi perdoado, mas vindo receber a graça, foi preso “per mare dei turchi e nelle mano mori”.

(47) Recolhemos poucas informações sobre Virginia di Pandolfo Pucci-Ridolfi (1540-1568) filha de Pandolfo Pucci com Laudomia Guicciardini (Weber, Chistoph - Genealogienzur Papstgeschichte – vol. 24, vol. 29, Anton Hiersemann, 1999, pg. 46, 65, e Arditi - Diário di Firenze e di altre parti dela Cristianità (1574-1579), Instituto di Studi sul Rinascimento, 1970, pg.55). Falecida muito cedo, com vinte e sete anos, seu busto é hoje exposto, simbolicamente, no Bargello. Virginia, neta do historiador republicano Francesco Gicciardini, foi prometida por seu pai, antes do seu enforcamento, a Francesco Ridolfi. Era ela também irmã dos três jovens Pucci, filhos de Pandolfo, que serão sacrificados pelos Medici nos anos 75, o elo moral de ligação, portanto, com a conspiração seguinte liderada pelos Pucci/Ridolfi, em 1575. (Ver texto adiante “Conspiração Orácio Pucci&Ridolfi”). Dois bustos seus, esculpidos em mármore, são obras primas que a eternizaram. Um deles está exposto no Burguello e o outro, também belíssimo e de autoria desconhecida, certamente florentina, foi colocado por encomenda de seu marido no monumento sobre sua tumba, na igreja de Sta. Maria Sopre Minerva, Roma. Outras fontes Boutier, Jean – artigo citado, tabela genealógica e Nibby, Antonio – Roma no ano MDCCCXXXVIII, Vol.3 ,Turing Club Italiano, 1950, pg. 425.

(47) Ammirato, Scipione – Istorie Fiorentine, vol II, ed. Firenze, 1827, pg. 240 e Cavalcanti , Sylvio Humberto – opus cit., ano referente.

(48) A ficha da Wikipédia italiana, com boa bibliografia, cita a data, generalizada, de 1560 para todos os episódios. O romance citado de Cesare Trevisane dá a data do pretendido assassinato - 3 de outubro, a descoberta da conspiração 29 de dezembro de1559 a punição dos culpados 3 de janeiro de 60, (Trevisane - pg. 318). Em trabalho recente de cronologia, realizado por Andréa Guidi e Marcello Verga - Storia di Firenze, em http://www.dssg.unifi.it, o enforcamento de Pandolfo Pucci e a decapitação dos demais é datada de 2 janeiro de 1559, o que afirmo, desde logo, ser equívoco baseado no registro do ASF, citada, pg. 233, que apresenta esta data; Jean Boutier informa a data de 1561 para a morte de Pandolfo (sua tabela genealógica, sem citar fontes.) A data da descoberta da conspiração por Filippo Moisé - Storia dlla Toscana, Firenze, Perv. Batelli Compagni, 1848, pg. 250, é referida em outubro.

(49) Carta de Pandolfo Pucci à Cosimo I in Gicciardini, Francesco - opus cit, pg. 325, confirmada por Moisé, Filippo - Storia della Fondazione di Firenza, Perv. Batelli Compagni, 1848, pg. 250, pdf A data de 3 de outubro é referida por Cesare Trevisane para a pretendida explosão do trono de Cosme. Várias outras cartas existiriam no Arquivo Histórico Italiano, dirigidas por Pandolfo Pucci à Cosimo ,e até mesmo à Isabella Médici. Sobre Pandolfo Pucci ver também nota 47 e “Conspiração Orácio Pucci&Ridolfi”, texto adiante.

(50) Publicazioni degli Archivi di Stato, vol.77, Ministerio dell Interno, Italy, Ministério per beni cultural e ambientali, 1983, pg. 260, 261, refere-se à data de 3 de outubro para a descoberta da conspiração e 3 de janeiro de 1560 para as punições públicas. Esta talvez seja a fonte do romancista Cesare Trevisane que, em seu romance citado, apresenta as mesmas datas.

(51) Boutier, Jean – artigo « Trois conjurations Italiennes : Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628) » in « Melange de l´ Ecole française de Rome ». Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, pg. 319-375, pdf

(52) Citamos já, sobre o assunto, , Langdon, Gabrielle – Medici women : Potraits of Power, Love ,and Betrayal, Unversity of Toronto Press, 2007 Pilliod, Elizabeth - Pontorno, Bronzino, Allori, New Haven Yale Press, New Haven, 2001 e, especialmente, Murphy , Caroline P. Isabella de Medici: The glorious Life and Tragic End of a Renassance Princess, London, Faber and Faber, 2008. Também sobre esta conspiração de 1575, incluindo já as personagens femininas, o resumo contextualizado apresentado em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Medici X Cavalcanti”, logo a seguir em http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(53) Sobre o equívoco de Sergio Buarque de Holanda ver nota 2 e Torres, Rosa Sampaio- artigo citado ,“Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(54) Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit, ano 63, e sua tabela genealógica TavolaCavalcantiFirenze, pdf, citando como fonte Gamurrine.

(55) Sommario storico delle famglie toscane, riveduto dal Cav. Luigi Passerini, vol. I, Pisa, pg. 326, afirma ainda sobre Guido Cavalcanti : “guido cavalcanti fu poeta veramente coronato della benevolenza dei nostri re... Questo signor Maestro dellOstello ordinário del re Enrico II, si rese capace delle più importanti funcioni dello stato , che sua Maestà per uma lettera delli 4 gennaio 1572 comandò si suoi luogotenenti generali e ambasciatori che erano in Itália che ricevessero il medesimo Cavalcanti per suo consegliere di stato e mestro d´Ostello presso di loro in qualità di suo consigliere di stato nelli consigli, che essi hanno accostumato di tenere per gli affari di S.M. re.” Ver também Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”.

(56) O historiador Henry Napier em Florentine History, citada, pg. 288, afirma mesmo que Catarina de Medici chegou a oferecer apoio para a fuga de Isabelle de Médici, envolvida na conspiração. Ver texto a seguir e nota 98.

(57) Murphy, Caroline P. - Isabelle di Médici, Faber and Faber, 2008, pg.282 /283.

Pressentimos que a morte desse jovem Cavalcanti, de 27 ou 28 anos, Nicolo di Bastiano, enforcado como ladrão publicamente, em 10 de outubro de 1575, estaria ligado a esses tumultos em Florença, depois da morte de Cosimo I. O furto, talvez melhor um saque com morte imputado a este Cavalcanti e outros, teria ocorrido em abril de 75. O fato é referido em di Ricci, Giuliano e Sapori Giuliana – Cronaca, Rcciardi, 1972, p. 142 e Arditi, Bastiano e Cantagallo, Roberto- Diario di Firenze e di altre parti della cristianità (1574-1579) Insti. Nacionale di Studi sul Rinascimento pg. 71. Giudi, Andrea, e outro - Storia di Firenze- Cronologia – ano referente http:www.dssg.unif.it. Seria necessário aprofundar as pesquisas.

(58) Bourdieu, Jean - artigo citado, sua tabela genealógica. O autor relaciona Orácio entre os filhos mais moços de Pandolfo, do seu segundo casamento com Cassandra Gagliano e seu nascimento em 1552. Entretanto Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 318, afirma que Orácio seria filho de Laudomia, primeira esposa de Pandolfo, filha do escritor Francesco Guicciardini e nascido em 1534.

Informações genealógicas da família Pucci, na mídia eletrônica, citam Alessandro como o filho de Laudomia Guicciardini e o Arquivo Storico Italiano, citado, se refere “ao jovem Orácio Pucci de 24 anos decapitado.”.

(59) Sobre a família Ridolfi consultar a Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Medici e Cavalcanti”.

(60) Hibbert, Christofher - Ascensão e queda da casa dos Médici – Cia. das Letras, São Paulo, 1993, pg. 215-225. O autor comenta duas tentativas de morte sofridas por Cosimo I: a de Giuliano Buoncorsi, julho de 1542, que pretendia atingi-lo de uma janela, punido com ferro em brasa, esquartejado e jogado por populares no rio Arno e outro atentado, pouco depois, cujo plano consistia em mergulhar um “cheval de frise” de espadas e lanças no local do Arno em que Cosimo I costumava nadar no verão, além, naturalmente, das tentativas já citadas descobertas em 1559.

(61) O historiador Henry Napier afirma, baseado em manuscrito da família Médici, que em realidade Garzia teria, com sua espada, ferido mortalmente seu irmão Giovanni por uma disputa de caça e, poucos dias depois, Cosimo ainda irado puniu o filho culpado com sua própria espada, também mortalmente. A mãe de ambos, Eleonora, ao tomar conhecimento da morte do Garzia, teria falecido pelo choque, logo em seguida. Napier, Henry – opus cit., vol.V, pág. 229. Textualmente:”The duchess hearing of the shoking event was instantly overcome by so better a grief that taking to her bed she closed her eyes and overcome by sorrow most miserably died”, palavras transcritas do manuscrito “Origem e Decadenza della Casa Médici”, MS folio265,segundo Napier fonte bem aceita por historiadores do período (séc. XIX)

Mas a historiografia moderna não apoiaria a tese de morte violenta, preferindo a versão da morte por malária, (Murphy, Caroline P - Isabelle de Médici citada, pg.101) Esta cita um episódio violento, mas não mortal, que teria ocorrido entre os dois irmãos, quatro anos antes, em 1558.

(62) Boutier, Jean – artigo citado, pg. 332, com fontes.

(63) Murphy, Caroline - opus cit, pg. 292, 293, citando suas fontes.

(64) Boutier, Jean - artigo cit, pg. 328 citando o ASF, Otto di Guardia e Balia 136, f.189.

(65) A tentativa de suicídio Oracio Pucci é relatada por Galuzzi, Jacobo Riguccio - Istoria del Granducato di Toscana sotto il governo della Casa Medici vol.2, Firenze, Gaetano Cambiagi, 1781, pg. 247.

(66) Jobi, Antonio - Storia civile della Toscanadal 1737 al 1848, Firenze, 1850, vol. I, pg. 38, cita um Frescobaldi, que não aparece em outro documento de época e não é indicado por Jean Boutier, mas que talvez possa ser da família da mulher de Tomasso Cavalcanti, Piera Frescobaldi, mãe de Stolfo, decapitado em 59, referida por Cavalcanti, Marcelo Bezerra-“Famiglia Cavalcanti” em blog. Lembramos também que Lucrecia Frescobaldi seria a dama de confiança de Isabelle de Medici.

(67) Sobre a relação dos Ridolfi com os Medici consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Medici e Cavalcanti.”

(68) Sacchetti, Franco e Capponi, Gino – La villa di Marignolle, Universidade de Michigan, Marcílio, 2000, pg. 30. Consultar também “ Palazzo Incontri” na Wikepédia italiana.

(69) Masino, Otello - Firenze Attraverso i Secoli, L.Capelli, 1929, pg. 30, tendo como fonte, certamente, Agostino Lapini autor do Diário Florentino, ed. Guiseppe Odoardo Corazzini, Sansoni, 1900, original Universidade de Michigan, pdf

(70) Boutier, Jean – artigo citado, pág 331, e sua tabela genealógica.

(71) Sobre as relações de Isabella com os Capponi, Murphy, Caroline P. - Isabelle di pg. 330, 31, e sua tabela genealógica. Mais sobre os Capponi Torres, Rosa Sampaio ”Medici e Cavalcanti”, a seguir.

(72) em di Ricci, Giuliano e Sapori Giuliana – Cronaca, Rcciardi, 1972, p. 142 e Arditi, Bastiano e Cantagallo, Roberto- Diario di Firenze e di altre parti della cristianità (1574-1579) Insti. Nacionale di Studi sul Rinascimento pg. 71. Giudi, Andrea, e outro - Storia di Firenze- Cronologia, ano referente, ed. Eletrônica.

(73) Boutier, Jean – artigo citado, pg. 333,334 e também sua tabela genealógica.

(74) Boutier, Jean – artigo citado pg. 334.

(75) Lapini, Atostino - opus cit., pg.194. Arquivo Storico Italiano por Deputacione Toscane di Storia Pátria, ano 1777, pg. 235 em pdf, onde se utiliza a expressão “suplicio”. Data também citada por di Ricci, Giuliano Cronaca (1532-1606), vol. 17, ed. Juliana Spori, Unversidade de Michigan ,Ricciardini, 1972, pg. 212. Sobre os Machiavelli consultar a tabela cronológica de Boutier, Jean – artigo citado.

(76) Boutier, Jean – artigo citado, pg. 332 e ASF cit, pg. 23.

(77) Boutier, Jean – artigo citado, p.338, nota 108, sua fonte ASF, cit, carta do cardeal Ferdinando, Roma, 20 maio 1575.

(78) Pandolfo Martelli e seu irmão Guilhelmo, estariam ligados à ação armada de Bertoldo Corsini na tomada do poder de Cosimo I, em 37, segundo Simoncelli, Paolo, opus cit, pg. 186. Ver nota 20. Temos depois a notícia da decapitação de Pandolfo di Piero Martelli em 53, período do conflito com Siena, segundo ASF, cit. pg. 235.

Camilla Martelli (1547-1590) segunda esposa de Cosimo I, órfã, teria sido filha de Antonio Martelli (1513-?) e de Fiametta Soderini, e foi depois da morte de Cosimo, confinada em conventos por Francisco I. Murphy, Caroline, Isabelle de Médici, citada pg.291, cita seu parentesco com Camillo Martelli.

A família Martelli, parece ter ascendido socialmente com os Médici. Piero di Baccio Martelli (ver também nota 20), teria já alto status econômico em 1508, protegendo em sua casa o celebre artista Leonardo da Vinci. Foi comissário da Signoria, homem de cultura humanista e matemático, atuando nos grupos de estudo do Orti Rucellai na década de 20, citado posteriormente em exílio, na corte francesa. Pandolfo Martelli, decapitado em 53, seria filho de Pietro e também Baccio Martelli e Guilhelmo.

A participação da família na luta antimedici, a partir da década de 30, talvez tenha provocado sua queda social e econômica em Florença. Orácio di Agostino Martelli é também envolvido nos episódios de 75 tendo matado, em conflito armado, Camillo Di Agnolo, dito Agnolanti, protegido dos Medici e se refugiado na casa de Toilo Orsini, fato que provocou a fuga deste. (di Ricci – Cronaca, citada. Murphy , Caroline – Isabelle de Medici, citada, pg., 296) Ver texto adiante.

Camilla Martelli, ainda que de família tradicional da cidade, foi tida como órfã pobre, com um irmão socialmente decaído, “dono de joalheria na ponte”.

Vários Martelli, Bartolomeo, Sperone, Vicenzo são referidos como atuantes, com os Strozzi, na luta republicana. Simoncelli, Paolo, - opus cit., ver índice onomástico.

Vicenzo Martelli, (o poeta?), é também referido como envolvido nesta conspiração de 75.

(79) ASF- opus cit., pg. 235, e Giudi ,Andrea, e outro -Storia di Firenze- Cronologia – hhttp:www.dssg.unif.it citando: Oracio Pucci em 27 agosto de 75, outros em 6 de maio 77, Camilo di Pandolfo Martelli em 15 de janeiro 1578, datas confirmadas em várias outras fontes consultadas. Sobre os Martelli ver também nota acima n.78.

(80) Passerini, Luigi - Genealogia e storia dlla famiglia Altoviti, M. Cellini, 1871, p. 68. Boutier, Jean – artigo citado, pg. 332 e nota 69, e pg. 333.

Sobre a relação conflituosa dos Altoviti com os Medici Torres, Rosa Sampaio – artigo citado, “Medici e Cavalcanti”.

Sobre a morte de Antonio Altoviti ou Giovantonio Altoviti, di Ricci, Giuliano - Cronaca (1532-1606) vol 17, Ricciardi, 1972, pg. 212, que confirma esta morte “em cárcere” e Diaz, Furio-Il Gran ducado di Toscana; I Médici UTIET, 1976 p.232- 252, textualmente: “Antonio Altoviti, colpevole di non avere denunciato la congiura, che Piero Ridolfi gli aveva manifestado , fu nel 1577 condennato a morte: ufficialmente graziato dal granducca, venne transportatto nella fortalezza di Volterra, e là decapitato...”

(81) Sobre Camilo Busini, di Ricci, Giuliano – Cronaca citada, pg. 212.

(82) Ciampi, Sebastiano - Bibliografia Critica delle Antiche Reciproche Corrispondenze, Vol I, Firenze, per Guglielmo Piatti, 1839, pg. 128, nota, tendo como fonte carta de Stefano Batori ao grão duque, em 17 de junho de 1583. Muitos outros republicanos florentinos exilados são ainda citados como permanecendo na Polônia: Luca e Bernardo Soderine, Domenico Alamanni, Francesco Bergamo, Francesco Dini, Fabio e Giulio Baldi, Gaspare Gucci, Simone Lupe, Giovanni Thebaldi, Antonio Viviani, Sebastiano e Valerio Montelupi, Felippo Talduci, nomes todos, também citados, em trabalho polonês Zeszyty Naukowe Uniwersytetu Jagiellonskskiego, Prace, Historyczne, edição 66, pg. 162.

(83) Boutier, Jean – artigo citado, pg. 333.

(84) Sobre os Alamanni ver texto acima “Conspiração Pucci& Cavalcanti”. Afirma Heller, Henry – Anti-italinism in sixteen-century France, Toronto Press, 2003, pg. 180 : ”In a single year from november 1577 to november of the following year, Saracin [embaixador toscano] arranged the assassination of three florentines exiles – Troilo Orsini, Francisco Alammani e Bernardo Girolami. Aprised of these scandal , the king arrested , judged and expelled the secretary of the ambassador, Curzio Pichene, as the principal instrument of these killings”. Acrescentamos que Bernardo Gerolami, certamente, seria aparentado de Jean Gerolami, punido por Cosimo I com prisão pérpetua na conspiração de 1559, texto anterior acima. Sobre Troilo Orsini, texto a seguir acima e nota 99.

(85) Boutier, Jean – artigo citado nota 103, fonte Négociations Diplomatiques, recueills par Giuseppe Canestrini , Desjardins, vol. IV, 1872, pg. 433, 18 nov.1581. Sobre as ações liberais, em relação aos exilados republicanos florentinos, por Catarina de Medici ver discussão completa em Carta, Paolo opus cit, pg. 115.

(86) Boutier, Jean - artigo citado, p.335, 334.

(87) Ross, Janet - Florentine Palaces and theis Stories, s/d, pg 237. Seus nomes seriam Alessandro e Emílio, segundo nos indica a tabela genealógica de Boutier, Jean - artigo citado.

(88) Boutier, Jean - artigo citado, pg. 335-337. O acompanhamento da caçada aos Capponi pelo historiador Jean Boutier é notável, devendo ser conferida com a própria leitura do texto.

(89) Diaz, Furio – opus cit., pg. 232. Sachetti, Franco e Capponi, Gino – opus cit, pg. 30, cita as boas relações de Piero Capponi com a Rainha inglesa e seu sepultamento em Londres. Notamos que Jean Boutier, no artigo citado, acompanha notavelmente a caçada dos Capponi, mas lhe escapa a morte de Piero. A morte de Piero é, também, referida por Murphy, Caroline P. – Isabelle de Medici, Murder of a Medici Princess, Oxford Press, 2008, pg. 292. Carta, Paolo – opus cit, pg.115, cita Piero Capponi como exemplo dos republicanos florentinos protegidos pela corte francesa de Catarina de Medici.

(90) di Ricci, Giuliano, Cronaca, cit., pg. 212. Data de falecimento de Uguccione, 1597, indicada também na tabela de Boutier, Jean – artigo citado.

(91) Boutier, Jean – artigo citado, pág. 337, sua fonte P. Litta e Passerini. Já no poder estaria o grão–duque Ferdinando que, formalmente, o teria já perdoado e permitido sua entrada em Florença.

(92) A bibliografia citada sobre Eleonora, ou Lenora, ressalta sempre a beleza do seu olhar, já descrito in Lapini, Agostino – opus cit, pg.120,121. Sobre sua possível transferência para Genova, Murphy, Caroline P.- Isabelle de Medici, citada, pg.316.

(93) O verbete “Eleonora de Toledo” na Wikipédia inglesa é bem elaborado, citando pesquisas recentes de Langdon, Gabrielle - Médici Women, Toronto Press, 2007, Murphy, Caroline P. - Isabelle de Medici, e Pilliod, Elizabeth - Pontorno , Bronzino , Allori - Yale Press, 2001. Estas fontes, bem como as demais primárias, não foram por nós exaustivamente exploradas, tendo em vista os limites do nosso atual trabalho, centrado nas atividades da família Cavalcanti.

(94) Ficha Wikepédia inglesa, citando trabalho recente de Langdon, Gabrielle - opus cit, pg. 178. O ASF, cit, pg. 236, indica a data de 10 de setembro de 1578 para a morte de Antinori. Este arquivo tem informações não confiáveis, por vezes, como o equívoco na data de morte de Pandolfo Pucci, comentada acima no texto.

Há indicação de que Antinori não seria bem visto pelos Medici, pois viajava com freqüência para a França. Em 37, um Antinori, Alessandro, entrou em Florença humilhado, depois da derrota de Montemurlo, (Paolo Simoncelli) e a família, de ricos banqueiros, produtores de seda e vinho, havia entrado em bancarrota em 52. (Genealogia familiar Casa Antinori, ed. Eletrônica.) Segundo Ammirato, Spione – opus cit, pg. 235, um Vicenzio Antinori, já falecido na ocasião, teria também se envolvido na conspiração de 59.

Mais detalhes da prisão de Bernardino Murphy, Caroline P. - Isabelle de Medici , citada, pg.315.

A delação de Eleonora não pode ter sido feita por Piero Ridolfi, que não teria sido ainda interrogado, o que só vai acontecer na primavera, março de 77. Ver nota 100. Carta de Cortile, datada de 75, citada por Murphy, Caroline P.- opus cit., pg. 292-93, confirma que Francisco I, desde essa época, sabia da doação de jóias e cavalos por Eleonora para a fuga de Piero Ridolfi. Sobre Ridolfi ver mais nota 102.

(95) Napier, Henry, opus cit., pg. 288, textualemte: “Duke Francis hastened to make arrangements with Orsini for her murd as the only effectual remedy.” Também, Murphy, Caroline P – Isabelle de Medici, citada, capitulo ”A trip to Carreto Guidi”, pg.319 – 322 e pg. 323 - 327.

(96) Murphy , Caroline P.- Isabelle de Medici, citada pg. 296, 297. Trolope , Thomas –A decade of Italian Women, Harvard Library, 1859 pg. 288.

(97) Murphy, Caroline P. – Isabelle the Medici , citada , pg.321, 322.

(98) Napier – Henry Edward, opus cit., pg. 288. Textualmente: “Some time before this Isabelle having foreboding of mischief wrote to Catharine of Medicis and was advised so seek refuge in Genoa where a galley would be ready to recived her : it was too late.” Não conhecemos suas fontes.

(99) Napier – Henry Edward, opus cit. pg. 288. Segundo Murphy, Caroline P - Murder of a Princess, Oxford Press, 2008, pg. 247-250. Troilo Orsini recebeu missões diplomáticas de Cosimo I à Polônia e junto à rainha Catarina da França nos anos 69, sempre muito bem recebido nesta corte. Uma de suas missões foi levar auxilio militar a Catarina e seu filho Charles IX no combate aos Huguenotes, fato registrado em quadro famoso de Atanagio Fontebuoni, pintado alguns anos depois de sua morte e, ao que tudo indica, uma homenagem desta corte a Troilo. Stamley, Edgumbe – The Tragedies of the Médici, citada, pg.158, em nota, nos sugere que Troilo Orsini poderia estar a serviço do rei francês desde 1567, pois neste ano era “gentilhomo do re Cristianissimi”, indicado como fonte, Mutin vol. V. A perseguição de Orsini pelo mercenário dos Medici até a corte francesa é narrada por Gnoli, Domenico- Vitória Accoramboni, ed. Monier 1870, pg. 404-414.

(100) Cesare, Ttrevisane - opus cit, pg.13.

(101) Langdon, Gabrielle - opus cit., pg. 174-180.

(102) ASF, Arquivo Alessandra Contini Buonacorsi - Le donne Medici nel Sistema europeo delle Corti, XVI-XVIII secolo, Vol 2, Convegno Internazionale ,Firenze, 2005, pg. 506, confirma sua prisão na Germânia, mais precisamente em Ratisbone. Arditi, Bastiano - Diário di Firenze e di altre parti dela Cristianità (1574-1579), Instituto di Studi sul Rinascimento, 1970, pg. 105, afirma que Ridolfi foi interrogado na primavera de 1577. di Ricci, Giuliano– opus cit, pg. 149, entretanto, indica 22 de março de 1576 para sua chegada à Florença, preso, vindo da Alemanha, data a nosso ver pouco provável.

Quanto a sua morte: Seidel, Max e outros - La Ville de Marignolle, Marcilio, 2000, pg. 48, afirma a morte de Piero Ridolfi no cárcere, citando como fontes ASF- Manuscriti, Diário de Sestemanni, c 119, confirmada também por Arditi, Bastiano- opus cit. pg. 15.

Sobre sua decapitação e ocasião deste episódio, informações superficiais obtidas em - Maria Gracia Ciardi Dupré e outro - Scritti di Storia dell ´art in onore di Ugo Procacci Dal Poggetto 1977, s/pg. A ficha da Wikepédia informa, entretanto o “enforcamento” de Piero Ridolfi em 1577, tendo como fonte Inghirami, Francesco, Storia della Toscana, vol X, Firenze, 1843, pg. 24, sem que pudessemos consultar diretamente esta fonte.

Não podemos, portanto, informar a data precisa da morte de Piero Ridolfi.

Boutier, Jean – opus cit, não informa a detenção, nem a morte no cárcere de Piero Rodolfi, e a data da sua morte é apenas referida na tabela genealógica como no ano de 1589. Este é o ano de morte repetido, talvez equivocadamente, em várias outras fontes genealógicas sobre Piero di Lorenzo Ridolfi. Apenas uma outra data completa é, vagamente, referida à Piero Ridofi - 29 de maio 1577 - obra baseada no ASF, Arquivo Alessandra Contini Buonacorsi – citada, pg. 506.

(103) Inghirami, Francesco, Storia della Toscana, vol. X, Firenze, 1843, pg. 249. Não podemos deixar de citar também aos inúmeros palácios arrestados, nesta ocasião, por Francisco I di Medici, aos Rodolfi: o Palazzo Tornaboni, arrestado em 76, com todas as estátuas e obras de arte que tinham dentro, o jardim e a casa contígua; a belíssima Villa Marignolle, arrestada a seu pai, Lorenzo di Piero Ridolfi, em 78, e o Palácio Incontri, havido por Pierino Ridolfi como dote dos Salviati.