Principais ramos da família Cavalcanti de Albuquerque

Principais ramos da família Cavalcanti de Albuquerque

em atuação política a partir do século XVI,  ramos  que se desdobraram nos séculos seguintes ainda com propostas nativistas,

republicanas, independentistas, e até mesmo socialmente avançadas.


Introdução


    Hoje não temos mais dúvidas em afirmar que o fidalgo republicano Filippo di Giovanni Cavalcanti que viera aportar Pernambuco, talvez incógnito, tentava escapar das perseguições dos Medici à “Conspiração Pucci e Cavalcanti”, descoberta no ano de 1559 – conspiração em que vários ramos da sua família Cavalcanti haviam atuado. O sistema republicano florentino no século XVI já em perigo sob pressão desses banqueiros preponderantes, desejosos de estabelecer um Grão - Ducado.

  

   Nesta ocasião, a política portuguesa facilitava a migração de fidalgos perseguidos na Europa por motivos políticos, pelo fim de suas republicas ou mesmo por motivos religiosos comuns na época -  fidalgos que se tornavam colaborações efetivas para o processo colonizador. Estas famílias insubmissas e por vezes ricas eram úteis aos projetos colonizadores portugueses - oportunos colaboradores por seus conhecimentos, “luzimentos e urbanidades” na política de ocupação, governança e congraçamento colonial.

    Sem dúvidas o casamento nos trópicos de Filippo Cavalcanti - fidalgo tipicamente renascentista - com a jovem e rica mameluca Catarina de Albuquerque trazia especial ilustração para a Colônia, e para o florentino conveniências inclusive financeira. Fixado à nova terra tropical Filippo terá responsabilidades que lhe trazem segurança e conforto, bem como compensações de prole numerosa e memória por gerações.

    Pois somente uma herança cultural muito forte transmitida por marcante personalidade pode explicar no Brasil a permanência de traços tão característicos - "traços de Cavalcanti” - pendor para as letras, sensibilidade poética e artística, habilidade administrativa e jurídica, nítida percepção de seus interesses políticos, traços matizados por reconhecido temperamento inconformista.

      Desde já nos perguntamos: serão esses traços de inconformidade - os muito antigos traços “sdegnosos” * ou de “cizânia” dos Cavalcanti aos quais testemunho português de época também se refere - as características mais relevantes e decisivas para as gerações futuras de Cavalcanti na Colônia, seja em confrontos com invasores estrangeiros, mais tarde em especial confronto com a própria Metrópole portuguesa? A característica “sdegnosa” dos Cavalcanti de Florença já fora reconhecida pela literatura italiana medieval e os traços de cizânia logo percebidos pelos administradores portugueses – agora muito bem avaliados pela historiografia brasileira.   

 

  Lembramos que na incipiente Olinda, sede do governo da capitania de Pernambuco, o nobre, culto e requintado florentino Filippo Cavalcanti havia gozado da hospitalidade do experimentado fidalgo português, Jerônimo de Albuquerque.

 Jerônimo já nesta ocasião trazia marcas e cicatrizes pelo corpo - testemunhas das suas lutas por conquistas. Como um bom Albuquerque experiente na política de colonização e congraçamento, Jerônimo viera ao Brasil acompanhando e dando apoio à sua irmã, D. Brides, mulher de D. Duarte Coelho, o donatário.    D. Brites como o irmão uma Albuquerque resoluta e cônscia do seu papel civilizatório. 

        A nosso ver, a convivência de Albuquerques e Cavalcanti na Colônia irá propiciar fato muito curioso em nossa Historia social e cultural – um duplo exemplo da política de congraçamento por casamento - prática comum em casamentos reais na Europa, agora nos trópicos coordenada por estes experientes Albuquerque.

    A convivência estabelecida pelo próprio Jerônimo Albuquerque com a índia Muíra Ubi - Arco Verde Florido - fora experiência de apaziguamento muito bem sucedida, gerando prole numerosa e bem aculturada – e mais uma vez a jovem mameluca de Tabajaras, Catarina (1538-1614), jovem já cristianizada e educada para a governança também casada com o aristocrático e culto florentino Filippo Cavalcanti.

   O casamento de Filippo e Catarina faz surgir, igualmente, prole numerosa e miscigenada - onze filhos Cavalcanti de Albuquerque. Estes numerosos filhos de Felipe e Catarina serão capazes de unir, por sua vez, as melhores qualidades de Albuquerque, Tabajaras e Cavalcanti visando à administração e a defesa da Colônia.   

    Porém, a veia ilustrada, poética e literária freqüente nesta prole, seu especial interesse pela participação política altiva e “sdegnosa” - entre muitas outras qualidades notáveis - sem dúvidas devem ser creditadas à personalidade marcante do fidalgo republicano renascentista, Filippo di Giovanni Cavalcanti - o patriarca florentino.

      Suas características “sdegnosas” marcarão sem dúvidas a vida na Colônia e a história brasileira.

 

                                      

Desenvolvimento

  

Parte I

 

   Principais ramos da família “Cavalcanti de Albuquerque” atuantes a partir do século XVI - formadores nativistas, preferentemente republicanos e independentistas.  Esquema básico a ser desenvolvido na Parte III.

  

Parte II

  

Famílias aliadas e casadas com os Cavalcanti de Albuquerque no período Colonial em função da luta de resistência e posteriormente nativista e independentista – A atuação política da família Cavalcanti de Albuquerque no Império.

  

Parte III

 

   Atuação política preferentemente republicana e independentista,  até  mesmo socialmente avançada de ramos “Cavalcanti de Albuquerque” e famílias derivadas a partir do sec. XVIII, XIX, até o século XX. 

  

Obs.:  Oportunamente serão editadas Listas Genealógicas dos vários ramos Cavalcanti de Albuquerque e seus descendentes de grande atividade política (listas sujeitas naturalmente a correções e acrescentamentos). 

      

Desenvolvimento

 

Parte I

 

   Principais ramos da família “Cavalcanti de Albuquerque” atuantes a partir do século XVI - formadores nativistas, preferentemente republicanos e independentistas.  Esquema básico a ser desenvolvido na Parte III.

        A partir de pesquisas que já se alongam, conseguimos identificar alguns dos principais ramos familiares Cavalcanti de Albuquerque no Brasil politicamente muito atuantes – família formada em Pernambuco no sec. XVI pelo casamento do florentino Filippo di Giovanni Cavalcanti com a mameluca Catarina de Albuquerque – ela filha da índia tabajara Muíra-ubi (Arco–Verde Florido) e do nobre  colonizador português Jerônimo de Albuquerque.

    Esses ramos politicamente muito atuantes, miscigenados com “os da terra” cedo se manifestaram  desde nossa formação como defensores nativistas e ao longo do tempo a partir do século XVIII se demonstraram  - pela substituição do próprio sobrenome de família por novos sobrenomes de origem indígena –comportamento independentista e mesmo preferentemente republicano, ainda  com opções de cunho social.

     Chamamos desde logo a atenção do leitor para o fato deste trabalho não apresentar pretensão de contribuição genealógica, mas sim contribuição historiográfica, ligada á ciência política. Neste sentido  outros  filhos descendentes do florentino -  por falecimento, vida religiosa, ou mesmo por não prolongarem o apelido ou não manifestarem as características peculiares -  não foram acompanhados (1).  

   Linhas descendentes de outros filhos do “florentino” que não são referidas neste atual trabalho - João, porque falecido ainda pequeno; Lourenço, notável guerreiro na primeira invasão holandesa, morreu solteiro; Jerônimo que não “tomou estado”, mas que teria tido dois filhos com Barbara Soares; Felipe casado com Ana Pereira Soeiro, cujas fontes também não citam descendência; Joana, freira.  Margarida não têm seus descendentes acompanhados neste trabalho, pois raramente se envolveram em atividades nativistas e em políticas contestadoras, não dando continuidade ao sobrenome da família Cavalcanti de Albuquerque.

       Por ser um trabalho conclusivo de pesquisa histórica que já dura mais de vinte anos sobre esta família, não tem as características de nossos trabalhos anteriores, mais probatórios. Preferimos remeter o leitor aos nossos próprios e inúmeros trabalhos já publicados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, onde citamos exaustivamente fontes de referência, assim dando oportunidade também ao leitor  de aprofundamento  em nossas pesquisas. As notas serão, entretanto, exaustivas no necessário para futuras inclusões genealógicas.

    Procuramos seguir em linhas gerais a genealogia antiga e segura apresentada por Adalzira Bittencourt em sua obra Albuquerques e Cavalcantis, baseada nos genealogistas Jaboatão e Borges da Fonseca, listagem corrigida por Xavier Paes Barreto. Na parte mais moderna tentamos fazer o possível, incluindo linhas familiares específicas por contribuições de parentes colaterais, seguindo o fio comum, em geral com sucesso.  Possíveis equívocos e lacunas podem e devem ser corrigidos, se ocorreram.

    Assim sendo, privilegiamos ramos que havíamos identificado em nossos trabalhos em atuação política intensa – de início formadora e nativista, e que atravessam os séculos XVII e XVIII conscientes, não só de sua origem familiar italiana estabelecida e mesclada “na terra”, ainda de suas tradições de ativismo republicano originárias da Toscana. Estes ramos de Cavalcanti de Albuquerque espalham-se pelo Brasil nos séculos XIX e XX manifestando nítidas atitudes questionadoras e independentistas, preferentemente republicanas, com preocupações sociais (2).    

          

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     A busca de boas relações com os silvícolas “da terra” havia ficado patente no comportamento político de pacificação colonial, comportamento inicialmente manifestado pela própria família dos Albuquerque Coelho - donos da capitania de Pernambuco no sec. XVI – pois o prático administrador seu cunhado Jerônimo de Albuquerque oficializou sua prole com a índia Muíra–Ubi, e mesmo buscou privilegiá-la em detrimento de prole seguinte tida com uma nobre da família Mello, portuguesa, sua segunda esposa.

       A que tudo indica, no próprio sec. XVI oo genro também de Jerônimo,  Filippo di Giovanni Cavalcanti, teria também demonstrado preocupações quanto a uma prática de governo segura em relação a sua própria prole - pois notamos que sua filha Genebra levara não só o nome italiano Manelli da avó paterna, mas também o Arco-Verde da avó índia do lado materno, tendo sido casada com o governador Felipe de Moura. E a descendência deste casal - a respeitada filha D.Isabel de Moura e seu irmão Francisco de Moura – teriam também por um tempo usado o sobrenome Cavalcanti de Albuquerque seguido pelo apelido simbólico, Arco Verde (3).

     A seguir apresentamos de forma esquemática e resumida os ramos politicamente mais ativos dos descendentes de Filippo Cavalcanti e da mameluca Catarina - ramos de descendentes “Cavalcanti de Albuquerque” que mantiveram, de modo curioso e por vários séculos, as mesmas características familiares típicas – erudição, intensa atuação administrativa e política, preocupação com a manutenção do território que ocupavam e ajudavam a administrar, bem como simpatia e conduta nativista, posteriormente ainda resoluta atuação independentista, e mesmo preferência republicana como de hábito dos longevos Cavalcanti italianos. Nos séculos mais próximos até mesmo identidade com movimentos de cunho social e anti-escravagistas.     

    Assim vejamos:

  

  1- A principal linha familiar-tronco dos Cavalcanti de Albuquerque logo se prolonga na segunda geração pelo filho do florentino, Antonio Cavalcanti de Albuquerque filho herdeiro muito bem preparado intelectualmente, casado com a moça muito loura, Isabel de Goes, uma das filhas de Arnau de Holanda – este fidalgo proveniente dos Países Baixos, produtor de açúcar, aqui chegado bem antes da invasão holandesa. Este tronco central da família, como um todo, foi responsável pela organização da resistência ao invasor holandês. Antonio como filho herdeiro demonstrou-se homem de erudição e a exemplo de seus irmãos lutadores contra os holandeses, Lourenço e Jerônimo, e por sua própria prole deu exemplos de resistência ao invasor, atuando em apoio aos Albuquerque Coelho, donos da Capitania. Não só nos primeiros enfrentamentos, posteriormente retirando-se mesmo de seus engenhos frente à inevitável ocupação holandesa. O filho primogênito de Antonio, Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, que havia liderado a duríssima retirada de de sua familia e aliados de Pernambuco em luta para a Bahia, assumindo  pouco depois responsabilidade administrativa colonial, característica dos Albuquerque com a Coroa, sendo nomeado Governador de Cabo Verde (1639-40) na África. Segundo antigos genealogistas, Jerônimo aqui não teria deixado descendência    Esta linha tronco da família Cavalcanti de Albuquerque, sempre muito atuante politicamente, seguiu as características típicas em ligações com os da “terra” e tem seguimento genealógico prolongado até os dias atuais (4).

         Este tronco familiar tem, entretanto, seqüência varonil no Brasil  pelo 4º filho de Antonio, neto do florentino, Felipe Cavalcanti de Albuqueque, – lutador na guerra holandesa que dará continuidade central e varonil à linhagem da família Cavalcanti de Albuquerque. Fidalgo da Casa Real foi casado com a sua prima Maria de Moura Lacerda, filha de sua tia D. Isabel de Moura Arco-Verde – respeitada senhora a que já nos referimos, que também se havia visto na circunstãncia de já idosa ter se retirar para a Bahia em duro e focado êxodo.. Esta linha central e varonil dos Cavalcanti de Albuquerque por Felipe retirara-se da rigiãos de Goiana (PE), mas voltará após a Restauração para Ipojuca (PE).  Os descendentes primogênitos e varonis de Felipe irão manter-se pelos compormissos da familia por algumas gerações como discretos apoiadores nativistas, para finalmente no sec. XVIII, nos antecedentes da Independência, abrir mão da fidalguia e do sobrenome português Lacerda para se estabelecerem em Alagoas, no engenho “Castanha Grande” (AL) como “sdegnosos” independentistas - posteriormente governadores, lutadores republicanos e juristas. Desdobra-se, esta linha central da família ainda no sec. XIX e XX nos:


                            - Machado da Cunha Cavalcanti em Pernambuco.

                            - Cavalcanti Albuquerque de Gusmão no Rio de Janeiro e Alagoas.

                           - Cavalcanti de Albuquerque, ainda identificados no Paraná e Pernambuco.

 

     Notado que esta linha central de Antonio em parte continuou usando o sobrenome Lacerda e o  título de fidalguia pelo segundo filho do fidalgo Manoel Cavalcanti Lacerda e Albuquerque, membro da ordem de Cristo (citado em nosso trabalho sobre a guerra contra os Mascates, e em Bitt. pg. 294 e 326). Por Manuel Cavalcanti de Albuquerque a  linhagem dará adiante, no Império, o Barão de Pirapama – o conselheiro Manuel Inácio Cavalcanti de Lacerda e Albuquerque. Esta linha mantem seqüência após o corte e afastamento familiar, mantendo seu sobrenome português Lacerda - linha de destaque ainda no sec. XIX, XX como administradores e embaixadores.

    Entretanto, não podemos esquecer neste tronco principal  a figura do filho caçula de Antonio, neto do florentino, Jorge Cavalcanti de Albuquerque – notável personalidade de “mazombo”, que também precocemente, como seu sobrinho, Antonio da Guerra, manifestou comportamento contestatório libertário após a guerra da Restauração - contestação que nele toma caráter até mesmo caracter desesperado e pessoal contra os abusos dos portugueses sobre seus sobrinhos, já no fim do século XVII. Ao fim da vida preso, morreu na prisão. Foi nos últimos tempos o inspirador da Guerra contra os Mascates. Seu filho Jorge Cavalcanti de Albuquerque, II, adiante atuará mesmo na “fronda” contra autoridades portuguesas e mascates, quase enviado para julgamento em Lisboa. Não pudemos apurar se há descendentes diretos destes dois Jorges, I e II. Provavelmente sim. Assunto do nosso artigo “Jorge Cavalcanti de Albuquerque” já publicado no blog.

      - Ramo feminino muito marcante de Cavalcanti de Albuquerque descende da neta Isabel Cavalcanti de Albuquerque do florentino, filha de Antonio, mãe do primeiro e mais decidido nativista da família - Antonio, o “da Guerra Holandesa” - herói da guerra da Restauração contra os holandeses, falecido numa emboscada. Dela, por ter sido ainda casada na segunda vez na família fidalga dos Bezerra, descendem os ramos da família mais francamente aguerridos e “sdegnosos” - francamente nativistas e conscientes de sua brasilidade no sec. XVII. A seguir desdobrados nos:

                                                              

                  - Uchoa Cavalcanti – ramo que se desenvolve do filho de Isabel do primeiro casamento, Antonio da Guerra, pelo 4º filho deste, Lourenço - um dos líderes do primeiro movimento francamente nativista de 1666, casado com Mariana Uchôa - filha do mestre de Campo Gaspar Uchoa - ainda seu neto Lourenço Uchoa Cavalcanti, igualmente um decidido rebelde contra as autoridades portuguesas.  A família Uchoa já havia tido participação marcante na luta holandesa por este mestre de campo, fidalgo da Casa Real, Gaspar de Souza Uchoa (c.1610 - f.1676).

                    

  - Bezerra Cavalcanti - ramo que se desenvolve de Antonio “da Guerra” por linha feminina - sua filha Leonarda, casada mais uma vez na família Bezerra com Cosme Bezerra Monteiro, da celebre e aguerrida família Bezerra que bravamente lutara contra os holandeses. Leonarda matriarca do lã Bezerra Cavalcanti que tanto atuaram  nesta fronda, clã punido à ferros e levado para Portugal -  mãe do seu lider e mártir Leonardo Bezerra.

                - Araújo Cavalcanti linha que se desenvolve não só por Pedro, mas também por Antonio “da Guerra”, filhos de Isabel, cujos descendentes casam na família Araujo, família do líder na guerra holandesa da Restauração em Ipojuca, Amador de Araújo.

               - os  Carvalho Cavalcanti - pela neta de Isabel, Laura Bezerra (já de genealogia Cavalcanti de Albuquerque, Bezerra e Araujo), filha de Leonarda, casada com Bernardino de Carvalho (de Andrade) -  o filho de Gracia de Carvalho de Andrade dos nobres portugueses Álvaro de Carvalho - família da nobreza portuguesa que muito batalhou e se martirizou contra os holandeses, da qual também descende a família duplamente nobilitada ainda na Colônia – os Deusdará (5).                                                                                                                                                                              

          - os Cavalcanti de Albuquerque Arcoverde, ramo que volta a se denominar deste modo a partir de meados sec. XVIII por André Cavalcanti de Albuquerque que retoma este apelido anterior da família, da índia Muíra, Arcoverde - ramo do famoso cardeal Arcoverde (ramo também chamado Arcoverde de Pesqueira).               

        - os Cavalcanti de Albuquerque do Agreste (estabelecidos em Vertentes)                   

        - os Alves Bezerra Cavalcanti, proveniente de Vertentes, estabelecidos em Viçosa (Alagoas); políticos atuantes que até hoje procuram suas raízes, e agora as podem ter encontrado. 

         - os Cavalcanti de Albuquerque Suassuna, descendentes de Isabel e de Antonio da Guerra – clã especialmente comprometido na Revolução de 1817. Conspiradores militares e revolucionários independentistas, até mesmo republicanos, de inicio conspiraram  no engenho Suassuna em 1801,mas atuaram como líderes na Revolução de 1817 - ramo que nesta ocasião  deu um mártir, vários deles presos durante longo tempo. Conseguida a Independência, pacificados os ânimos o clã teve quatro irmãos nobilitados, políticos extremamente ilustrados e reconhecidos pelo Império. Sobre estes falaremos na Parte II.      

          - os Suassuna não nobilitados ainda hoje levam o nome deste famoso engenho (em tupi, ‘sua´su” – veado e una – negro), berço também de famoso litrato - no século XIX já estabelecidos no alto sertão em Catolé do Rocha.

                             

   2 - Ramo descendente da filha do florentino, Genebra Manelli Cavalcanti de Albuquerque Arcoverde -  já anteriormente citada , assinou os nomes de suas duas avós, de ambos os lados - casada com o nobre Felippe de Moura, influente em Pernambuco e governador de Cabo Verde. Ela também desenvolve descendência muito atuante na administração da Colônia e  decidida na guerra da Restauração contra os holandeses.

      Esta linha de Genebra terá ainda seqüência pelo neto do florentino,  Francisco de Moura C. de Albuquerque Arco VerdeGovernador da Bahia que, entretanto, não mais assinaria o nome Arco Verde em documentos. Seu filho Antonio de Moura, governador de Cabo Verde, e Jerônimo de Moura, Governador na Índia.   

       - Também tem seqüência pelo neto Paulo de Moura, casado com Brites Gomes de Mello - ramo que retornará a Portugal. Deste ramo descende, paradoxalmente, o famoso administrador português, rigoroso com as finanças do Reino e repressor dos jesuítas - o Marques de Pombal (6).

       - a neta que ainda assina Isabel de Moura Cavalcanti de Albuquerque Arco-Verde, casada com o fidalgo cavaleiro português Antonio Ribeiro de Lacerda, falecido em enfrentamento com os holandeses - casal com ampla descendência Cavalcanti de Albuquerque Lacerda. Esta linha já referida acima, pois sua filha Maria de Moura Lacerda foi casada com seu primo, o acima referido Felipe, filho de Antonio. Esta descendência Cavalcanti de Albuquerque, como observamos, a partir do sec. XVIII se apartará, aparentemente por motivos políticos.  A parte não primogênita manterá privilégios de fidalguia e o sobrenome português Lacerda. A outra parte da família, pelo primogênito José Cavalcanti de Albuquerque mantém conduta independentista a partir do fim do sec. XVIII - fato já referido quando da análise deste tronco que se estabeleceu no sec.XIX no engenho Castanha Grande (AL).

     - pela neta Mércia de Moura, casada com Cosme Dias da Fonseca e  que necessitou recuar para a Bahia na ocupação holandesa e teve descendência muito combativa na guerra Restauração, visando reaver suas antigas propriedades (7).   

  

   3 - Ramo que se desenvolve pela filha Felipa Cavalcanti de Albuquerque  do florentino, casada com Antonio de Holanda de Vasconcellos, filho de Arnau de Holanda, cuja descendência na 4ª geração é unida a família dos Pires de Carvalho - estes com origem na índia Paraguassú. Desta filha do florentino descende, portanto, mais adiante Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque. Conduzindo tradição duplamente nativista, Antonio Joaquim com seus irmãos participarão decididos como lideranças do processo militar da Independência brasileira em 1822 – Antonio Joaquim recebendo logo em seguida um título de Barão pelo Império, depois Visconde da Torre de Garcia d´Ávila. Assunto ainda comentado abaixo, na Parte II.


    4- Ramo que se desenvolve pela filha do florentino Brites Cavalcanti de Albuquerque casada com o administrador português Gaspar Dias de Ataíde – seus descendentes apenas mantiveram o nome Athaíde de Albuquerque.

    Entretanto, ainda que desenvolvendo atividade de governadoria não podemos deixar de citar a atuação de Antonio de Ataíde de Albuquerque, neto de Brites, na guerra holandesa – ele já filho de Jerônimo de Ataíde de Albuquerque (Cabral de Mello, Evaldo - Olinda Restaurada, pg. 402).

    O jovem Antonio de Athaíde de Albuquerque participara em 1635 da defesa da vila de Serinhaém, quando foi ferido. Sua mãe, viúva de Jerônimo de Ataíde, D.Catarina Camela, dona do engenho “D. Catarina” em Serinhaém foi então obrigada a retirar-se (Cabral de Mello – O Bagaço de Cana, pg. 125).  Segundo Barata (DFB, pg. 294) voltado à terra natal somente por ocasião na luta pela Restauração. Antonio teria então se portado como um verdadeiro herói - participado de quatro batalhas navais (!) e dos dois enfrentamentos em Guararapes. Foi recompensado pelo governo português com o cargo de juiz de órfãos de Serinhaém em 28/5/1656.  Citado em Barata, Dicionário das Famílias Brasileiras.

    5 - Ramo que se desenvolve finalmente pela filha Catarina Cavalcanti de Albuquerque do florentino casada com Cristovão de Holanda Vasconcellos, filho mais velho da família de Arnau de Holanda -  sub-ramos Holanda Cavalcanti de Albuquerque atuaram decididos na guerra conta os holandeses e depois na Fronda contra os Mascates, já desdobrados no sec. XIX nos:                      

                        - Holanda Cavalcanti de Albuquerque do engenho Petribú, e que adiante adotam mesmo o nome nativista, Petribú (do tupi Potyraybu – rio de águas claras)

                          - os Holanda Cavalcanti em Porto Calvo, Alagoas, do engenho Marrecas (ramo que ainda dará origem por sua vez ao ramo Buarque de Holanda).

                           - Holanda Cavalcanti de Chã-Preta - estabelecidos na região palmarina de Chã Preta, em Alagoas.

                           - Holanda Cavalcanti de Albuquerque Tabajara -  que tiram o nome Holanda e acrescentam o nome índio Tabajaras no RS (nome da tribo indígena da matriarca Muíra) 

                            - ainda o ramo Holanda Cavalcanti de Albuquerque de Goiás que, proveniente do Petribú, mantém apenas o nome Cavalcanti de Albuquerque neste estado de Goiás.

        

          Os ramos descendentes Holanda Cavalcanti ainda estudados mais detidamente na Parte III.

 

 Parte II

   

. Famílias aliadas e casadas com os Cavalcanti de Albuquerque no período Colonial em função da luta de resistência, posteriormente nativista e independentista – A atuação política da família Cavalcanti de Albuquerque no Império. 

     

   Lembramos, naturalmente, que não só a família “Cavalcanti de Albuquerque” havia manifestado posturas defensivas e nativistas no Nordeste brasileiro.         

   Também famílias colaterais são sempre referidas na história brasileira -  em especial os descendentes dos primeiros Albuquerque, prepostos dos donos da terra Duarte Coelho, filhos tidos por Jerônimo com a índia Muíra, proprietários da terra e lutadores contra a invasão francesa e holandesa.

    Os Albuquerque Maranhão colaterais dos Cavalcanti de Albuquerque eram  descendentes do próprio Jerônimo de Albuquerque e da índia Muíra pelo primeiro filho deste casal Jerônimo de Albuquerque Maranhão, considerados base e centro mesmo da “nobreza da terra”. Continuadamente, os deste apelido demonstrarão condutas nativistas e políticas decididas na História brasileira.  

   Jerônimo falara tupi na infância e se tornara um aguerrido “mameluco” no trato militar com os indígenas que liderava contra os invasores franceses, Demontrou continuamente suas profundas ligações de sangue com esses “da terra” ,  chegando mesmo a assinar o sobrenome Albuquerque Maranhão após a batalha de Guaxenduba - símbolo da conquista territorial de seu clã frente aos franceses no começo no sec. XVII. Com seu filho Matias, tomara como seu o próprio nome o da região conquistada – Maranhão, nome do tupi "Mar'Anhan", que significaria "mar que corre”.

    Sua descendência direta estará logo depois profundamente empenhada na luta contra os holandeses, inicialmente por seu neto Pedro de Albuquerque Maranhão. Esta lutadora família Albuquerque Maranhão sofrerá especialmente as vicissitudes das invasões holandesas sobre seus engenhos – o  engenho Cunhaú no Rio Grande do Norte invadido, e os habitantes locais e religiosos martirizados no célebre episódio do “Massacre do Cunhaú” ocorrido em 16/7/1645, em que agentes holandeses utilizaram índios tapuias.

      Os Albuquerque Maranhão pouco mais tarde, estarão apoiando seus parentes Cavalcanti de Albuquerque até mesmo na guerra dos Mascates.  Os Albuquerque Maranhão darão apoio a essa “fronda” contra os mascates e autoridade portuguesas e ainda posteriormente à luta independentista e republicana. 

   Sobretudo, vários membros da família Albuquerque Maranhão foram martirizados em 1817 por ocasião da revolução Pernambucana, seus nomes sempre citados nas listas dos mártires por nossos genealogistas e historiadores (8).

 

    Igualmente temos a participação de inúmeras  outras famílias em nossa formação e defesa inicial - Álvares de Carvalho, Bezerra, Eça, Falcão, Almeida Pimentel, Barros Rego, Uchoa, Lins e muitas outras – especialmente dedicadas nas lutas da resistência contra os holandeses - famílias que se tornam notáveis também nas lutas posteriores nativistas ao estreitar laços matrimoniais na família “Cavalcanti de Albuquerque”. Estes laços de congraçamento tornaram estas famílias nordestinas até mesmo heróicas em seus esforços por ocasião da célebre “fronda” – a revolta da nobreza contra as autoridades portuguesas e mascates  como já notamos na Parte I (9).

  Os descendentes do revoltoso Amador de Araujo, líder decisivo na deflagração da luta contra os holandeses pela Restauração em Ipojuca – posteriormente foram  fiéis aliados, várias vezes casados na família Cavalcanti de Albuquerque com os descendentes de Isabel - a exemplo também  dos Bezerra Monteiro que muito auxiliram a manter as tradições rebeldes de seus aliados Cavalcanti (10).  

     Não podemos esquecer os descendentes da família Lins, produtores de açúcar provenientes da atual região da Bavária aqui chegados  antes mesmo da invasão holandesa - família que se tornará notória por seus esforços de defesa e por um episódio familiar conspirativo - a senhora D. Jerônima de Almeida Lins por ter incentivado seus filhos à luta contra os holandeses chegou a ser presa por conspiração com seu marido Rodrigo de Barros Pimentel e condenada à degola pelo governador holandês Maurício de Nassau (1638) – favorecida, entretanto, pela mediação de senhoras de prestígio luso-pernambucanas a custo de muitas caixas de açúcar e, em tempo, perdoada (11).

    Esta linha dos Lins de Vasconcellos que se desenvolveu a partir de Cristovão Lins casado com Adriana de Holanda, linha estabelecida em Alagoas, no sec. XIX, no engenho Sinimbu (camaleão em tupi), defendeu posturas independentistas e mesmo francamente republicanas, tomando o nome indígena “Senimbu” – nome “adotado na fase do nacionalismo dos tempos da independência” segundo Antenor Nascente II, 283 (12)   

     Uma nova figura feminina destes Lins, Ana Maria José Lins (1764-1839), nesta geração, quarta neta do casal original Cristovão Lins e Adriana de Holanda (13) - filha de João Lins de Vasconcellos do Engenho do Meio e sua mulher, Inês de Almeida Pimentel (lembramos a acima já referida desta família Jerônima de Almeida Lins) - acompanhada por seu marido o capitão-mor de Porto Calvo, Manoel Vieira Dantas, esteve envolvida pessoalmente a partir do engenho “Senimbu” por proselitismo político nos dois movimentos independentistas e republicanos de 1817 e 1824, em Alagoas - repressão que o casal por fim enfrentará até mesmo em conflito armado, presos, escapando da pena de morte por fuga da prisão e posteriormente por anistia.  O filho do casal com cerca de quatorze anos teria acompanhado a mãe na prisão e já nesta ocasião levava o nome nativista adotado pela família, João Vieira Cansanção do Sinimbu (14) Pelo casamento da  filha do casal rebelde, Ana Luiza (Lins) Vieira de Sinimbú com Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão – este da linhagem de Isabel e dos Albuquerque Maranhão – são ainda mais reforçadas as características nativistas destas várias vertentes familiares, Lins Cavalcanti ou Araujo Lins Cavalcanti (15) (16).          

    Ressaltamos que descendentes de Filipa Cavalcanti de Albuquerque – uma das filhas do florentino com a mameluca Catarina, que já citamos casada com Antonio Holanda de Vasconcellos, senhora que tivera que retirar-se abandonando em penosas condições seu engenho em direção à Bahia - na 4ª geração por Tereza Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque estiveram ligados à importante família portuguesa nobre dos Pires de Carvalho. Os Pires de Carvalho já também com nítida origem nativista pela celebre índia “Paraguassu” nas gerações seguintes atuam por Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque que participa decidido, com seus irmãos, do próprio processo militar da Independência em 1822. Lutando pela independência, mas fiel a Coroa, Antonio Joaquim por este motivo foi logo enobrecido pelo Imprério, tornado Barão, depois Visconde da Torre de Garcia d´Ávila - nome do tradicional solar-castelo de sua família (17).    

   

    Genealogistas tradicionais referem-se longamente aos vários  Cavalcanti e Albuquerque que foram nobilitados no Império.

    Alzira Bittencourt em “Genealogia de Albuquerques e Cavacantis”, Capítulo “Alguns títulos Nobiliárquicos conferidos a Albuquerques e Cavalcantis”, pag. 307, refere-se a estes Cavalcanti e Albuquerque nobilitados no Império, apresentando resumidas biografias de  inúmeros deles. Esse assunto ligado à nobiliarquia foge ao interesse central do nosso trabalho, que prefere percorrer uma trajetória nativista, independentista, especialmente republicana, socialmente encajada – ainda que valorizando aspectos formadores e administrativos do período Colonial e Imperial (18).

     Devemos ressaltar, entretanto, que o ramo mais enobrecido da família Cavalcanti de Albuquerque no período Imperial - o mais reconhecido pelo grande poder político que exerceu - é a que saí do ramo francamente nativista, conspirador e independentista do engenho “Suassuna’, em Ipojuca - ramo dos “Cavalcanti de Albuquerque” descendentes de Antonio, filho do florentino, por sua filha Isabel casada na família Bezerra Monteiro - linha não só extremamente atuante na resistência aos holandeses, pelo neto Antonio Cavalcanti, o “da Guerra” (1645) morto em emboscada, mas  sobretudo penalizado na atuação do clã descendente Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates (19).

   Este ramo aguerrido Suassuna, descendente de Isabel e de Antonio da Guerra, lidera Conspiração Independentista e mesmo Republicana que levou o nome do engenho da família em 1801 - o patriarca do clã Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque (1740-1824) e seus filhos lideres,lideres da conspiração e posteriormente,  também muito atuantes na revolução Pernambucana de 1817, quando foram penalisados com anos de prisão, um neto do patriarca mesmo martirizado (20).  

    Linha que acalmados os ânimos acabará por fornecer ao Império grandes colaboradores na administração do Brasil já independente - quatro jovens irmãos Cavalcanti de Albuquerque, filhos do combativo general da Revolução, Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, apelidado “coronel Suassuna” - todos muito ilustrados e cultos, formados no exterior, administradores hábeis, prestigiados com altos cargos e muito nobilitados – especialmente o Visconde de Albuquerque que manterá reconhecida e notável postura altiva frente ao próprio Imperador (21). 

    Após a Independência membros da família Cavalcanti de Albuquerque receberão do novo Império, para acalmar suas tendências nativistas e independentistas, outros títulos de nobreza – certamente não só para a garantia da fidelidade desta importante e “sdegnosa” família ao regime, mas especialmente viabilizar a administração do Imperio já independente de Portugal – Império, porém, ainda centralizador e monárquico, ainda escravocrata.

  

Parte III -  

  

   Atuação política preferentemente republicana e independentista,  até  mesmo socialmente avançada de ramos “Cavalcanti de Albuquerque” e famílias derivadas a partir do sec. XVIII, XIX, até o século XX. 

  

    Observamos também em nossos estudos que ramos de Cavalcanti de Albuquerque, mesmo os que não haviam sido enobrecidos no Império, haviam se mantido muito ilustrados, mais ou menos prósperos, com características “sdegnosas”, ainda motivações ligadas às suas origens “na terra”, espírito dado a “solturas” e, até mesmo, atavicamente republicano - características ainda provenientes do patriarca florentino.

   Estes ramos haviam se desdobrado nos século XVIII e XIX por várias regiões do país mantendo o sobrenome “Cavalcanti de Albuquerque”, substituído por vezes por sobrenomes de origem indígena - deixando assim patente a origem nativista da família e  orgulhosamente homenageando a matriarca da do sec. XVI - a índia da tribo tabajara Muira–Ubi (Arco–Verde Florido, em tupi).  

        Repetimos que no começo no século XVII e XVIII a união por casamento dos Cavalcanti de Albuquerque com algumas famílias de comportamento também decidido na guerra holandesa e no enfrentamento dos Mascates fortificara politicamente sua atuação nativista precursora - atuação muito bem exemplificada pelos descendentes do ramo Bezerra Cavalcanti (22).

     Durante o século XVIII e XIX, ramos descendentes de Cavalcanti de Albuquerque ainda em nítida postura política independentista haviam voltado mesmo a adotar orgulhosamente sobrenomes em tupi – “Arcoverde” (em tupi Yaparo´bi); “Suassuna” (em tupi, sua´su – veado e una – negro), “Sinimbú” (Iguana-verde – camaleão, réptil verde) “Tabajara” (tupi antigo- taba, "aldeia" e îara, "senhor", portanto, "senhor da aldeia") “Petribú” (Potyraybu, em tupi - águas claras), ou simplesmente mantêm o tradicional “Cavalcanti de Albuquerque”, recusando até mesmo titulação ou fidalguia.         

   Senhores de engenho no Nordeste espraiaram-se já em outras atividades por várias regiões brasileiras, mais freqüentemente dedicadas às lides intelectuais e jurídicas a que foram sempre muito afeitos - a exemplo dos antepassados florentinos, homens de letras e juristas. Mantêm estes ramos Cavalcanti de Albuquerque, sugestivamente, as antigas tradições familiares atávicas dos Cavalcanti toscanos – características nitidamente dadas “à  solturas” (como a elas se referiam os portugueses), independentistas e mesmo republicanas, sempre políticamente muito atuantes.

   

    Assim sendo,  detalhamos nesta parte do trabalho os principais ramos da família Cavalcanti de Albuquerque em seus desdobramentos e cruzamentos com outras famílias já indicadas nas partes I e II,famílias  que acoplaram aos seus nomes o sobrenome preferencial Cavalcanti - ressaltando alguns episódios e situações sugestivas e características deste comportamento padrão – nativista, independentista, republicano e até mesmo com laivos abolicionistas e socialmente avançados.   

    Claramente identificamos a partir de meados do sec. XVII os ramos assim derivados:

          - os Uchoa Cavalcanti

    Desdobram-se pelo filho Antonio do Florentino, sua neta Isabel, o bisneto Antonio “da Guerra” e o 4º filho deste, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, casado com Mariana Uchoa. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque é um dos líderes do primeiro movimento reconhecidamente nativista, casado com a filha do mestre de campo contra os holandeses Gaspar Uchoa. Com o fim da guerra holandesa e o agravamento da situação econômica da “nobreza da terra”, no ano de 1666 em Pernambuco, Lourenço Cavalcanti, quarto filho de Antonio da Guerra dará continuidade à atividade política nativista de seu pai participando da chamada “Conspiração do Nosso Pai” para a destituição do governador português à época - tido pelos pernambucanos como atrabiliário, Jerônimo Mendonça Furtado. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque agiu de forma decidida com a colaboração, entre outros, de André de Barros Rego e membros da Câmara de Olinda (23).  

     A chamada “Conjuração do Nosso Pai” em agosto de 1666 destituiu violentamente o governador tido como autoridade sem caráter, que “executava dívidas, seqüestrava bens em especial dos engenhos e partidos de cana, prendia e soltava, tudo em troca de dinheiro...”. O governador foi detido à mão armada por Lourenço Cavalcanti e André de Barros Rego ao sair de uma Igreja e, em seguida, enviado para uma enxovia na fortaleza do Brum, no Recife.  

   Porém, em hábil manobra da Coroa o governador foi logo substituído pelo prestigiado herói militar  André Vidal de Negreiros, paraibano que já havia articulado os interesses portugueses com os das forças “da terra” na luta contra os holandeses, tendo exercido depois o cargo de governador por um período - personalidade capaz de apaziguar temporariamente os ânimos em Pernambuco.   

    A “Conjuração do Nosso Pai” é considerada pela nossa historiografia como um dos primeiros movimentos nativistas do Brasil Colonial.      

     Ainda seu filho, Lourenço Cavalcanti Uchoa, continuará a ação nativista do pai, agora auxiliado por um novo membro da família Barros Rego, o jovem João. Em 1691 seguindo a tradição do pai e do avô Antonio “da Guerra”, Lourenço Uchoa se oporá agora ao governador português Marques de Montebelo – os jovens depois seriamente ameaçados de deportação para julgamento em Portugal. Salvos pela intermediação de figuras de prestígio na capitania (24).    

     Esta linha Uchoa Cavalcanti determinada e associada à linha colateral Barbalho, muito atuante na guerra contra os holandeses, conseguirá galgar situação de prestígio no 2º Império por Álvaro Barbalho Uchoa Cavalcanti (c.1816-1889) - magistrado que chega a conselheiro do Imperador. Seu filho João Barbalho Uchoa Cavalcanti (1846 – 1919), também com carreira publica completa de jurista, atinge o cargo de Conselheiro do Império e Senador. Foi dono do Jornal Tribuna pelo qual publicou até mesmo artigos anti-escravocratas. João terminará sua carreira publica depois da Abolição e da Proclamação da República, como Ministro do Supremo Tribunal Federal (25) Ainda hoje o ramo mantêm prestígio no nordeste como jurista e advogados.

  

- Os Bezerra Cavalcanti

   

      Linha também proveniente de Antonio, o filho do Florentino, pela neta Isabel, mãe de Antonio Cavalcanti de Albuquerque “o da Guerra’ e pela filha deste Leonarda, casada com Cosme Bezerra Monteiro. Ramo da família Cavalcanti de Albuquerque que desenvolverá linhagem aguerrida, politizada e mesmo precocemente republicana - os Bezerra Cavalcanti – cultores, além do mais do valor da família Bezerra Felpa na luta holandesa, ainda do notável mestre de Campo Luíz Barbalho Bezerra. Esta família Bezerra desde o início da invasão holandesa associada por casamento aos Cavalcanti de Albuquerque pelo segundo casamento de Isabel - especialmente atuante na Restauração e na notória “fronda” contra as autoridades portuguesas e Mascates, quando este clã dos Bezerra Cavalcanti foi especialmente martirizado (1710) (26).

    Deste ramo aguerrido e brioso descende, hoje, Marcelo Bezerra Cavalcanti - tenaz pesquisador das origens da longeva família Cavalcanti italiana, ele agora estabelecido na Toscana - um Bezerra da linhagem dos Rufino (27). Também a emérita escritora dedicada ao registro da memória familiar, Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque na atual geração, provém do ramo de Vertentes ainda que mantenha apenas o sobrenome Cavalcanti de Albuquerque. 

      Maria Cristina é a grande memorialista da família, conhecedora da história e das motivações familiares, dos conflitos internos dos Cavalcanti de Albuquerque. Especialmente atenta aos dramas ocorridos no ramo Bezerra Cavalcanti, bem como Cavalcanti de Albuquerque “do Agreste” já estabelecido na cidade de Vertentes, na serra de Taguatinga - histórias que ela revive em seus emocionantes romances, entre eles o “O Magnificat - Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti”, de 1990. Ramo como ela relembra proveniente “do engenho Terra Vermelha (vizinho ao Tatuapé das Flores, fundado no começo  do século XVIII) de onde saíram os Bezerra Cavalcanti para as Vertentes da serra da Borborema (Taquaritinga) dando origem ao meu ramo”.

    Maria Cristina lembra, até mesmo, a parenta Franklina, que levou o nome comemorativo da revolução independentista e republicana nos EUA (28).

         

     Os Araujo Cavalcanti de Albuquerque  

 

    Pela linha do filho Antonio e da neta Isabel se agrega também esta família os Araujo - família que como os Bezerra, havia se aliado política e definitivamente aos Cavalcanti de Albuquerque na luta da Restauração. Este ramo Araújo, de prestígio nativista, descende de Amador de Araújo Pereira casado com Maria da Costa de Luna, filha de Alvaro Gonçalves de Luna e Isabel da Costa.Amador de Araujo Pereira figura de lutador que em 1645 levantara a vila de Ipojuca para a Guerra da Restauração contra os holandeses em auxilio ao sue aliado e amigo nativista Antonio Cavalcanti de Albuquerque, chamado o “da Guerra” - o heróico filho de Isabel, bisneto do florentino, líder da Restauração com Fernandes Vieira.        

    A partir dos meados do século XVII especialmente estas três famílias - Araújo, Bezerra Monteiro e Cavalcanti de Albuquerque - várias vezes foram casadas entre si, mantendo as tradições de lutas e cultos familiares que se entrecruzaram com seus sobrenomes. 

    No século XVIII, período da Guerra da Restauração, os Araújo estiveram unidos por laços de casamento com os Cavalcanti de Albuquerque na 5ª geração, pela linha de Isabel - Úrsula Cavalcanti casada com o cap. Bernardino Araújo Pereira, filho do herói  Amador de Araujo Pereira e Maria da Costa Luna.  Também unidos aos Lins e aos Camello Pessôa, por Leonardo Bezerra Cavalcanti (1755) casado com Catarina Alexandrina Lins/Camello Pessoa - descendentes que levam adiante sobrenomes muitas vezes entrecruzados no nordeste brasileiro - Araujo, Lins, Pessôa Camelo e Cavalcanti de Albuquerque – ainda Lins Cavalcanti por Manuel de Araújo Cavalcanti (1686) casado com Brásia Cavalcanti Bezerra -  pelo  filho Francisco Xavier com descendentes muito atuantes também na revolução de 1817 (29).

     Mantiveram os Araújo Cavalcanti pelo tempo, e até hoje, valores e intensa busca por suas raízes de suas tradições - atualmente através Claudete de Araujo Cavalcanti Massard, genealogista do ramo Araújo/Cavalcanti de Albuquerque, e ainda seu brioso irmão Ricardo Araújo Pessoa Cavalcanti e Claudia de Araujo Cavalcanti – moradores no Rio de Janeiro cuja linhagem tentamos complementar.

  

 

     Os Arco – Verde de Pesqueira

 

      No período que inicia o ciclo de revoltas independentistas na America Latina, e também no Brasil, especialmente motivado pelos ideais independentistas e da Revolução Francesa, sabemos que André Cavalcanti de Albuquerque (1753-1829), nascido na região de Pesqueira (PE), casado com sua parenta Ursula Jerônima Cavalcanti- ambos descendentes de Isabel - ele por Antonio da Guerra, ela por Pedro - retomou em 1777 por sua conta o nome nativista “Arcoverde” e foram os bisavós do conhecido Cardeal Arcoverde (1850-1930), primeiro cardeal da América Latina.

    O famoso cardeal Arcoverde descenderia por dois de seus bisavós paternos da neta do florentino, Isabel Cavalcanti de Albuquerque, filha de Antonio e do clã dos Bezerra Cavalcanti.  Este ramo teria uma linha descendente estrita - os chamados Arco-Verde de Pesqueira (30).

 

     Os Alves Bezerra Cavalcanti de Alagoas  

   

    Desdobrando-se do ramo familiar Bezerra Cavalcanti de Albuquerque estabelecido em Vertentes, no Agreste, temos ainda o ramo Alves Bezerra Cavalcanti estabelecido em Alagoas, descendente por João Alves Bezerra Cavalcanti que mesmo nasceu em Vertentes em 1850, mas que se tornando maçon e indisposto com a família acabou por estabelecer-se em Viçosa (Alagoas) onde faleceu tragicamente em conflito político, no ano de 1912. 

   Para refazer o histórico deste ramo entrego a palavra à cronista da família Maria Cristina que no ano de 2014, em correspondência à autora, rememorou a história que se desentronca em Vertentes do seu - ramo que também ainda hoje faz tanta questão de saber onde se encontram às suas raizes, tão fortes as tradições que ainda conduzem:

                              “Minha pentavó Gertrudes Bezerra Cavalcanti teve 5 filhos com Francisco Alves Cavalcanti. Creio que descobri que o “Alves” vem de Pedro Alves Feitosa, grande senhor de Inhamuns que casou com a tia de Gertrudes, Ana de Nazaré Cavalcanti, descendente de dona Isabel de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, minha nona-avó, descendente de Catarina, a Velha e Felipe, o florentino. Gertrudes parece ter vivido nos Inhamuns por morte de sua mãe, Maria. Ver “Memórias de Isabel Cavalcanti”  de minha autoria.

                              Em Vertentes (Serra de Taquaritinga)... Gertrudes gerou um José Mendes Bezerra Cavalcanti que teve outro filho com o mesmo nome e que casou com a prima distante Ana Leopoldina. Da união nasceu João Alves Bezerra Cavalcanti, que brigou com a família, se mudou para Alagoas onde foi político, maçom e morreu assassinado. Isto é o que consta de minha árvore genealógica. Descendo da filha mais nova de Gertrudes de nome Maurícia.

                              Antonio de Pádua Cavalcante, destacado médico e político de Alagoas descobriu que o tal João Alves, bisavô dele era o mesmo tio-bisavô meu. Tudo comprovado. O velho e agitado político nascido em Vertentes sempre foi conhecido pelo apelido de Janjão. E escreveu um livro excelente sobre religiões.                               Pádua se diz também descendente do Cardeal Arcoverde segundo tradição oral da família” (31).

    

 

     Os Suassuna do Agreste (ramo não enobrecido)

  

   No século XVIII os descendentes “Cavalcanti de Albuquerque” do engenho Suassuna que também haviam participado dos momentos agudos da conspiração Suassuna de 1801 e da revolução de 1817, mas não haviam sido enobrecidos (os enobrecidos ver acima no Império parte II), adotaram igualmente este sobrenome do engenho, passando também a assinar-se deste modo. Em especial a parente de Felipa C. de A, matriarca dos Suassuna, D. Mariana Felícia Correia de Albuquerque, casada com Raimundo Francisco de Salles teria cobrado de seu marido registrar seu filho Alexandrino Felício também com o sobrenome Suassuna para celebrar o riacho da região, lugar de antigo conflito armado enfrentado pelos seus parentes - segundo a tradição oral familiar (tradição oral apresentada em lista familiar anexa).   

   Este ramo da família Cavalcanti de Albuquerque depois estabelecido no Alto sertão pernambucano, em Catolé do Rocha, tornou–se muito numeroso no século XX - seus membros conscientes e críticos da própria origem familiar preponderante dos Cavalcanti de Albuquerque já identificados com os sofridos escravos e com os sofrimentos, penúrias e a miséria da região - sobretudo aquele notável cultor de uma nova “aristocracia brasileira” - o celebrado teatrólogo da tradição interiorana rebelde de Canudos - Ariano Suassuna.

    Ariano até mesmo repudiava sua família tradicional e ampla, afirmando em palavras sinceras no trabalho genealógico de seu primo Raimundo só reconhecer os mais chegados a ele: “Honrado por redescobrir em suas palavras como eu sou profundamente SUASSUNA - um filho de meu Pai e sobrinho dela [da tia Adália], os três ligados pelo sangue e pelo interesse comum que sempre nos uniu em torno do sagrado Arraial de Canudos” (Ariano Suassuna - na Introdução ao livro genealógico de seu irmão Raimundo) (32), fazendo a crítica de seu momento republicano Ariano Suassuna alega assim não aceitar sua linha familiar tradicional, só reconhecendo sua família restrita – os únicos que percebe como sua família.

     Entretanto, tentamos ainda que tardiamente para ele em termos pessoais, retomar também para seu ramo os elos desta parte da antiga família enobrecida, que tantos esforços fizera pela Independência brasileira – esforços que tentamos demonstrar por nossos inúmeros trabalhos sobre as gerações Suassuna anteriores e posteriores ao movimento revolucionário de 1817 (33).

     

    Os Holanda Cavalcanti de Albuquerque

 

     Linha que se desenvolve pela filha do florentino, Catarina, casada com Cristovão de Holanda Vasconcellos, o filho primogênito de Arnau de Holanda - oriundo de família de origem germano-flamenca, aqui chegada no tempo de D. Duarte Coelho, também formadora da Colônia. Ramo em que curiosamente predominou o sentimento ligado aos “da terra” bem como de resistência contra o invasor holandês, pois participou não só da luta de resistência e Restauração, mas da fronda contra autoridades portuguesas e Mascates.     

   Este o caso do segundo filho deste casal original, Cristovão de Holanda de Albuquerque que empenhou todos os seus recursos na guerra de resistência contra os holandeses, ainda do neto João Cavalcanti, chamado o Bom, que teria participado como soldado e alferes das batalhas das Tabocas e Guararapes - ferido duas vezes (34).

    O bisneto Cristovão de Holanda Cavalcanti, senhor do engenho da “Torre’, na Várzea do Capiberibe e depois do “Morenos’, Sargento-mor das ordenanças de Olinda e Igarassú, vereador de Olinda em 1682 e 1696 e que participará ainda mais adiante, com grande prestígio, na Fronda contra os Mascates, tendo sido preso (35). Este Cristovão não foi embarcado para Lisboa, pois consegue comprar sua liberdade com caixas de açúcar. Acusado pela segunda devassa, refugia-se em esconderijo construído em sua casa-grande e embrenha-se nos matos do Trucunhaém, não sendo encontrado até o perdão geral da Coroa em 1714. Com numerosa prole do primeiro e segundo casamentos, vários de seus filhos teriam participado também desta guerra contra os Mascates, bem como seus meio-irmãos.  

    Um desses meio-irmãos de Cristovão, João Cavalcanti de Albuquerque, Vereador em Olinda em 1707, teria sido até mesmo encarregado da destruição do próprio pelourinho, símbolo da rebelião. Teria mobilizado tropas em apoio ao novo governador-bispo estabelecido e ajudado a fundar adiante, com Leão Falcão d´Eça - o célebre líder e herói - a Liga nativista de Trucunhaém (36). Entretanto, não teria mais participado da ultima fase já francamente rebeldes ás autoridades portuguesas. (37) (38).

        Destes Holanda Cavalcanti, linhagem que se identifica inteiramente com a linhagem materna - Catarina Cavalcanti de Albuquerque, filha do florentino - desdobraram-se no sec. XIX ramos que usam orgulhosamente nomes nativistas, a exemplo do nome de seu engenho Petribú, em Pernambuco, e Tabajara no Rio Grande do Sul.  Assim sendo e a partir de meados do século XIX temos:

         O ramo que se denomina propriamente “Petribú”, em Pernambuco; o ramo de Alagoas do engenho “Marrecas”, o ramo Buarque de Holanda; o ramo Cavalcanti da Albuquerque Tabajara, estabelecido no sec. XIX no Rio Grande do Sul; e o ramo Cavalcanti de Albuquerque de Goiás, por um outro irmão nesta mesma geração no sec. XIX - Manoel Cavalcanti de Albuquerque. Este ramo no interior do Estado de Goiás mantém até hoje a consciência e o espírito original de sua ascendência Holanda Cavalcanti de Albuquerque dos engenhos pernambucanos “Apoá’ e “Petribú”, como adiante observaremos. A linhagem destes Cavalcanti de Albuquerque em Goiás, agora também levantada.

  

       Recentemente tivemos ainda conhecimento, em Alagoas, no século XIX, do ramo na região de Chã-Preta - ramo de Holanda Cavalcanti em região palmerina, ainda consciente de sua origem nativista e cujos elos com os Holandas tradicionais tentamos identificar. Chã-Preta região no passado palmarina, lembramos de grandes tradições folclóricas e típicas no Estado.

   Este ramo de Holandas e Cavalcanti, originário da “Fazenda Samburá”, esteve unido nesta região tradicionalista com a família Tenório Cavalcanti e Tenório Florentino - que, para se diferenciarem possivelmente ainda procuravam recuperar e homenagear a figura do tradicional patriarca originário de Florença (39).  

      

             Com mais detalhes os Holanda Cavalcanti se desdobram, portanto, no século XIX nos ramos:                    

                       A) ramo Buarque de Holanda em Alagoas por Antonio de Holanda Cavalcanti e Maria Manoela de Mello, na 7ª geração desta linhagem do Petribú que se desloca para construir o engenho Marrecas para Alagoas. A jovem filha do casal, Rita, irá casar com o cel. Suassuna, da linhagem de Antonio da Guerra, unindo pela segunda vez as duas vertentes familiares, a feminina de Catarina e a varonil do patriarca Antonio. E, de e sua prima Maria Madalena Holanda Cavalcanti, casada com Manuel Buarque de Gusmão Macedo Lima, que viveram neste engenho Marrecas, vai se desdobrar o notório ramo progressista nos tempos atuais, os Buarque de Holanda (40).

  

A)    os Holanda Petribú

 

    Ramo Holanda Cavalcanti de Albuquerque pelo 5º filho do cel. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque e Ana Maria José de Mello, João Cavalcanti de Albuquerque, e por seu neto o cel. João Cavalcanti de Albuquerque Petribú, que posteriormente centralizou a posse do engenho Petribú da família. Este neto adotou oficialmente o sobrenome “Petribú”, passando a se chamar João Cavalcanti de Petribú - com noticias a esse respeito a partir de 1871 - a exemplo do tio José que passara a se chamar Tabajara, cerca de 1867 (41).   

   Temos notícia também que este ramo Petribú ainda hoje é proprietário do antigo engenho da família Holanda Cavalcanti, tradicionais produtores de açúcar em Pernambuco - engenho por quase três séculos em 1909 tornado Usina do mesmo nome, e que constitui hoje uma sociedade anônima administrada pela família. Muito bem sucedidos no empreendimento, por “site” na mídia eletrônica a família hoje explicita consciência e orgulho de sua linha genealógica. Deste engenho em Paudalho se desentroncam, portanto, ramos nativistas e mesmo um deles, abolicionista:

 

B)    os Holanda Tabajara  

   

   Temos notícia recente, pelo recém falecido parente Sergio Tabajara, que o ramo de sobrenome Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, mantém até hoje numerosa descendência e linha varonil proveniente dos Holanda Cavalcanti do engenho Petribú no Rio Grande do Sul. Este ramo é ainda cultor das tradições familiares através seu bisavô, José de Holanda Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, 9º filho do Coronel Lourenço Cavalcanti de Albuquerque e Ana Maria José de Mello, que formado em Direito deixa o engenho Petribú e se estabelece neste estado como Juíz, aí falecendo em 1878.

     José de Holanda Cavalcanti de Albuquerque Tabajara ao estabelecer-se no RS retirou o sobrenome “Holanda" e adotou o simples Cavalcanti de Albuquerque seguido do sobrenome novo e adotado, o Tabajara - hoje com linhagem muito numerosa no Rio Grande do Sul, cuja linhagem tivemos o prazer de ajudar a complementar, e com os quais ainda mantemos contato (42).

 

           - C) os Holanda Cavalcanti de Albuquerque de Goiás

     

   Outro irmão deste citado acima José, na mesma 9ª geração, saído do engenho Petribú em Pernambuco, tem história também curiosa e precursora, localizado por nós em Goiás.

    Manoel Cavalcanti de Albuquerque, outro filho do coronel Lourenço Cavalcanti de Albuquerque do engenho Petribú, também se formou em Direito na antiga Academia de Ciências Jurídicas de Olinda em 1849. Em história curiosa, aos 40 anos deixou a região da família Holanda Cavalcanti levando provavelmente a herança paterna negociada com seu irmão primogênito Cristovão - parte do engenho Novo e escravos - ainda sua noiva, jovem formada em Farmácia, em viagem de navio em direção ao Rio de Janeiro. Nesta cidade os noivos se casaram e darão liberdade aos escravos que conduziam. Estes já como assalariados acompanharam o casal para o Estado de Goiás onde montaram um engenho com trabalho livre. Manoel fora nomeado pelo imperador D. Pedro II para o cargo de Juiz de Direito da cidade de Catalão, Sul daquele estado, onde exerceu ainda orientação na vida política da região. Sua esposa, farmacêutica, encarregada dos partos e cuidados médicos na região ainda bem primitiva.

     Uma de suas filhas, Inês Cavalcanti, casou-se com Evaristo Martins Tristão, formando uma grande família consciente das suas tradições na cidade de Goiandira, próxima de Catalão. Descendência hoje de inúmeros Juízes e juristas, inclusive o procurador e escritor Vivaldo Jorge de Araújo que nos contatou (43).

  

  Outro ramo derivado que não pode ser esquecido é o dos

        Coutinho Cavalcanti

 

    ramo revolucionário atuante em 1817, ainda socialmente muito engajado no século XX.  

     Ao final da realização deste trabalho identificamos o ramo Coutinho Cavalcanti, ramo muito interessante que saindo de Pernambuco localizou-se em Minas Gerais Jana passagem do século XIX para o XX, ramo que agora conseguimos entroncar aos antigos Cavalcanti de Albuquerque.   

   O ramo Coutinho Cavalcanti socialmente muito engajado no século XX foi por nós agora entroncado, pois encontramos fonte genealógica na mídia que cita como seus ascendentes Antonio Peregrino Cavalcanti de Albuquerque (n.1831) e Maria Luiza Wanderley Cavalcanti (n.1823) casados em 1848 no engenho Serinhaém.

   

    Este ramo de atividade política radical no século XX foi recentemente identificado por nós, mas já aparecia ressaltado na obra memorialista de Pedro Nava – “O círio Perfeito”, Atelier Editorial, p.108).

    O ramo Coutinho Cavalcanti desenvolveu-se por José Peregrino Albuquerque Cavalcanti e Maria Augusta Nunes Coutinho Cavalcanti, originário do Recife, estabelecido em Minas Gerais (Belo Horizonte) no começo do século XX, inicialmente na cidade de Lafaiete e depois em Belo Horizonte. E na região de Rio Preto mantido núcleo intelectual de marxistas avançados para a época.

      Lembramos em especial que dos membros do lado Coutinho, Amaro Gomes Coutinho fora líder e herói revolucionário de 1817 na Paraíba, depois severamente punido - esquartejado, seus membros amputados, distribuídos e expostos em João Pessoa.

Ficha enciclopédica de Amaro Gomes Coutinho (Paraíba, c.1774 — Recife21 de agosto de 1817), foi um revolucionário brasileiro.

 “Era coronel do regimento miliciano de brancos. Era rico proprietário de terras, filho do coronel Amaro Gomes da Silva Coutinho e cunhado do também revolucionário e futuro senador do Império Estevão José Carneiro da Cunha. Foi o principal chefe da Revolução Pernambucana (1817) na Paraíba. Iniciou o levante em Itabaiana e logo ganhou a capital, a 16 de março. Derrotado o movimento pelas tropas governistas, e após a rendição, foi detido e enforcado no Recife em 21 de agosto de 1817, juntamente com seus companheiros Francisco José da SilveiraJosé Peregrino Xavier de Carvalho. Posteriormente foram esquartejados, e os membros amputados foram distribuídos e expostos em pontos estratégicos em João Pessoa, onde ficaram expostos”.

 

  Deste ramo Cavalcanti Coutinho no começo do século XX descendia o filho de José Peregrino e Maria Augusta o dedicado médico e político, deputado comunista do PCB, Joaquim Nunes Cavalcanti e também seu primo, nosso antigo conhecido dr. Alcedo Coutinho, também membro deste partido. A eles ligado na mesma atividade política o escritor da família Paulo Cavalcanti, igualmente membro do Partido, autor de vasta bibliografia em que rememora a trajetória do líder da Marcha da Coluna e depois comunista histórico Luíz Carlos Pestes (“Nos tempos de Prestes” - 1981/1982).   Joaquim Nunes Cavalcanti e outros parentes, certamente tios e primos, teriam feito parte já no século XX deste grupo de marxistas em Rio Preto. Joaquim clinicou na zona de Rio Preto e Alta Araraquarema e é também citado por seu amigo Arthur de Siqueira no livro “Reminiscências de uma Vida”.

      O pai de Joaquim, José Peregrino Albuquerque Cavalcanti, e sua mãe Maria Augusta Nunes Coutinho Cavalcanti haviam mudado com o filho para Minas com por volta de 1916-17. Em sua casa chegaram a acolher o também médico e escritor Pedro Nava em período difícil de sua vida.  Nava refere Joaquim de maneira muito elogiosa, como médico muito dedicado, político inovador em várias passagens de sua obra – Nava cita às tradições florentinas dos Cavalcanti e afirma que Joaquim estaria ligado por laços familiares aos Melo, Albuquerque, Wanderlay. O prof. de literatura Moacir Amando Xavier lembra que o escritor Menoti Del Picchia comparava-o a um São Francisco de Assis do nosso tempo. “E o Cavalcanti realmente era um santo.”

    Termina o prof. Armando: “Esse médico tão devotado, nascido em Pernambuco foi Deputado Federal por São Paulo e a ele muito deve uma das jóias do direito agrário brasileiro: a idéia do “módulo rural” - equivalência melhorada da “fração mínima de exploração” da legislação francesa ou italiana”. Sabemos foi Prefeito de Rio Preto durante 17 dias, de 1° a 17/4/1935  (44).

    O ramo Coutinho Cavalcanti socialmente muito engajado é por nós agora por fim entroncado, pois encontramos em fonte genealógica dos Uchoa Cavalcanti na mídia, como provável ascendente de Joaquim, Antônia Peregrina Uchoa Cavalcanti (uma tia de Joaquim), filha de Antonio Peregrino Cavalcanti de Albuquerque (n.1831) e Maria Luiza Wanderley Cavalcanti (n.1823) (avós paternos de Joaquim), casados em 1848 no engenho Serinhaém. Consultar também a linha Uchoa Cavalcanti acima.

   Antônia teve 5 irmãos incluindo José Peregrino Cavalcanti de Albuquerque, o pai de Joaquim, ainda  Ana Olímpia Peregrino Cavalcanti e mais 3 irmãos (?). Antônia casada com Eustáquio Cavalcanti Lins Walcácer e uma filha: Rita Walcácer.

       Por estas informações acreditamos termos entroncado o lado ascendente dos Coutinho - do mestre de Campo Amaro Gomes da Cunha Coutinho de família portuguesa e de seu filho o herói Amaro Coutinho, que sabemos foram proprietários do engenho Bonito em Nazaré da Mata em Pernambuco no sec. XVIII, descendência unida aos Cavalcanti de Albuquerque no sec. XIX-XX. Ver mais informações em nota (45). 

  

   - os Cavalcanti de Albuquerque oriundo de Campina Grande - Paraíba

   

    Há um ramo Cavalcanti de Albuquerque estabelecido no Rio de Janeiro oriundo de engenho na Paraíba, Campina Grande, com descendente ainda cultor das tradições dos Cavalcanti de Albuquerque.

   Este ramo tudo indica descendeu de Alexandrino Cavalcanti de Albuquerque, dono de engenho com numerosos escravos em Campina Grande, Paraíba, no sec. XIX por um seu descendente João Alfredo Cavalcanti de Albuquerque que comprovadamente  migrou de Campina Grande para o Rio de Janeiro  já no fim do sec.XIX.

 

   João Alfredo Cavalcanti de Albuquerque, possivelmente filho mais velho de outro João Alfredo do mesmo nome, referido pela fonte Geni e estimado entre 1851-1911, casado com Carolina Xavier Cavalcanti de Albuquerque – que temos como descendente, tudo indica, deste Alexandrino Cavalcanti de Albuquerque senhor de engenho de Campina Grande, Paraíba.        

                  

   Sabemos que o jovem João Alfredo Cavalcanti de Albuquerque no fim do sec. XIX, “sdegnoso”, deixara sua região incompatibilizado com os seus por causa de maus tratos sofridos pelos empregados no canavial de propriedade paterna, época certamente já das campanhas de Abolição e República.

    João Alfredo Cavalcanti de Albuquerque, homem culto e requintado, alto funcionário do Ministério da Educação, muito bem relacionado, teve treze filhos e faleceu em 1946. Seu neto nesta atual geração, Benedicto Cavalcanti de Lacerda, que viveu na Europa muitos anos, agora tenta refazer a linha genealógica de seu ramo - ele ainda muito consciente das tradições familiares.  

(46).   

 

   Finalmente devemos nos alongar sobre o tronco central – primogênito e varonil - dos Cavalcanti de Albuquerque que abriram mão de sua fidalguia e por fim se estabeleceram no começo do século XIX em Alagoas.

 

    - os Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande (AL)    

  

     Este tronco central Cavalcanti de Albuquerque descende da linha varonil de Antonio, o segundo filho que sobreviveu e foi o herdeiro do florentino e da mameluca Catarina. Esta linha central manteve predominância varonil em uniões com outras famílias nordestinas ilustres, sem perder sua identidade própria e peculiar – por fim estabelecida discretamente em Alagoas no século XVIII, começo do XIX, especificamente no modesto engenho Castanha Grande, próximo da cidade São Luiz do Quitunde -  cidade urbanizada pela família que mesmo caprichosamente  a planejou em fase de bonança e muita produção de açúcar.       

   O desenvolvimento deste tronco central - e neste caso não podemos dizer ramo -  se deu pelo filho herdeiro do florentino e da mameluca Catarina – diretamente do filho herdeiro principal Antonio, pelo neto Felipe Cavalcanti de Albuquerque casado com Maria de Lacerda, fidalgo da Casa Real. Este tronco Cavalcanti de Albuquerque foi muito resistente à invasão holandesa – ainda que o ramo colateral, pela filha Isabel, tivesse já se manifestado realmente  mais aguerrido, e o primeiro nativista. O ramo varonil descendente de Antonio nos aparece de inicio muito consciente de suas responsabilidades com seus parentes Albuquerque, e demonstrará características familiares peculiares.

    Sobre o prolongamento deste tronco central, já realizamos trabalho especifico a ele dedicado, em que fizemos ressaltar seus vultos mais marcantes na luta da resistência à ocupação holandesa – seu posterior, penoso e necessário recuo para a Bahia, ainda abandono de seus vários engenhos na região de Goiana (PE). Os Cavalcanti de Albuquerque deram seu apoio á guerra da Restauração e o nobre  Felipe, mesmo retirado para a Bahia, volta ao fim da Guerra para o engenho Ipojuca (PE). Lembramos ainda mais adiante envolvimentos discretos na guerra dos Mascates (começo do século XVIII), sua participação na luta pela independência em 1817, sobretudo sua longa e já reconhecida participação política e governativa nos Estados de Pernambuco e Alagoas nos séculos XIX, XX.     

     

   Já em 1770 observamos que, migrando definitivamente de Goiana (PE) para Alagoas, José Cavalcanti de Albuquerque abandonava seu título de fidalgo e o sobrenome Lacerda. José, aparentemente, teria deixado este título português de fidalgo e o sobrenome de origem portuguêsa. Época de manifestações decididamente nativistas e já independentistas, como observamos em outros ramos familiares.  E, pouco depois o próprio filho de José, Manoel, tem sua cabeça exigida pelo Ouvidor português por comprometimento no movimento revolucionário de Pernambuco em 1817. Manoel salvara-se por pessoas fiéis, escondido por um ano na mata do engenho de seu pai.  Suspeitamos envolvimento políticos e familiares ainda mais amplos neste episódio revolúcionário.

     Entretanto, já acalmados os ânimos dos revoltosos, Manoel apelidado “Alexandre Herculano”  por sua grande cultura e aparência física se estabelece, definitivamente no engenho Castanha Grande (AL) em 1822 – engenho que a tradição historiográfica especialmente relembra. Muito bem administrado, o engenho foi centro familiar em volta do qual se reúnem vários outros engenhos – a partir daí o Castanha Grande por seu patriarca carinhosamente conhecido como “Papai Cavalcanti” fornece sucessivos, valentes e dedicados políticos, governadores e mesmo um senador republicano por Alagoas, logo proclamada a República - gerações sucessivas de lutadores sociais não só pela Independência, mas até mesmo Abolição e República - senhores de engenho discretos, de grande cultura e humanidade, lembrados e homenageados por nossa historiografia - tema de vários de nossos trabalhos (47).   

    Atualmente este ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque se desdobra pelo Brasil nos Machado da Cunha Cavalcanti, juristas em Pernambuco, descendentes de Ambrosio da Cunha Cavalcanti; nos Cavalcanti de Gusmão ilustrados que se mantêm ainda ligados ao Castanha Grande, moradores em Alagoas e mesmo os migrados para o Rio de Janeiro; ainda  nos batalhadores Gusmão Couto que hoje mantém o engenho; nos Cavalcanti de Albuquerque do Paraná descendentes de “Minou”, igualmente ainda identificados em Pernambuco – todos membros deste tronco famíliar que cada vez mais se demonstra consciente de suas raízes.

    A parenta Heleni Cavalcanti de Albuquerque do Paraná nos contatou - neta de Eudoro Cavalcanti de Albuquerque nascido em 1835, um dos filhos de Manoel Cavalcanti de Albuquerque, o “Minou”, casado com Henriqueta Silveira Lins, filha do visconde de Utinga. Eudoro havia se estabelecido no século passado como desembargador no Paraná.  Surpreendentemente, Heleni conseguiu este contato por manter ainda entre seus guardados, salvos de uma enchente, uma foto de família - o mesmo retrato do “papai Cavalcanti” - daquele revoltoso Manoel dos anos 1817, que havíamos publicado em nosso blog comemorando a Revolução Pernambucana de 1817. Também André Medeiros descendente deste mesmo ramo de “Minou” recentemente nos contatou - jovem com parentes estabelecidos em Pernambuco, muito interessado em sua genealogia - que agora vê sua linhagem completada.     

     

    Estes descendentes do engenho  “Castanha Grande”, de tronco aparentemente central e muito vigoroso, espraiam-se hoje por muitos outros galhos frondosos de famílias nordestinas com as quais se uniram, e que identificamos ao longo do artigo específico sobre o engenho, já referido.

   O cerne deste tronco ainda se mantém unido em torno do engenho Castanha Grande, e por sua ilustração e intelectualidade manteve as grandes linhas da tradição familiar – defendendo o grande valor das tradições orais e históricas da família - os notáveis antepassados navegadores Albuquerque, os Tabajaras pela indômita e corajosa índia Muíra, sobretudo os longevos e republicanos Cavalcanti. Cultuando, sobretudo, o antigo e muito famoso político e poeta Guido Cavalcanti que viveu na Itália, no sec. XIII - poeta que foi o pano de fundo do celebrado Capítulo X de Dante na Divina Comédia – e cuja alma, intacta, por seu famoso verso “A Baladetta” a família reconhece e ainda conduz.

 

(*) Sobre a característica “sdegnosa” dos antigos Cavalcanti de Florença, bem como a origem deste adjetivo no sec. XIII, ver Torres - Rosa Sampaio, artigo “Os Sdegnosos Cavalcanti”, publicado no blog http:/rosasampaiotorres.blogspot.com/

   Sobre a característica de “cizânia” dos Cavalcanti, referida por documento de época no período Colonial brasileiro, ver Mello, Evaldo Cabral de – artigo “O mito de Veneza no Brasil”, publicado no Jornal “Folha de São Paulo” - 1 de julho 2001 - documento da época da Guerra dos Mascates na posse do colecionador Pedro Correia do Lago. Assunto também abordado em Torres, Rosa Sampaio - livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, 2ª edição, no prelo.

  

Notas

 

   (1) Linhas descendentes de outros filhos do “florentino” são referidas neste atual trabalho - João, porque falecido ainda pequeno; Lourenço, ”notável guerreiro na primeira invasão, que morreu solteiro; Jerônimo, também notável guerreiro que não “tomou estado”, mas que teria tido dois filhos com Barbara Soares; Felipe casado com Ana Pereira Soeiro, cujas fontes não citam descendência; Joana, freira; a filha Brites casada com o administrador português Gaspar Dias de Athayde, infelizmente não prolongou o apelido familiar Cavalcanti. Entretanto, seu neto um Athayde de Albuquerque é citado no texto, pois é notável seu desempenho na luta holandesa. Os Athayde descendentes de Brites são citados em pesquisa de Barata, Dicionário das Famílias Brasileiras.

   Também Margarida não têm seus descendentes acompanhados neste trabalho, pois raramente se envolveram em atividades nativistas e em políticas contestadoras, não dando continuidade ao sobrenome da família Cavalcanti de Albuquerque. Os descendentes desta filha Margarida do florentino e de Catarina, casada com o capitão–mor João Gomes de Mello, logo na segunda geração abandonam o sobrenome Cavalcanti, e Ana Cavalcanti casada com Gaspar Accioly a nosso ver se afasta da linhagem Cavalcanti original -  ainda que senhora da família Acciolly (Acciauoli) possa ter sido unida aos Mainardi Cavalcanti na Republica de Florença já no sec XIV.  Episodicamente a família Acciolly colaborou com os Cavalcanti no Brasil no levante dos Mascates, ainda pela causa da Independência e no movimento de 1817. Os Acciolly, a que tudo indica, possuem até hoje características peculiares próprias e no Brasil não se demonstraram cultores especiais de sua miscigenação indígena.

    A relação de distanciamento político entre os Paes Barreto e os Cavalcanti no episódio dos Mascates é constatada na obra de Evaldo Cabral de Melo, pois estiveram em campos opostos -  ainda que na luta contra os Holandeses tivessem  estado próximos. Novamente, em 1817 notamos que os Suassunas e o morgado Paes Barreto atuaram em conjunto. Em geração recente um descendente de Margarida - o desembargador Carlos Xavier Paes Barreto - fez trabalho de correção genealógica minuciosa de toda a sua ascendência familiar a partir das notas de Jaboatão e Borges da Fonseca - trabalho digno de nota, acima já referido.

 (2) Listagem seguida em geral, Bittencourt, Adalzira - Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1965.

       Famílias de origem portuguesas como os Marinho, Falcão e Eça, Berenger de Andrade e mesmo outras - que no período Colonial foram grandes aliadas de lutas, muitas vezes casadas na família Cavalcanti de Albuquerque – temos avisar de que muito valorosas não devem ser consideradas ramos derivados de Cavalcanti de Albuquerque. Essas famílias antigas no Brasil ou foram absorvidas pelos próprios Cavalcanti de Albuquerque e puros Albuquerque, ou preferiram manter suas identidades peculiares próprias - não especialmente cultoras de tradições de origem indígena “na terra” e mesmo não apresentando na atualidade comportamentos típicos da família Cavalcanti de Albuquerque – cultoras de tradições comuns e características, que espero, fiquem aclaradas no decorrer do trabalho.

   Entretanto, famílias como os Holanda, os Carvalho, os Barbalho Uchoa, Bezerra, Araújo Pereira, Lins - estas sim, devem e podem ser consideradas desdobramentos dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil, tendo acoplado ao seu o nome Cavalcanti de Albuquerque ou o Cavalcanti simplesmente, até mesmo retirados seus apelidos originais – comportando-se ainda com muita identidade, como observaremos.

(3) Comentários referentes ao “nativismo prático” exercido por Jerônimo de Albuquerque já constam em nossos trabalhos, especialmente o nosso livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, de 2010, 2ª edição em revisão.

     Lembramos que também D. Felipe de Moura, sobrinho de Jerônimo e da proprietária da capitania de Pernambuco, D. Brites Albuquerque Coelho - filho da outra irmã, Isabel Albuquerque e do governador Manuel de Moura - havia estabelecido para si próprio, a exemplo de seu tio Jerônimo de Albuquerque, também uma profunda política de congraçamento com os “da terra” em sua próprias ligações matrimoniais – casado pela primeira vez com sua parente Isabel de Albuquerque, filha de Jerônimo e da índia Muíra, e por seu segundo casamento com Genevra Cavalcanti de Albuquerque, uma das filhas do patriarca florentino com a mameluca Catarina.

     Num período de enormes perigos e enfrentamento com silvícolas, já Filippo Cavalcanti, como seu sogro, teria também demonstrado estas preocupações “nativistas práticas”. A fonte Genealogia Pernambucana cita o fato do sobrenome Arco Verde ter sido levado por D.Catarina, à filha de Filippo e da mameluca Catarina. Afirmado que D. Isabel de Moura, já neta do florentino, teria portado o Cavalcanti de Albuquerque seguido ainda do sobrenome Arco Verde - igualmente o seu irmão Francisco de Moura, que foi Governador da Bahia, ainda que não o assinasse em documentos oficiais.

(4) Antonio di Filippo Cavalcanti de Albuquerque foi o segundo filho sobrevivente e herdeiro do florentino.  As lutas de seus irmãos e filhos durante a invasão holandesa são detalhadamente descritas em nosso artigo “Antonio di Filippo Cavalcanti de Albuquerque”, publicado em nosso blog   http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

   Com Isabel, Antonio Cavalcanti de Albuquerque teria tido treze filhos: Jerônimo (que não teria deixado descendentes no Brasil), Manuel e Paulo (religiosos), *Felipe, Brites, *Isabel, Maria, Úrsula, Paula (citados por Jaboatão), Lourenço, Antonio, Joana (acrescentados por Borges da Fonseca), ainda referido *Jorge. As características e importância da personalidade de Antonio di Filippo Cavalcanti de Albuquerque, cadinho de três diferentes etnias, ainda casado com moça flamenca detalhadamente descritas neste nosso artigo. Neste atual trabalho serão apenas acompanhados em suas genealogias, os filhos assinalados. Outros por vários motivos – por não terem tido descendentes no Brasil, por não terem casado, ou por serem religiosos - não serão acompanhados.

    Sua filha Brites não levará mais adiante o sobrenome Cavalcanti, casada com Francisco Coelho de Carvalho, Governador e Capitão General do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Entretanto, sua prole de futuro apresentará a personalidade marcante de Antonio de Coelho d´Albuquerque, Governador de Minas, de grande significado na historia brasileira e portuguesa, tendo protegido na corte os interesses dos revoltosos que haviam atuado na guerra contra os mascates e autoridades portuguesas. Possivelmente ainda o descendente José Mariano d´Albuquerque Cavalcanti, herói na Revolução de 1817, enviado para julgamento em Lisboa (referido Dias Martins, pg.140), e que teve geração continuada.    

    Lourenço, referido por A. Bittencourt, teria tido apenas um filho, João Cavalcanti de Albuquerque.

(5) Bernardino de Carvalho (de Andrada) foi Sargento-Mor do Terço da Ordenança das freguesias de Recife, Várzea e Santo Amaro; Mestre de Campo de João de Sousa na Guerra contra os Holandeses.  Teria sido Vereador de Olinda em 1654; Capitão-Mor, em 15/01/1673.

      Casou com Laura Cavalcanti Bezerra (Laura Cavalcanti, em BF-I-29/234 ou Luisa Cavalcanti, em BF-I-434/457-458; Laura Cavalcante, em BF-IAHGPe-V56-139; Ver também o Título de Carvalhos; OC-104; Silvio Paes Barreto).

      Laura, filha de Leonarda Cavalcanti de Albuquerque e Cosme Bezerra Monteiro era neta paterna de Domingos Bezerra Felpa de Barbuda e Antônia Rodrigues Delgado; neta de Antonio “da Guerra” por Leonarda, bisneta paterna de Domingos Bezerra Felpa de Barbuda [I] e Brásia Monteiro - Cosme Rodrigues e Simoa da Rosa.

   O pai de Bernardino, Bernardino ou Bernardim (Alves ou Álvares) de Carvalho, chegou a assinar com Antonio da Guerra, João Fernandes Vieira, Berenger deandrade e os Bezerra importante proposta ao rei em 1641 de levante contra os holandeses, participando do núcleo duro dos conspiradores pernambucanos. Tornado pelo rei fidalgo da casa Real em 1643, quando ainda súdito holandês. Assinou também com Sebastião, seu irmão e o importante nobre português seu avô, Manuel Álvares, “o chamado Deusdará”, documento patriótico nativista dos conspiradores pela deflagração do movimento em 1645, participando depois das primeiras lutas pela RestauraçãoConclusão com todas as fontes do nosso trabalho “Antonio Cavalcanti,” o da Guerra”, ainda inédito.

(6) Paradoxalmente o marques de Pombal, Sebastião José de Carvalho (1699 -1783) é considerado um rígido político em relação à Colônia, visando fortalecer o Estado português e a autonomia econômica da Inglaterra. Entretanto, sua escolha pela Coroa teria sido referente à sua própria ancestralidade estabelecida e enraizada no Brasil, capaz assim de estabelecer melhor diálogo político com a própria Colônia?  Não tentamos comprovar esta hipótese, mas fica nossa sugestão para ainda mais profunda análise de suas propostas e atuação.  A linha do marques de Pombal proveniente de Isabel de Albuquerque, irmã de dona Brites, casada com Manuel de Moura Marques - governador de Pernambuco (ver texto acima e nota 3).

                Isabel Alb.+ Manuel de Moura Marques       

                |

                    Felipe + Genebra Cavalcanti

                                  |

                   Paulo de Moura + Brites Gomes de Mello - filha de João Gomes de Mello, “O novo”, do engenho Trapiche.

 

continuando

      Paulo + Brites Gomes de Mello

      Maria de Mello + Francisco Mendonça Furtado

      Luiza de Mendonça + João Alves de Mello   

      Manuel C. Atayde + Tereza Luiza de Mendonça

      Sebastião José de Carvalho / Marquês de Pombal


(7) Mais tarde os jovens Manuel de Moura Rolin e Felipe de Moura de Albuquerque, decididos, com tropas vindas da Bahia retornam para colaborar na guerra da Restauração em Pernambuco (1645-1554). Descendiam eles da neta do florentino Mércia de Moura, senhora que anteriormente também tivera que abandonar suas propriedades em Pernambuco aos holandeses.                         

(8) Os Albuquerque Maranhão haviam tido longa tradição de enfrentamento na luta contra os franceses e, depois, contra os holandeses, quando seu engenho “Cunhaú” foi invadido e barbarizado. Sobre a origem do sobrenome Maranhão, consultar artigo “Uma breve história da língua tupi, a língua do tempo que o Brasil era canibal”, assinado por Ozias Alves Jr, publicado em http://www.staff.uni-mainz.de/lustig/guarani/lingua_tupi.htm.

   Os Albuquerque Maranhão foram apoiadores da luta contra os Mascates em 1710 e sabemos que André Albuquerque Maranhão (1775-1817), dono do engenho “Cunhaú”, foi mesmo o chefe da Revolução de 1817 no Rio Grande do Norte, por este fato apunhalado e martirizado (ver Tavares Lyra, A. – História do Rio Grande do Norte, p.173 e Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951. pg. 97).

  André Arcoverde de Albuquerque Maranhão (1797-1857?), do mesmo nome, brigadeiro e também proprietário do Cunhaú, teria sido o vingador deste seu tio (fonte, o parente João de Albuquerque Maranhão - História da Indústria Açucareira no Nordeste, pg.119.) 

      Vários membros da família Albuquerque Maranhão presos em 1817 e mesmo sacrificados no patíbulo, como Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e José Felipe de Albuquerque Maranhão; ou mesmo mortos na prisão como João Nepumoceno de Albuquerque Maranhão (Barata, C.A. - DFB, baseado no Amanaque da Paraíba, 1899). Os atos heróicos dos Albuquerque Maranhão são por nós mencionados no livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, 1ª edição, e no livro “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, ainda no prelo.

(9) As atuações destas famílias nordestinas ressaltam em inúmeros episódios da história brasileira, sempre abordadas pelos historiadores e em trabalhos já editados por nós em nosso blog, e em especial constam em dois trabalhos longos que estamos concluindo - um já intitulado “Antonio Cavalcanti, o da Guerra Holandesa”, e outro centrado na ação dos “Bezerras Cavalcanti” na fronda contra autoridades portuguesas e mascates entre 1710-1714. Próximos a serem publicados. Estas famílias serão também de futuro apresentadas em listas específicas com mais alguns detalhes.

 (10) Sobre Amador Araujo Pereira e sua genealogia, ainda detalhes do levante Restaurador em Ipojuca, estamos preparando artigo específico “O Levante de Ipojuca”. Este episódio constitui parte de nosso trabalho mais alentado “Antonio Cavalcanti, o da Guerra Holandesa”. Sua genealogia direta até o sec. XIX será de futuro apresentada em lista anexa.

(11) Sobre D. Jerônima de Almeida Lins devemos lembrar que era neta de Cristovão Lins e Adriana de Holanda, filha de Brites Lins de Vasconcellos e Baltazar de Almeida Botelho:

     “Em 1638, o fidalgo Rodrigo de Barros Pimentel, dono do engenho “Santo Antonio”, no Cabo, e do engenho “Morro”, em Porto Calvo, foi mais uma vez preso, desta vez com sua esposa, D. Jerônima de Almeida Lins, descendente das famílias Linz e Holanda - marido e mulher acusados de conjura contra o domínio holandês e de abrigar campanhistas luso-brasileiros. D. Jerônima por ter incentivado seus filhos à luta de resistência foi, nesta ocasião também presa, com outros ameaçada de decapitação - inocentada com o auxílio de “senhoras portuguesas” que ofereceram a Nassau muitas caixas de açúcar”. Levantamento desta conspiração pouco estudada em Torres, Rosa Sampaio – artigo ainda inédito “Antonio Cavalcanti da Guerra Holandesa”, usando como fontes historiadores antigos e modernos, como Evandro Cabral de Mello, Manuel Diegues Junior, Gonçalves de Mello.

(12) Lista parcial da família Lins estabelecida em Pernambuco:   

    Cristovão Lins + Adriana de Holanda. Filhos:

    Ines Lins, Bartolomeo Lins de Vasconcellos (1570-1635 + Mércia Rocha Dantas) e Brites Lins de Vasconcellos. De Bartolomeo e Mércia são filhos –        

   Cristovão Lins, Sinbaldo Lins, Constantino Lins, Maria Lins e Cosma Lins.

(13) Ana Maria José Lins seria, portanto, a quarta neta do casal Cristovão Lins e Adriana de Holanda, filha de João Lins de Vasconcellos e  Inês de Almeida Pimentel (Barata, C.E Dicionário das Famílias Brasileiras, verbetes Lins e Sinimbu).
 Sobre os episódios de que participa Ana Maria José Lins entre os 1817 e 1824 consultar Esaura Quixabeira Rosa e Silva e Edilma Bonfim - Dicionário Mulheres de Alagoas, Ontem e Hoje, 2007, Alagoas, Google Livros. Também Suruagy, Divaldo e outro - Raízes de Alagoas, Catavento, 2000, pg. 54-57).

(14) O filho do casal João Vieira Cansanção do Sinimbu (1810 - 1906) tornou-se em 1888 por seus inúmeros méritos - formado em universidades européias e falando correntemente cinco idiomas, ainda com muitos serviços prestados ao governo do Império - Visconde de Sinimbu. Foi Presidente da província de Alagoas, do Rio Grande do Sul e da Bahia, membro do partido Liberal e especialmente presidiu o 27º Conselho de Estado, ocasião em que ocupou interinamente alguns ministérios de 1878 a 1880, ainda Conselheiro do Império.  Fonte Suruagy, Divaldo e outro - Raízes de Alagoas, Catavento, 2000, pg. 71, 72. Ainda na mídia eletrônica mais informações no endereço www.fuj.com.br/files/ykLH40igK0aDJaF.rtf

(15) A fonte Mendonça Bernardes, Denis - O Patriotismo Constituicional, Hucitec, 2006, pg.166, informa também a atuação de 4 irmãos Araujo Lins Cavalcanti do engenho “Pedreiras” na Revolução de 1817, inclusive um deles religioso, teriam sido igualmente punidos e presos durante estes episódios revolucionários.  Estes membros da família Araujo Lins Cavalcanti de Albuquerque já estudados e situados genealogicamente, apresentados em nosso trabalho “1817 – Revolução pernambucana”. Neste artigo esta descendência Lins é estudada em ligação à listagem dos Araujo, descendentes de Amador Araujo e ainda aos Cavalcanti (análise genealógica que também será apresentada proximamente na listagem dos Araujo Cavalcanti.

 Os Lins Cavalcanti de Albuquerque foram também identificados no engenho Serinhaém, e na Paraíba, nos engenhos “Taipu” e “Correntes” - este ultimo o engenho de origem do escritor José Lins do Rego, autor do célebre “Menino de Engenho”.   

(16) A filha deste casal rebelde Ana Luiza Vieira de Sinimbú foi casada adiante com Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão (n.1858) - filho de Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque, Coronel da guarda de Garanhuns e de Josefa Florentina de Albuquerque Maranhão, neto, portanto, do capitão Lourenço Bezerra Cavalcanti, líder na guerra dos aos Mascates. Os esforços nativistas e independentistas desta seqüência familiar foram reconhecidos pelo próprio Império, e certamente para garantir ainda a fidelidade desta importante família foi o casal em 1860 tornado Barão e Baronesa de Atalaia. Sobre a titularidade de Ana Luiza Vieira de Sinimbú e Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, A. Bittencout - opus cit. pg. 296 e 311.

(17) Sobre o Visconde da Torre e seus irmãos, o Barão de Jaguaribe e o Visconde de Pirajá, lembra um descendente Christovão Dias de Ávila Pires Junior em conferencia no IGHB pelo Sesquicentenário de falecimento do Vinsconde, dez de 2002 (os grifos são nossos):

       “Teve como sua mais antiga origem, no Brasil, Diogo Álvares Caramuru e sua mulher Catarina Álvares Caramuru (a Índia Paraguaçu), uma tupinambá batizada em Saint - Malo na França, no penúltimo dia do mês de julho de 1528, recebendo o nome de Katherine du Brésil, cuja descendência entrelaçou-se, não só na progênie de Garcia D'Ávila com a índia Francisca Rodrigues, como na geração de Jerônimo de Albuquerque com a filha da aldeia de Olinda, a Índia Muira-Ubi, Maria do Espírito-Santo Arcoverde.... Vinculou-se a Casa da Torre, com os descendentes de Domingos Pires de Carvalho casado com Maria da Silva, com a geração de Felipe Cavalcanti casado com Catarina de Albuquerque e com a descendência do casal José Pires de Carvalho e Tereza Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque Deus-Dará, formando o arcabouço da aristocracia do Recôncavo Baiano, com descendência e vínculos pelo Brasil e pela Europa e até na Família Imperial Brasileira.... Coronel do Regimento de Milícias e Marinha da Torre, prestou, no mesmo cargo, os maiores e mais relevantes serviços, na campanha pela Independência, organizando e comandando a base de operações do Exército Libertador no Castelo da Torre de Garcia D’Ávila, tendo sido agraciado com a Medalha de Ouro da Independência, juntamente com seus dois irmãos: Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, depois Barão de Jaguaripe e o Coronel de Linha Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Brigadeiro graduado, Barão e depois Visconde de Pirajá, por relevantes serviços que prestaram à causa da Independência e constituição do Império do Brasil. Foi ele o primeiro titular do Império do Brasil, nomeado Barão da Torre de Garcia D'Ávila, pelo Decreto Imperial de 1o de dezembro de 1822, dia da coroação do Imperador D. Pedro I, elevado a Visconde a 12 de outubro de 1826, com honras de Grandeza a 18 de julho de 1841, único título de nobreza brasileiro por quase dois anos”.

(18) Bittencourt, A. – Genealogia de Albuquerques e Cavacantis, Capítulo “Alguns títulos Nobiliárquicos conferidos a Albuquerques e Cavalcantis...” pag. 307, refere-se longamente aos Cavalcanti e Albuquerque que foram nobilitados no Império, citando inúmeros deles - entre os quais já ressaltamos na nota acima, o barão de Atalaia, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão (n 1858), neto do primeiro nativista Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra”, casado com a irmã do Sinimbú que só tardiamente é nobilitado próximo a Republica em 1888.

    O Visconde da Torre de Garcia d´Ávila e o Visconde de Pirajá (Pires de Carvalho) são também referidos por Bittencourt A.- opus cit., pg. 352 e 354, que remete aos já conhecidos trabalhos de Pedro Calmon. 

  Também Doria, Francisco Antonio, em seu trabalho com outros, “Cavalcantis: na Itália e no Brasil”, 2010, Ed. Eletrônica, relaciona vários outros ramos de Cavalcanti de Albuquerque anteriormente à independência titulados, ligados aos Accioli, Accioli de Vasconcellos, e até mesmo os Cavalcanti de Albuquerque Lacerda que haviam sido nobilitados já na Colônia e que haviam mantido o sobrenome Lacerda (ver texto acima, parte I e ao final da parte III – o ramo do Castanha Grade.) O assunto foge ao interesse central do nosso trabalho que prefere percorrer especialmente uma trajetória nativista, independentista, especialmente republicana, socialmente encajada – ainda que valorizando aspectos formadores e administrativos do período Colonial e Imperial.

(19) O ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna descendia do ramo de Isabel, pelo seu filho precursor nativista Antonio Cavalcanti “o da Guerra” – ainda pela sua própria filha Isabel Albuquerque casada com Jerônimo Fragoso de Albuquerque - o neto Jerônimo C. de A., a bisneta Paula casada com Cristovão de Holanda Cavalcanti, o trineto Antonio casado com Maria Manoela de Mello, a filha Ana Cavalcanti casada com Francisco Xavier Bernardino.  O filho deste casal, o capitão – mor Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, casado com Filipa Cavalcanti de Albuquerque, ela também neta materna de Antonio “da Guerra” e trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luiza Pessoa.

     Na verdade este ramo Cavalcanti de Albuquerque era já descendente de Antonio Cavalcanti “o da Guerra” já unidos ao ramo Holanda, agora Holanda Cavalcanti – estes igualmente ativos e cultores nativistas, ramo descendentes de Catarina, filha do florentino casada com Cristovão de Holanda, filho de Arnau de Holanda. Lista genealógica específica sobre o ramo Holanda Cavalcanti e suas decididas ações nativistas próxima a ser publicada.   

    Pela ação destas três gerações nativistas de Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna no começo do século XIX, que muito trabalharam e conspiraram pela Independência, teremos posteriormente quatro membros deste clã nobilitados no Império. Ver detalhes biográficos em nosso artigo “Cavalcantis em Questão”, publicado no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, ainda o artigo “1817 já publicado em nosso blog. Ve ainda texto e nota abaixo.

(20) A chamada “Conspiração Suassuna” foi conspiração independentista descoberta pelo Império em 1801, precedida pela Inconfidência Mineira (1789). Esta conspiração se inclui no ciclo de episódios rebeldes contra a dominação colonial no Brasil e América Espanhola, inspirada pelos ideais iluministas e liberais de Revolução Francesa de 1789. A “Conspiração Suassuna” teria chegado a preconizar, até mesmo, a tomada de Napoleão como protetor. Seus líderes foram o Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, dono do engenho “Suassuna” em Pernambuco e seus filhos Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (chamado cel. Suassuna, 1760-1827) e José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque.  Francisco de Paula e seu outro irmão, Luíz Francisco até mesmo presos, por ocasião da descoberta dos planos independentistas. A devassa ocorreu em sigilo, tendo em vista a importância social dos implicados. Os conspiradores eram inspirados nas idéias do “Aerópago de Itambé”, sociedade secreta que não admitia a participação de europeus em seus quadros e que foi fechada após a descoberta da Conspiração. Mas os ideais de Itambé mantiveram-se na própria “Academia dos Suassunas” que continuou funcionando no engenho do mesmo nome, acabando a família por envolvendo-se adiante também na Revolução de 1817 em Pernambuco.

     Evaldo Cabral de Mello no artigo “Entre a República e a Monarquia” – Folha de S. Paulo 4/8/2002, lembra a atuação do famoso “Cel. Suassuna”, Capitão-mor Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1760-1827), preso novamente no episódio de 1817: “O Suassuna teve contato com o movimento [de 1817] concordando com o líder Antonio Carlos Ribeiro de Andrade que homens de qualidade estariam ‘arruinados se não juntassem os seus esforços para destruir uma cabala de malfeitores....... A Ribeiro de Andrade...... Suassuna teria prometido aliciar apoios no sul da capitania, ficando a cargo do Andrada contatar um setor da tropa de linha. Enviado pela junta para barrar a marcha do exército realista da Bahia, Suassuna procurou entabular negociações com o general Congominho, que comandava o exército realista, contando seguramente com a adesão de oficiais maçons de tendências constitucionalistas que compunham o estado-maior”. Ainda sobre as atividades do cel. Suassuna em 1817 e mesmo seus contatos com bonapartistas, Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exército, 1951, pg. 16, 92 e 136. Tema também referido em Grieco, Donatello - Napoleão e o Brasil, Bibliex, 1955.  

   As informações desta nota com mais detalhes e fontes também em Torres, Rosa Sampaio, “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, edição para uso familiar, atualmente em revisão; o artigo “Os Cavalcanti em Questão” no blog em 2013, e o recente artigo “1817”, editado 2020 também no blog.  

     Do quarteto de filhos do coronel Suassuna, depois nobilitados pelo Império, o irmão mais velho, José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880), Visconde de Suassuna em 1860, em 1823 ainda fez parte da Junta dos Matutos, curto episódio de governança pernambucana (outubro de 1822 a dezembro de 1823) que se segue ao governo de Gervásio Pires Ferreira (outubro de 1821-outubro de 22).

   O historiador Evaldo Cabral de Melo em seu livro Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, editora 34, pg. 34, lembra que em 15 de setembro de 1823 “... um movimento castrense prendeu o governador das armas nomeado pelo Imperador e forçou a renúncia do presidente da Junta dos Matutos, Afonso de Albuquerque Maranhão, reduzindo-a ao triunvirato composto de Francisco Pais Barreto, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, futuro visconde de Suassuna, e Manuel Inácio de Bezerra de Melo”. A Junta, assim dividida e desmoralizada, acrescenta o autor, “arrastou uma triste existência até dezembro de 1823, quando renunciou, enfrentando de um lado a oposição dos antigos gervasistas [desejosos de garantias autonomistas], reunidos em torno do intendente da Marinha, Manuel de Carvalho Paes de Andrade e de Cipriano Barata [republicano], que regressara das Cortes de Lisboa; e de outro as pressões do Rio, donde se exigia que Pernambuco não só enviasse as quantias mensais do tempo do Rei Velho, como o montante de 2 milhões, equivalente às remessas feitas para Portugal após a partida de d. João VI”.

   A atuação dos Suassuna apresentada por nós em trabalhos mais recentes - “1817” já editado em 2020 no bog e o inédito “O ramo Cavalcanti de Albuquerque do Engenho Suassuna”, próximo no blog.  

(21) Os irmãos Cavalcanti de Albuquerque muito cultos, preparados, atuantes - um deles mártir, quatro deles nobilitados no Império - foram:

     1- Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880), o mais velho dos quatro irmãos – preso em 1817 até 1821, ainda fez parte da chamada “Junta dos Matutos” em 1823 (ver nota acima) e posteriormente ocupou o cargo de presidente da província de Pernambuco pelo partido Conservador em três ocasiões. Visconde de Suassuna em 1860.

  2- José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1795 -1817) – militar, capitão, faleceu martirizado em enfretamento durante a Revolução de 1817,

  3- Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1797-1863) participou de conspirações antes de 1817, arrolado no processo da família, mas não punido, certamente por baixa patente e pouca idade. Junto de seus irmãos Francisco e Luiz representou Pernambuco durante as primeiras sessões legislativas, de 1826 a 1838.  Visconde de Albuquerque em 1834, também chamado no parlamento pelo apelido “Holanda”. De formação militar, casado com Emília Amália de Albuquerque foi Senador, Ministro da Fazenda (nos anos 1830, 31, 32, 46, 62) da Marinha (em 1840, 44, 45, 46), Interino de Guerra (45), tendo disputado mesmo com Feijó a regência Una. Conselheiro do Imperador, Ministro de Fazenda no gabinete de 1830, retornou ao Ministério na crise da Abdicação. Foi Grão-Mestre Maçon.

     4- Luiz Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, homônimo de seu tio revolucionário de 1817 (1799 -1838). Muito jovem não participou de 1817. Formado em Coimbra em 1820. Teria participado do episódio rebelde de Goiana em 1821, pois constatamos seu nome na lista dos presos embarcados para Lisboa, indicado como “o desembargador”. Em 1823 nomeado juiz e depois desembargador da Relação de Pernambuco. Esteve entre os primeiros deputados eleitos à Assembléia Geral Legislativa, junto de seus irmãos Francisco e Antônio, representando Pernambuco, durante as primeiras sessões legislativas, de 1826 a 1838. Faleceu cedo, aos 39 anos de idade. Foi casado com sua prima Teresa de Jesus Salgado Cavalcanti, filha de sua tia paterna Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de Joaquim José Vaz Salgado, que participou da Revolução de 1817.

      5 - Manoel Francisco de Paula Cavalcanti, formado em Matemática em Coimbra, em 1821. Exerceu o cargo de deputado provincial por Pernambuco por várias vezes. Elevado a barão de Muribeca em 1860.

      6 - Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, o irmão mais moço (1806-1875), Barão em 1860 e Visconde de Camaragibe em 1875 - formado em Direito pela Universidade de Coimbra, doutorado também em Direito na Universidade de Goeting na Alemanha em 1827. Deputado Provincial diversas vezes, foi Deputado a Assembléia Geral em seis legislaturas, tendo presidido a Câmara diversas vezes. Senador por sua Província, nomeado em 1869. Do Conselho do Imperador.

    Fontes - Informações da genealogista Adalzira Bittencourt - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965 - listagem baseada em Jaboatão e Borges da Fonseca, corrigida por Carlos Xavier de Paes Barreto, pgs. 300, 339 e 340. Complementações em http://www.sfreinobreza.com/ANB02.HTM (Archivo Nobiliarchico Brasileiro);     ainda outras informações em Torres, Rosa Sampaio – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição, Gráfica Visual, 2001, edição limitada para uso familiar, atualmente em revisão; o já citado artigo “Cavalcantis em Questão”, onde são discutidas as ocupações de espaço destes irmãos no Parlamento do Império, e ainda o recente artigo “1817” - muitas outras informações no artigo próximo a ser editado “O ramo dos Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna.”

(22) Sobre os Bezerra Cavalcanti, consultar nosso artigo “A Guerra contra os Mascates”, em elaboração, mas já aberto a consultas.

       Também a escritora Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, autora de “O Magnificat”- Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990. A autora levanta e publica neste romance histórico sua própria genealogia até Catarina, a mameluca e sua neta Isabel, casada em segundas núpcias com Francisco Monteiro Bezerra. Neste romance Maria Cristina proporciona ainda variadas outras informações, a maioria delas verídicas sobre a participação dos aguerridos, tenazes republicanos Bezerra Cavalcanti durante a Guerra dos Mascates. Também informações sobre os Bezerra Cavalcanti, Barata, DFB.

(23) Sobre Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, filho de Antonio “da Guerra”, consultar nosso artigo “Jorge Cavalcanti de Albuquerque”, já editado em novembro de 2014, especialmente nota 24. 

(24) Em 1691 este jovem neto de Antonio “da Guerra”, Lourenço Cavalcanti Uchoa, por questionar na Câmara contra as novas taxações de vinho e carne com o companheiro João Barros Rego, filho de Andre Barros Rego que atuara com seu pai, foram ambos presos pelo governador português Marquês de Montebelo e enviados para enxovias de fortalezas distintas.

    Uchoa e João Barros Rego foram severamente tratados tendo em vista as ações contestadoras anteriores de seus próprios pais, que haviam enviado o governador Furtado de Mendonça para a enxovia da fortaleza do Brum. Os jovens, agora, de forma ainda mais severa ameaçados por Montebelo de serem mandados para julgamento em Portugal, sendo apenas liberados por intervenção do bispo e outras figuras de nomeada. Conferir as fontes em nosso artigo “Jorge Cavalcanti de Albuquerque”, com fontes ainda na nota 33.

(25) Sobre os Uchoa Cavalcanti ver também Barata, C. A.- DFB, v. Uchoa Cavalcanti e Barbalho Uchoa.

(26) Sobre estes dois momentos da história brasileira que preparam o caminho nativista estamos finalizando dois longos trabalhos - um sobre a figura de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra, e outro sobre o papel do clã Bezerra Cavalcanti na verdadeira “fronda” contra autoridades portuguesas e Mascates. Estas duas pesquisas confirmam o acima já afirmado.

(27) Ao jovem Marcelo Bezerra Cavalcanti, fotógrafo, cineasta e profícuo pesquisador pela família Cavalcanti, atualmente pesquisando em Florença, muito tenho a agradecer por informações e documentos sobre os antigos Cavalcanti italianos enviados ao Brasil, também abertos em seu próprio blog.

(28) Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque é autora de celebrados romances sobre a história colonial brasileira. Em “O Magnificat”, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990, a autora refaz literariamente a genealogia do seu ramo - desde Catarina, a mameluca, seu filho Antonio e a neta Isabel, casada em segundas núpcias com Francisco Bezerra Barriga.   A autora nos proporciona variadas informações de época sobre a participação dos Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates. As informações sobre sua ascendente Franklina nos foi prestada por ela mesmo por e-mail:  

    “PS - Minha avó paterna, casada com Pedro Cavalcanti de Albuquerque, chamava-se Maria Franklina e não Maria Faustina. Seu pai desejou homenagear Benjamim Franklin, pai da democracia nos Estados Unidos. Escapou de se tornar conhecida como Filadélfia, homenagem a cidade útero da libertação daquele país”.

     Mais informações sobre a genealogia dos Bezerra Cavalcanti em Barata C.E. - DFB e no nosso trabalho sobre os Mascates a ser publicado proximamente, já aberto para pesquisadores.

(29) Tentativa de reconstituição da linhagem dos Araujo Cavalcanti indica que esta linhagem se desenvolveu por Úrsula Cavalcanti casada com o cap. Bernardino Araújo Pereira, filho de Amador de Araujo Pereira, o herói que levantou Ipojuca na guerra da Restauração (data). Ainda Manuel de Araújo Cavalcanti (1686) e Brásia Cavalcanti Bezerra, o filho Francisco Xavier e a filha Maria de Araujo Cav. de Albuquerque casada com Manuel Leite de Pedras - que darão seqüência à linhagem ainda não só por este Francisco Xavier e irmãos que estarão presentes e atuantes ainda na revolução de 1817, mas também por Leonardo Bezerra Cavalcanti III (1737 - 1831) cujos descendentes, unidos aos formadores Camello Pessoa, determinam o atual ramo dos Araujo Pessoa Cavalcanti até hoje conscientes de suas intensas ligações familiares e nativistas. Os Lins Cavalcanti que participaram de 1817 já são lembrados em nosso trabalho “1817” e também o serão em “Os Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna na revolução de 1817”, próximo no blog.

   Lista genealógica específica sobre os Araújo Cavalcanti com mais informações adiante também será publicada.

(30) Para este ramo “Arco Verde de Pesqueira”, ramo do famoso Cardeal, seguimos a descendência segura de Isabel Cavalcanti, citada em Bittencourt, Adalzira, opus cit., pg. 294, comparada com a descendência indicada por Maria Cristina Cavalcanti no seu Magnificat, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990, pg., 228 e 129 - nossas informações ainda acrescidas pelas indicações parciais da genealogia do próprio cardeal referida na Wikipédia.  Neste caso, confirma-se que o cardeal Arcoverde, Joaquim Arcoverde Albuquerque Cavalcanti, neto de Jerônimo Albuquerque Arcoverde, descendia duplamente, pelos seus dois bisavós paternos da neta do florentino, Isabel Cavalcanti de Albuquerque, filha de Antonio.

    O citado André Cavalcanti seria descendente de Leonarda, a filha de Antonio “da Guerra” casada com Cosme Bezerra Monteiro -  neta, portanto, de Isabel Cavalcanti. Leonarda gerara o famoso clã Bezerra Cavalcanti atuante na guerra contra os Mascates.  André foi bisavô do conhecido Cardeal Joaquim Arcoverde (1850-1930), primeiro cardeal da América Latina. Também a esposa de André, Ursula (Jerônima) Arcoverde, era descendente de Isabel Cavalcanti por Ursula Cavalcanti, filha de Pedro - o outro filho de Isabel Cavalcanti.  O avô de Ursula Arcoverde, Manuel (casado com Brásia Bezerra) filho de Ursula Cavalcanti, foi pai de Maria Cavalcanti de Albuquerque casada com Manuel Leite, do engenho Pedras no Agreste (casal que ainda consta na listagem de Bittencourt). Sabemos por informações genealógicas na mídia eletrônica que este casal do engenho Pedras teve nove filhos e um deles, Luis Cavalcanti de Albuquerque (1728-1780), casado com Maria Tereza Soledade, foi pai de Úrsula Jerônima, tornada também Arcoverde, fato confirmado na própria arvore do Cardeal. 

   Por outro filho deste casal Maria e Manuel Leite, Leonardo Bezerra Cavalcanti unido aos Lins/Campello Pessoa, tudo indica desenvolveu se o atual ramo dos Araujo Cavalcanti Pessoa, ramo ainda consciente de suas  igações familiares e nativistas com os Cavalcanti de Albuquerque (ver no texto acima linhagem Araujo Pessoa Cavacanti).

(31) Correspondência de Maria Cristina C.A à autora por e-mail em 2014, prestando informação sobre os Alves Cavalcanti.

(32) Sobre este ramo Suassuna não nobilitado usamos informações, nesta geração, da jovem Rachel Suassuna - informações associadas ao interessante trabalho genealógico do ramo organizado por Raimundo Suassuna, por Rachel gentilmente cedido a autora em pdf. O trabalho de Raimundo traz como Introdução um depoimento precioso de seu notável primo, Ariano Suassuna - texto muito importante a nosso ver para a própria análise biográfica e literária deste autor. Lista especifica será apresentada oportunamente.

(33) Ver acima citados os nossos quatro trabalhos realizados sobre os Suassuna com diferentes graus de aprofundamento na nota 20.

(34) Informações fornecidas na Introdução do romance de Maria Cristina e Luís Otavio Cavalcanti, “Águas Claras” - não editado – mesmo sem indicar fontes, refere um alvará em 1654 de uma pensão vitalícia recebida por João Cavalcanti, chamado o Bom.

      Capitão-Mor João Cavalcanti de Albuquerque, "O Bom", vereador de Olinda em 1665, sargento-mor em 1667, citado como falecido em 1690 na Freguesia de São Lourenço da Muribara (PE). Na Guerra Holandesa, teria servido como soldado e alferes de infantaria. Participou da Batalha das Tabocas e mais tarde das duas batalhas dos Guararapes. Participou em outras marchas e refregas de importância. Foi ferido duas vezes. De seu 1º casamento com Bernarda D'Albuquerque seu filho primogênito Cristovão de Holanda Cavalcanti, nativista muito atuante na Guerra dos Mascates.

(35) Sobre este Cristovão Holanda Cavalcanti, Sargento-mor das ordenanças de Olinda e Igarassu, vereador de Olinda em 1682 e 1696, atuante na Guerra dos Mascates, fonte Evaldo Cabral de Melo – A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995, pgs. 144, 308, 392, 420-1, 412, 516.

(36) João de Holanda Cavalcanti ou João Cavalcanti de Albuquerque, tido como “do Apoá”, falecido em 1731.  Herdeiro desse engenho e também dos engenhos Camorin, Goytá e Morenos. Capitão de Cavalos de Muribara em 1708, por patente de Sebastião de Castro Caldas, Vereador em Olinda em 1707 e 1713, ouvidor–geral de Pernambuco em 1713. Teria levantado o engenho Petribú. Casado com Isabel da Silveira de Castello Branco, de importante família Portuguesa de Tanger. Em 1713 tornado Fidalgo da casa Real.

    No começo da Guerra dos Mascates, João teria participado até mesmo da queda do pelourinho, segundo informações do Pe. Joaquim dias Batista Martins em Os mártires Pernambucanos (Recife, Tipografia F. C. Lemos e Silva, 185): “Fez mil ações estrondosas e variadas cenas de guerra contra os mascates do Recife, destruindo o primeiro pelourinho da pretendida vila do Recife”. João “do Apoá” teria se livrado de ser preso fugindo para as matas de Tracunhaém e se unido ao seu cunhado, o líder Leão Falcão d´Eça, casado sua irmã Antonia, - fundando a Liga de Tracunhaém.

     Comprovadamente, João “do Apoá” no começo no levante nativista da “nobreza da terra” teria sido em 1710 nomeado pelo bispo, D. Manoel Alves da Costa, ao posto de Capitão-Mor da freguesia de Santo Antonio de Tracunhaém, onde se estabeleceu com a família. Ainda durante a Guerra dos Mascates, teria marchado para o Recife e feito o cerco aos fortes do Brum e das Cinco Pontas em defesa do governo daquele bispo. Mas segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello não teria querido participar do levante final dos rebeldes nativistas que ainda tentavam se amotinar em Trucunhaém. Ver mais nota a seguir.

(37) O historiador Evaldo Cabral de Melo, com fontes, afirma que João Cavalcanti de Albuquerque, do Apoá, já como capitão-mor de Tracunhaém não seguiu mais as ordens finais de levante de seu cunhado Leão Falcão d´Eça, o líder próprio levante em Tracunhaém, mas sim ordens do recém chegado governador Felix Machado e teria mesmo reunido as milícias para dispersar os amotinados.  Cabral de Mello, Evaldo – opus cit. pg. 399. Nota-se que João foi feito Fidalgo da casa Real em 1713.

   Acreditamos que ele teria na verdade João do Apoá se comprometido com as autoridades portuguesas ao ajudar a soltar da prisão seu irmão Cristovão de Holanda Cavalcanti, evitando o embarque dele para Portugal – Sabemos que Cristovão foi solto em abril do ano de 1712, segundo algumas informações trocado pelas autoridades portuguesas por 18 caixas de açúcar. A memorialista Maria Cristina em Águas Claras refere este fato e afirma João, seu pai, que teria ajudado a soltá-lo com sua nora. Notamos, entretanto, que não poderia ter sido seu pai do mesmo prenome, pois este já teria falecido em 1690, mas provavelmente seu meio irmão João do Apoá. Consultar também Evaldo – opus cit., pag.495, 512.

(38) Fornecemos mais detalhes sobre a atuação deste ramo nativista dos Holanda Cavalcanti em nosso trabalho ”1817”, já no blog e em próximos trabalhos específicos: “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”; “Os Bezerra Cavalcanti na Fonda dos Mascates” e também “O ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna” - próximos a serem editados.

(39) Através a pagina no facebook do estudioso Eduardo Padilha, que pesquisa as famílias Holanda, Padilha, Calado, Cavalcanti e Tenório no Nordeste brasileiro, ainda com a colaboração de Samuel Duarte Cavalcante FilhoCícero Tenório e outros,  soubemos que houve um núcleo formado por Holandas Cavalcanti no sítio “Samburá”, região de Chã Preta, em Alagoas.

   Informações da pagina do Padilha transmitem: “Paulo Tenório Florentino nasceu no dia 03 de janeiro de 1943 em Chã-Preta - AL, filho de José Tenório Florentino, popularmente conhecido como Zezinho de Véio e de Maria de Holanda Florentino. Seus avós paternos foram Cuperino Tenório Florentino, filho de João Tenório Florentino e Maria Tenório de Albuquerque e Maria Tenório de Holanda, sendo Maria filha de Bernardino de Holanda Cavalcante e Cordalina Tenório Cavalcante; Bernardino era filho do Coronel Antonio de Holanda Cavalcanti e Luzia Tenório de Albuquerque, ambos, fundadores do "Sítio Herva de Rato", em Chã Preta - AL. Foram seus avós maternos Paulo de Holanda Cavalcante e Pastora, residentes na propriedade denominada "Samburá", município de Chã Preta”.

      (Estes dados da atual família Tenório Cavalcante coincidem com informações recentes do parente Cristovão de Holanda Cavalcanti que nos contatou este ano de 2016 pelo facebook: “Os nossos tetravós maternos (4º avô e 4ª avó) chamavam-se Antonio de Holanda Cavalcanti de Albuquerque e Luzia Tenório de Holanda Cavalcanti de Albuquerque; nasceram e faleceram no estado das Alagoas”).

    A Fazenda “Samburá” em Chã Preta por nós realmente localizada em Alagoas com CEP 57760000. 

    A família Tenório acrescenta sobre Paulo Tenório Forentino: “Casou-se com Auderilda Tenório Cavalcante, filha de Ernesto Tenório Cavalcante e de Anastácia Tenório Cavalcante (após casamento passou a assinar Auderilda Tenório Florentino). Da união nasceram José Cícero Tenório Florentino (Zé de Paulo), José Livaldo Tenório Florentino, Anastácia Tenório Florentino, Edilene Tenório Florentino de Souza (Maroca), Edilúcia Tenório Florentino (Novinha), Maria Florentino Teixeira e Luciano Tenório Florentino, residentes na Fazenda São Geraldo. Foi vereador por Chã Preta na legislatura de 01/02/1967 até 31/01/1971, ajudando seus munícipes, doando parte de seu patrimônio para abrir ruas e construir casas. Realizando tais benfeitorias foi homenageado, sendo ele nome de uma rua (Avenida Vereador Paulo Tenório Florentino) que leva até o Sítio São João, pertencente aos seus herdeiros. Faleceu muito novo, vítima de um infarto”.

  Acrescentamos que há uma linha Florentino ou Florentino Cavalcanti em Pernambuco derivada dos Bezerra Cavalcanti - descendentes de Maurícia, filha de Gertrudes, cujo 4º filho foi Manuel Florentino Bezerra Cavalcanti (batizado 1829, paróquia de Taquaritinga) foi grande proprietário de terras e da fazenda “Contendas”, em Vertentes.

 (40) Fonte o genealogista Cristovão Buarque de Holanda- Ensaio Histórico e Genealógico, 2007, pg. 31 e 177. Maria Madalena Paes de Holanda Cavalcanti era filha de Luiza Isabel de Holanda Cavalcanti de Albuquerque e do fidalgo da casa Real José Luíz Paes de Mello Barreto, apelidado Cel. Caju. Muito cedo órfã, neta por parte de mãe do velho Cristovão de Holanda e Paula Bezerra Cavalcanti de Albuquerque do Apoá e Petribú.  Maria Madalena casada em 1860 com Manoel Buarque de Gusmão Lima do engenho Macacos em Porto Calvo geram a descendência deste ramo Buarque de Holanda.  Fonte a genealogista Noêmia Barreto Brandão - Paes Barreto de Rio Formoso, Solar das Mambucabas, 1992, pg.136, 137.

(41) Sobre o ramo central Holanda Cavalcanti de Albuquerque que se denominou Petribú no século XIX conseguimos solucionar pequenas incongruências nas informações familiares, constantes no site do engenho e Usina Petribú (http://www.petribusa.com.br/?categoria=texto_institucional_02), utilizando as notas gentilmente cedidas pela memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque - estudiosa do inventário de Anna Maria José de Mello e do coronel Lourenço Holanda Cavalcanti de Albuquerque, segundo ela ainda um típico Holanda de olhos azuis.

    O site afirma equivocadamente que em 1885 parte do engenho Petribú foi “arrendada ao Tenente João Cavalcanti de Albuquerque, filho de Lourenço”. Esta afirmação é um equívoco – pois no caso já se tratava do neto de Lourenço, também do mesmo nome João, se bem ainda muito jovem, pois ficara órfão de pai aos dezesseis anos, segundo nota de Maria Cristina C. de A. O filho de Lourenço, João, chamado “do Eixo” foi um típico, exigente e elegante Cavalcanti nascido em 1829, falecido em 1882, aos cinqüenta e três anos de varíola.

   Segue ainda corretamente o site, com alguns acrescentamentos nossos: “No ano de 1894 este João Cavalcanti [o jovem] aproveitou a vinda de seu primo Francisco Cavalcanti de Albuquerque [radicado no RS] a Pernambuco e comprou do mesmo a parte que lhe coube do engenho Petribú... Pouco tempo depois, em 5 de dezembro de 1895, os outros herdeiros de José de Holanda [seu tio] venderam ao Capitão João Cavalcanti de Albuquerque as partes que possuíam do Engenho Petribú. Com essa compra, João Cavalcanti de Albuquerque se tornou proprietário de 50% do Engenho Petribú.... Em 1903 seu tio Christovão de Holanda faleceu, deixando a outra parte do engenho para a esposa, Ignez Cavalcanti de Albuquerque...”.

     Resumimos o resto da informação do site: João Cavalcanti de Petribú centraliza posteriormente a posse dos bens da família e falece em fevereiro de 1934. Por seus herdeiros foi criada em 23 de dezembro de 1942 a Usina Petribú LTDA. - uma Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada com sede em Paudalho.

   -Sobre a adoção do sobrenome Petribú por este ramo nesta geração observar no texto do side: “Em 1871 aparece o primeiro registro da palavra Petribú [nome de riacho próximo] empregada como sobrenome de família. No Almanaque de Pernambuco daquele ano consta o nome de João Cavalcanti de Albuquerque Petribú, neto de Lourenço Cavalcanti de Albuquerque e Capitão da Guarda Nacional da freguesia de Paudalho.” Ainda: “No dia 10 de janeiro de 1911, o Coronel João Cavalcanti de Albuquerque trocou oficialmente seu nome para João Cavalcanti de Petribú, conforme anunciado na imprensa local, uma vez que, naquela época, era conhecido por João de Petribú (do engenho Petribú)”.

    Concluímos: o pequeno neto de Lourenço talvez tenha sido referido por seu próprio pai - João “do Eixo” (1829 – 1882), um autêntico Cavalcanti - como um “Petribú” - aparecendo notícia mais tarde deste apelido como sobrenome no Almanaque de Pernambuco em 1871.  João “do Eixo” falecera cedo de varíola em 1882 (segundo Maria Cristina) - e seu filho, João Cavalcanti Petribú, só mais tarde e já maduro oficializou o apelido em 1911 - como de resto o fizera seu tio José que se denominara “Tabajara” por volta de 1867. A geração seguinte deste tio assim registrada no Rio Grande do Sul.

    Observamos por fim: teria havido alguma crise política na família Holanda Cavalcanti de Albuquerque já nesta geração, por volta de 1867 - ano da morte de Lourenço? Pois João de Eixo era tido na família como um típico Cavalcanti (seria republicano?) e seu irmão José, do ramo de Goiás, nomeado pelo Imperador era nitidamente anti-escravagista, segundo seus descendentes. Notamos que em seguida teremos a Abolição e a Republica.

(42) Tivemos contatos por e-mail com Sergio Tabajara, recentemente falecido, mas que nos deixou sua filha Barbara Viana Tabajara e seu irmão Pedro Tabajara ainda como contatos amistosos com o ramo. Ainda notas da memorialista Maria Cristina C. de A. baseada no inventário de Lourenço de 1868, arquivado no IHAP, acrescenta: “Seu filho mais novo, José de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, nascido na freguesia do Divino Espírito Santo de Paudalho em 1835 foi o co-herdeiro do engenho Petribú. Ainda solteiro, em 1866, tornou-se bacharel em Direito. Casou em 1870, por carta de metade com a jovem de 19 anos, Maria José Loureiro, natural do Rio Grande do Sul. Faleceu com testamento em 1878, aos 43 anos de idade. Quando casou, tinha três filhos naturais. De seu casamento nasceram quatro filhos. Sua mulher ficou grávida, mas não houve partilha para esta criança. Esta família voltou para o Rio Grande do Sul”. Os seus filhos, sabemos, estiveram em Petribú mais tarde e alienaram suas partes do engenho ao seu primo João Cavalcanti de Petribú.

(43) Contato por e-mail do procurador e escritor Vivaldo Jorge de Araújo, morador em Goiás, nos forneceu detalhes da história de seu ramo também desmembrado do Petribú - informações que cotejamos e acrescentamos com as notas citadas da memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque relativas ao inventário da família, notas gentilmente cedidas. Inventário arquivado IHAP. Assim sendo, concluímos: Manoel Cavalcanti de Albuquerque nascido em 1818 teria sido também um dos filhos mais velhos do coronel Lourenço Cavalcanti de Albuquerque da 8ª geração da linhagem dos Holanda Cavalcanti de Albuquerque do engenho Petribú casado com Maria José de Mello. O nome de um Manoel Cavalcanti de Albuquerque consta na partilha do filho primogênito Cristovão. Como o seu irmão José, Manuel teria se formado na faculdade de Direito de Olinda em 1849, e no ano seguinte da morte de seu pai, já aos 40 anos, em companhia de sua noiva Inácia Cavalcante de 35 anos, formada em Farmácia, deixa a região. Conforme a família, tendo Manoel recebido do irmão Cristovão parte da herança paterna (a compra de metade do engenho “Novo” consta na parte do inventário relativa a Cristovão) com 15 escravos aporta o Rio de Janeiro (doze escravos são também citados nominalmente no inventário de Cristovão). Manoel de postura liberal logo os liberta e os torna assalariados, rumando, após a realização do casamento, com eles para Goiás, para aí desenvolver a prática do Direito e a produção de açúcar Em 1866 fora nomeado pelo imperador D. Pedro II para o cargo de Juiz de Direito da cidade de Catalão, no Sul do Estado de Goiás, onde desempenhou importante papel de juiz, mediador social e político da região. O casal teve 12 filhos com grande descendência em Goiás, até hoje preferencialmente atuantes na área jurídica.  O falecimento de Manuel ocorrido, segundo ainda seus descendentes, em 1877.

 (44) Texto do CPDOC lembra o médico Joaquim Nunes Cavalcanti como membro do Partido Comunista na época: “... coube mesmo a poucos membros da elite local os primeiros registros do comunismo em Rio Preto. Talvez o primeiro e mais reconhecido deles tenha sido [Joaquim] Coutinho Cavalcanti. Médico e notório comunista, Joaquim Nunes Coutinho Cavalcanti nasceu em Recife/PE (1/3/1906) e morreu em 28/11/1960, no exercício do terceiro mandato como deputado federal (1951-54/1955-58/1959-60) pelo PTB. Antes havia sido vereador (1936-37), secretário estadual da Saúde e Assistência Social (1956), presidente do Automóvel Clube (1937 e 1950) e prefeito de Rio Preto durante 17 dias, de 1° a 17/4/1935”.

(45) A família Coutinho é mencionada como atuante em Pernambuco no Engenho Bonito, em Nazaré da Mata (BDF), já no ano de 1747 - seus mais antigos proprietários teriam sido o mestre de Campo, Amaro Gomes da Cunha Coutinho, e seu filho Inácio Xavier.

   A tradição familiar indica que “o velho Amaro Gomes teria passado tempo em Minas Gerais, junto a parentes seus, de onde voltara bastante rico. Tendo sido proprietário dos engenhos: Araripe do Meio/Itamaracá, Tracunhaém, Jardim, Camorim, Sipoal, Morojó, Taquara, Tabajara, Tabira, Camorim, Merecê (depois Salvador) e Tabayê /Goiana e Bonito/Nazaré da Mata; Camila/Paudalho.”

  Este Mestre de Campo Amaro Gomes da Cunha Coutinho teria comprado o engenho “Bonito” aos jesuítas cerca de 1747 e o passou para seu filho Ignácio Xavier - ancestrais dos nossos atuais informantes Carlos Alexandre da Fonseca Lima e João Pedro Cavalcanti.  Carlos Alexandre desta geração lembra: “Meu tetra avô, José Ignácio Ferreira Rabello, casou-se com Manuela Francisca Xavier da Cunha Coutinho, filha do Mestre de Campo Manuel [ou Amaro?] Gomes da Cunha Coutinho, do Engenho Tracunhaém de Cima. Neste sentido o parentesco entre os Rabellos e os Coutinho”.

    A fonte Blog dos Engenhos na mídia eletrônica refere o “Engenho Bonito” em Nazaré da Mata, porém, não mais na propriedade do mestre de campo (coronel) Amaro Gomes da Cunha Coutinho (doc. 1747), mas sim no de Amaro Gomes da Costa [ou Cunha] Rabelo, certamente seu proprietário em geração posterior. O blog engenhos de Pernambuco cita como Curiosidades: “Diário de Pernambuco na História”. Há 150 anos. Sexta-feira, 15 de julho de 1859 - Guarda Nacional - Por decreto de 18, 28 de junho e 2 de julho do corrente foram nomeados: o Dr. José Inácio da Cunha Rabelo, tenente-coronel chefe do estado maior do comando superior da Guarda Nacional do município de Goiana, da província de Pernambuco. O capitão João Alves Ribeiro da Cunha [seu irmão], tenente coronel comandante do 5º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da província de Mato Grosso.

   Sabemos que o velho Amaro Gomes da Cunha Coutinho tivera um filho homônimo, o celebre herói executado na Revolução Pernambucana de 1817, Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817) que, como castigo, teve também suas mãos decepadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio [Araripe?] - fonte https://www.recantodasletras.com.br/artigos/4310000 Este Amaro Coutinho executado foi casado na família Carneiro da Cunha.

  Sobre a atuação dos vários Carneiro da Cunha que também participaram da revolução de 1817 cuja irmã fora casada com o líder Amaro Coutinho, ver nosso artigo “1817” publicado no nosso blog e ainda “Os Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna", próximo a ser editado.

  “Os Carneiro da Cunha também haviam casado em geração anterior no ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho “Flamenguinho”, em Alagoas - estes na revolução de 1817 apoiados também pelos Machado da Cunha, seus vizinhos do engenho "Unussú”. 

   Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817) que na Revolução de 1817 tivera importante papel revolucionário foi martirizado e teve suas mãos amputadas sepultadas na capela do Engenho do Meio (em Araripe?). Havia ele atuado com o seu cunhado Estêvão José Carneiro da Cunha (1762 —1832), sargento-mor da Vila de Igarassu, este filho de João [ou José] Carneiro da Cunha Berenger de Andrade que foi tenente-coronel comandante das tropas de linha revolucionárias da Paraíba durante a Revolução. Estevão mais tarde tornou-se senador do Império. Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (n. 1784 em Pernambuco, f. 1852) residente na Paraíba, rico proprietário, também participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e esteve nos cárceres de Salvador, na Bahia, até 1821, continuando posteriormente honrosa trajetória política.

   Manoel de Carvalho Paes de Andrade também participou dos episódios revolucionários, pois aparece na lista dos incriminados em 1817 como “auzente”, sic. (fugitivo).

   Na geração seguinte Amaro Gomes da Costa [ou Cunha] Rabelo (? -?), irmão de José Inácio Gomes Cunha Rabelo (1806-1864), segundo ainda o Blog do Engenhos, foi “Tenente Coronel de Milícias de Brancos da Capital”; “Cavalheiro da Ordem de Cristo”; e membro da Academia do Cabo de Santo Agostinho e Paraíso [notórias academias maçônicas]. Teria sido “abnegado apóstolo da República” [teria participado da revolução de 1817 ainda muito novo, como cadete?].  e mereceu por isso [no Império] a consideração do alto cargo de General.  Casado com Ignácia Xavier da Cunha Coutinho Carneiro de Albuquerque - filha de Ignácio Xavier Carneiro de Albuquerque e Joana Coutinho Carneiro de Albuquerque. Com fotografias na Col. Francisco Rodrigues: FJN Nºs: 3.832, 4.376, 4.377, 4. 378; 3833 e 4379.

   Em depoimento à autora, o descendente da família Carlos Alexandre da Fonseca Lima (Jan.2021) ainda reafirma as tradições republicanas de seus antepassados: ”Minha Trisavó Ignácia Xavier da Cunha Rabello, esposa do Coronel da Guarda Nacional, Amaro Gomes da Cunha Rabello, declinou o título de Barão lhe oferecido por D. Pedro II, em 1879, declarando-se Republicano. Recebeu Silva Jardim no seu Engenho Tabairé”.   

(46) O núcleo familiar dos Cavalcanti de Albuquerque Lacerda, ramo que continuou a fidalguia, apresenta prenomes e nomes muito semelhantes ao deste ramo saído de Campina Grande, com o qual não o conseguimos, infelizmente, entroncar de forma completa. Sabemos que este ramo de Alexandrino na Paraíba manteve relações de influência na corte. Seria por Adolfo de Barros Cavalcanti de Lacerda, que foi presidente das províncias do Amazonas, de 7 de abril de 1864 a 24 de agosto de 1865, Santa Catarina, e de Pernambuco, de 20 de maio de 1878 a 18 de setembro de 1879, casado com Francisca Carolina Paranhos da Rocha Portela? Era filho de Emília Guilhermina Xavier Veloso e de Pedro Alexandrino de Barros Cavalcanti, primeiro conferente da alfândega da Corte. Eram seus irmãos: Pedro, Alfredo e Henrique de Barros Cavalcanti de Lacerda. Foi pai de Felix Cavalcanti de Albuquerque Lacerda (1880-1936) embaixador já no período da Republica (1880-1936). Adolfo era neto materno de Uberta Arcângela Xavier Veloso (portuguesa) e do cirurgião Matias Carneiro Leão (português), neto paterno de Bernarda Francisca da Conceição Cavalcanti de Lacerda e José de Barros Falcão de Lacerda Cavalcanti (a família Falcão no passado importante aliada dos Cavalcanti de Albuquerque na guerra contra os holandeses e adiante também na Fronda contra os Mascates - José de Barros Falcão figura histórica relevante, atuante na revolução de 1817 e ainda politicamente nos anos seguintes).  O avô materno de Felix - Manuel Inácio Cavalcanti de Lacerda e [Albuquerque], barão de Pirapama, foi ministro do Supremo Tribunal de Justiça no Império.

  Sabemos que o nosso jovem João Alfredo Cavalcanti de Albuquerque no fim do sec. XIX, “sdegnoso”, deixara sua região incompatibilizado com os seus. João Alfredo viera para o Rio no fim do sec. XIX, trazendo mais tarde dois irmãos e uma irmã – ele casado, segundo seus descendentes com Carolina Xavier Cavalcanti de Albuquerque (algum erro ou repetição de nome? notado a repetição de já duas Carolinas), seus irmãos depois casados no Rio de Janeiro. Quando os irmãos faleceram, João Alfredo solidariamente ocupou-se de todos os sobrinhos, já que os mesmos eram sobrinhos de sua mulher - três irmãos casados com três irmãs.

   João Alfredo preparado e culto, falando francês, foi dentista (cirurgião dentista como o citado acima?) sem nada cobrar - sobretudo funcionário do Ministério de Educação e Cultura onde fez carreira e chegou a ser a segunda pessoa do Ministério na época - amigo do famoso músico Villa-Lobos, professor sua filha Emília Julia (12º filho). Esta filha também admiradora da cultura francesa foi casada com o celebrado compositor popular Benedicto Lacerda, pais do nosso informante na atual geração, Benedicto Cavalcanti de Albuquerque Lacerda.

    Benedicto confirma o alto nível cultural da sua família: “Meu avô era um homem alto 1,85m para época era muito, elegante e culto. Eu cheguei a conhecer um pouco de sua grande biblioteca, ele e minha vó falavam francês assim como minha mãe, com quem aprendi também o amor pela França”.

   Uma irmã do mais jovem João Alfredo, Branca (segundo nosso informante Bendicto Cavavalcanti de Albuquerquer Lacerda) teria casado com Di Cavalcanti, o conhecido pintor, mas soubemos que a filha deste, Elizabeth, fora na verdade adotada de outra companheira do Di, Beryl. Esta filha adotiva, Elizabeth Cavalcanti (Vieira?), herdeira de Di Cavalcanti. Elizabeth teve que lutar na justiça por sua herança frente à Marina Montini, conhecida modelo do pintor, auxiliada por seu primo, João Maria Cavalcanti de Albuquerque, que foi presidente do Clube Botafogo, no Rio. Elizabeth negou-se a fazer exibir um vídeo de Di realizado em seu velório pelo cineasta Glauber Rocha - filme até hoje não lançado e que por este motivo causou muita celeuma na sociedade brasileira e mesmo no exterior. Fonte enciclopédica informa: ”Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque nasceu dia 6 de setembro de 1897 no Rio de Janeiro, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque de Melo e Rosalia de Sena. Seu pai era membro da tradicional família pernambucana Cavalcanti de Albuquerque. Já pelo lado materno, era sobrinho da esposa de José do Patrocínio, grande abolicionista negro brasileiro”.  

 (47) Sobre o tronco dos Cavalcanti de Albuquerque que a partir do século XIX teve como centro o engenho Castanha Grande em  Alagoas já redigimos vários artigos específicos, publicados em nosso blog. Entre eles citamos: “O Ramo do Engenho Castanha Grande”, 2014; “Cavalcantis em Questão”, 2014; “Antonio Cavalcanti de Albuquerque (1564-1640)”, 2015; ”A Surpresa de Heleni”, 2019. O artigo “Um Albuquerque pela Independência Brasileira” foi publicado pela revista Athena do Porto em 2018. O ramo do Castanha Grande é ainda capítulo em nosso livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque” e em nosso trabalho sobre a Revolução “1817”, publicado no blog no ano de 2020.

   Recentemente, foi ainda publicado sobre o Castanha Grande baseado também em nossos estudos o livro “A Família do Engenho da Castanha” de Jane Assunção pela ed. Viva Maceió, 2019.  

  

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