As mais antigas origens de Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti nas proximidades de Colônia, reino franco – século VIII

       

Em trabalho anterior havíamos analisado detidamente as informações recolhidas na obra do historiador Giovanni di Nicòlo Cavalcanti, do século XV, que indicavam as origens das famílias florentinas Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti no reino franco, próximo de Colônia - cavaleiros descidos para a península italiana com Carlos Magno no século VIII. Estas informações do historiador haviam sido comparadas com as tradições específicas da família italiana Monaldeschi, que reafirmavam origens também muito antigas, especialmente angevinas.  Havíamos concluído neste artigo que as tradições das famílias Cavalcanti e Monaldeschi não seriam conflitantes – mas na verdade complementares (1). 
       Havíamos observado que a genealogia angevina dos condes d´Anjou – dinastia da qual se desenvolvem os reis franceses, robertinos e capetianos - era proveniente da mesma contagem de Hesbaye, local de surgimento da linhagem wido ou guidi, dinastia mais tarde muito atuante na Toscana. Ambas as dinastias, robertina e wido, surgidas no coração no reino franco a partir dos mesmos condes de Hesbaye - estes com ascendentes muito religiosos, que no século VII haviam sofrido intensamente pelos conflitos das mudanças de poder do período merovíngio para carolíngio, alguns deles mesmo martirizados e posteriormente santificados. 
       
   Ao perceber a hipótese de origem da família Cavalcanti no reino franco não mais como uma lenda, mas como uma possibilidade real, partimos então em busca de traços concretos desta origem franca e angevina, origem que teríamos comum aos varões (2) referidos por nosso historiador Giovanni Cavalcanti do sec.XV - varões muito religiosos descidos do reino franco com Carlos Magno.

    Depois de muito pesquisarmos e termos realizado vários trabalhos prévios (3) nos deparamos com um local possível e sugestivo para a proveniência mais antiga dos membros destas  famílias italianas - localidade próxima de Colônia, coração do antigo reino franco, com uma Igreja dedicada a S. Gilles - como fora indicado pelo historiador  da família Cavalcanti - lugar onde, comprovamos, desenvolvera-se a família dos condes de Hesbaye.   
    Pequena Igreja por nós localizada ainda hoje leva o nome do santo indicado pelo historiador – Santo Aegidius ou S. Gilles – situada em distância bem aproximada da cidade de Colônia, como ele também refere.
    A pequena Igreja de S. Gilles está localizada efetivamente próximo às cidades de Colônia, Mannhein, Aachem e Radisbona antigo centro do reino franco - na atual localidade de Seckenhein-Mannheim, (“Neustadt on the Wine Route” - Rhineland-Palatinate) – antiga aldeia já referida no “Codex Lorsch” no ano de 766.  
   

     A documentação da igrejinha de Saint Gilles ou Santo Egídio realizada, portanto,  dois anos depois da morte de Robert I conde de Herbaye no ano de 764 - momento da substituição de linhagens no poder franco,  que nesta ocasião passa definitivamente das antigas dinastias merovíngias para a dinastia carolíngia - lembrando que Childerico III, ultimo rei merovíngio, fora destronado em  751 e mesmo tivera seus longos cabelos simbolicamente cortados - “deposit et detonsit”.
   A pequena cidade onde se localiza a igreja ainda é representada por um símbolo muito interessante - um brasão com a imagem de Santo Egídio (S. Giglio, Saint Gilles), seu cetro indicando  a região próxima  de Neustadt, a Cidade Nova, onde teria se localizado um antigo ramo dinástico rural oriundo de corte, o chamado “Brunchwilre” (ramo Wilre ou Villare) (4)

     Reproduzimos o brasão da cidadezinha:


    Em trabalho anterior havíamos chamado a atenção do leitor para a origem angevina dos d´Anjou, origem ligada à antiga aristocracia franca merovíngia - Robert III, conte de Hesbaye e de Worms, pai de Robert Le Fort, a serviço dos últimos merovíngios na Neustria. Recentemente reconhecido por historiadores e estudiosos que o capostipide robertino, Robert Le Fort (nascido cerca de  815 /830, morto na  batalha de Brissarthe em 866), primeiro Conde de Anjou, seria oriundo desta região de Worms - fato confirmado em colóquio científico, indicado como seu pai Robert III de Hesbaye, conte de Worms e Oberrheingau e  sua mãe Waldrada, irmã de Eudes de Orleans (5).  
   O antepassado de Robert Le Fort, Robert I conde de Hesbaye e Worms  citado acima, falecido em 764, constatamos,  teria já desenvolvido atividades ao sul do reino franco  como “missus” (diplomata) junto ao papado na Itália, atividades sobre patrocínio dos primeiros carolíngios da Austrásia.
  
Por fontes genealógicas tradicionais temos também notícias que Ermengarde de Hesbaye, nascida em Hesbaye em 778 e falecida em 3 outubro de 818 em Angers - filha de Ingerman, conde Hesbaye - fora em 795 casada com o próprio rei Luís I, o Piedoso, filho de Carlos Magno, visando nova composição política entre as duas dinastias - a de Hesbaye e a carolíngia.

Ainda por nossas pesquisas pudemos comprovar que a Igreja de S. Egydio (St. Gilles) fora doada pelo Imperador seu viúvo, Luis o Piedoso, à Abadia de Lorsch em 823 - fato documentado no próprio código Lorsch – ainda registrado neste documento que a igreja teria sido anteriormente “comprada pelo rei ao conde Warin”.

A notícia desta transação  entre o rei franco aos condes Warin é  fato muito interessante e significativo para nós, pois comprova documentadamente o local mesmo de origem da dinastia dos wido. 

Mas como não sabemos a que rei o documento se refere, possivelmente Carlos Magno, não sabemos também com precisão qual poderia ser o conde Warin referido: se São Warin (Warin I) conde de Paris e de Palácio nascido c. 640 - f. 677) ou mais provavelmente seu bisneto o conde Warin II (n. 723 - f.772 em Narbonne), ou ainda Warin III, seu trineto documentado em 771. Lembrando que o primeiro conde Warin (São Warin, Guerin ou Guido), capostipide dos wido fora martirizado durante a luta religiosa e política que começara na geração anterior e que determinara a mudança de poder dos merovíngios para os carolíngios. São Warin capostipide da linhagem dos wido e  também antepassado de Robert Le Fort, cujo pai como afirmamos acima fora ainda um conde de Hesbaye, Robert III (doc. 834) (6).

Deste modo, fica comprovado que a genealogia angevina pretendida pela família toscana Monaldeschi desenvolvera-se, realmente, no coração do reino franco e a partir dos mesmos ascendentes dos condes de Herbaye - todos muito religiosos, conversores e santificados, que no século VII haviam sofrido intensamente pelos conflitos na mudança de poder do período merovíngio para carolíngio - conflitos especialmente cruéis para a dinastia sob o prefeito do Palácio da Neustria, Eboim (7).

Sobretudo, comprovamos que a estirpe saída do condado de Hesbaye por Robert I de Hesbaye, enviado como missus à Itália já em 757, manteve importante seqüência geracional, especialmente desenvolvida por seu filho, o conde Warin II -  descendência que no século VIII  precede e mesmo acompanha a descida franca para  o sul e para a península italiana, colocando seus membros em ligações não só em Spoleto por casamento, mas também nas linhas de luta e defesa franca em Narbona, Barcelona, Córsega, Raecia e Friul. Fato para nós Cavalcanti muito significativo (8).


   Com a indicação de que a região da atual Seckenheim fora propriedade dos antigos condes Warin, comprovamos que a região desta Igreja de Santo Egídio fora comprada pelo rei franco de muito bons e santos cristãos da mesma dinastia de Ermengarde de Hesbaye, falecida em Angers, dinastia angevina que consta na tradição dos Monaldeschi – família que segundo o historiador Giovanni di Nicòlo Cavalcanti, descenderia igualmente de varões muito devotos e pios que teriam chegado à península Italiana com Carlos Magno.  

   Ainda constatado por nós que a pequena Igreja de Santo Egidio ou Saint Gilles, ainda hoje existente na atual cidadezinha de Seckenheim, seria uma das mais antigas igrejas a direita da diocese de Worms, com assentamento e aldeia muito próximo onde se localizou um ramo dinástico real decaído - aldeia citada no “Codex Lorsch” dois anos depois da morte de Robert I de Hesbaye (falecido c. 764), neto do próprio São Warin (Guerin ou Guido) capostipide dos wido ou guidi citado acima.
 
    Traduzimos e reproduzimos as fontes locais alemãs de Seckenheim que reafirmam sobre a região e sobre a Igreja de Saint Gilles (9). Os grifos são nossos:

"Seckenheim foi o primeiro assentamento registrado em 766 no chamado códice Lorsch. Uma igreja nesta vila também é mencionada no ano de 823, quando o imperador Luís, o Piedoso [casado com Emengarde [de Hesbaye] a doou à Abadia Lorsch. O mesmo documento afirma que a Igreja do conde Warin foi anteriormente adquirida para o Rei [provavelmente comprada de Warin II de Hesbaye ou Warin lll]. O assentamento construído em século não identificado – mas a igreja já deve ter existido anteriormente. 

É, portanto, uma das mais antigas igrejas a direita da diocese de Worms. A igreja manteve-se, como a Abadia Lorsch, sob o patrocínio de Santo Nazário. Em 1232 incluíram o mosteiro no Arcebispado de Mainz. A aldeia Seckenheim arruinada em 1247 depois de uma disputa com o arcebispo de Mainz no Reno Palatinado. Em 1358 a Igreja de St. Gilles transferida para o eleitor palatino – e a caneta de St. Gilles indicando Neustadt, a cidade nova, registraria igualmente a mudança de patrocínio de São Nazário para São Gilles”.

    Ainda outras informações coletadas na mesma região completam a história desta pequena igreja de Saint Gilles.

Na verdade uma antiga fazenda aí teria sido trabalhada desde o tempo dos romanos, com edifícios circundantes dedicados à produção de vinhos.  Vinhedos que mesmo caracterizaram a região, Wincingas (Vincincta), significando montanha e vinho cingidos, unidos (10) - a aldeia referida no século VIII como Wincingas, posteriormente junto a ela construído nos anos 900 o Castelo Winzingen - ambos arruinados já no décimo século, momento sobretudo crítico da passagem da dinastia carolíngia para a dinastia otoniana alemã.
Próximo de Neustadt teria se abrigado, não sabemos em que época, o referido ramo decaído de corte chamado Branchweiler (Ramo Weiler ou Villare) – que teria se localizado na mesma região antiga, em distrito próximo a Seckenheim, ramo mencionado documentadamente pela primeira vez em na ano de 1190.
Transcrevemos ainda fontes locais alemãs do atual distrito de Branchweilerhof que referem informações sobre este ramo de corte decaído, localizado na fazenda muito antiga de origem romana - fontes informativas que acrescentam alguns detalhes sobre esta localidade próxima à cidade de Neustadt:
“Branchweilerhof é hoje um distrito da cidade de Neustadt na Rota dos Vinhos (Renânia-Palatinado). O distrito está localizado a sudeste do centro da cidade, e ao sul do rio Speyerbach.
Seu nome vem de uma antiga fazenda, que foi trabalhada há séculos, com edifícios circundantes formando uma aldeia. A primeira prova documental da corte de "Brunchwilre" remonta ao ano de 1190 e, em um documento de 1225, a herdade é listada como "ramo Villare" (11).
Em conexão com doações para o mosteiro de Weißenburg [White Castle] a vila teria sido mencionada pela primeira vez em 774 sob o nome de "Wincingas", especificamente em um documento - o Codex Edelini. A fundação real por tribo germânica dos francos provavelmente anterior. Em primeira menção  registradas como aldeias - Winzingen, Lachen e Speyerdorf (Renânia-Palatinado).
Assim, o nome medieval "Wincingas" poderia ser encontrado nas palavras latinas vinum (vinho) e cingere (cingir).  Vincincta, o nome da vila, significaria “vinho e montanha cingidos”, unidos – uma referência, desde os tempos romanos por produzirem vinho na região.
Winzingen na Antiguidade, portanto, uma vila produtora de vinho. Na Idade Média, nomeada como vila com castelo próximo, o castelo de Winzingen.  Hoje Winzingen tem o estatuto de distrito”.
Ainda sobre a vila de Winzingen:
“A vila de Winzingen era já bem anterior ao início do 13º século, quando foi construída a Cidade Nova (Neustadt) e a cidade de Haard. Neustadt foi estabelecida pelo Conde Palatino Ludwig I e seu filho Otto II, mas a queda da vila de Winzingen, e seu castelo de mesmo nome, ocorreu no século 10 - castelo construído a dois quilômetros noroeste, nas encostas das montanhas de Haardt hoje em estado de ruínas. A imagem do castelo está cunhada no antigo brasão de Winzingen.

   E a
destruição ou queda de outros castelos ocorreu também nesta ocasião na região
do Speyerbach, um quilômetro abaixo, a leste da nova fundação” (Os grifos são
nossos).



Nome da Vila: Castelo Winzingen
Brasão de armas de Winzingen
O Castelo de Winzingen é construção dos anos 900.  


       Ruínas de vários castelos acima do vale de rio Speyerbach, mesmo de construções posteriores, são observados ainda hoje uma atrás do outra, como em fileira.
À esquerda, sobre o vale do rio Speyerbach (12) estão as ruínas do castelo Winzingen e também as do Wolfsburg Castle, em cujas proximidades foram encontrados restos romanos; do lado em que o recente Castelo Haartdter foi erigido aparecem hoje as ruínas do Castelo Elmstein, construído no sec. XII e XIII. As ruínas do Castelo Elmstein localizadas sobre a aldeia Elmstein, na extremidade sudoeste e no ponto mais alto da colina, a 458 metros (1.503 pés) de altura (13) (14).

Foto das ruínas do Wolfsburg Castle, em cujas proximidades foram mesmo encontrados restos romanos (15).

Em conclusão
      
    A igreja de S. Egidio ainda hoje localizada na cidadezinha de Seckenheim, próxima de Colônia é uma das mais antigas igrejas à direita da diocese de Worm -  no passado  localizada em aldeia muito antiga, referida por fontes locais no documento denominado “Codex Lorsch” dois anos depois da morte de Robert I conde de Herbaye em 764 – a igreja tem ainda um assentamento próximo onde se localizou um ramo dinástico real decaído.

     Constatado também que esta Igrejinha de Saint Gilles atualmente localizada em Seckenheim fora doada à abadia de Lorsh por documento do imperador carolíngio Luiz, o Piedoso, esposo de Ermengarda Hesbaye, filha de Ingelman de Hesbaye. Igreja referida neste mesmo documento como de propriedade anterior dos condes Warin São Warin ascendente dos condes d´ Anjou e também capostipide da linha wido.
  
    Não podemos esquecer que Waldrada, esposa de Robert III, conde de Hesbaye, mãe de Robert Le Fort, é tida também como da linhagem wido proveniente de São Warin e de S. Leutwinus, neta e herdeira riquíssima por lado paterno de seu avô Gerold I de Winzgouw. Seu primo Gerold II, cunhado de Carlos Magno, de grande bravura e competência administrativa fora mesmo o “margrafe” da marcha franca para a península italiana e havia morrido em batalha contra os ávaros (16) na Panônia no ano 799. Gerold II era irmão de Hildegard de Winzgouw, a muito jovem segunda esposa de Carlos Magno, muito devota e falecida por inúmeros partos muito cedo, mãe dos reis Pepino e de Luis, o Pio. Seriam esses colaterais geroldings dos wido os construtores e donos do magnífico castelo de Winzingen? (17). 

   A Igreja de S. Egidio localizada no passado em uma vila muito antiga, Winzingen, produtora de vinhos que teria sido mencionada em 774 no código Edeline, e em região próxima um ramo decaído de corte teria ainda se estabelecido não sabemos em que época - o ramo “Villare” ou “Brunchwilre" resultado provável de mudanças dinásticas francas.

   Estes são indícios muito significativos e fortemente referentes às indicações de origem franca propostas por Giovanni Cavalcanti em relação à família Cavalcanti, aos varões Malavolti e Monaldeschi de Siena - ainda aos varões que se localizariam em Pescia, próximo de Lucca.

   O fato de constatarmos os antepassados da estirpe dos condes wido em Hesbaye como muito religiosos, santificados mesmo, lembra a frase notável do historiador Giovanni di Nicolo Cavalcanti que descreve os antepassados dos Cavalcanti como muito piedosos e provenientes da região de Colônia:

                     “La loro residencia delle signoria di piu castella e la principale sedia era in San Gilio. Questo Castello é molto magnífico, di popolo pienissino; del quale uscirono quatro Fratelli.....
   Ainda que mudanças políticas na passagem do século X ao XI, geradas pela substituição das dinastias carolíngias para as otonianas germânicas tenham determinado a destruição de vários castelos no vale do rio Speyerbach, em especial o castelo Winzingen junto ao assentamento de mesmo nome, é muito provável que estas alterações políticas traumáticas e conflituosas tenham também chegado  a impactar as linhas de defesa francas da Toscana – episódios que a nosso ver coincidem com o súbito aparecimento dos primeiros membros da família Cavalcanti documentados próximo do ano 1000.
 Novas pesquisas a serem expostas em próximo trabalho irão apresentar , um a um, os principais membros da dinastia wido saídos de Hesbaye no sec.VIII, em descida para estabelecimento na península italiana -  especialmente  na Toscana -  onde no ano 1000 aparecem os Cavalcanti documentados pela primeira vez.

Notas

(1) Nesse primeiro parágrafo fazemos referência ao nosso artigo mais recente “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi”, editado no ano de 2017 em nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ e também na revista digital portuguesa Incomunidade, ed. 57, junho 2017, pg.3 - trabalho no qual realizamos uma análise bibliográfica detalhada da obra do historiador da família Cavalcanti, Giovanni di Nicòlo Cavalcanti (do sec.XV), e também da obra genealógica da família Monaldeschi escrita por Monaldo Monaldeschi (sec. XVI).
(2) Teria havido algum equívoco na tradução do termo “barão” na obra de Giovanni Cavalcanti? Porque temos notícia de que entre os francos e os alemães “barone” significaria inicialmente "homem livre, valoroso, guerreiro”.
    Encontramos também indicações de que o sobrenome da família Baroni, italiano, seria de origem germânica - Baro e Barone, difundida depois nas formas latinas Baronius, Baroncius, Baroncellus. O nome germânico comprovadamente utilizado na Itália já a partir do século VI pertenceria à tradição dos godos, dos longobardos, mas também dos francos e dos alemães com esta mesma significação de "homem livre, valoroso, guerreiro". O sobrenome Baroni seria, portanto, uma variante de Barone, a forma principal: outras variantes são Baròn, Baroncelli, Barelli, Barèl, Barei, Barettini, Barettòn, Barocci, Barozzi, Baronti, etc. Na região da Campania estaria mesmo presente a variante Varoni, até mesmo com a troca da letra b por v. Comentário já exposto no artigo “Carta ao Bezerra I”.
(3) Além do trabalho acima citado sobre as origens das famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti, o mesmo tema de forma incipiente já havia sido abordado por nós no artigo “Carta ao Bezerra I”, com fontes especialmente nas notas 18 e 19, e no artigo “Carta ao Bezerra II” - ambos publicados em http://rosasampaiotorres.blogspot.com/
   Também sobre o mesmo tema, os artigos “Família Cavalcanti em busca de sua Origem I (Castellum Divítia)” e “Família Cavalcanti em busca de sua Origem II”, ambos publicados no ano 2013 no mesmo blog, além do ”Os Sdegnosos Cavalcanti” do mesmo ano.                 
(4) Devemos lembrar que os merovíngios teriam se consolidado a partir da antiga marca de defesa “Haspinga” - na qual o sufixo – ga - sobreviveu na forma limburguesa - gau (plural gaue) – designação franca antiga para uma divisão política, equivalente em etimologia ao francês - pays.
      Assim sendo, origens angevinas antigas também estariam centradas na antiga região gaulesa dos Andes já organizada por Júlio César - as civitas romanas do Andecavi. Sua extensão praticamente idêntica a da diocese de Angers.
.     Fonte enciclopédica: “The city of Angers gets its first bishop in 372, during the election of Martin of Tours. The first abbey, Saint-Aubin, is built during the 7th century to house the sarcophagus of Saint Albinius. Saint-Serge abbey is founded by the Merovingian kings Clovis II and Theuderic III a century later. From the 850s, Angers suffers from its situation on the border with Brittany and Normandy. In September 851, Charles the Bald and Erispoe, a Breton chief, meet in the town to sign the Treaty of Angers, which secures the Breton independence and fixes the borders of Brittany. However, the situation remains dangerous for Angers, and Charles the Bald creates in 853 a wide buffer zone around Brittany comprising parts of Anjou, Touraine, Maine and Sées, which is ruled by Robert the Strong, a great-grandfather of Hugh Capet.
    In 870, the Viking chief Hastein seizes Angers where he settles, but quickly surrounds after a siege. He takes again control of the town in 873, before being ousted by the Carolingian Emperor.  Fulk I of Anjou, a Carolingian descendant, is, first, viscount of Angers (before 898 until 830) and of Tours (898-909), and count of Nantes (909-919). Around 929, he takes the title of count of Angers and founds the first Anjou dynasty.
      During the 12th century, after internal divisions in Brittany, the county of Nantes is annexed by Anjou. Henry II Plantagenêt keeps it for more than 30 years. At the same time, he also rules the vast Angevin Empire, which stretched from the Pyrenees to Ireland. The castle of Angers is then the seat of the Court and the dynasty. The Empire disappeared in 1204-1205 when the King of France, Philip II, seized Normandy and Anjou”.
        Ver mais detalhes sobre as origens angevinas na tradição dos Monaldeschi, explicitadas no artigo já citado “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade número ed. 57, junho 2017, pg.3.  
(5) Sabemos que a região defendida pelos condes de Hesbaye, região da marca Haspinga (Hesbania) foi lembrada no tratado de Maerssen em 870, pois Lambertus (nascido 640), filho de São Warin (Warinus, Garnier, Guerin), conde de Poitiers (cerca 612 na Austrasia – 677/87) é mencionado como Lampert de Maastrich na divisão de territorios entre Carlos, O Calvo e Louis o Germânico (Landeberthus de Maastrich ou St. Lambert, o primeiro dos referido em genealogia como de Hesbaye, n. 636- f. 705, da mesma linha familiar do santificado Warin I (Guerin, Garnier ou Guerino).
   Já no sétimo século a marca Haspinga (Hesban em latim, Hesbaye em frances, Haspingau em alemão, Haspengouw em holandes) é tida como “an important fief in the northwestern marches of the Merovingian kingdom of Austrasia”… "that region where the western foreland of the Eifel meets the south-western fringe of silva carbonaria, a woodland frequently mentioned in Frankish historiography." De fonte enciclopédica sobre a região.

   Os condes de Hesbaye teriam sido definitivamente prejudicados ou privados em sua tradicional contagem e marca possivelmente no século IX, por volta de 844. Mas sabemos que a partir de 830, quando da guerra fratricida entre os filhos de Luis o Pio, a região fora atingida pelos conflitos e a linhagem abalada.
Acreditamos que o período de desprestígio inicial dos condes de Hesbaye ocorrera já um século antes, por ocasião da queda final dos merovíngios em 751, fato que fica claro pela perda de prestígio de Robert I, anteriormente a 751 dux de Hesbaye, e a venda do território da Igreja de S. Gilles ao rei pelos condes Warin, ainda a saída de Warin II de Hesbaye para a região de Altdorf e depois para a frente de luta em Narbonne. Mais tarde, da mesma família, Robert le Fort teria deixado o Reno Médio em 836, abandonado seu condado e região de nascimento em Hesbaye sem ser ainda titulado, quando das lutas pelo poder entre os filhos de Luis o Piedoso, tendo tomado partido por Carlos II, o Calvo. 
    O próprio cancelamento da marca nos é sugerido pelo texto relativo aos Monaldeschi citado no nosso trabalho “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi”. Citamos o texto do livro de Monaldo Monaldeschi “Comentário Historici” (datada de 1584, pag. 23), obra localizada por Marcello Bezerra, cujo original em latim se encontra da Bavarian State Library, referindo o genealogista do Codice Vaticano, Fanutius Campanus em “Familis Italicae” (livro i iij, cap.xij), apresentado por nós em tradução provisória.   “O mais nobre da progênie dos Monaldos era da época de Carlos Magno, no ano do Senhor de 809, do acordo [hoc pacto]. Quando o líder e herói Rodorico Maldonaldo, companheiro da imperial estirpe angevina cancelada [superada, liquidada, ultrapassada - Andegaensium DIU – a provável antiga marca Haspinga] os lombardos expusos das posições, especialmente continuaram comemorando a ampliação da Cidade Velha, e aceitou como senhor e esposa Emilia Roma Casarina...” 

     Sabemos que em 1040 o Imperador Henrique III cedeu o feudo oficialmente para o bispo Nithard de Liège que o integrou como Principe-Bispado de Liège.      

   
   Acrescentamos que os mais faosos condes de Hesbaye teriam sido Ingerman pai de Ermengard e o citado Roberto, o Forte que deixou suas terras em Hesbaye e mais tarde, a partir de Anjou, funda a dinastia dos duques Brabant e reis da França, também dos reis da dinastia dos capetos.
A boa sorte da linha dos condes de Hesbaye fora concertada depois da queda dos merovíngios ainda uma pela segunda vez (a primeira pelo casamento de Routrude, filha de S. Leiwinus com Carlos Martel) quando Ermengard de Hesbaye (778 em Hesbaye – 3 de Outubro de 818 em Angers), filha de Ingerman, conde de Hesbaye se casou com Louis, o Pio, filho de Carlos Magno, dando origem à linha dos ingelgeriens: “lignage de la noblesse franque, qui établit l'autonomie et la puissance du comté d'Anjou entre 930 et 1060, profitant des luttes entre les derniers Carolingiens et les Robertiens, ancêtres des Capétiens”. Acrescentamos também que fora a origem da dinastia dos plantagenetas por Geoffrey V († 1151), também de antiga linha wido e hunfrings (prenomes Hunfrid, Walfrid, Walfredo, Godofredo)      
         Notar que o prenome Lambert [o de Maastrich] aparece de modo freqüente entre os da linhagem wido ou guidi na Itália e ainda entre os Cavalcanti, no momento de afirmação e colaboração dos d´Anjou na Toscana do século XIII. 
 (6) A genealogia da família dos wido ou guidi que descende de São Warin na península italiana é a mesma que dará origem aos condes d Ánjou e reis franceses, robertinos e capetianos e ainda a outras linhagens que se desenvolvem a partir desses mesmo condes de Herbaye do século VII (ver fim da nota acima). Todos extremamente religiosos e descendentes de S. Warin, que muito sofreram pelos conflitos nas mudanças de poder do período merovíngio para carolíngio - em especial perseguições do prefeito do Palacio da Neustria, Eboim – perseguições e conflitos que, como já observaremos, determinaram mesmo a santificação de vários deles.
    No trabalho anteriormente por nós realizado, “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi” do ano de 2017, já citado na nota 1, chegamos a montar um quadro genealógico auxiliar sobre a dinastia dos condes de Hesbaye - quadro que repetimos nesta nota, mas que pretendemos em outro trabalho específico apresentar ampliada, com maiores detalhes e aprofundamento – com todas as fontes e informações biográficas pertinentes. Vejamos: 
* São Warin, Warin I de Poitiers, (Warin, Guerin, Gerinus, Varinus) tido de origem de franco-borgonhesa, conde de Poitiers e  de Paris. Nascido cerca de 612 na Austrasia – falecido entre 677/87. Conde de Palácio (Contagem de Poitiers e Trier).  Em 677 Warinus teria sido apedrejado até a morte perto da cidade de  Arras, hoje fronteira belga, por causa de uma briga entre seu irmão Leodegarius e  Ebroin, o  prefeito franco do palácio da Nêustria inimigo politico de sua família. Foi tornado mais tarde São Warinus, mártir franco.     
* St Lambert,  Landebertus de Maastrich, já referido em genealogia como de Herbaye, n. 636 - f. 705, filho do acima santificado Warin I (Guerin, ou Guerino) com Gunga de Metz. Lambert foi Bispo de Maastricht-Liège (Tongeren) do ano próximo de 670 até sua morte. Cristianizador da região de Maastrich (Flandres, Bélgica) educado por seu tio Theodobertus  de Maastricht, St. Theodard, membro da dinastia bávara agilofing assassinado em  cerca de  669. O próprio Lambert de Maastrich também pivô no enfrentamento entre merovíngios e carolíngios, assassinado e depois tornado santo (Ver mais detalhes na nota abaixo específica)    
* St Liutwin ou Leudwinus, Bispo ou Arcebispo de Trier e Bispo de Laon – tido também como filho de São Warin I (Guerin, Gerwin) de Poitiers acima referido e de Gunza (Poitiers) van Metz. Nascido cerca de 660 em Mettlach, Alemanha – falecido 717 em Reims, França.  A nosso ver, em relação a St. Lambert, sua data de nascimento encaixaria  melhor como neto de S.Warin. Casado com uma agilolfings, filha do dux Teodoro II, duque da Bavaria. Por sua própria santidade e de sua família adquiriu grande relevância religiosa em sua época. Tem já  sua vida já bem estudada e balizada. Teria sido avô de:
*Lampert II (Lamperthus, Lamperto) Conde de Hasbaye em 706, Contagem na Neustria. Indicado como abade de Mettlach, bispo de Metz. Referido como Primaz da Galia e Germânia, primeiro abade de Lorsch. Como data cotejadas para seu nascimento  indicamos c. 670 – f. 742. Filho de Doda de Poitiers e Crodobertus II (650) conforme as fontes genealógicas genealogiequebec. info/ e Geni) - neste caso  neto  de São Lambert I (n. 636- f. 705) Pai de :  
* Robert de Hesbaye I (falecido 764), descendente de São Warin acima. Tido como filho de Lampert II. Em parte já bem documentado.  Chegou a ser dux em Hesbaye no ano de 732 e  conde do Alto Reno (Oberrheingau) e Wormsgau em 750. Entretanto, logo em 751 Childerico III ultimo rei merovíngio tem mesmo seus cabelos tosados e pouco depois, em 757, Robert é enviado como “Missi Dominici” (“régio patroa”) à Itália  (emissário diplomático). A aldeia de Seckenheim onde ainda hoje se encontra uma antiga igreja de Saint Gilles (Santo Egídio ou Giglio) aparece mencionada no código de Lorsch em 766, dois anos depois de sua morte. Comentários no texto.
(7) Inúmeras fontes documentais e genealógicas presentes em nossas pesquisas sobre as origens dos Cavalcanti - trabalhos até mesmo ainda não publicados - acrescentam detalhes sobre a linhagem dos condes de Hesbaye, bem como acompanham os descendentes do conde Warin II, filho de Robert I, que numerosos distribuem-se ao sul do reino franco - já se apresentando como linhagens hunfridings ou guelfas chegando à península italiana no sec.XIII e IX. Estes trabalhos serão os próximos a serem editados. 
(8) Fontes relativas a cidade de Seckenheim e à igreja de St. Gilles mencionam sua documentação no sec. IX, porém sua construção seria potencialmente de século ainda anterior – tida como uma das mais antigas da região.  Mantemos nesta nota o texto da fonte enciclopédica original que foi por nós traduzida do alemão para o inglês, trecho já citado no artigo “Carta ao Bezerra II”, nota 1.    “Seckenheim was first 766 in the Lorsch codex called. A church in the village was mentioned in the year 823 when Emperor Louis the Pious to the Lorsch Abbey gave. In the same document says that the Church of Count Warin (!) previously for the King was acquired. Uncertificated century, the church must have existed before. It is thus one of the oldest churches in the right bank part of the diocese Worms. The church stood as the Lorsch Abbey under the patronage of the Holy Nazario... 1232 reached the monastery to the Archbishopric of Mainz . The village Seckenheim fell in 1247 after a feud with the Archbishop of Mainz on the Rhine Palatinate… 1358 transferred to the Elector Palatine, the Church of St. Giles [Santo Egidio ou Giglio] the pen in Neustadt, thus also a change of Patroziniums of Nazario to Giles was connected”.
 (9) Ainda sobre o ramo de corte que esteve localizado no distrito próximo de Seckenheim, no atual distrito de Branchweilerhof apresentamos o texto completo em inglês:
       “The Branchweilerhof is a quarter of the Palatine city of Neustadt on the Wine Route ( Rhineland-Palatinate). The district is located southeast of the city center and south of Speyer Bach. The name comes from a former farm, which was operated there for centuries and with surrounding buildings a hamlet formed. The first documentary evidence of the Branch village court, then called "Brunchwilre", dates back to the year 1190, in a document from 1225, the homestead is listed as branch Villare.
1275 was Count Palatine Louis, the severity, Branchweilerhof at a hospital built for the fledgling Neustadt, in those with disease risk period, efforts were made to build such houses as possible away from larger settlements. Count Palatine Johann Casimir, leaving 1578 usufruct of Hamlet Court Branch of the University Neustadter Casimirianum; support from the Fraunhofer Casimirianum were the 11 year load of wine and 300 bushels of corn to pay. Winzingen was formerly a wine village. [tradução deste parágrafo: Já em 1275 o Conde Palatino Louis, O Severo, construiu em Branchweilerhof um hospital para a nova cidade de Neustadt [Cidade Nova], naquele período sofrendo sério risco de doenças - esforços feitos para construir casas quanto possível longe de maiores assentamentos. Mais tarde o Conde Palatino Johann Casimir no ano de 1578 teria deixado a aldeia em usufruto para a “Hamlet Court Branch of the University Neustadter Casimirianum” - e o apoio à Univeridade corresponderia ao carregamento de onze anos de vinho e 300 alqueires de milho.]

     In connection with donations to the monastery of   Weißenburg [White Castle] , the village was first mentioned in 774 under the name "Wincingas", specifically in a Codex Edelini cited document. The actual founding of the Germanic tribe of the Franks was but probably earlier.
   Winzingen is so much older than the early 13th Neustadt an der Haardt hieß.... As Neustadt by the Count Palatine Ludwig I and his son Otto II was established, the settlement belonged to Winzingen their eponymous castle, in the 10th Century, two kilometers north-west on the slopes of the Haardt was built and today is ruined.. The image of the castle also coined the former coat of arms of Winzingen.
   The settlement was at this time on Speyerbach one kilometers below, east of the new foundation.
   The medieval name "Wincingas" could be found on the Latin words go back vinum (wine) and cingere (gird). The name (villa) vincincta means wine (mountain) girded settlement and would be a reference to the since the Roman times operated in the region wine .
 “On the left above the valley are the ruins of Wolfsburg Castle,  and Winzingen Castle , on the site where Haardter Castle was later erected, o Elmnstein”.
(10) A região franca "Wincingas" significando montanha e vinho cingidos corresponderia a  marca de defesa Haspinga (em alemão, Haspengow em holandes, Hesban em latim, Hesbaye em  frances) e era tida como um importante feudo a noroeste da  marca do reino merovíngio da Austrásia -   “an important fief in the northwestern marches of the Merovingian kingdom of Austrasia”. Ver mais nota 4 e 5 acima.
(11) Sobre a muito antiga vila produtora de vinho ligada ao castelo Winzingen, consultamos uma fonte do local  relativa à região do rio Speyerbach.  As  datas da construção dos vários castelos obtidas em informações locais e fornecidas  pelos próprios castelos.
(12) Fonte relativa à região do rio Speyerbach afirma que o Castelo  Elmstein, atualmente propriedade privada, só pode ser visto a partir do exterior:
   “The ruins of the castle Elmstein, located above the small town on the southwest edge of the 458 meter high castle hill, is privately owned and can only be viewed from the outside. Beim Weiler  . At the hamlet Breitenstein is the ruins of Castle Breitenstein, a kilometer on Speyerbach down to the hamlet Erfenstein left the ruins of Castle Erfenstein , the right of Spangenberg Castle“ .
(13) Castelos de construção posterior ao século X são encontrados nesta região, castelos históricos envolvidos em conflitos de épocas posteriores. No povoado de Breitenstein estão as ruínas do Castelo Breitenstein, possivelmente construído nos 1200; ainda a pouco mais de 1 km (0,6 milhas) abaixo do rio Speyerbach e do povoado de Erfenstein, à esquerda, castelos mais recentes aparecem ainda em relativo estado - o Castelo Erfenstein (c.1100), e à direita o Castelo Spangenberg, possívelmente do século XII.
(14) Fonte local sobre o Wolfsburg Castle, em Neustadt.
(15) Reproduzimos resumo biográfico de Robert III de Hesbaye, f. 834, resumo já apresentado no artigo “As tradições de origem no Reino franco de Cavalcanti e Monaldeschi” publicado na Revista Incomunidade (Porto), ed. 57, junho de 2017, pg.3.
- Robert de Hesbaye III, f. 834, foi conde de Worms et d'Oberrheingau (Alto Reno), casado com Waldrada em 829/834 - ela filha do conde Adriano da Suábia e de Orléans (f. 822) e de Waldrat, tida da casa dos wido (de São Warin). Waldrada também irmã de Eudes de Orleans e herdeira de bens dos Orléans, pois foi neta do rico  Gerold I Winzgouw, marido de Emma, filha do herzog alamanni Nabi. O primo de Waldrada - Gerold II - tornado genro de Carlos Magno foi margrave durante a descida para a península italiana, morto em batalha contra os avaros (seminômades turcomanos) na então Panônia. Waldrada também desta casa dos geroldings herdou bens valiosos de sua família em Orléans, os quais seu filho Robert, o Bravo ou Le Fort teria se utilizado como base de sua ascensão no Império franco ocidental. 
(16 ) Ávaros - povos árabes nomades.
(17) Notado que o sobrenome Winzgouw é utilizado por Gerold I, conde em Kraichgau e Anglachgau, nascido cerca de 730. Ele a nosso ver filho do agilofing Agilolf de Winzgouw e Heriswinda, avós paternos de Waldrada - nome que assim associamos ao castelo de Winzingen e à aldeia do mesmo nome localizada na região próxima dos conde de Herbaye. 
    Fontes genealógicas sobre Gerold I, nascido em Anglachgau (atual Baden-Württemberg) Suábia, Império Franco (atual Alemanha), tido como Gerold de Winzgouw, referem também seu notório filho Gerold II, prefeito da Baviera, “Jüngere" (Junior) em der Baar (doc. em 786 e 790), que se demonstrou de grande bravura, tendo mesmo sido “margrave” da marcha de Carlos Magno para península. Morto na Panônia em batalha durante esta descida, lutando contra os ávaros em c. 799 - pouco antes da morte, também em luta, de Eric (Érico, Henrique) de Friul, acreditamos seu parente mais moço, seu sobrinho. 
     Gerold II seria irmão de Hildegard de Winzgouw, a segunda esposa de Carlos Magno, ainda de Adriano von Suábia d´ Orleans  e de Emertrude Von Suábia, mais nove outros irmãos. 

                              Brasão dos Winzgouw


     Temos ainda muitas outras informações sobre uma possível descendência wido em Friul, referente à Hunfrid I, da marca da Istria durante a descida franca, dux em Friul entre 799 e 808 – membro da dinastia dos hunfridings – família tida na região como franco-bávara.    
     Sobre os numerosos santos que permeiam a dinastia wido, dinastia que numerosa chega a península e à Toscana, detalhes e várias biografias no artigo a ser publicado a seguir.





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