“Os Suassuna” - ramo dos Cavalcanti de Albuquerque


“ Os Suassuna” - ramo dos Cavalcanti de Albuquerque.

            Sua pertinaz atuação independentista-revolucionária 

Século XIX


                            Ó jovens brasileiros,

                            Descendentes de heróis, heróis vós mesmos

                            Pois a raça de heróis não degenera...

                                           ( do poeta José da Natividade Saldanha - 1796-1830)


                         

                “O ilustre Suassuna... os tiranos respeitarão sempre este herói, ainda mesmo 
                           
                             oprimindo-o e martirizando-o” (palavras do cronista  Dias Martins). 
                                                                  
            
                     ou, acrescentamos, tentando esquecê-lo.



I -  Introdução
   
                        Nota 1 até nota 6
    


II - Desenvolvimento
   

      1 -  A família Suassuna – ramo dos Cavalcanti de Albuquerque – começo do sec. XIX       
        Nota 1 até nota 10
      
      2 - A Conspiração dos donos do engenho Suassuna descoberta no ano de 1801.      
                                    
                                                                                      Nota 11 até nota 46

      3 - Os Suassuna logo após a descoberta da Conspiração.   
                                     Nota 47 até nota 51
              
      4 - A “Academia Suassuna”   
                                     Nota 52 até nota 58

      5- Providências e contatos estabelecidos pelos Suassuna para o deflagrar da       
         Revolução de 1817.
                  Nota  59 até nota 79

       6- A participação dos Suassuna na Revolução de 1817 - Breve análise factual 
             Nota 80 até nota 87

       7 -  Repressão à Revolução - Execuções e punições.               
                                                                                                         Nota 88 até nota 97

       8 - O destino do conspirador José Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, irmão mais velho do clã Suassuna. Detalhes da morte de seu sobrinho homônimo em combate, o filho do Suassuna. Outras questões.  
Nota 98 até 103 
     
   9 - A atuação dos netos do patriarca Francisco Xavier já durante a revolução de 1817 - (1ª abordagem). As questões táticas e estratégicas dos enfrentamentos militares em 1817 e o significado do martírio do filho do Gal. Suassuna, José Francisco.      
                  Nota 104 até nota 127     
  
   10 - Os Suassuna após o fracasso do movimento de 1817 - Punições, união e coragem familiar após o fracasso do movimento de 1817.     
          Nota 128 até nota 134     

   11 - O papel solidário de D. Mariana.    
           Nota 135 até nota 138

  12 - A continuidade da atuação independentista dos jovens da terceira geração de Suassuna (2ª abordagem) durante a revolta de Goiana em 1821 com os primos  Rego Barros. 
Nota 139 até nota 152

  13 - A atuação política dos filhos do General Suassuna a partir de 1821 e durante o Império (3ª abordagem).  
Nota 153 até nota 170


 III  Conclusão    
                                       
                                                                                                          Nota 171 até nota 173


Notas

Documentos referidos 
Bibliografia                                                              


______





I -INTRODUÇÃO 

  

     Já em duas oportunidades havíamos abordado a atuação da família Cavalcanti de Albuquerque proprietários do engenho Suassuna em Pernambuco no século XIX.   

   Comentei  pela primeira vez a atuação desses Cavalcanti de Albuquerque do ramo Suassuna no artigo “Os Cavalcanti em Questão”, publicado em nosso blog no ano de 2013.  Neste artigo já criticava o relaxamento historiográfico relativo às figuras desses senhores do engenho Suassuna, atuantes na formação ideológica e em ações precursoras da Independência – e alegava não ter sido o tema abordado pela nossa historiografia oficial no período do Império, e mesmo em tempos mais modernos, provavelmente por preconceito em relação à atuação da chamada “nobreza da terra”.
    
    Em outro artigo, “1817”, enumerei os episódios em que os Suassuna se envolveram no começo do século XIX, ainda que sem entrar em muitos detalhes – o ramo apenas mencionado entre outros vários núcleos de senhores de engenhos – ressaltada já sua liderança e sua ligação com o ancestral familiar, o nativista Antonio “da Guerra Holandesa”. 

  Sinto a necessidade de acrescentar, por ocasião deste 2º centenário da Revolução Pernambucana, mais algumas informações sobre estes Suassuna - informações recolhidas ao longo desses vários anos de pesquisa. Pesquisas em que os Suassuna apareciam sempre como ativos participantes de episódios que, em nossas próprias palavras, “deságuam em 1817 num trágico movimento de franca revolta independentista, tido mesmo como revolucionário”.

     Se bem o papel ideológico desempenhado pelo Seminário de Olinda, pela escola do Paraíso e mesmo pela própria “Academia dos Suassunas” já tenha sido abordado recentemente pela romancista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque em seu livro “O Seminário”, também por Denis Antonio de Mendonça Bernardes em seu livro “O Patriotismo Constitucional de 2006 – e anda o nosso próprio artigo “1817” possa ter trazido abordagens novas sobre a atuação de vários núcleos de engenho - sinto a necessidade de apresentar agora trabalho mais específico, mais amplo e detalhado sobre as atuações dos Suassuna – atuações para as quais José Honório Rodrigues já chamava nossa atenção em 1954 na “Introdução” aos documentos da Revolução, publicados pela Biblioteca Nacional. 
    
   Repetimos - a nosso ver, as atuações deste clã ainda hoje apresentam lacunas históricas em virtude da produção historiográfica oficial ter sido não só abafada por nossos historiadores clássicos e bragantinos, Warnhagen ou Pereira da Costa (segundo Amaro Quintas, pg.102), mas também desdenhadas ou mesmo sombreadas por motivos modernos e preconceituosos -  com o risco de sofrer esta família, de importante origem na “nobreza da terra”, muito sérias deformações em suas sinceras e muito antigas proposições.   

    Pois em tese acadêmica recente sobre os Suassuna, a própria família Cavalcanti de Albuquerque é apresentada com menos respeito étnico e social do que gozavam nos anos 1500 – sabido que D. Catarina Albuquerque, a mameluca, na época já recebia honras, e seu filho Antonio logo a fidalguia por acordo político indispensável ao desenvolvimento e segurança da capitania. 
   
     O desconhecimento histórico do processo de nossa formação Colonial por geração de historiadores mal instruídos nos assombra. Ignoram que em essência todos os Cavalcanti são também Albuquerque, por terem sobrenome e origem comum - filhos da rica herdeira Catarina de Albuquerque e do republicano florentino Filippo di Giovanni Cavalcanti - todos os seus descendentes assinando Cavalcanti de Albuquerque - se por vezes não assinaram também Manelli e Arco-Verde. 
     
       Lembramos que sobrinho da proprietária da capitania de Pernambuco, D. Brites Albuquerque Coelho, D. Felipe de Moura havia mantido à exemplo de seu tio Jerônimo de Albuquerque uma política de segurança para a capitania que demonstrava igual experiência em governança colonial - política colonial clara, ao realizar suas próprias ligações matrimoniais também “na terra” – ele casado pela primeira vez com Isabel de Albuquerque, filha de seu tio Jerônimo e da índia Muíra Arco-Verde, a segunda novamente por casamento com Genevra Cavalcanti de Albuquerque, uma das filhas do florentino com a mameluca Catarina. 
   Segundo a “Genealogia Pernambucana” esta jovem Genevra levara não só o antigo nome florentino Manelli de sua avó paterna, também o Arco-Verde da avó índia do lado materno.  A descendência do casal - a respeitada filha D. Isabel de Moura e seu irmão Francisco de Moura, governador da Bahia, teriam igualmente usado o sobrenome Cavalcanti de Albuquerque seguido pelo apelido simbólico Arco-Verde (1).
   
   A família Cavalcanti de Albuquerque fadada a manter nos trópicos, portanto, sua preeminência por motivos de uma difícil realidade de defesa a ser enfrentada.
   
    Neste sentido, não é possível sugerir que os membros do ramo Suassuna, mesmo no sec. XIX, com tal passado de formação colonial fossem ainda levados por motivações menores, pura ambição de mando ou poder.
   Lideraram eles ainda neste século núcleos numerosos de famílias nordestinas aliadas, sempre levados por interesses nativistas maiores, tentado colaborar para a realização, agora, da própria Independência brasileira.
    
   No nosso trabalho “1817” havíamos já comentado que os membros deste conhecido engenho Suassuna haviam liderado vários núcleos de engenhos aliados, descendentes da antiga chamada “nobreza da terra” – como os núcleos familiares do engenho Senimbú; do Serinhaém; do Flamenguinha e Unussu em Alagoas; o de Pedreira, dos quatro irmãos Lins Cavalcanti;  o núcleo da família Andrade Lima do audaz “Leão Coroado”; igualmente do engenho Bonito do herói Amaro Coutinho; do engenho S. Bartolomeo, dos Bezerra Cavalcanti; os tenazes Albuquerque Maranhão do engenho Cunhaú no Rio Grande do Norte. Esses Albuqueque Maranhão de familia colateral realmente muito penalizados e martirizados na repressão de 1817. 
    
    Repetimos nossas próprias palavras sobre estas famílias:  

  “Núcleos familiares em intensa preparação para a ação e devemos enfatizar levados por interesses maiores, tentado colaborar em ultima instância para a realização da própria Independência brasileira. Senhores de engenho idosos, senhoras indignadas, numerosos filhos, alguns muito jovens, cunhados, netos, sobrinhos, parentes e afins” (2). 

   “Devemos entender que estas famílias tinham índole aguerrida, especialmente as mais tradicionais e antigas no Nordeste, já pelas dificuldades e lutas na instalação e formação colonial, ainda pela longa vivência familiar na defesa nativista – inclusive com intensa participação feminina. Famílias que já haviam passado por prolongadas conspirações, longos preparativos visando reagir às invasões francesa e holandesas; participado com imensos sacrifícios na demorada e exaustiva luta pela expulsão dos invasores. Posteriormente à guerra holandesa, personagens individuais e “fidalgos da terra” tinham se atrevido em confrontos já com autoridades portuguesas, conflitos até mesmo de caracter anárquico, como os protagonizados por Jorge Cavalcanti, que no século XVII morreu idoso na prisão contestando autoridades portuguesas por pretensões que ele já sentia mais abusivas que as dos holandeses. Famílias da “nobreza da terra’ adiante em confrontos precoces não só já por Independência, mas também por Republica - por ocasião de violenta “fronda” que marca o começo do sec. XVIII em Pernambuco – ainda em sérios conflitos no Rio de Janeiro e Bahia. A Inconfidência mineira (1789), a Conjuração Baiana com participação de escravos negros (1798) haviam sido experiências especialmente traumatizantes”. 
   
   Mas os sentimentos nativistas das famílias tradicionais da elite nordestina já se haviam espraiado por todo o Brasil e, através de mudanças para nomes indígenas muitas vezes adotados pelos Cavalcanti de Albuquerque, mantiveram-se eles ainda em um processo profundo, latente e gradativo de “independentização” manifestado na forma simbólica de uma volta ao passado mítico -  ao culto dos antepassados indígenas (3). 
   Procuraremos no neste atual artigo apresentar, portanto, enfoque mais detalhado dos episódios em que se destacaram esses senhores de engenho do Suassuna que, igualmente, haviam aceitado como alcunha o nome indígena de seu engenho, significando “veado negro” em tupi. 
   As questões duvidosas sobre o tema, muitas vezes apresentadas até então pela ótica postuguêsa repressiva, serão o mais possível explicitadas e analisadas.
    
   Essas ações dos Suassuna no começo do século XIX, a exemplo de outras famílias de engenho tradicionais nordestinas, aguerridas e nativistas no passado, empenhadas em conspirações  na tentativa decidida de obter a Independência deságuam por fim  na Revolução Pernambucana de 1817 - episódios agora influenciados também pela oportunidade internacional, em um contexto novo - especialmente marcado por conflitos, também em Portugal, trazido pelos ideais da Revolução francesa e americana, com nítidas influências republicanas e mesmo de contestação social. 
   
    Lembramos que em 1801, apoiada por Napoleão, a Espanha chegou a invadir Portugal por poucos meses (4). Mas estas novas influências ideológicas trazidas pela Revolução Francesa e pela maçonaria não podem ser desligadas por nossa historiografia das raízes da nossa própria Historia - história feita de antiga solidariedade entre famílias e clãs nordestinos afeitos à longa luta nativista.

   Não podemos deixar de observar que estes episódios de rebeldia em que se envolveram os senhores de engenho entre 1801 e 1817 tiveram, naturalmente, a incompreensão de segmentos sociais da elite ainda absolutista, e até mesmo de setores populares do interior nordestino - secularmente identificados com a monarquia e a tradicional figura real – este ultimo fato já percebido pelo historiador Oliveira Lima em suas “Notas” ao trabalho clássico do Pe. Francisco Muniz Tavares, História da Revolução de Pernambuco de 1817 - tema modernamente já retomado pelo historiador Evaldo Cabral de Melo seu livro “A Outra Independência” de 2004.
    
   Sobretudo, não podemos esquecer que a repressão portuguesa ocorrida no Nordeste após a derrota militar dos revolucionários de 1817 foi mais uma vez severíssima - a exemplo das repressões anteriores realizadas no passado colonial, após a “fronda” dos Mascates, a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798) - cidadãos e fidalgos sempre à ferros, exilados, sacrificados no açoite, no patíbulo e até mesmo muito prejudicados em suas finanças e boa fama. 
     
   A Conspiração Baiana (1798) devemos lembrar foi episódio conspirativo muito provavelmente ligado e antecedente à Conspiração dos Suassuna em Pernambuco, descoberta pouco depois em 1801. Nesta conspiração ocorrida em Salvador teriam também participado personagens socialmente muito influentes, ainda nela atuado o  revolucionário Cipriano Barata, membro de uma das primeiras lojas maçônicas brasileiras - a "Loja Cavaleiros da Luz", fundada em Salvador um ano antes, onde já se faziam leituras francesas. Os participantes de categorias médias, negros e pardos haviam sido punidos no cadafalso ou exilados. Teriam eles sido também estimulados por esses senhores de terras e engenhos preeminentes que teriam recebido um corsário francês revolucionário atracado em Salvador, dezembro de 1796, e que vinham sofrendo pressões de autoridades portuguesas com prejuízos em vários aspectos de sua vida social e financeira (5).
 



II DESENVOLVIMENTO
  
 

1 -  A família Suassuna – ramo dos Cavalcanti de Albuquerque – começo do sec. XIX       

    
     Porém, entre as famílias de engenho tradicionais nordestinas, aguerridas e nativistas no passado, sem dúvidas a mais importante foi o dos senhores do engenho Suassuna, da Muribeca - núcleo de engenho líder a se posicionar durante os episódios contestadores que tiveram como centro Pernambuco entre 1801 e 1821. 
   
     O clã do engenho Suassuna na Muribeca era numeroso e composto pelo patriarca Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque (n.c.1731- f.?), seus três filhos e três filhas - o mais famoso deles - o capitão–mor Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1760-1821), chamado “Coronel Suassuna”.  Adiante este núcleo familiar será acrescido pelo menos por mais dois de seus genros e pelos tenazes jovens netos.  O núcleo feminino da família composto pelas jovens irmãs, igualmente mobilizadas por estratégias de casamentos no seio de famílias aliadas antigas e nativistas.

    Esses proprietários do engenho Suassuna haviam de início atuado de maneira decidida na conspiração independentista descoberta em 1801 - conspiração que teve por centro o próprio engenho Suassuna de que eram proprietários – fato que acabou levando o capitão-mor Francisco de Paula e um dos seus irmãos, Luiz Francisco, à prisão por ano e meio, ainda que a família fosse tão preeminente.   
     O irmão mais velho do clã, José Francisco, na ocasião foi resguardado pela família, e por este motivo não foi alcançado pelas autoridades portuguesas - mantido sempre pelos irmãos em aparente segundo plano. Entretanto, sabemos teria ele atuado de forma especialmente influente e muito persistente ainda por quase duas décadas.

    Pois na continuação desta ação conspiratória tenaz e persistente, a família será adiante mais uma vez comprometida na revolução de 1817 como liderança e, agora, por atuação militar. 
   E desta vez o notório “Coronel Suassuna” já no posto de General de Divisão do governo revolucionário, pelo fracasso do movimento, foi uma segunda vez preso na Bahia - agora com seu filho mais velho, até 1821 - falecendo ao retornar. Um de seus filhos, o segundo deles, já havia falecido de forma dramática na luta revolucionária.
   Mesmo com tantos anos de luta e revezes os mais novos descendentes do clã Suassuna continuarão ainda a atuar em episódios de rebeldia em Goiana no ano de 1821, quando são enviados para Portugal para julgamento  
    Finalmente, conseguida a Independência estes descendentes participarão como recompensa pelos esforços independentistas de altos postos no governo Imperial – com presença e contribuição política intensa, ainda marcante.
    
   
     Procuraremos, portanto, a partir de agora analisar o mais detalhadamente possível as personalidades deste clã Suassuna, demonstrando suas peculiaridades “sdegnosas”, típicas da família Cavalcanti de Albuquerque e integrando-as no contexto amplo da história desta família, formadora e nativista – família rebelde de forma persistente, já muito prática e experiente na ação contestatória nativista (6). 
   
     Ressaltamos que esses Cavalcanti de Albuquerque do ramo do engenho Suassuna eram descendentes de Antonio Cavalcanti, o líder da conspiração contra os holandeses para a realização do levante da Restauração em 1645 - herói precocemente falecido em 1646 com a suspeita de seu assassinato pelo reinol João Fernandes Vieira – representante real e seu rival político pela liderança no movimento (7).  
   Os Suassuna descendentes, portanto, de um ramo Cavalcanti de Albuquerque precoce no processo de formação nativista - indignados não só com a dominação holandesa na capitania, mas já por quase dois séculos também contra a prepotência portuguesa - cultores certamente dessa memória familiar, não tendo esquecido a trágica morte do ascendente Antonio “da Guerra” por traição em uma emboscada por um reinol - nem mesmo os grandes sacrifícios de seus anteriores no estabelecimento e defesa da terra.
    
   Pelo lado paterno, o clã Suassuna era descendente de [1] - Antonio “da Guerra” por sua filha [2] - Isabel Albuquerque, casada com Jerônimo Fragoso de Albuquerque - o neto [3] - Jerônimo C. de A., o bisneto [4] - Antonio C. de A. e a trineta [5] - Ana Cavalcanti casada com Francisco Xavier Bernardino, pais do coronel Francisco Xavier Cavalcantí de Albuquerque, o patriarca da família. 
   
     Por outra filha de Antonio “da Guerra”, Leonarda, descendia o clã colateral dos Bezerra Cavalcanti – Leonarda casada com Cosme Bezerra Monteiro, de família também formadora e aguerrida na luta holandesa e nativista. Os Bezerra Cavalcanti sobretudo grandes heróis e mártires nativistas da fronda de 1710. Leonardo Bezerra “mazombo” por excelência, severamente punido à ferros e exilado na Índia – desde a ocasião muito indignado com a dominação portuguesa, até a sua morte (8). 
    
     Pelo lado materno, os Suassuna eram filhos de Felipa Cavalcanti de Albuquerque - ela como seu marido, descendente de Antonio “da Guerra” (9). É possível que Felipa tenha tido ascendência em Gonçalo Velho casado com Maria de Souza, casal que perdera vários filhos na Guerra holandesa. O historiador Gonçalves de Mello em Tempo dos Flamengos, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil de D. Duarte de Albuquerque Coelho relembra e cita mais uma vez os “varões” corajosos envolvidos na guerra contra os holandeses e afirma: ”Gonçalo Velho e Maria de Souza tinham seis filhos e um genro: perderam na luta três filhos e o genro” (10). 




2 - A Conspiração dos donos do engenho Suassuna descoberta no ano de 1801.      


 As Ruínas do engenho Suassuna  


    Em um contexto amplo, a “Conspiração Suassuna de 1801” é tradicionalmente incluída no ciclo de episódios rebeldes contra a dominação colonial no Brasil e na  América Espanhola, conspiração inspirada pelos ideais da Revolução americana e iluministas da Revolução Francesa de 1789 – revolução social que ao fim deste século já abalava a Europa e prenunciava a supremacia de Napoleão, , também sobre Portugal neste mesmo ano iniciada por curto tempo.
   Assim sendo, para melhor dimensionar os grandes riscos enfrentados pela família Cavalcanti de Albuquerque proprietários do engenho Suassuna nesta conspiração nordestina descoberta em 1801, devemos lembrar também que ela já fora antecedida no Brasil em especial pela Inconfidência Mineira (1789), muito severamente reprimida, e pela Conspiração Baiana que envolvera senhores e escravos negros em Salvador no fim do século XVIII (1798). A Conspiração Suassuna de 1801, portanto, episódio histórico que antecede diretamente o movimento revolucionário nordestino de 1817.    
   
    
      Em que pesem motivos econômicos superficiais, ou mesmo mais profundos já estudados por nossa historiografia (11), após a produção de nossos vários artigos sobre o período, repetimos: estes importantes episódios - a Conspiração de 1801, a Revolução de 1817 e por fim o episódio de Goiana em 1821 ocorridos no nordeste brasileiro haviam se constituído, na verdade, o resultado de um muito longo processo de formação do nosso nativismo - sentimento que preparou o amadurecimento social para a realização da nossa Independência. Processo histórico lento, que vinha pelo menos desde a expulsão de franceses e holandeses, ainda especialmente pela fronda da nobreza da terra contra portugueses e mascates em 1710 - fato comentado já na “Introdução” e que pudemos comprovar pelas condutas contestadoras sistemáticas desses antepassados da família Cavalcanti de Albuquerque, por fim representados e liderados pelo ramo Suassuna - época em que as tradições familiares eram ainda muito cultivadas e transmitidas de uma geração à outra.
    
    Para melhor avaliar o grau destes anseios de Independência dos nordestinos observamos que a “Conspiração” dos irmãos Suassuna de 1801 teria chegado até mesmo a preconizar o auxílio externo estrangeiro - a tomada de Napoleão como protetor do movimento – nesta ocasião de mudança no cento de poder europeu. 
 
     A busca de auxilio externo não seria fato inédito na história da Colônia - e os Suassuna possivelmente não desconheciam este fato, pois a solicitação de auxilio externo já fora cogitada varia vezes no período colonial, e mesmo quando Antonio da Guerra liderara o movimento para Restauração em 1645 contra os holandeses. Nesta ocasião pela falta de auxílio português vindo da Bahia os revoltos teriam ameaçado solicitar o auxílio europeu.
    No fim século XVIII sem duvidas os movimentos insurrecionais em Minas Gerais (1789) e Bahia (1798) também teriam cogitado no auxílio externo, e os Suassuna em sua nova tentativa de sedição não poderiam ignorar esta tradição da busca de auxilio externo em momentos cruciais no passado da familia por Antonio “da Guerra.   em 1801 numerosos navios franceses  inusitadamente freqüentavam  a costa nordestina  (12).      
  
    Foram indicados como líderes da Conspiração Suassuna delatada em 1801 o patriarca, o coronel Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, dono do engenho Suassuna, Pantorra e Megaípe, com seus dois filhos - José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque e Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque.  
    Devemos observar – se o patriarca Francisco Xavier C. de A. participou da conspiração, somente seus filhos Francisco de Paula e Luíz Francisco foram presos e interrogados, mantidos em prisão por cerca de um ano e meio (13). 
   O irmão mais velho, José Francisco, que na ocasião estava a pretexto de negócios na Europa e residia em Lisboa não chegou a implicado ou ser preso, mas teve sua correspondência com o irmão Francisco de Paula analisada pelas autoridades, muito vasculhada.  Não chegando a ser comprometido, o irmão mais velho José Francisco ligado á maçonaria tratou logo de refugiar-se na Inglaterra (14).   
  
       Apontado por três depoentes da devassa por manter relações muito próximas com a família Suassuna, o jovem senhor de engenho André de Albuquerque Maranhão, acreditamos, tenha tido também participação discreta na conspiração – ele parente colateral dos Cavalcanti de Albuquerque, futuro herdeiro do engenho Cunhaú no Rio Grande do |Norte, já freqüentador de casas maçônicas, membro de uma das famílias mais notáveis da “nobreza da terra” participantes das fronda de 1710, e que ainda mantinha nesta época sua fidalguia – ele responsável anos depois pela revolução de 1817 no Rio Grande do Norte (15).
    
    A devassa correu em sigilo, tendo em vista a importância social dos envolvidos - fato logo percebido por nossos cronistas (16).
   
    Em tempo, lembramos que o sobrenome Holanda desses irmãos do engenho Suassuna lhes chegava por sua mãe Filipa, trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa - ligação dos Cavalcanti de Albuquerque mais uma vez com os prestigiados e experientes membros da antiga família Holanda no Brasil - família formadora, com experiências anteriores na guerra holandesa e na luta nativista.  Os Holanda chegados ao Brasil por Arnau de Holanda que levantou engenhos em Pernambuco antes da invasão holandesa (17).   Observado também que a jovem Maria Rita Holanda Cavalcanti, da 8ª geração desses Holanda, era filha de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, um descendente Holanda na 7ª geração casado com Maria Manoela de Mello. Maria Rita mais uma vez casada, portanto, entre os Cavalcanti de Albuquerque, com aquele que seria o principal ativista da família neste século - o coronel até então apenas conspirador Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, o depois famoso coronel e General revolucionário Suassuna (18). 
   
   Naturalmente, este ramo Suassuna da família Cavalcanti de Albuquerque era já muito experiente e prático em estratégias políticas, e ainda tentava manter e refazer no fim de século XVIII alianças de casamento com outras da mesma identidade nativista, resistente e rebelde. No passado a família já havia mantido ligações matrimoniais para enfrentamentos contra os holandeses ou mesmo contra os portugueses na fronda de 1710 - uniões privilegiadas com famílias nativistas, mais confiáveis e freqüentes, como já observamos em nossos trabalhos (19).    
  Na geração deste ramo Cavalcanti de Albuquerque Suassuna em que ocorre a conspiração de 1801, estas alianças matrimoniais mais seguras foram mais uma vez fortalecidas, como de hábito em períodos de conspirações e perigos no passado (20). Constatamos que as três moças irmãs dos Suassuna, citadas com detalhes pela genealogista A. Bittencourt, têm seus laços de casamento com elementos de participação em atividades políticas e militares, que confirmam o afirmado: 

 1 - Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque casada com Joaquim Vaz Salgado do engenho Pará em Ipojuca e o Timbó/Assu – tornado cunhado dos Suassuna – Joaquim Vaz irá participar do movimento de 1817, assinando até mesmo o ato de formação do Governo revolucionário em Pernambuco (21). 

2 - Mariana Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque casada o Dr. Francisco Rego Barros, senhor do engenho Trapiche no Cabo. Neste engenho certamente com seu consentimento foi travada a mais notória batalha da revolução de 17. Os Rego Barros família já no passado tradicional aliada dos Cavalcanti em decidida ação nativista. O casal, pais do jovem Francisco do Rego Barros II (1802-1870) que com 15 anos em 1817 irá alistar-se no Regimento de Artilharia de Recife e participar em 1821 com seu irmão, Sebastião Rego Barros, do episódio rebelde em Goiana - ambos presos embarcados para Lisboa. 
    A trajetória nativista da família Rego Barros é reconhecida por sua notável participação anterior na Fronda de 1710 pela atuação do mazombo João do Rego Barros (22). Os Rego Barros no passado unidos Cavalcanti de Albuquerque durante a luta holandesa. Nesta atual geração unidos aos Suassuna pela matriarca Felipa, que pela fonte Geni é citada como irmã de Francisco Rego Barros do engenho Arariba - este ascendente, portanto, do jovem Francisco Rego Barros II, igualmente participante de 1817 e 1821 em Goiana já com seu irmão Sebastião.
    O jovem Francisco mais tarde no Império tornado Conde de Boa Vista e seu irmão Sabastião, ministro da Guerra no Império.  Pelo cálculo de sua idade (cálculo de datas) e genealogia, o jovem Francisco Rego Barros foi sobrinho do cel. Suassuna, filho de desta sua irmã, Mariana (23). 
    Notado também atuando em 1817, da mesma família Rego Barros, Joaquim José Rego Barros, que foi responsável por formar o governo revolucionário de 1817 como Coronel de Milícias, sendo preso em 23 de dezembro de 1817 e cumprindo pena na Bahia (24). 

3 - Outra irmã dessa geração Suassuna, filha do patriaca foi Tereza Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, moça de “muita formosura”, mais tarde conhecida como “Mãe Gorda” - por nossa fonte genealógica muito segura Tereza fora a terceira esposa do poderoso mestre de campo Francisco Garcia d Ávila Pereira de Aragão, chefe do morgado da famosa Casa da Torre - de família formadora por Tomé de Souza, possuidora de vastas terras na Bahia, mas que tudo indica esteve envolvida na Conspiração Baiana de 1798.  O casamento de Tereza ocorrido nesta ocasião, antes da descoberta da conspiração Suassuna de 1801, pois o casal teria tido um filho, Antonio Balduíno, nascido neste mesmo ano de 1801. Garcia d´Ávila Pereira de Aragão falecido pouco depois, em 1805, sendo preterido ou adiante sucedido no seu morgado, não por seu filho, mas por uma sua sobrinha. Foi seu parente o herói da Independência o futuro Barão da Torre, segundo a genalogista Adalzira Bittencout (25). Sugerimos que o filho do casal, Antonio Balduíno de Cavalcanti de Albuquerque Aragão, ainda muito jovem, tenha sido protegido e ocultado pelos parentes; adiante também participado do movimento revolucionário de 1817 e posteriormente foragido por muito tempo (26). 
    
  - Pode ser também considerada uma das moças da família Suassuna à época a terceira Mariana na família - Mariana Francisca de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, já filha do cel. Suassuna e Maria Rita - pois o casal a partir de 1793 desenvolvia sua própria prole.  Esta Mariana quando crescida, como a sua tia do mesmo nome, foi ainda mais uma vez casada na família dos Rego Barros - com o jovem Francisco Rego de Barros II, citado acima, filho de sua tia, nascido em 1802 (27) (28).  
   
      Os Suassuna, portanto, nesta geração apresentavam parentela que gozava de muita influencia política – os da família Holanda, os históricos Rego Barros, os fidalgos Albuquerque Maranhão, e tudo indica os Aragão da Casa da Torre - famílias de decisão na sociedade nordestina, atuantes também no Rio Grande do Norte e na Bahia e até mesmo na Corte, e que poderiam servir perigosamente de exemplo e estímulo autonomista. Esses da Casa da Torre, como  indicamos acima, já envolvidos na Conspiração Baiana de 1798 - certamente senhores de terras e engenhos que manipularam escravos para a rebeldia, sendo por outro lado inspirados pela maçonaria. 
   
   Assim sendo, a devassa da Conspiração de 1801 que os Suassuna haviam sido os líderes e pivôs irá ocorrer em segredo, mesmo que ouvidas mais de oitenta e quatro pessoas - número que demonstra a amplitude do que se tramava na época a partir de Pernambuco, e mesmo províncias vizinhas. 
   
     As cartas trocadas entre Francisco de Pádua e seu irmão José Francisco, que na ocasião estava em Portugal - uma das cartas até mesmo trocada com senhora das relações de José, carta amorosa - teriam sido vasculhadas e analisadas cuidadosamente pelas autoridades. Na devassa foram nomeados ainda membros, sabemos hoje, do Areópago de Itambé: o Padre Antônio Félix Velho Cardoso; Padre José Pereira Tinoco; Antônio de Albuquerque Montenegro e João Ribeiro Pessoa.   As tais cartas comprometedoras haviam sido delatadas por um amigo dos irmão Suassuna, José da Fonseca Silva e Sampaio, que ficou a par do conteúdo e as revelou às autoridades - suspeitando-se que o teria feito por motivos econômicos (29). 
   
   Por esta correspondência entre os irmãos Francisco de Paula e José Francisco que chegara às mãos das autoridades, entretanto, apenas foram constatados comentários e considerações de cunho puramente ideológico e obviedades para época sobre política externa - alertas de que a Espanha, aliada dos franceses em caso de guerra “iria sobre Portugal”, um aliado dos ingleses. Em verdade, nada mais grave encontrado, ou muito comprometedor. 
 
   O historiador Manuel Oliveira Lima que já no começo do século passado procurava entender este episódio de conspiração de 1801 (OLIVEIRA LIMA, Nota XLVII) transcreve um trecho do inquérito, onde é discutido o conteúdo de material apreendido - em especial uma carta de maio de 1801 onde os implicados sugerem que uma situação internacional favorável poderia, aqui, auxiliar o processo independentista. Transcreve Oliveira Lima: “... na outra [carta] se repetiam as taes idéias revolucionárias. Francisco de Paula ajuntado a leitura “ser preciso procurar a liberdade” e observando-lhe o denunciante “que só no caso de convir toda a América, elle replicara – “nem havendo socorro de nação estrangeira como a França?” (sic) (30).
    
    Se no inquérito nada de muito comprometedor fora encontrado pelas autoridades portuguesas, apesar das numerosas inquisições feitas aos dois irmãos detidos, podemos supor que parte da correspondência dos irmãos Suassuna possa ter sido propositadamente extraviada, subtraída em algum momento, ou mesmo destruída. Uma das cartas segundo o próprio desembargador responsável pelo processo fora pelo menos desviada pelo escrivão Fonseca, que teria corrompido e recebido quatro contos de reis (31).
   Os implicados naturalmente negaram a sedição, acusando o amigo delator de desleal e sugerindo até mesmo terem sido vitimas de uma intriga amorosa.
   
    Observando mais uma vez o descaso em que foi tida por nossa historiografia a atividade conspirativa e independentista dos Suassuna em 1801, notamos que Breno Gontijo do Amaral, em trabalho acadêmico recente, de 2013, intitulado “A carta de amor ou sobre conspiração epistolar desencontrada” cai no logro simplório de aceitar a própria versão dos acusados (32). 
    No artigo de Gontijo do Amaral, a Conspiração de 1801 é discutida apenas a partir da análise destas cartas apresadas pelas autoridades, concluindo o autor apressadamente e sem analisar o amplo contexto histórico: 
“Não foram as intrigas que levaram os irmãos à prisão, mas foram as intrigas que mantiveram os irmãos presos e que dilapidou parte de seus recursos, desmembrou a família desunindo os Suassuna, um exilado na Inglaterra e dois em celas separadas em Pernambuco por um ano e meio”
   
    A conclusão de Gontijo neste artigo é apressada e equivocada, pois ao realizarmos o contexto dos episódios de 1801, e posteriormente 1817, fica logo muito claro que os irmãos não estariam obviamente desunidos naquela ocasião - ainda que temporariamente em prisões separadas ou em países diferentes. Obviamente, mantinham ainda as mesmas idéias e intenções “independentistas”, e adiante continuarão eles ainda a atuar juntos em ações cada vez mais intensas e perigosas. 
  
    São numerosas as informações nos bastidores da nossa historiografia trazidas especialmente por nossos memorialistas, informações que completam o contexto histórico em que estas cartas estiveram inseridas.  
    
    Essas informações trazidas por nossos cronistas informam que os delatados conspiradores Suassunas estariam ligados à uma primeira loja maçônica fundada no Brasil pelo Pe. Manoel Arruda Câmara - o “Aerópago de Itambé” – loja maçônica precursora, sociedade secreta com ritos franceses e ideais políticos preconizados pela revolução francesa - luta pela igualdade, liberdade e fraternidade – loja estabelecida estrategicamente a partir da cidade de Itambé, limítrofe entre Pernambuco e Paraíba, e que pretenderia na ocasião o estabelecimento de uma Republica sob a proteção de Napoleão (33).
    Não admitindo a participação de europeus em seus quadros, o Aerópago de Itambé não por acaso foi fechado após a descoberta da Conspiração Suassuna, por volta de 1802 - e o Pe. Arruda Câmara, seu idealizador, rumado para Lisboa - enquanto, o irmão mais velho do clã, Jose Francisco, saia de Lisboa logo em fuga para a Inglaterra, aparentemente visando a sua segurança. 
   
   Mas pelo visto a nível internacional a conspiração não havia parado. 
   Emissários do Aerópago teriam ainda sido enviados de Pernambuco ao Rio da Prata e mesmo a New York - contatos estabelecidos, agora, por Francisco de Paula de Albuquerque Montenegro. E o tenaz Pe. Arruda Camara também mantido relações muito estreitas na corte portuguesa, com ministros de D. João VI mesmo aí simpatizantes dos ideais franceses (34).

    Ulysses Brandão de Carvalho Soares em seu artigo “Pernambuco de Outrora — A Confederação do Equador” confirma que participavam do Areópago, além de Francisco Arruda da Câmara [irmão do fundador Manoel Arruda da Câmara], também os irmãos Suassuna — Francisco, Luís Francisco e José Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque — os padres Antônio Felix Velho Cardoso, José Pereira Tinoco, Antônio de Albuquerque Montenegro e o [Pe] João Ribeiro Pessoa [de Mello Montenegro] (35).
    O estudioso da maçonaria Mario Mello também confirma a participação de Francisco de Paula, o cel. Suassuna; ainda a participação de Frei Caneca; de Antonio Carlos de Andrada e do Pe. Miguelinho no Aerópago. Oliveira Lima na Nota XXIII igualmente confirma a participação dos irmãos Suassuna no Aerópago de Itambé (36). 
     
     Hoje são já numerosas as referências históricas sobre o Aerópago de Itambé.  Especialmente por nós consultado o historiador militar Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817 (37), baseado em Mário Melo – A Maçonaria e a Revolução de 1817, Recife, 1912; também o historiador Denis Antonio de Mendonça Bernardes em seu livro recente O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822 refere com várias fontes as Academias e lojas maçônicas em Pernambuco (38). E mesmo fonte enciclopédica na mídia eletrônica já apresenta um bom resumo bibliográfico sobre o “Areópago” que, para orientação do leitor, reproduzimos na íntegra em nota, útil para aprofundamento do assunto (39). 
   
    Lembramos que os experientes Suassuna teriam sobre política externa um grande exemplo no ancestral da guerra holandesa, Antonio “da Guerra”, que atuara no passado de modo muito ativo, com seus companheiros conspiradores. Estes, como observamos acima, para o levante da Guerra da Restauração em 1645 já haviam até mesmo ameaçado as inoperantes autoridades de governo da Bahia de procurarem os préstitos do estrangeiro, de “países europeus e cristãos’, caso não recebessem auxilio português para seu levante (40). 
     Assim sendo, temos como muito claro atualmente que, enquanto tratava de negócios e da obtenção em Portugal de um título de fidalgo para a família, talvez mero pretexto, José Francisco de Paula, o irmão mais velho do cel. Suassuna mantinha na verdade discretos e denodados contatos políticos com os maçons em centros europeus - ligações com organizações maçônicas estrangeiras, em auxilio agora da causa independentista (41). 
 
    As conexões políticas dos irmãos Suassuna no estrangeiro foram já observadas por nosso abalizado historiador Evaldo Cabral de Melo em obra de 2004, citando vastas fontes. Cabral de Melo refere às conexões maçônicas de Jose Francisco de Paula quando esteve em Paris, bem como o fato de que teria sido nomeado representante do Grande Oriente da França junto do Grande Oriente lusitano - tornando-se José Francisco, portando, o negociador e articulador entre ambos os centros maçons. O viajante estrangeiro Henry Koster, tido como membro da maçonaria, teria estado com José Francisco em Natal no ano de 1810. Sobretudo José Francisco e os Suassuna depois do fracasso da conspiração, desconfia-se, beneficiados por estas relações maçônicas (42). 
   Na verdade os experimentados Suassuna como os conjurados baianos de 1798, ainda segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, podem ter pretendido para o rompimento dos laços com Portugal contar com o auxílio providencial e especialmente oportuno da França - face ao obstáculo da aliança anglo-portuguesa - pois na verdade Napoleão sempre parecera aos conspiradores um possível protetor internacional (43).    
  
   É certo que depois do período de prisão dos dois irmãos Suassuna durante ano e meio por participação na Conspiração, a partir da própria corte foram feitas defesas em favor desta família tão prestigiosa - tendo D. João VI então preferido que se fizesse silêncio sobre o caso, pois a guerra entre Portugal e Espanha, no ano mesmo da conspiração, na verdade fora questão limitada, e havia apenas durado alguns dias.

    Notando novamente o descaso em que é tida a atividade conspirativa dos Suassuna em 1801 por nossa historiografia, em um trabalho recente, de 1972 sobre Arruda Camara, o articulista Reynaldo Xavier Carneiro Pessoa chega a negar a participação dos Suassuna junto ao Aerópago, e apenas em pé de página comenta sobre a Conspiração de 1801 (44).
       
    Entretanto, analisando apenas esta nota de roda-pé entendemos o porquê e como a conspiração dos Suassuna de 1801 teria sido tão bem abafada - e assim sombreada por “cortinas impenetráveis”, até mesmo para os hstoriadores mais recentes.
       
   Na nota de roda pé Reynaldo Xavier afirma:

   “O Padre Dias Martins em Os Mártires Pernambucanos, pg. 42, referindo-se a conspiração de 1801 afirma: "o público jamais penetrou os esconderijos d'este mistério; porque molas reaes e secretas, fizerão correr sobre elles cortinas impenetráveis; foi certo contudo, que rios de dinheiro correrão pelas religiosas mãos de Fr. José Laboreiro, tirando-se por fructo, serem os acusados restituídos á liberdade, à posse dos seus bens sequestrados, à estima, e premios do Soberano! ”(os grifos são nossos). 
     
   Sobre o citado frei José Joaquim de Santa Ana Laboreiro, nossa memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque completa, ironicamente, em obra  recente que ele era um misterioso e suspeito professor de Teologia Prática do seminário de Olinda e que teria ido a Lisboa para concluir os “confusos negócios dos Suassunas” (45).            
   
    Concluímos - por motivos tanto pessoais quanto familiares, sobretudo de interesse dos membros da maçonaria que até mesmo penetravam na corte, o episódio da ampla conspiração Suassuna fora abafado. 
   E permaneceu abafado até hoje em nossa historiografia –  desconfio que também agora por motivos de classe social possa ainda continuar obscurecido, mal avaliado, sobretudo podendo ser deturpado.  


      

3 - Os Suassuna logo após a descoberta da Conspiração


      Sabemos que o ramo Suassuna havia saído financeiramente muito abalado após a descoberta da Conspiração de 1801 - pela prisão de seus membros e pelo arresto de seus bens - bens depois devolvidos. 
     Mas em virtude da estadia de dois e seu membros na prisão pelo período de um ano e meio, certamente teria crescido a indignação na família contra as autoridades portuguesas – acrescentadas agora novas mágoas, aos já antigos e atávicos sentimentos “sdegnosos” de rebelião e independência. 
   
   Conseguidas, porém honrarias e fidalguias desejadas, por certa interferência da maçonaria - o irmão mais velho José Francisco, o grande articulador da conspiração, nomeado para o cargo de Governador no Rio Grande do Norte - mesmo assim os irmãos Suassuna continuaram tenazmente conspirando.     
      Texto do organizado pelo escritor Paulo Santos de Oliveira, certamente baseado em Oliveira Lima comenta: 

  “Solto, Luiz Francisco conseguiu o posto de coronel do Regimento de Infantaria de Olinda e Francisco de Paula retomou o comando da freguesia do Cabo. Em 1804, este último também se tornou capitão de ordenanças de Jaboatão e cavaleiro da Ordem de Cristo, pela contribuição de cinco contos de réis para despesas extraordinárias da coroa. No ano seguinte, foi nomeado capitão de Olinda, e, três anos depois, elevado a cavaleiro da Casa Real, como seu pai tentara e não conseguira” (46). 
    
    Documentos hoje localizados confirmam a solicitação em 1801 de fidalguia por parte do patriarca Francisco Xavier e temos também uma resposta negativa por parte das autoridades portuguesas (47). Não sabemos se esta negativa estaria ligada à antiga trajetória contestadora da família Cavalcanti. Acreditamos provável que tenham sido estas as reais razões da negativa de fidalguia – pois as ameaças das autoridades portuguesas aos Cavalcanti no século anterior já haviam ficado demonstrados em nossos vários trabalhos, vários episódios de rebeldia observados na preparação e participação da Fonda de 1710 - os Cavalcanti já famosos no Brasil Colônia por causar “cizânia” (48). 
     
   O cargo obtido por José Francisco como governador do Rio Grande do Norte em 1806 é, entretanto, confirmado por órgão do próprio governo deste Estado que fornece sua biografia. Jose Francisco neste cargo teria permanecido até 1811 (49).   
   E, o viajante Henry Koster, como já observamos acima, tido como membro da maçonaria teria estado com José Francisco na cidade de Natal no ano de 1810, desconfiando-se que ele tenha sido beneficiado por estas relações com a maçonaria. No exterior e na corte portuguesa a maçonaria continuara a atuar com denodo (50).

    Oportunamente, relembramos o contexto internacional enfrentado nesta década após a conspiração de 1801 por Portugal e a Colônia, ainda que de forma muito resumida: 
   Com o perigo de uma invasão francesa, agora em grande escala, a família real portuguesa transferira-se para o Brasil em 29 de Novembro de 1807. A 1 de Agosto de 1808 o Duque de Wellington desembarcara em Portugal, dando início à Guerra na Península. O exército luso-britânico enfrentou, portanto, entre 1809 e 1810 o exército invasor de Napoleão que é derrotado. Napoleão cai em desgraça em 1811 na França e é desterrado na ilha de Elba.  Posteriormente à sua volta, de novo é desterrado na ilha de Santa Helena em 1815. 
   Pouco tempo depois, ocorre a tentativa da Revolução de 1817 no Brasil. A casa real portuguesa só voltaria à Portugal no ano de 1821. 
  
    Acreditamos que a Coroa - o governo português - decorridos alguns anos da conspiração de 1801, já  nesta década em difícil situação de guerra preferisse proteger-se e  neutralizar a “sdegnosa” família Suassuna  por sua cooptação. 

    
     

  
         4- A “Academia Suassuna” 

Escadaria de subida da Academia Suassuna    


  
     Devemos lembrar que já um ano depois da soltura dos Suassuna a chamada “Academia dos Suassunas” logo começara a funcionar em reuniões e jantares no engenho familiar, para que os conspiradores não se dispersassem. E, a despeito das benesses recebidas pela família – o coronel Francisco de Paula nomeado em 1805 capitão de Olinda, três anos depois elevado a cavaleiro da Casa Real, honraria que seu pai Francisco Xavier tentara e não conseguira – percebe-se que os conspiradores não haviam desistido de seus intentos independentistas e não haviam sido em verdade cooptados pelas autoridades portuguesas em suas almas.
  
    Estas reuniões no Engenho, sabemos, eram em verdade ocasiões sociais que visavam camuflar as confabulações conspiratórias - como no passado eram camufladas as atividades sociais do próprio Antonio “da Guerra”, que até mesmo convivia com os holandeses em laudos jantares para com eles obter informações privilegiadas (51). 
   
    Nestas reuniões no engenho Suassuna aparentemente inocentes e regadas à vinho como no passado holandês, eram com certeza ainda discretamente discutidas questões relativas ao futuro da Colônia - a escolha da melhor oportunidade para uma sedição.     
  
     Pelo visto a família Suassuna e outros núcleos familiares de seu relacionamento preparavam-se melhor e novamente, à espera de novos ventos, mais oportunos - pois agora a Guerra de Portugal com a França abria brechas ainda mais favoráveis à nossa independência.
   
      O Pe. Dias Martins autor de “Os Martíres Pernambucanos”, obra publicada mais de vinte anos depois dos fatos, enaltece os propósitos e os auxílios prestados pelos Suassuna aos ainda conspiradores brasileiros e estrangeiros de modo geral, em seu engenho: 

     “Depois desta incompreensível época de glória e de ruína [pela descoberta da conspiração] o publico se admirou vendo o grande Suassuna cada vez mais infatigável, se bem mais circunspecto, em cultivar, propagar e arraigar a ciência oculta da liberdade: o seu engenho – Suassuna - converteu-se numa brilhante Academia, onde os adeptos e aprendizes não só da província e nacionais, mas ainda estrangeiros, achavam luz, agasalho, e subsídios; não satisfeito com isto promoveu com todo ardor a criação da biblioteca do Paraíso, e a promoção do padre João Ribeiro Pessoa de Montenegro para a administrar, diretor e presidente desta famosa Academia da capital” 
     
     Dias Martins havia composto um texto marcante, altamente elogioso para o Suassuna - texto em que o cel. Francisco de Paula é mesmo imortalizado (52). Entretanto, a importância maior deste texto para nós está na referência ao Pe. João Ribeiro Montenegro que, nota-se, teria por ele sido promovido para administrar a biblioteca do hospital Paraíso - este sim, fato para nós de vital importância que iremos comentar adiante (53).
      
      Denis Bernardes autor de “Patriotismo constitucional: Pernambuco 1820-1822” reconhece: 
        
     “Não é possível fazer, por ausência de fontes documentais, um mais detido exame do que teria sido a academia Suassuna. No testemunho de Dias Martins seus freqüentadores seriam os mesmos da Academia do Paraíso”. 

   Mas acreditamos que, além dos freqüentadores da academia Paraíso, entre os freqüentadores da “Academia Suassuna” pudessem estar antigos freqüentadores do Aerópago - em especial o citado Pe. João Ribeiro Montenegro. 
   Sabemos que a chamada “Academia do Paraíso” fora criada depois do desbaratamento da Conspiração dos Suassuna e do fechamento do Aerópago de Itambé – os conspiradores agora também provenientes de outro centro de conspirações em Pernambuco - o Seminário de Olinda – cujos membros passaram a se reunir e funcionar em aulas de um hospital do bairro do Paraíso, em Recife – um hospital fundado e administrado como sabemos pelo Morgado do Cabo, Francisco Paes Barreto - a escola funcionando com a conivência deste morgado. 

   O historiador Denis Bernardes, baseado ainda no livro de Dias Martins (54) comenta a riquíssima biblioteca da academia do hospital Paraíso, reunida por subscrições e que o autor confirma ter sido estabelecida pelo próprio cel. Suassuna. E, para tal tarefa ele teria indicado o próprio Pe. João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro - seu antigo companheiro no Aerópago, para administá-la como diretor e presidente. 
   Denis Bernardes acrescenta informações sobre a biblioteca, fazendo interessantes comentários sobre ela - a biblioteca do Pe. João Ribeiro muito rica, variada, mas não muito numerosa.
  
   Acreditamos que esta biblioteca do hospital Paraíso tenha sido enriquecida por livros de grande valor da própria família Suassuna - livros dos quais tentassem se desfazer depois da descoberta da Conspiração - obras certamente de autores iluministas, tidos como revolucionários e comprometedores (55). 
    Lembramos que senhores de engenho Cavalcanti na época eram em geral homens cultos e muito ilustrados, cultores das suas antigas tradições familiares literárias italianas, até mesmo importando discretamente livros atualizados, na época censurados - a exemplo do seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque, membro do ramo varonil e central Cavalcanti de Albuquerque Lacerda, ainda localizado no engenho paterno, o Flamenguinha, comprometido em 1817 - adiante apelidado “Alexandre Herculano” por semelhança física e grande erudição (56). 
   
    O Pe. João Ribeiro Montenegro foi especialmente erudito em várias áreas de conhecimento, mais tarde considerado o líder moral da revolução de 1817, com destino até mesmo trágico, como veremos. 
   Com a indicação pelo cel. Suassuna do Pe. João Ribeiro Montenegro para administração da biblioteca do hospital do Paraíso ficam em especial aclaradas e definitivamente demonstradas as ligações ideológicas dos Suassuna com o Aerópago de Itambé - loja que ambos teriam freqüentado e que de inicio propagou os ideais iluministas franceses em Pernambuco - fato que, observamos, fora negado pelo prof. Reynaldo Xavier Carneiro Pessoa em seu artigo “O Testamento político de Arruda Câmara” de 1972 (57). 
 
   Ainda sobre as ligações dos Suassunas com a maçonaria, devemos lembrar que o tenaz conspirador do clã, José Francisco de Paula, irmão mais velho de Francisco de Paula e que estabelecera ligações maçônicas quando esteve em Paris, nomeado representante do Grande Oriente da França junto do Grande Oriente lusitano, voltara para o Brasil cerca de 1803 para casar-se. Entre os anos 1806 até 1811, José Francisco chegou a ocupar o cargo de governador do Rio Grande do Norte - desconfiamos não só para melhorar as condições financeiras da família, como para poder continuar realizando mais livremente contatos independentistas e maçônicos entre os estados nordestinos, deslocando-se com mais facilidade, como sugere seu  próprio biógrafo (58). 
    
       


    
 5 - Providências e contatos estabelecidos pelos Suassuna para o deflagrar da revolução de 1817.

     
    Recordemos que a partir de 1793 o cel. Suassuna, Francisco de Paula, já desenvolvia sua própria prole casado na família Holanda com Maria Rita de Holanda Cavalcanti de Albuquerque.  Os Cavalcanti de Albuquerque mais uma vez casavam-se na prestigiada família dos Holanda - família de passado também nativista, também envolvida na guerra contra mascates e autoridades portuguesas - família que certamente o cel. Suassuna, agora, ainda mai uma vez tentava atrair para sua causa. 
 
  É natural que a nova geração dos filhos do cel. Suassuna, chegando quase a idade adulta, pretendessem seguir o exemplo nativista e independentista que até então fora conduzido por estas duas linhas de sua proveniência, desde as lutas coloniais – esta nova geração preparando-se em todos os sentidos, agora, para a tomada de muito sérias decisões políticas, que envolveriam pelo menos toda a capitania.
   
   E nem o falecimentos da mãe, Maria Rita, em 1814, data referida inventário do coronel, teria diminuído o ímpeto conspirador e ativista da sua descendência.   
    É comentado que o cel. Suassuna teria tido preocupações com a carreira dos seus filhos, e cedo os teria orientado para a vida militar, exigindo resultados também em outras áreas de estudo - no que foi muitíssimo bem sucedido como adiante comprovaremos. Seus primeiros filhos logo colocados ao serviço real – Francisco de Paula, seu homônimo aos quinze anos; José Francisco de Paula, homônimo do seu tio, aos doze anos; e Antonio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti com apenas dez anos (59).

   Constatando a índole também indômita desta prole, podemos adiantar: seu primeiro filho homônimo, Francisco de Paula, com cerca de 20 anos participou com o pai do movimento de 1817 e foi preso longamente - enviado com seu pai, para a Bahia (60). 
   O segundo filho José Francisco de Paula, homônimo de seu tio, faleceu mesmo em combate - luta muito cruel durante a Revolução no ano de 1817, fato que adiante pretendemos discutir com mais detalhes. 
   O terceiro filho, Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, nascido em 1797 – sua biografia refere muito jovem ter participado da fase de conspirações, mas na realidade constatamos foi arrolado também entre seus parentes por participação da “infausta revolução” - seu nome referido no processo revolucionário de 1817 pelo desembargador Souza Falcão - ele ainda 1º tenente da companhia do Recife. Não é citado, entretanto, na lista dos detidos. Conseguida a Independência, muito culto e preparado politicamente, alcunhado Holanda, Antonio Francisco foi várias vezes ministro do Império, nomeado Visconde de Albuquerque.  (61). 
     O quarto filho Luiz Francisco de Paula nascido em 1799 possivelmente não teria participado de 1817, pois teria sido enviado para estudar na Europa. Mas participou e foi preso por ocasião do levante em Goiana, já em 1821, enviado mesmo para julgamento em Portugal. 
    Os dois últimos filhos do Suassuna nascidos com bom intervalo depois de sua primeira prisão, nos anos de 1804 e 1806, ainda muito jovens, de treze e onze anos na época, não terão atuação em 1817 – e só irão atuar politicamente com relevância no período Imperial.
     
       Entretanto, o também o muito jovem sobrinho do cel. Suassuna, Francisco Rego Barros, filho de sua irmã Mariana, teria se alistado em 1917 com apenas quinze anos para atuar com sua valorosa família Rego Barros.  
    E certamente, também os cunhados dos Saussuna próximo a 1817 já estarão à postos para atuar.
      
    O cel. Suassuna tentou ainda atrair para sua causa, além dos membros da Holanda Cavalcanti (62) os demais membros de sua própria família ampla Cavalcanti - na ocasião a família Cavalcanti de Albuquerque já com vários ramos espalhados pelo nordeste - os Bezerra Cavalcanti (63), os Cavalcanti Lins, Uchoa Cavalcanti, etc. Ainda por ele contatados ramos de parentes colaterais. Podemos referir e comprovar os envolvimentos:

  - de Francisco Xavier Cavalcanti Lins, conhecido conspirador do hospital Paraíso, com seus três irmãos Cavalcanti Lins do engenho “Pedreiras” comprometidos em 1817, foram todos mais tarde punidos com prisão (64). 
   Os Carneiro da Cunha, parentes colaterais dos Cavalcanti de Albuquerque, especialmente por José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade, de família formadora e nativista de Igarassú, também envolvida e severamente punida com prisão em 1817. José Carneiro Carvalho da Cunha foi tenente-coronel comandante das tropas de linha revolucionárias da Paraíba durante a Revolução e, parente colateral do seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque (1797-1870) - membro do ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque localizado no engenho paterno Flamenguinho em Alagoas – jovem seminarista que incriminado conseguira escondendo-se por longo tempo e não fora preso (65).   

   O cel. Suassuna sabemos ao mesmo tempo fazia também ligações com parentes militares maçons como José Mariano Albuquerque Cavalcanti - que teria sido membro de uma loja maçônica intitulada “Distintiva” no Rio de Janeiro, filho de Antonio Coelho de Albuquerque – provável descendente pelo que apuramos de Brites de Góis de Vasconcelos Cavalcanti de Albuquerque, neta do florentino, do ramo central da família Cavalcanti de Albuquerque (66). 
   
    O historiador Manuel Oliveira Lima, profundo conhecedor do período, em suas Notas já refere possíveis ligações entre as lojas maçônicas brasileiras e portuguesas - notadas e observadas as suas devidas peculiaridades. Oliveira Lima esteve ligado na geração seguinte por relações matrimoniais a este núcleo central também rebelde dos Cavalcanti de Albuquerque pelo seminarista Manuel (1797-1870), adiante proprietários do engenho Castanha Grande. O autor refere uma viagem do Pe. João Ribeiro Montenegro a Portugal para “acertar laços suassunais a centro luzitano”. O historiador nota a coincidência do vigário Luiz José Cavalcanti Lins, deste ramo Cavalcanti Lins, um iniciado maçon da igreja de Sto. Antonio no Recife, ter ido à Lisboa em 1807, e no ano seguinte ter sido aberta uma loja em Pernambuco – mesmo ano da chegada da corte portuguesa ao Brasil (67) (68) 
   
   Além do ramo insubmisso Suassuna, temos em 1817, portanto, a participação muito ampla de vários ramos descendentes dos Cavalcanti - ainda de outros vários núcleos de colaboração de famílias nordestinas tradicionais e produtoras de açúcar - famílias inteiras arregimentadas e mobilizadas para ação, como já observamos em anterior trabalho “1817”, publicado em nosso blog.     
    
    Pela numerosa participação de membros da família Cavalcanti em 1817 não seria exagero dizer que o movimento rebelde de 1817 foi tramado em grande parte pelos Cavalcanti de Albuquerque. Pois apuramos pelo menos a presença de 20 (vinte) nomes de membros desta família no episódio - 19 deles, um a um, relacionados e comentados por Dias Martins como líderes e mártires do movimento de 1817, rol ao qual acrescentamos o seminarista citado acima, Manuel Cavalcanti de Albuquerque do seu ramo central, então ainda no engenho Flamenguinha, que lograra bem esconder-se e não foi relacionado por Martins. 
   A estes Cavalcanti se juntaram pelo menos 7 (sete) outros membros da família tradicionalmente aliada Bezerra e Bezerra Cavalcanti, já de vários níveis sociais, quase todos anotados por Dias Martins e Muniz Tavares (69). 


    Acrescentados os parentes colaterais Carneiro da Cunha que atuaram na Paraíba - cerca de 4 ou 5 cinco (cinco) membros desta família  já mencionados logo acima e em nota referente.    

   Sem esquecer os também originalmente colaterais Albuquerque Maranhão do Rio Grande do Norte, relacionados no elevado número de 17 (dezesete) por Dias Marins – estes aliados sempre muito fiéis dos Cavalcanti em lutas já muito antigas (70).

    

      Assim sendo, comprovamos que os núcleos de famílias rebeldes e aliadas dos Cavalcanti em 1817 atuaram em verdadeira sincronia. Núcleos familiares logo identificados por nós - os Rego Barros do engenho Trapiche; a família da senhora de engenho muito aguerrida Ana Lins do engenho Senimbú; Manoel Correia de Araujo do engenho Capiberibe em Serinhaém; o seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque do engenho Flamenguinha em Alagoas e em seu apoio também os Machado da Cunha, donos do engenho vizinho, o Unussu; os quatro irmãos Lins Cavalcanti do engenho Pedreira;  ainda a participação ampla do núcleo da família Andrade Lima, do audaz “Leão Coroado”; a família do engenho Bonito do herói Amaro Coutinho; o apoio moral da senhora Bezerra Cavalcanti do engenho S. Bartolomeu, Rita de Cássia, na Muribeca; sobretudo, a atuação dos tenazes aliados Albuquerque Maranhão do engenho Cunhaú no Rio Grande do Norte.

   

     Em especial, ressaltamos entre os tradicionais aliados dos Cavalcanti os referidos Albuquerque Maranhão do engenho Cunhaú - pois de longa data haviam lutado juntos na guerra contra a invasão holandesa, ainda na Guerra dos Mascates e, tudo indica, mesmo por Andrezinho do Cunhaú que participou na Conspiração de 1801 – parentes coloterais severamente martirizados na repressão que se segue à revolução no Rio Grande do Norte em 1817.

    

   Estes núcleos familiares nordestinos que se mantiveram em aparente coordenação para a ação nativista, mobilizados em apoio aos revoltosos conspiradores, devemos enfatizar, eram levados por interesses maiores, tentado colaborar em ultima instância para realização da própria Independência brasileira. Senhores idosos, donos de engenho com tradição de luta nativista, matronas colaboradoras e indignadas, numerosos filhos, filhas, cunhados e afins, ainda netos e sobrinhos - alguns muito jovens.

   

    Lembramos que essas famílias, especialmente as mais tradicionais e antigas no Nordeste, tinham índole aguerrida pelas dificuldades nas lutas enfrentadas durante a própria formação Colonial, ainda por sua longa vivência familiar na defesa e contra as invasões estrangeiras, francesa e holandesa – inclusive, desde sempre, contando com a intensa colaboração feminina (71).

 

   Mas não podemos esquecer o importante papel do fidalgo e morgado do Cabo, Francisco Paes Barreto em 1817, atuante nestas tramas rebeldes ou revolucionárias. Descrito como “rico e com grandes poderes, exerceu diversos cargos públicos. Era proprietário e diretor do hospital do Paraíso, onde uma sala era reservada para as reuniões maçônicas da Academia do Paraíso. Tinha à sua volta vários amigos, parentes, agregados e grande número de escravos”. Possivelmente na proteção à biblioteca do Paraíso, as relações do morgado com o cel. Suassuna. O historiador Bernardes reafirma a conivência de Paes Barreto para que fossem realizados os conciliábulos do hospital Paraíso, de sua propriedade.

   Paes Barreto teria exercido, portanto, grande influência na conspiração pró Independência, e mesmo favorecido a eclosão da revolução de 1817 - com suas tropas participou em Recife do cerco ao Forte do Brum, contribuindo para a prisão do governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro e, posteriormente, sofrendo severa pena de prisão. Solto, mas demonstrando sua índole tenaz, Paes Barreto participará adiante como liderança do levante de Goiana em 1821 - quando foi novamente punido e enviado para julgamento em Lisboa (72).

  

     Poderíamos acrescentar entre os núcleos familiares que atuaram em 1817 os Souto Maior e Barros Falcão - também atuantes na luta holandesa e na guerra dos Mascates.  Especialmente José de Barros Falcão, militar e Cavaleiro da Ordem de Avis, foi muito atuante em 1817 e mesmo em 1821 (73). Os trágicos quatro irmãos Souto Maior, de família que no passado havia enfrentado os holandeses com destemor, agora atuantes em 1817 e ainda no ano de 1821 em Goiana, merecem estudos especiais (74).

   

    Não devemos subestimar, portanto, a participação das famílias descendentes da antiga “nobreza da terra” na delicada textura da nossa futura Independência e mesmo na eclosão da Revolução de 1817. E não podemos negar por vezes a interação destes elementos revoltosos, agora com a maçonaria, como já havíamos notado acima - interação que ocorria pelo menos desde o deflagrar da conspiração de 1801.

  

                                                            ___ 

    

   O historiador Evaldo Cabral de Mello no artigo “Entre a República e a Monarquia” comenta por fim, já próximo a 1817, um importante contacto estabelecido para ação entre o cel. Suassuna e Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Machado - este então já ouvidor em Pernambuco, conspirador e membro de família muito rica de Santos. Antonio Carlos como seus irmãos José Bonifácio e Martim Francisco estudara em Coimbra tendo voltado ao Brasil para exercer funções administrativas - igualmente ele de formação maçônica.

 

 “O Suassuna teve contato com o movimento, concordando com o líder Antonio Carlos Ribeiro de Andrade que homens de qualidade estariam “arruinados se não juntassem os seus esforços para destruir uma cabala de malfeitores [....] A Ribeiro de Andrade [...] Suassuna teria prometido aliciar apoios no sul da capitania, ficando a cargo do Andrada contatar um setor da tropa de linha (75).

 

     A partir do contato com Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, portanto, o Suassuna teria sido convocado a deflagar a revolta em 1817 no posto honroso de General de Divisão. Ribeiro de Andrade encarregado de fazer os contatos com os simpatizantes revolucionários na tropa.

  

    Evaldo Cabral nota que Antonio Carlos Ribeiro de Andrade havia sido em 1812 membro da loja maçônica “Distintiva” que ficava na freguesia de São Gonçalo em Niterói, no Rio de Janeiro e que neste ano fora denunciada. Com ele o líder pernambucano José Mariano Cavalcanti de Albuquerque, entre outros. A loja em Niterói denunciada, todos os seus utensílios (livros?) teriam sido jogados ao mar a mando do príncipe regente D. João VI (76).  

     

    Acompanhando a tropa do general Suassuna além de José Mariano notamos a presença, como Capitão e seu secretário, o antigo companheiro de Aerópago - o depois famoso Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca - Frei Caneca - formado no Seminário de Olinda e tido, por fontes maçônicas, como freqüentador da própria “Academia Suassuna”, também do hospital do Paraíso (77).

  

   Na biografia do comandante de armas, e futuro general revolucionário Domingos Teotônio Jorge é comentado que no início de 1817 ele teria estado no Rio de Janeiro e na Bahia na companhia do seu xará, o comerciante de muita influência em Londres, Domingos José Martins.

    Estes dois conspiradores com outros “irmãos maçons” teriam mesmo planejado o levante que deveria ser deflagrado ao mesmo tempo na Bahia e em Pernambuco, em abril.  Fontes confiáveis indicam que o comerciante Dias Martins teria feito em Londres amizades nos ambientes liberais, e um de seus amigos mais próximos teria sido o célebre general Francisco de Miranda, que lutara na guerra da Independência dos Estados Unidos, vindo da França (78).

 

   Ainda que não pretendamos aprofundar os aspectos internacionais da Revolução de 1817 - outros mais especializados incumbindo-se já desses estudos (79) - na “Introdução” à obra clássica do Pe Muniz Tavares, escrita por M. L. Machado, pag. XXXV, 1883, este utilizando vasta documentação dando também sua versão dos fatos conspiratórios ocorridos muito próximos a 1817 (com nossos grifos):

 

   “Domingos Jose Martins não viera de Londres, como se dizia, a pretexto de conhecer o estado de suas casas filiais da firma Dourado Dias e Cia, daquela praça, fundadas no Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia; mas antes ao que parece, na qualidade de enviado pelas sociedades secretas da Europa para conhecer os progressos revolucionários do Brasil, do mesmo modo que fora o general Miranda para a Venezuela.

   Depois de alguma demora no Ceará e em Pernambuco, onde encontrou as melhores disposições, seguiu para a Bahia acompanhado do cap. da artilharia Domingos Teotônio Jorge, apresentado e acreditado pelo grande Oriente.

    Dali partiu Martins para Londres e Domingos Teotônio para a Corte, donde este regressou, depois de alguma demora, para Pernambuco.

  Enquanto, porém, aqueles dois seguiam para o sul, o capitão-mor de Olinda - Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - tomava ocultamente o caminho da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, voltando também, depois de alguma demora, para o Recife.

   Martins regressou igualmente de Londres (1815) e a revolução principiou a mover-se.”

 

    Ressaltamos a profundidade da ação conspiratória do clã Suassuna. - se o mais velho conspirador do clã de irmãos Suassuna, José Francisco de Paula, no passado atuara em contatos discretos e estreitos com a maçonaria não só em Lisboa, França e talvez na Inglaterra, ainda como governador no Rio Grande do Norte, Açores, e também em 1816 em Moçambique já às vésperas da Revolução - seu irmão o coronel Suassuna tramava, agora, também secretamente enquanto alegava doença, entre Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará - levando a Revolução para todo o Nordeste.

    

    Movida por fortes êmulos a Revolução principiou, portanto, a mover-se novamente.  

 

 

 

 

6 - A participação dos Suassuna na Revolução de 1817 - Breve análise factual


   Apresentamos breve relato dos episódios revolucionários de1817 para melhor explicitar a atuação do clã Suassuna. 


      Quando as concorridas reuniões dos conjurados eram já percebidas pelas autoridades, e seus planos em parte conhecidos - planos que extrapolavam Pernambuco e que corriam quase em aberto na cidade - o governador viu-se obrigado a dar ordem de prisão aos maiores implicados na conspiração.

   Tradições populares comentam que o comerciante português “Carvalhinho”, descobrira a trama em Pernambuco e a denunciara ao governador Caetano Pinto Montenegro. Este já no dia 6 de março ordenara a prisão dos líderes civis e militares do movimento, entre eles o conspirador e comerciante citado acima, muito bem relacionado no estrangeiro, Domingos José Martins (80). 

   Porém, com a reação pronta do capitão José de Barros Lima (o “Leão Coroado”) que, com uma espada, matou o oficial português encarregado de sua ordem de prisão, e contando com o auxilio do conspirador José Mariano Cavalcanti de Albuquerque e do sargento negro Pedro Pedroso, alem da tropa do morgado Paes Barreto - a Revolução se alastrou.

    

    O cel. Suassuna aderira de pronto com sua família e um grupo numeroso de seus escravos. A revolta já bem estruturada estendera-se, e convulsionaria o nordeste brasileiro, especificamente Pernambucano em 6/7 de março de 1817. Alcançaria a Paraíba (16 de março) e Rio Grande do Norte (28 de março). 

    

    No dia 7 de março de 1817 o Padre Roma - José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1817), teólogo, filósofo, adepto das idéias iluministas, já secularizado, com outros revoltosos organizou em Pernambuco uma reunião em que foi votado um histórico Governo Provisório. Tornando-se general de divisão, o Suassuna e seu filho mais velho, Francisco de Paula, assinaram o documento que marca esta reunião acompanhados pelo cunhado Joaquim Vaz Salgado – este também sogro do jovem Francisco de Paula, pois este há pouco havia casado com sua filha (81). 

       O Pe. Roma muito preparado, bacharel em filosofia por Coimbra, ordenado em Roma havia voltado ao Recife onde foi advogado de sucesso, entrado em contato com a maçonaria, freqüentado o Aerópago e o Seminário de Olinda. 

   

     O Governo Provisório havia tomado, portanto, um “caráter republicano, aos moldes do que ocorrera na França” - segundo a própria versão do Exército Brasileiro em sua pagina “A Revolução de 1817”. 

    Votados, representando as classes - o clero, o Padre João Ribeiro Pessoa Montenegro; os militares, o Capitão Domingos Teotônio Jorge; os agricultores, Manuel Correa de Araújo, senhor do engenho Camaragipe em Serinhaém,; a magistratura, o advogado José Luís de Mendonça; o comércio, o jacobino Domingos José Martins.


    Em proclamação ao povo veemente este governo procurou apelar para a união de brasileiros e portugueses em prol da pátria nova que nascia: "Pátria, nossa mãe comum – sois portugueses, sois americanos, sois brasileiros, sois pernambucanos". 

        

    Nosso clássico e experiente historiador João Ribeiro, com acuidade, entretanto, logo reporta as contradições revolucionárias na ocasião: 


“Não faltara entre eles quem considerasse o exagero do motim e a impossibilidade prática de uma revolução igualitária com escravos e homens de estirpes heterogenias, mas o comandante das armas logo coibiu os mais tímidos” (82). 


        

     Porém, mais que um motim a Revolução logo demonstrará e enfrentará graves contradições internas. 

         O Pe. Roma foi encarregado pelos revoltosos de auxiliar a incorporação de novas forças no interior e nas redondezas. Foi ele, entretanto, logo detido ao aportar na Bahia onde buscava apoio.  Detido em Itapoã, 26 de março, foi aí mesmo julgado sumariamente pelo Governador Conde dos Arcos, e fuzilado três dias depois, em 29 de março (83). 

     

    Também na capitania do Rio Grande do Norte a reação conservadora foi muito atuante. O fidalgo André Albuquerque Maranhão de família tradicional aliada dos Cavalcanti que havia tomado o poder com seu primo homônimo e seu cunhado Luís de Albuquerque, ainda centenas de índios, logo assassinado pelos contra-revolucionários em seu palácio de Governo, martirizado pelas forças locais já em 25 de abril (84).

     

   Em Pernambuco, os revoltosos sem que conseguissem apoios suficientes depois de alguns enfrentamentos militares de sucesso - outros abortados por cruéis caboclos do gen. Gogominho em Ipojuca, confronto no qual morre até mesmo o segundo filho do gen. Suassuna, José Francisco, e o comandante Domingos Martins é detido - a Revolução, por fim, é vencida em uma batalha aparentemente formal, travada no engenho Trapiche em 13 de maio - forças comandadas pelo General Suassuna Cavalcanti contra forças governistas do gen. Gorgomilho, em numero muito superior.  

   

   Onda repressiva posterior atingiria também o Ceará, Paraíba, Alagoas e Bahia.


   Com a derrota do general Suassuna e sua volta ao Recife, o governo revolucionário tratou de estabelecer contato com as forças governistas que já faziam o bloqueio naval da cidade. Exigida por Rodrigo Lobo, autoridade portuguesa, a rendição incondicional dos revolucionários e a prisão dos seus líderes. 

  Aceitando sua derrota na batalha do engenho Trapiche, o General de Divisão Francisco de Paula Suassuna em 13 de maio assinaria, em segundo lugar, uma nota de rendição –uma tentativa de dar início às negociações, tendo em vista estabelecer as objetivas condições da capitulação (85). Entretanto, as negociações não foram bem conduzidas pelo chefe provisório do Governo revolucionário, Domingos Teotônio Jorge que, a partir de 18 de maio enfeixando poder ditatorial, preferiu recuar suas tropas para o interior, e em seguida deixá-las dispersar.       

    O historiador Oliveira Lima dá a entender que os irmãos Suassunas – o Gal. Francisco de Paula e o Coronel Luiz Francisco - tenham se negado, antes do recuo das tropas revolucionárias a queimar Recife, destruição que teria sido proposta pelo revolucionário radical “jacobino” Domingos José Martins, (OLIVEIRA LIMA, Notas CXXIII e CXXVI, também Dias Martins, pg. 220). Estes planos até mesmo expostos pelo próprio chefe de governo Teotônio Jorge em sua ultima correspondência a Rodrigo Lobo, transcrita por CAHU (p. pg. 136) (86) nestes termos:


 ”Amanhã 19 do corrente, assim que não chegar resposta do dito comandante até o meio dia, serão passados à espada todos os presos tanto oficiais generais ao serviço de vossa majestade Fidélissima, como os prisioneiros por opiniões realistas. O Recife, Santo Antonio e Boa Vista serão arrasados e incendiados: Todos os europeus de nascimento serão mortos” (os grifos são nossos).

                 Frente a esta situação de uma possível hecatombe, confirmada mais de uma oportunidade pelo cronista Dias Martins (87), o general Suassuna preferiu ceder, e posteriomente determinar que seu irmão Luiz Francisco abrisse os portões da cadeia e soltasse os presos políticos. 

     

              7 -  Repressão à Revolução - Execuções e punições.               


  



    Na situação de capitulação, o General de Divisão das forças revolucionárias, Francisco de Paula Suassuna e demais membros de sua família, donos de engenhos, viram-se, como em 1801, implicados em mais um sério processo - o próprio Suassuna, dois de seus filhos e seu irmão Luiz Francisco citados como lideranças em um movimento rebelde que tomara mesmo um caráter social revolucionário

   Como General de Divisão, líder com sua família na Revolução, Francisco de Paula esteve preso no forte das Cinco Pontas no Recife de 21 de maio até 27 de maio.  Depois desta data enviado com seu filho mais velho e outros vários detidos a bordo do “Carrasco” para a Bahia - mantidos todos à ferros nos porões deste navio.

   Estes presos da Bahia somente deixarão a prisão no começo de 1821, anistiados depois da revolução constitucionalista do Porto em 1820.

    

   Os revolucionários – o guerrilheiro Frei Caneca (88), o ouvidor e conspirador maçon Antonio Carlos Ribeiro de Andrade (89), o tenaz militar negro, Pedro Pedroso (90), ainda o decidido coronel José Mariano d´Albuquerque Cavalcanti (91), antes de embarque no navio “Mercúrio” obrigados a desfilar com correntes ao pescoço (92). Este fato nos faz lembrar os antigos castigos por que haviam passado os “mazombos” da família Rego Barros, obrigados nas mesmas condições humilhantes a desfilar amarrados pela vila de Goiana, depois de vencidos na guerra contra os Mascates (93). 

   

     Ao fracasso da ação revolucionária segue-se a mais terrível repressão que o Brasil de então tenha tido notícias (94). Os sofrimentos dos presos em cadeias muito bem descritos pelo historiador da Revolução, Munis Tavares, no Cap. XIX de sua obra História da Revolução de Pernambuco de 1817, que fornece os detalhes desses anos de encarceramentos muitas vezes em masmorras.

    

    Mesmo não sendo esta repressão governista o fulcro do nosso atual trabalho, não podemos deixar de pelo menos listar os nomes e condições das mortes desses mártires da Revolução - ainda que de modo resumido, visando oferecer um melhor contexto do período. 


    Na tentativa de dirimir dúvidas e tentar realizar uma cronologia das execuções que se seguem, tivemos que obter datas informativas das execuções em biografias e em enciclopédias, ainda consultados cronistas, historiadores - Muniz Tavares, Oliveira Lima, o Pe. Dias Martins, Cahú, Bernardes, Josemir Camilo, entre muitas outras, e mesmo descendentes (95).

   Além do ilustre Pe. Roma - adepto do iluminismo, o primeiro mártir da revolução detido quando aportou Itapoã em 26 de março buscando apoio, fuzilado três dias depois, em 29 de março, lembramos pouco depois sacrificado o jovem André Albuquerque Maranhão, fidalgo e senhor de engenho Cunhaú, de família tradicional aliada dos Cavalcanti, que havia tomado o poder na capitania do Rio Grande do Norte, mas que havia logo sido assassinado à espada pelos contra-revolucionários em seu palácio de Governo, martirizado pelas forças locais em 25 de abril.

     Assim, o primeiro realmente a ser executado no Recife depois da derrota do mês de maio, foragido e capturado, teria sido o jovem cearense, tenente da artilharia Antônio Henriques Rabelo - culpado de crimes violentos durante a tomada de poder no Recife, esquartejado e arrastado por cavalo em 4 de junho, frente ao pátio da cadeia em que estava detido - fato marcante que causou imensa a comoção social, referem os cronistas (OLIVEIRA LIMA, pg. 277, CAHÚ, pg.140).

    Punidos em seguida em Salvador o Pe. Miguelinho - Miguel Joaquim de Almeida e Castro - nascido em Natal em 1768, professor de Retórica do Seminário de Olinda e secretário do Governo Provisório. Preso em 21 de maio, levado à Fortaleza das Cinco Pontas junto com os outros 72 revolucionários que depois seguiram para Salvador de navio à ferros, embarcados possivelmente em 27 de maio, desembarcados em 10 de junho. Miguelinho sem se escusar de seus delitos foi condenado pelo crime de lesa-majestade, fuzilado logo em seguida no dia 12 de junho de 1817, sendo enterrado no Cemitério do Campo da Pólvora em Salvador. Com ele fuzilado na mesma data o advogado José Luis de Mendonça, que havia redigido a constituição do Governo Provisório, mesmo alegando ter tendências apenas constitucionalistas.

    Também executado na Bahia o líder conspirador, comerciante e revolucionário maçon Domingos José Martins, capturado no cruel enfrentamento em Pindoba - revolucionário que sabemos havia mantido contatos no exterior e conseguira a fama de “radical jacobino’ - enviado para julgamento na Bahia assumiu sua culpa e foi fuzilado neste mesmo dia 12 de junho no Campo da Pólvora em Salvador. 

      Pouco menos de um mês depois, em 10 de julho em Recife, na atual Praça do Erário, punidos os que haviam sido aprisionados nas matas de Inhamuns - o padre que havia tomado a fortaleza de Itamaracá, Pedro de Sousa Tenório (BERNARDES, p. 221- 224); ainda Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, comandante provisório do Governo e capitão de artilharia comissionado General, e José de Barros Lima, o Leão Coroado (CAHÚ, pg.141) - executados e esquartejados, seus corpos arrastados por cavalos.  

  

   Em 17 de agosto, julgado por Comissão Militar e executado na Bahia Francisco José [Xavier] da Silveira - jovem militar mineiro preso na Paraíba, que verificamos consta na lista dos presos na Bahia como executado nesta data. 

  

   Em 21 de agosto de 1817 sacrificados no Recife ainda os lideres da revolta na Paraíba - Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817), suas mãos amputadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio (Araripe do Meio?), sua cabeça exposta sobre em um poste em seu sítio “Varadouros”, em João Pessoa; José Peregrino Xavier de Carvalho com apenas 19 anos que estivera foragido, enforcado e esquartejado.   Em 6 de setembro ainda enforcados e esquartejados os líderes da revolta na Paraíba, Inácio de Albuquerque Maranhão e o padre do Seminário de Olinda, Antônio Pereira de Albuquerque e Mello – este de núcleo familiar muito engajado - irmão de André Dias de Figueiredo que também foi detido, e filho do republicano iluminista André Dias de Figueiredo, herói atuante no século anterior e que até mesmo já morrera em degredo na Índia.

    

    O governo português já sacrificava nesta ocasião, portanto, seguidas gerações envolvidas nas lutas autonomistas.

   

    Talvez por este motivo, notado o limite a que chegava à repressão, ou pela grande influência social da família Cavalcanti de Albuquerque, ainda pelo fato do clã Suassuna haver tentado evitar um possível massacre revolucionário pela destruição ou queima da cidade - o processo que envolveu a família como liderança na Revolução, como em 1801, teve um resultado aparentemente benigno - apesar do martírio em combate de um membro da família - o segundo filho do general Suassuna, José Francisco de Paula. 

    O muito jovem rapaz fora trucidado de maneira extremamente cruel em um confronto militar que envolveu caboclos, melhor jagunços, do gen. Gogominho – com castigos só semelhantes aos dos índios tapuias na guerra holandesa.

 

Ainda:


 - o filho mais velho do general Suassuna, Francisco de Paula, foi mantido preso de 21 de maio até 27 de maio na cadeia das Cinco Pontas, embarcado para a Bahia, e mantido quase quatro anos preso.  

  - O Coronel Luiz Francisco, irmão do Suassuna mantido preso entre 23 de julho e 29 de agosto na prisão das Cinco Pontas, depois solto (96). 

  - O próprio general Francisco de Paula Suassuna permaneceu quase quatro anos preso, sujeito a freqüentes ameaças de fuzilamento, vindo a falecer pouco depois de sua liberação (fevereiro de 1821) e sua volta à Pernambuco, em agosto de 1821 - oito dias depois de sua chegada (DIAS MARTINS, pg. 44).

     

        O clã Suassuna sai do episódio revolucionário de 17 em verdade dramaticamente punido, mas ainda mantendo, de forma surpreendente o ânimo combativo independentista.  

     A nova geração Suassuna mesmo com tantos sofrimentos continuará o impulso que não poderia mais ser sustado - e ainda continua a atuar política e militarmente pela Independência.

    

    Pois notamos que quaro anos depois, no mesmo ano da libertação dos presos – 1821 - a nova geração Suassuna surge ainda participando de um levante ocorrido em abril em Goiana contra um governador português extraordinariamente prepotente e repressivo. E o clã Suassuna ainda presente ao acordo político ocorrido em Beberibe, acordo que se segue a esta revolta.    

   Constatemos que a nova geração, os sobrinhos Francisco e Sebastião Rego Barros, Jose Francisco de Paula (Junior) e o próprio filho do Suassuna, Luis Francisco de Paula, com muito outro rebeldes haviam sido implicados neste ato de séria insubordinação contra o governador de Pernambuco Luiz do Rego Barreto – e como punição embarcados presos para julgamento em Lisboa. Ainda indicada a assinatura de Francisco de |Pádua Cavalcanti de Albuquerque, provavelmente o filho mais velho do Suassuna e também de seu irmão Luis Francisco, como garantidores do chamado pacto político de Beberibe (97). Adiante voltaremos ao assunto no texto quando enfocaremos a atuação desta nova geração de Suassunas.  

     

    A família Suassuna mais uma vez continuava, portanto, a agir - como no passado Colonial seus ancestrais - sempre em busca de justiça e libertação. 

  

 8 - O destino do conspirador José Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, irmão mais velho do clã Suassuna - detalhes da morte em combate de seu sobrinho homônimo, o filho do Suassuna. Outras questões.



 

     Em relação ao irmão mais velho do clã, José Francisco de Paula, muito experiente conspirador, atuante na conspiração desde o ano de 1801 grandes são as nossas dúvidas quanto ao seu fim de vida - vida tão movimentada e mesmo novelesca. Alguns detalhes sobre ele já explicitados no item anterior, sobre a conspiração de 1801 deste trabalho. 

   

     Lembramos que José Francisco se demonstrara na conspiração de 1801 homem culto, experiente, tenaz, muito ardiloso. Durante a Conspiração de 1801 havia mantido contatos com lojas maçônicas européias, bem como correspondência de Portugal com seus irmãos em tratativas sempre tidas como muito suspeitas. Não tendo sido oficialmente incriminado na Conspiração, em busca de segurança fugiu de Lisboa para a Inglaterra, - não sabemos se para realização aí também de novos contatos maçônicos. 

    Voltando ao Brasil em cerca de 1803, José Francisco casou-se com Felipa de Albuquerque Maranhão. Felipa era filha de uma Rego Barros (Ana Maria) casada com um descendente dos donos de engenho do Cunhaú – famílias já então aliadas e prestigiadas, mas duramente penalizadas após a revolução de 1817. O casal teve um filho de mesmo nome, José Francisco de Paula, nascido em 1804 - filho que mais tarde seguindo a saga da família, constatamos, também comprometeu-se no episódio de Goiana em 1821, embarcado com os outros jovens parentes Suassuna para julgamento em Portugal (98).

     Na conspiração de 1801, apesar das cartas de José Francisco terem sido vasculhadas pelas autoridades portuguesas, não fora detido e através de bons contatos familiares e maçônicos estabelecidos também na Corte, José Francisco de Paula em 1806 havia conseguido o cargo de governador do Rio Grande Norte - cargo que lhe permitira movimentação e prováveis articulações, sendo a família como observamos protegida pela maçonaria. 

       

     Na sua biografia oficial de governador do Rio Grande do Norte, José Francisco é referido como um bom administrador. Posteriormente indicado governador de São Miguel nos Açores até 1815, de Moçambique depois de 1816, tendo aí falecido em 1818. 

    Mas contrariando esta biografia oficial, a genealogista Adalzira Bittencourt em seu trabalho citado afirma que José Francisco de Paula teria chegado a participar do movimento de 1817 e atuado mesmo “no campo de luta” na companhia do irmão Francisco de Paula, então no cargo de General de Divisão.  Cito textualmente a frase de Bittencourt: “O Capitão de Artilharia e general José Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque que ao lado de seu irmão Francisco, tomou parte saliente ao movimento revolucionário de 1817, não somente na fase doutrinária discutida na Academia Suassuna como no campo de luta e faleceu em Moçambique” (99). 


    As notas de Adalzira Bittencout sabemos baseadas em informações do genealogista Carlos Xavier Paes Barreto. Este muito bem informado sobre os episódios da época a teria orientado, mas sem que ambos fornecessem explicações, detalhes ou data da morte de José Francisco - fato que torna essas informações sobre ele talvez propositadamente inconclusivas. Esta característica, meio dúbia, notamos presente nos trabalhos do próprio Carlos Xavier ao informar sobre as várias personalidades da fidalguia nordestina surpreendidos em eventuais atividades perigosas, confusas ou mesmo comprometedoras naquele período conturbado.  

   

   Em que circunstâncias, portanto, e em que data teria se dado a morte do conspirador Jose Francisco em Moçambique?  Provavelmente ela tenha ocorrido em Goa, como agora nos indica fonte genealógica até mais recente (100) - sendo que sua morte é confirmada no ano de 1818 apenas em sua biografia oficial como Governador. 

  No recente artigo “Brevíssima biografia do governador José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque”, o autor Breno Gontijo Andrade comenta por documentos pormenores da estadia e da atuação de José Francisco nos Açores, afirmando ter sido ele aí muito homenageado, até mesmo com “uma ode comemorativa” de autoria de um padre local ao fim do seu governo em 1815 - louvado pelo autor da ode, sobretudo, por sua vocação independentista – padre que imaginamos maçon, pelo seu entusiasmo.

  Sobretudo, Gontijo lembra que, nos primeiros dias da revolução, teria sido enviado para José Francisco de Paula em Moçambique uma nau com correspondência dos revolucionários de Pernambuco comunicando o sucesso da Revolução - talvez por esta correspondência os rebeldes solicitando (ou cobrando?) seu envolvimento e o apoio de Moçambique ao movimento (101):

 “A documentação ainda revela que seus irmãos e os revolucionários de 1817 quiseram que José Francisco, mesmo em Moçambique, se envolvesse com a Revolução. Quatro dias após o início do levante, fretaram o brigue Sally Dana com o objetivo exclusivo de enviar cartas dos revolucionários para José Francisco. Não seria ilógico dizer que esse ato significava pedir adesão de Moçambique à Revolução Pernambucana. Foi o que os revolucionários tentaram, ao enviar seus emissários por todo o norte da América portuguesa, alcançando sucesso na Paraíba e Rio Grande do Norte, mas, falhando na conquista do Ceará e Bahia. É ainda obscuro o fim da viagem do brigue Sally Dana, não se sabe se José Francisco recebeu as missivas dos revolucionários. Aquele ano, porém, foi fatal para a família dos Cavalcanti de Albuquerque. A Revolução foi vencida pelas tropas reais; os irmãos foram presos, um dos sobrinhos foi morto e José Francisco, no continente africano, acabou também perecendo de causas ainda desconhecidas pelos historiadores”.


   Confirmamos que há realmente documentação referente ao fretamento de um brigue “Sally Dana” na biblioteca Nacional - brigue a mando de Domingos Dias Martins “para ir á Moçambique levar uma carta ao capitão geral da capitania” – ordem que consta em documento que se encontra na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro segundo OLIVEIRA VIANA, nota XLVI. (102). 

  Assim sendo, podemos dizer que por estes planejamentos muito prováveis, José Francisco de Paula pode ser considerado envolvido, além da conspiração de 1801, também na Revolução de 1817.    

  

    Entretanto, permanecem questões duvidosas neste caso inconcluso e obscuro. É provável que Francisco de Paula tenha retornado ao Brasil ainda ao fim de sua missão nos Açores em 1815. Assim sendo, teria ele ido para Moçambique em 1816 com instruções, esperando ocasião para agir em 1817? Provavelmente sim, pois consta na biografia de seu sobrinho Antonio, filho do Suassuna, que em 1816 este jovem como 2º Tenente partiu para o Rio, e daí seguiu para a África como ajudante de ordens deste seu tio José Francisco nomeado governador e Capitão General de Moçambique, às vésperas da revolução. Mas em Moçambique José Francisco teria permanecido até seu falecimento?  Lembramos sua referida estada em Goa, mencionda em recente lista genealógica. Poderia ter ocorrido realmente ainda nova transferência (ou fuga?) para Goa - onde ele teria falecido? Esta fonte genealógica familiar mais uma vez não fornece informações sobre a data de sua morte.  Na biografia oficial de seu sobrinho Antonio Francisco de Paula, futuro Visconde de Albuquerque é ainda afirmado que Antonio fez parte de um grupo de jovens militares e que teria servido como major honrosamente, como lente da Escola Real de Pilotos de Macau (Goa) em 12-6-1819. 

  

   Constatado o aparente mistério mantido por sua família sobre os últimos dias de José Francisco de Paula, não podemos deixar de tentar aproximar as informações acima relatadas de Bittencourt sobre ele, informações que necessariamente devem ser cotejadas com as informações clássicas também sobre a morte ocultada do seu sobrinho homônimo, filho do general Suassuna em combate pela Revolução em 1817, informações fornecidas por Muniz Tavares, pelo General Cahú, sobretudo por Dias Martins.       

   Teriam sido as mortes destes Suassuna homônimos - tio e sobrinho - propositalmente ocultadas e confundidas para não serem bem identificadas, sequer comentadas durante o período Imperial? 

  

     Muniz Tavares (pg. CCXXIX) dá várias informações sobre o episódio da morte do filho do Suassuna e a ele refere como “jovem de optimas esperanças”. Cahú também refere José Francisco de Paula Cavalcanti, Capitão de Cavalaria, como um filho do cel. Suassuna que teria morrido no campo de batalha, em enfrentamento junto ao rio Merpe, no engenho Pindoba, próximo de Serinhaém, quando foram surpreendidos pelas forças inimigas, e em fuga cruelmente massacrados, seus corpos vandalizados. Este autor descreve a morte brutal do Capitão de Cavalaria, José Francisco de Paula Cavalcanti, “filho de Francisco de Paula” cujo corpo teria sido mutilado por caboclos alagoanos do comando “Atalaia’ do gen. Gogominho.  

    

    E, segundo Dias Martins o corpo do filho do Suassuna, tenente do corpo de Artilharia, que comandava o ataque, “mártir ilustríssimo”, foi achado “despido, com o penis cortado na boca pelos canibaes” (DIAS MARTINS, pg.17/18).

   O encontramos também assinalado como filho de Francisco de Paula, seu nome referido na lista dos comprometidos em 1817 na Bahia - sua morte constando nesta lista como ocorrida em Ipojuca (MUNIS TAVARES. pg, 368). 

   

     Neste caso, várias diferentes fontes indicando a mesma informação sobre as condições da morte deste jovem, homônimo de seu tio (103), sugerimos se tratar realmente da morte dramática do filho do Suassuna em um momento de fuga, após o enfrentamento, ao tentarem os rebeldes transpor o rio Merpe, sendo seu corpo então vandalizado por caboclos do comando “Atalaia’ do gen. Gogominho.  

   

    Todos os aspectos discutidos, aventamos a possibílidade de ter havido omissão do nome e da morte do filho do Suassuna em Bittencourt, e mesmo um equívoco da autora referente ao seu tio ter participado do campo de luta em 1817 - a menos que seja compreendido o sentido figurado de uma participação indireta – talvez a séria participação sua conspiratória em Moçambique , por nós sugerida acima. 

    Informações do Exercito Brasileiro apenas referem a presença de um de José Francisco de Paula nos enfrentamentos militares de 1817, sem indicar o seu parentesco com o Suasssuna - o que sugere até aquela ocasião igualmente séria duvida historiográfica de quem seria este Suassuna.  

   

   Adiante no texto e em nota, faremos outras considerações a respeito da atuação e da morte do conspirador José Francisco de Paula e também das circunstâncias da morte deste seu sobrinho homônimo - fatos que por vários motivos devem ter sido cuidadosamente ocultados ou confundidos pela própria família, inclusive o martírio do jovem – fato que não foi esquecido, mas ficou com detalhes felizmente registrado por Dias Martins.

  

   9 - A atuação conjunta dos netos do patriarca Francisco Xavier durante a revolução de 1817 - (1ª abordagem). As questões táticas e estratégicas dos enfrentamentos militares em 1817 e o significado do martírio do filho do Gal. Suassuna, José Francisco.      
          

     A participação dos jovens da segunda geração do clã Suassuna na revolução de 1817 ocorre de forma marcante e logo trágica.
  
    Além do martírio do segundo filho do Suassuna, José Francisco de Paula, homônimo de seu tio em batalha (104), entre os documentos transcritos pelo autor Sylvio de Mello Cahú encontramos um deles muito significativo, assinado por outro filho do cel. Suassuna, o mais velho – documento de sua participação na formação mesmo do próprio governo revolucionário em 1817 assinado com nome sucinto de Francisco de Paula Cavalcanti Junior - quase o mesmo nome assinado na ocasião por seu pai, Francisco de Paula Cavalcanti (105) - assunto que será mais adiante ainda comentado em sua biografia. 
   Próximo de 1817 ainda observamos a participação do terceiro filho do Gen. Suassuna, Antonio Francisco, mais tarde mestre-maçon e Visconde, na ocasião ainda muito jovem.  Este filho no ano de 1816 oportunamente teria ido servir no Rio de Janeiro como 1º Tenente e pode ter servido de elemento de contacto entre os centros revolucionários de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Posteriormente de forma oportuna acompanhou seu tio Jose Francisco, o tenaz conspirador a Moçambique - notamos, mesmo às vésperas da revolução.  Antonio, como os demais membros da família, comprovamos, fora arrolado no processo revolucionário, mas não preso ou punido. Talvez porque nada tenha sido apurado ou provado contra ele, ainda muito jovem. Assunto já discutido no item anterior e novamente em sua biografia mais adiante no texto. 
  
    Portando, o caminho a ser palmilhado por esta nova geração já se fazia de modo marcante, no planejamento conspiratório e mesmo em ações concretas para o estabelecimento da Revolução de 1817, bem como participação dramática em combates. 
    
    Não nos surpreenderam as atividades conspiradoras ainda muito precoces nesta terceira geração, atividades em que seus antepassados haviam sido mesmo “experts” – expertise certamente proveniente do atavismo familiar, agora também presente nesta terceira geração. 
   
   As primeiras conspirações de que haviam participado o velho patriarca e os irmãos Suassunas em 1801, relacionadas à maçonaria e ao Aerópago de Itambé foram comentadas por Sylvio de Mello Cahú, em livro publicado na Biblioteca do Exército em 1951 baseado em Mario Mello (106). 
  Os contatos de conspiradores próximos a 1817 com autoridades nos EUA e “bonapartistas” aí refugiados, desejosos de soltar Napoleão em Sta. Helena foram também comentados pelo mesmo autor, baseado no artigo “Napoleão I no Brasil”, publicado pela revista do Instituto Histórico Pernambucano (107). Silvio Cahú comenta Também a atuação do rico comerciante Antonio Gonçalves da Silva, o Cabugá, para a obtenção de auxilio de americanos e de “bonapartistas” refugiados nos Estados Unidos, interessados em soltar Napoleão da ilha de S. Helena pelo envio de armas e voluntários ao Brasil. Estes auxílios, entretanto, aqui só chegarão depois do fracasso do episódio revolucionário (108). 
   O historiador Evaldo Cabral de Mello também havia comentado os contatos secretos do cel. Suassuna com lideranças revolucionárias do centro-sul sul da Colônia, líderes no Rio de Janeiro por volta de 1817 como Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, que nesta cidade freqüentara círculos maçônicos em companhia do militar José Mariano Cavalcanti de Albuquerque – contatos acima superficialmente comentados (109).
    
     
    Mas as questões militares e táticas pertinentes a ação dos Suassunas durante a revolução de 1817 devem ser aprofundadas neste trabalho, tendo em vista analisar as razões mais profundas do fracasso do movimento. 
    
    Evaldo Cabral de Mello comentara ainda o contacto estabelecido próximo ao deflagrar da revolução entre o cel. Suassuna e Ribeiro de Andrada, já então ouvidor em Pernambuco, membro de família muito rica de Santos que, como seus irmãos José Bonifacio e Martim Francisco, estudara em Coimbra e voltara ao Brasil para exercer funções administrativas - ele também de formação maçônica (110).
    No artigo “Entre a República e a Monarquia” o historiador detalha o contacto para a ação estabelecido com Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e avalia taticamente a atuação militar dos revolucionários em 1817, tentando encontrar as razões do fracasso do movimento e as atribuindo à própria divisão das forças planejadas pelo governo rebelde então estabelecido:   
  
 “O Suassuna teve contato com o movimento concordando com o líder Antonio Carlos Ribeiro de Andrade [já então ouvidor em Pernambuco] que homens de qualidade estariam “arruinados se não juntassem os seus esforços para destruir uma cabala de malfeitores [....] 
A Ribeiro de Andrade [...] Suassuna teria prometido aliciar apoios no sul da capitania, ficando a cargo do Andrada contatar um setor da tropa de linha. Enviado pela junta para barrar a marcha do exército realista da Bahia, Suassuna procurou entabular negociações com o general Cogominho, que comandava o exército realista, contando seguramente com a adesão de oficiais maçons de tendências constitucionalistas que compunham o estado-maior.
É plausível que tais contatos tenham chegado ao conhecimento do governo provisório [dos rebeldes], incitando-o a despachar para o sul outra tropa sob o comando de Domingos José Martins, o que significava que este, como membro da junta, chamaria a si o comando. Suassuna aparentemente resistiu à subordinação, com o que se adotou a fórmula de manter separadas as duas forças, que puderam ser assim mais facilmente vencidas” (111).

  O analista militar Silvio Cahú também tentando compreender esta situação percebe alguma dissidência e incompreensão entre as chefias de ambas as tropas, fato que atribui, entretanto, às diferenças de temperamento e ciúmes pessoais entre os dois chefes (112).

“Partiu Martins.... Iniciava-se assim as operações por um grave erro, a dispersão de forças, que viria ainda agravar a falta de comando único que controlasse ações da campanha”
   
    A nosso ver, as divergências entre os dois chefes seriam mais profundas do que apenas questões de temperamento. O gen. Suassuna ainda que de simpatias republicanas, como de resto desde sempre a família Cavalcanti, provavelmente ainda percebia o constitucionalismo monárquico como uma realidade mais próxima para o momento nordestino, do que o radicalismo republicano revolucionário de Martins. O radicalismo do jovem jacobino talvez não lhe agradasse totalmente, ainda que tenha cedido a Martins a companhia de seu próprio jovem filho, comissionado capitão, Jose Francisco de Paula, que vem a falecer sob o comando de Martins. 
    
   Ainda que possamos concordar que a atuação militar do cel. Suassuna como General de Divisão e a de seu irmão, Coronel Luis Francisco, no movimento revolucionário de 1817 não tenha sido das mais brilhantes ou exitosas, devemos levar em conta que o coronel Francisco de Paula aceitara a chefia das forças revolucionárias sem maiores experiências militares- considerado, entretanto, homem de bom senso e coragem. Com sucesso vencera o enfrentamento inicial para a ocupação do engenho Utinga, e ainda a primeira batalha nas mesmas terras deste engenho Utinga, contra as forças realistas.
     
    Não pretendemos uma avaliação completa das situações táticas e estratégicas enfrentadas pelo General Suassuna, que são já sintetizadas e analisadas por especialistas militares, mas a este respeito deixamos constando em nota duas fontes exaustivas - uma delas do próprio Exercito brasileiro (113).
 
   Mas ressaltamos a presença na tropa revolucionária do gen. Suassuna de elementos muito decididos – inclusive seu secretário, “capitão de gerrilhas’ - Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca. Erudito formado no Seminário de Olinda por fontes maçons freqüentador da própria “Academia” Suassuna e das aulas do hospital do Paraíso. Também ressaltada a presença na sua tropa do tenaz cel. José Mariano d´Albuquerque Cavalcanti que atuou militarmente de forma importante e que, certamente, como maçon já havia conspirado no Rio de Janeiro e em Pernambuco para a deflagração do movimento (114). 
 
   A nosso ver, o analista militar Sylvio Cahú em seus comentários quanto à atuação militar e tática do agora General Francisco de Pádua e do seu irmão, o coronel Luiz Francisco foi um tanto severo.   Sendo Cahú, um autor militar com formação em geração posterior - pois seu livro de 1951 - é natural não pudesse conhecer todas as alternativas militares características utilizadas pelos chefes militares de épocas anteriores. 
    Na obra citada, Cahú refere à atuação militar de Luiz Francisco, comissionado pelos rebeldes como Coronel, afirmando que não teria sido bem sucedido em seus enfrentamentos. Entretanto, Luís Francisco teria sido responsável pela organização da frota revolucionária - não sabemos se com alguma intenção oculta – mas podemos supor com a intenção de facilitar o envio de correspondência de adesão da Revolução para seu irmão José Francisco de Paula em Moçambique, conforme comentado no item acima (115). Luíz Francisco teria sido também responsável, fracassado o movimento em tão dramáticas condições, certamente com ordens de seu irmão General, por abrir as portas da prisão aos presos políticos (116).
    
    As apreciações de Cahú não levam em conta as táticas militares da época anterior, período caracterizado pela guerra de guerrilha, muitas vezes utilizada por rebeldes nordestinos da “nobreza da terra” - os mazombos - em confrontos com os holandeses e mesmo portugueses. Portanto, condições táticas e estratégicas nada semelhantes às novas práticas militares mais severas e rigorosas do século seguinte. 
     
   Como General de Divisão Francisco de Paula, o  Suassuna. logo ao começo das ações deve ter percebido a complexidade de um movimento militar ideologicamente ambíguo, bem como a disparidade de suas forças frente as do governista Marechal Joaquim de Melo Cogominho de Lacerda (1 contra 4). Ao atacá-las no engenho Trapiche em 13 de maio, mantendo duro combate ao longo de todo um dia, o Gal. Suassuna foi por fim obrigado a recuar em desordem, perdendo o controle de suas tropas - fato comentado já por Muniz Tavares com mais compreensão.
     O Gal. Suassuna como político experiente deve ter antevisto, sobretudo, as reações de forças realistas que já se levantavam no interior dos Estados (117).
    Seus esforços pelo movimento revolucionário nos parecem profundos e sinceros, colocando em risco a vida de, pelo menos, um dos seus irmãos - ainda dois ou três de jovens filhos, já então Tenentes. Seu filho Francisco de Pádua Holanda Cavalcanti de Albuquerque, participando integralmente ao seu lado. 
     Seu segundo filho muito novo, José Francisco de Paula, comissionado capitão, realmente falecera em combate,
    Seus sobrinhos, o jovem Francisco Rego Barros e provavelmente também o jovem Garcia d Ávila, como muitos outros jovens cadetes, engajados. Seu irmão mais velho, José Francisco de Paula, do outro lado do Atlântico, se fosse descoberto em ligações com os revolucionários teria sua vida. e carreira de administrador colonial definitivamente comprometida. 
  
    No ataque do engenho Pindoba - local onde as tropas revolucionárias estavam já divididas e sob comando de Domingos José Martins - tiveram os revolucionários de enfrentar um ataque de surpresa do inimigo governista, sendo o próprio José Martins capturado, suas forças massacradas.  Indicado pelos cronistas que nesta ocasião o filho do Suassuna teria pedido a vida de forma muito violenta - seu corpo mutilado por caboclos alagoanos, jagunços do comando “Atalaia” do marechal Cogominho (118).
   
   Cahú também refere, sem citar diretamente as fontes do seu texto, nesta fase de ação a morte do Capitão de Cavalaria “um filho de Suassuna”. Textualmente: “Estabelecida a separação [das forças], cedeu [Francisco de] Paula, a Martins, alguns elementos da cavalaria, sob o comando de seu filho, o capitão José Francisco de Paula Cavalcanti... Acometidos por todos os lados, os revolucionários buscavam a salvação na fuga: o próprio filho de Paula Cavalcanti foi morto quando, a cavalo tentava transpor o rio Merepe: seu corpo foi imediatamente mutilado pelos ferozes caboclos alagoanos”.      
   Como observamos acima, temos ainda o registro precioso e detalhado de Dias Martins que especialmente reporta o corpo do infeliz rapaz achado “despido, com o penis na boca” (119). 
     
   Na lista dos incriminados da Bahia, lista que consta em Muniz Tavares, fica comprovada definitivamente a morte do filho do Suassuna, Jose Francisco de Paula Cavalcanti, em Ipojuca (lista em MUNIZ TAVARES pg, 368).
   Informação atual do Exercito Brasileiro sobre a “Revolução Nativista de 1817” refere a presença e participação do Capitão José Francisco de Paula Cavalcanti no episódio, mas não refere o aspecto tão trágico desta morte, nem seu parentesco com o gen. Suassuna. O texto procura explicar a situação das forças: 
  
 “A força realista do Marechal Cogominho alcançara Serinhaém. Organizaram-se duas expedições republicanas – uma pelo interior, ao comando do Capitão José Francisco de Paula Cavalcanti, outra com Domingos José Martins, pelo litoral. Cogominho foi informado por agentes sobre o deslocamento dos revolucionários. Seria fácil batê-los por partes. Contra Martins foram destacadas duas companhias de infantaria, duas de pardos de Penedo e a de caboclos de Atalaia. Em Engenho Pindoba, próximo ao rio Merepe, ocorreu o choque. Domingos José Martins foi preso”.
  
    A nosso ver, com tantas indicações de fontes e a existência de um documento que comprova a morte do segundo filho do Suassuna, José Francisco - comissionado Capitão de artilharia ou cavalaria em 1817 neste ataque surpresa - quaisquer dúvidas ficam definitivamente dirimidas.
    
   O episódio da morte deste jovem Suassuna em fuga, encontrado em tão trágicas condições constitui martírio só comparável aos massacres dos tapuias durante a guerra holandesa em Unussú e Cunhaú.   Possivelmente, por estas razões dramáticas sua morte não tenha sido bem esclarecida ou ressaltada pela família - fato à época mesmo encoberto talvez para que não ficasse sujeito a criticas de inimigos políticos no Império, sua morte tida como vexatória. 
  
    Entretanto, devemos ressaltar que ataques de surpresa, recuos militares desordenados, as guerrilhas, a utilização de indígenas e jagunços, sistemáticos recuos em fuga foram táticas utilizadas ainda nos confrontos militares durante a Revolução 1817 - táticas ignoradas ou criticadas por Cahú, mas que haviam sido muito utilizadas pelos rebeldes no passado Colonial - a exemplo das lutas contra os holandeses, e mesmo no período da “fronda” contra autoridades portuguesas e os mascates em 1710.  Não podendo sustentar combate, os rebeldes fugiam e escondiam-se nos matos vizinhos que conheciam muito bem, mesmo assim muitas vezes delatados e pegos. À época estas fugas não eram consideradas desonrosas, pois adiante e oportunamente, até mesmo nas gerações seguintes voltavam os rebelados à luta e à carga em seus anseios de liberdade (120). 
  
    Ficou celebre porque pintado por Parreiras o episódio da tentativa de ocultamento do jovem José Peregrino Xavier de Carvalho em 1817, que conseguiu ainda refugia-se entre os seus, mas motivado pela família a entregar-se foi detido e depois enforcado pelas autoridades portuguesas (121).
    Melhor sorte teve o seminarista Manoel Cavalcanti de Albuquerque do engenho Flamenguinha, em Alagoas, que escondido por seus parentes e por pessoas de confiança permaneceu cerca de um ano nas matas do engenho paterno e não foi sacrificado. Posteriormente, tornou-se senhor do engenho Castanha Grande - seu filho Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti tornado grande batalhador pela Abolição e Republica até mesmo várias vezes apunhalado por inimigos políticos no conhecido episódio da hecatombe de Vitória durante o Império (122). 
    Muitos outros ativistas da revolução de 1817 conseguiram escapar e esconder-se, esperando por novas oportunidades políticas para demonstrar seu valor.


Óleo sobre tela de Antônio Parreiras   

Condenado à morte por crime de lesa-majestade, José Peregrino Xavier de Carvalho (Cidade da Paraíba, c. 1798 — Recife, 21 de agosto de 1817) foi enforcado e esquartejado com dezenove anos incompletos. Momento em que o pai de José Peregrino, Augusto Xavier de Carvalho, com um crucifixo na mão, pede que o jovem filho se entregue às tropas portuguesas. (seu pai Augusto Xavier de Carvalho fizera parte do Governo Provisório e foi mantido preso até 1820 nos cárceres da Bahia) 



   

    Devemos ressaltar que o mais velho dos filhos do Suassuna, Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880) assumiu suas responsabilidades no estabelecimento do governo da Revolução e acompanhou seu pai na prisão, sendo igualmente enviado para a Bahia, onde permaneceu também preso por quase quatro anos - ele 1º tenente de Artilharia, com menos de 24 anos. Filho primogênito e homônimo torna-se mais tarde, no Império, Visconde de Suassuna (123). 

   Durante a pesquisa verificamos que este filho primogênito do cel. Suassuna, certamente com o nome ardiloso de Francisco de Pádua Cavalcanti Junior, assinou o documento dos revoltosos ao instituir o Governo Revolucionário Provisório.  Quase o mesmo nome assinado por seu próprio pai, o Gal. Suassuna – Francisco de Pádua Cavalcanti – o qual, observamos também, não assinou o seu nome integralmente.        

    Francisco de Pádua, o filho, teria assinado o documento de governo sem referir seus vários sobrenomes, acrescentando apenas um Junior ao final (124). Este filho imputado e responsabilizado com seu pai pelo ato de estabelecimento do Governo Revolucionário, notamos, foi em 1821 readmitido no Exército. Mais informações sobre ele serão fornecidas adiante.  

   

   O terceiro filho do Suassuna, Antonio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, nascido em 1897 – que no Império foi Visconde de Albuquerque e até mesmo mestre-maçon - teria participado não só da fase conspirativa do movimento de 1817, mas também sido incriminado juntamente com seus familiares como 1º tenente da 4ª companhia do Recife. Seu nome aparece, com o de seu irmão e de seu pai no processo revolucionário. Não foi detido na ocasião, talvez por falta de prova conclusiva - ele ainda de pouca idade e baixa patente (125). A biografia deste terceiro filho, Antonio, a nosso ver, até hoje com grandes lacunas. Sua biografia refere que em 1816 como 2º Tenente partiu para o Rio (talvez conspirando?) e daí teria seguido para a África como ajudante de ordens de seu tio José Francisco, governador e Capitão General de Moçambique, fato que propõe também muitas dúvidas. Após a morte deste em 1818 (?), Antonio como major teria servido honrosamente em Macau (Goa) e ainda provavelmente atuado com discrição no episódio de insurgência de 21 em Goiana. Assunto em parte tratado no item anterior e que será retomado o fim deste trabalho com comentários mais detalhados sobre sua longa trajetória conspiratória e política, sobretudo no Império. 

   

   Há realmente dificuldade historiográfica em identificar muitas vezes a verdadeira atuação desses vários membros do clã Suassuna, pois todos eles levavam quase o mesmo nome – sobretudo ainda usavam a artimanha de assinar de forma parcial seus nomes em documentos oficiais - prática já notada por nós nas conspirações nativistas de que participara no passado o ancestral Antonio “da Guerra”, desde as “priscas’ eras de 1645. Em nosso trabalho sobre este Antonio Cavalcanti já havíamos observado que por ocasião da declaração de compromisso dos conspiradores em 1645 seus nomes foram assinados muitas vezes apenas em parte, para mais adiante confundir os governistas e inimigos. 

   Assim sendo, devemos ressaltar que também o experientes Suassuna, até mesmo desta terceira geração devem ter tentado, em vários momentos de suas ações encobrir fatos comprometedores, frente a um possível fracasso - fatos que mesmo, numa nova realidade pudessem comprometê-los ou prejudicar sua participação política posterior (126). 

    Vários são, portanto, os episódios referentes às ações dos revolucionários Suassuna evitados ou propositadamente encobertos - seja pela própria família, seja pela historiografia - Alguns deles talvez impossível mesmo de serem definitivamente esclarecidos. Deixamos registrados nesta nota uma série de questionamentos com suas respectivas possibilidades, mais concretas ou hipotéticas, de resolução (127). 

10 - Os Suassuna após o fracasso do movimento de 1817 - Punições, união e coragem familiar.


     


    Havíamos já descrito os últimos momentos da Revolução de 1817 resumidamente. Mas não havíamos podido avaliar com profundidade os dramas pessoais por que deve ter passado o General Suassuna após sua derrota em 13 de maio no engenho Trapiche, quando não havia conseguido controlar o recuo ordenado da tropa, como seria de esperar em um enfrentamento militar clássico. Sabemos apenas que rapidamente abandonou o cenário do enfrentamento e se dirigiu à Recife, já descrendo do sucesso da Revolução (DIAS MARTINS, pg.43). 

    Em que momento recebeu a notícia da morte de seu filho, ocorrida em 15 de maio em Pindoba, não sabemos (128). Apenas temos conhecimento que depois da derrota logo assinou uma primeira solicitação às autoridades portuguesas para o estabelecimento do armistício. Entretanto, frente à posição ditatorial e irredutível de Teotônio Jorge, que a partir de 18 de maio ameaçava arrasar a cidade, houve um impasse e o general Sassuna certamente sentido a necessidade de tomar uma nova e séria atitude a ultima hora – tentar ainda um acordo honroso e abrir os portões das cadeias soltando os presos políticos realistas e comuns. 

     

     Entretanto, outro episódio de forma brutal teria ainda chocado o Gen.Suassuna na ocasião - a dramática morte, o suicídio de um antigo companheiro, também desencantado com a Revolução. 

    O Pe. João Ribeiro de Mello Montenegro considerado o líder moral da Revolução Pernambucana, a quem Suassuna certamente deve ter tido amizade e muita consideração, pois o havia encarregado de administrar a biblioteca no hospital do Paraíso – este padre após sua derrota na batalha do Engenho Trapiche havia preferindo acompanhar as tropas de Teotônio Jorge, mas já dramaticamente afetado pela derrota da Revolução cometera suicídio em 19 de maio de 1817, enforcando-se na capela do Engenho Paulista em Olinda. 

   

    Dois dias depois, em 21 de maio, os da família Suassuna são presos, levados para o forte das cinco Pontas. 

   E o corpo do Pe. João Ribeiro, por ordem do vice-almirante português Rodrigo Lobo, depois desenterrado e esquartejado - sua cabeça foi exposta na ponta de uma vara no centro do Recife, onde teria ficado por dois anos.

  

   Em 4 de junho iniciaram-se as traumatizantes execuções publicas em Recife.


   A família Suassuna que já fora o pivô de uma Conspiração independentista em 1801 e que tivera naquela ocasião dois de seus membros comprometidos como cabeças, detidos por ano e meio, via-se agora mais uma vez envolvida como liderança no processo instaurado para incriminar as responsabilidades dos revolucionário de 1817. Sua defesa no processo obviamente, e de novo, um apanhado de tergiversações e lugares comuns, comovimos acontecera em 1801 (129).

  

   O General de Divisão encarregado pela Revolução, Francisco de Paula, o Suassuna preso no forte das Cinco Pontas no Recife de 21 de maio até 27 de maio, em seguida enviado para a Bahia – só retornando quatro anos depois em 1821, vindo a falecer logo depois de sua chegada.  

    72 revolucionários haviam seguido para Salvador no navio “Carrasco” à ferros, embarcados provavelmente do próprio dia 27 de maio  e desembarcados em 10 de junho na Bahia.

   Seu filho mais velho, Francisco, esteve também detido vários meses na Cinco Pontas, também enviado preso para a Bahia nas mesmas circunstâncias (129); seu irmão Luíz Francisco, revolucionário na patente de Coronel, preso de 23 de julho 1817 a 16 de out de 1817 (131). O terceiro filho, Antonio de Paula, tenente com cerca de vinte anos, indiciado, não havia sido preso (132). Um sobrinho estaria foragido - o filho de sua irmã Tereza (133). E até mesmo um seu escravo, Floriano Soares é incriminado no processo que envolve toda a família, também preso (134). 


  Pela situação social de prestígio dos membros da família Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna implicados pela segunda vez em episódio extremamente comprometedor e mesmo revolucionário - natural que sua participação tenha sido novamente abafada pelas autoridades portuguesas para evitar a possível propagação das suas posturas políticas, agora não só independentistas, mas já mesmo tidas como socialmente revolucionárias.

   As informações biográficas dos membros da família, por inúmeros motivos que já explicitamos, até hoje permanecem truncadas e distorcidas sendo difícil a obtenção de um quadro mais objetivo e mesmo do drama por eles enfrentado. 

11 - O papel solidário de D. Mariana.    


    


  Entretanto, fato curioso - ficou registrado na nossa historia oral um episódio sugestivo, que mais uma vez demonstra a extrema união familiar nativista entre os membros da família Suassuna da época – episódio protagonizado por senhora da família.  

  

   Segundo a tradição oral que nos chega pela atual geração dos Suassuna, uma senhora da família, d. Mariana Correia de Albuquerque, parente ligada ao engenho - possivelmente uma sobrinha de Felipa C. de A., a idosa proprietária (135), casada com Raymundo Francisco Salles - senhora que levava o nome Correia dos antigos proprietários do engenho teria sugerido ao marido a adoção também do sobrenome Saussuna - extendido aos seus próprios descendentes tendo em vista seu entusiasmo nativista.  

   Suassuna era nome indígena, significando veado negro - denominação originária de um riacho próximo ao engenho, local onde a família indica no passado uma batalha – um sério enfrentamento - talvez contra os holandeses no sec. XVII, quando a propriedade era ainda de João de Barros Correia, na época ocupada pelo invasor (136).

     O marido de Mariana, Raimundo Francisco de Salles, seria também parente do clã Suassuna, pois o irmão mais velho Suassuna, o conspirador José de Paula, seria primo de seu pai, e quando foi Governador do Rio Grande teria auxiliado a transferência do casal para a cidade de Marins, nesta mesma província (137). Da progênie desta Mariana e Raynundo descendem gerações seqüentes de Suassuna que, entretanto, não foram nobilitados, entre eles o famoso escritor Ariano Suassuna e a jovem Raquel Sassuna, nossa informante nesta geração (138). 

   


    Porém, o espanto maior para o estudioso deste núcleo familiar extremamente ativo e liderante em 1817 é constatar que depois de pelo menos vinte anos de esforços independentistas, esta família e sua nova geração terá mantido a solidariedade e o mesmo ânimo libertário a exemplo de seus ancestrais, para continuar sua ação política sempre intensa em vários outros episódios contestadores e políticos posteriores a 1817.





12 A continuidade da atuação independentista dos jovens da terceira geração Suassuna (2ª abordagem) por ocasião da revolta de Goiana em 1821 com  os primos Rego Barros. 

      


  

  Nos anos logo a seguir à punição de 1817, dando continuidade a ação rebelde do primeiro clã Suassuna não podemos deixar de referir com mais detalhes às ações também contestadoras dos descendentes “sdegnosos” Suassuna e seus sobrinhos Rego Barros. 

   

  Francisco Rego Barros é um desses jovens sobrinhos, que constatamos membro de uma família tradicional de “mazombos” no passado já ligada aos Cavalcanti e à da matriarca dos Suassuna.  

      

   Lembramos que nesta geração de 1817 uma das irmãs do general Suassuna - Mariana Cavalcanti de Albuquerque, fora mesmo casada na família do engenho Trapiche, de propriedade dos Rego Barros. E seu filho, - o jovem Francisco Rego Barros - seguiu o exemplo dos antepassados nativistas, especialmente do famoso João do Rego Barros (f. 1712) - mazombo decidido que participara com os Bezerra Cavalcanti da “fronda” contra mascates e autoridades portuguesas em 1710, sendo preso e conduzido à ferros pela cidade (139). 

   O muito jovem descendente, Francisco, estivera mobilizado para a ação revolucionária desde muito cedo e já aos quinze anos em 1817 atuou como cadete em companhia de um parente (pensamos seu tio), Joaquim José Rego Barros (1775-1818) – este Coronel de Milícias responsável por formar o governo revolucionário de 1817 no Rio Grande do Norte (140). 

  

   Outro sobrinho do Suassuna, igualmente muito jovem, Antonio Balduíno de Cavalcanti de Albuquerque Aragão, filho da irmã Tereza casada com o Garcia d` Ávila da Casa da Torres acreditamos também teria se alistado em 1817, mas conseguido refugiara-se em Sobral, no Ceará (141). 

     

     Mesmo após as agruras ocorridas na sua família ampla, o jovem Francisco Rego Barros levou adiante sua ação rebelde e pouco tempo depois, no ano de 1821 com o irmão Sebastião Rego Barros, ainda os primos Suassuna, participou de um levante contra o governador em Pernambuco atrabiliário Luís do Rego Barreto - levante e formação de um novo governo em Goiana - episódio ainda factualmente muito pouco estudado, em que ocorre sério atentado contra o governador e no qual 42 rebeldes pernambucanos foram presos - e desta vez enviados para julgamento em Portugal.   

    

    Lembra a biografia oficial de Rego Barros na Fundação Joaquim Nabuco que, já em 1817 com apenas quinze anos Francisco chegara a alistara-se no Regimento de Artilharia de Recife. E, em 1821, cadete do Exército no mesmo batalhão teria também participado da “Revolução de Goiana” que, no começo do mês de outubro daquele ano depuzera o Capitão-General governista Luís Rego Barreto. Este governador era tido como prepotente e muito rígido na repressão que se segue a 1817. Por este motivo o jovem Francisco teria sido preso com outros parentes, enviado para o Forte São João da Barra, em Lisboa, Portugal, onde sabemos teria permanecido brevemente. Sua carreira política no Império, após a independência será, entretanto, de grande sucesso - tornado mais tarde conde da Boa Vista em 1866 (142).


      Por outras variadas fontes obtivemos com mais detalhes sobre este jovem Francisco Rego Barros, sobrinho do Suassuna, que estaria entre os 42 presos enviados para julgamento em Lisboa na companhia dos lideres rebeldes – o morgado do Cabo Francisco Paes Barreto e José de Barros Falcão de Lacerda - ainda seu irmão mais moço Sebastião Rego Barros e outros primos Suassuna.

    

    O historiador Cabral de Melo ao tentar aprofundar o assunto identifica a liderança do experiente revolucionário de 1817, o morgado Francisco Paes Barreto atuando na ocasião com José de Barros Falcão de Lacerda, que estivera preso até 1821 - ambos encarregados do levante inicial tramado a partir de Salvador – ambos presos depois do atentado ao governador.  

   Muniz Tavares relata a ação aparentemente tresloucada de um dos irmãos Corte Real por ocasião do atentado. E Dias Martins a dramática punição publica de 900 açoites em dias diferentes a um tenente “preto de honradas cores”, Francisco José de Mello, que também já havia participado em 1817 (143). 

     

    Este episódio de Goiana ocorrido em 1821 não está ainda em definitivo bem aclarado. Desde já, porém, entre os vários nomes envolvidos podemos indicar os de José Camello Pessoa de Mello e o capitão Miguel de Araujo Pessoa - pois seus nomes constam em documentos que registram os atos do novo governo estabelecido em Goiana, transcritos em livro de Manoel do Rego Abranches - ”Memória Justificativa sobre a conduta do marechal de Campo Luíz do Rego Barreto” (Google livros, pg. 103).       

   

     Sem duvida participaram deste episódio Luis Francisco de Paula um dos filhos mais moços do General Suassuna e seu primo José Francisco de Paula, homônimo do pai - o grande conspirador Suassuna de 1801. Para nossa surpresa, sugerimos também a participação discreta do filho do Suassuna Antonio Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - depois Visconde de Albuquerque.  

    

    O genealogista Carlos Xavier Paes Barreto sugere a participação de Antonio Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, filho do Suassuna e futuro Visconde de Albuquerque, neste episódio. 

    Entretanto, na lista de embarque do brigue “Intriga” são mencionados como presos e embarcados na ocasião apenas dois Paula Cavalcanti - seus primo José, e seu irmão Luis Francisco. Da participação de Antonio não temos indicações seguras para comprovação de sua participação no episódio, ainda que a prisão e envio para Lisboa do seu líder, o morgado Francisco Paes de Barros, de seus primos Francisco Rego Barros e Sebastião, ainda de seu primo José Francisco de Paula, homônimo de seu tio, e de seu irmão Luis Francisco de Paula sugira igualmente o seu envolvimento pelo menos na conspiração, não ocorrendo sua prisão (144). Neste caso sugerimos que a participação de Antonio Francisco no episódio tenha sido discreta, mas muito provável. 


     Estes nomes de rebeldes estariam, portanto, ligados ao atentado ao governador  Luís do Rego Barreto e conseqüentemente ao levante em Goiana. Um levante contra um governador exorbitante na repressão aos rebeldes de 1817 - que depois de longa temporada na prisão retornavam a Pernambuco – repressão que se exercia ainda sobre populares, sujeitos a castigos físicos severos, açoites, etc.

     O movimento acabou por formar uma junta governativa constitucionalista aos moldes da constituinte de 1820 do Porto – pois lembramos no Porto já então ocorrera o movimento constitucionalista, que do Brasil teria sido mesmo tramado a partir de Salvador (145). 

    O historiador Denis Bernardes nos afirma: mais do que “um tumulto”, o episódio de Goiana seria devido ao amadurecimento político e tático do movimento de 1817, e até mesmo ao novo governo constitucional estabelecido na Paraíba em agosto de 1821.   

  

     Tese de mestrado recente sobre o tema, da autoria de Juliana Ferreira Sorgine (pelo Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2005) não refere a prisão de Francisco Rego Barros, mas chama a atenção para a participação, assinando o acordo posterior de Beberibe de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque – que a autoras não especifica – certamente o filho mais velho do Gal. Suassuna, participação que igualmente não aparece que em sua biografia.  Afirma a autora da tese: 

     

   “A pacificação do confronto armado estabelecido entre os aliados do governo de Rego Barreto e os partidários da Junta de Goiana foi acertada por intermédio de Gervásio Pires Ferreira e Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque na chamada Convenção de Beberibe, em 5 de outubro de 1821. Ambos os intermediadores participaram da insurreição de 1817, e se reconheciam como representantes do “liberalismo” pernambucano, o que no cenário pernambucano que se seguiu a 1817, significava dizer que eles mais se opunham à política de Rego Barreto, do que exatamente defendiam os ideais revolucionários que nortearam a formação do governo em 1817”. 


       A autora da tese apenas ao pé de página reconhece, entretanto, a gravidade militar do episódio: “[Beberibe era] Região entre o Recife e Olinda onde as forças arregimentadas pela Junta de Goiana estacionaram, com o propósito de atacarem as forças de Rego Barreto vindas do Recife”. 

   

      Evaldo de Mello confirma o conflito militar, mas não dá noticias de sua gravidade em termos militares:  

      “Contando com tropas da infantaria que haviam abandonado [o chefe governista Rego Barreto] os goianistas atacaram Recife sem conseguirem levá-lo à rendição” (146). 

    

    Apuramos que seriam 2.000 homens do lado rebelde e 350 homens do lado do governador. A revolta teria tido o apoio de senhores de engenho que se haviam deslocado inicialmente de Nazaré até Goiana, sob a liderança de Ignacio Vieira de Melo do engenho “Tamataúpe”, Joaquim da Cunha Souto-Maior do engenho Cangaú, e outros. Este Souto Maior, certamente, parente dos irmãos Souto-Maior seriamente envolvidos. 

     José Camelo Pessoa de Melo teria comandado esta tropa no começo de outubro, em confronto sangrento no monte de Olinda que teria durado várias horas (DIAS MARTINS, pg, 278). O governador Rego Barreto não conseguindo receber reforço resolveu então solicitar o estabelecimento de um acordo (147). 

.

   O levante de Goiana durara de abril a outubro, e constara de um atentado ao Governador prepotente e ainda um sério enfrentamento com forças militares rebeldes.     

    Sabemos também que o atentado ao Governador, em que este saíra ferido, ocorrera no dia 30 de agosto de 1821, e não em 21 de julho daquele ano como supõe Evaldo Cabral de Melo (148).

   

    Bernardes citando sua documentação afirma ainda que Luis Francisco de Paula Cavalcanti - irmão do general Suassuna - com Gervásio Pires Ferreira, ambos recém saídos da prisão de 17 na Bahia teriam sido encarregados em 2 de outubro de negociar com a junta de Goiana.  A derrota de Luiz Rego Barreto tornada evidente com a instalação da nova Junta de Governo estabelecida em 26 de outubro (149).

    Na biografia do revolucionário de 1817 José Mariano Albuquerque Cavalcanti aparece referida sua participação nesta ocasião em Goiana. Participação não muito bem explicitada, mas que acreditamos de pacificação (150). 

   

   Os sobrinhos do general Suassuna, Francisco Rego Barros, Sebastião Rego Barros, José Francisco de Paula, ainda e seu jovem filho, Luis Francisco de Paula, este em primeira atuação, haviam sido detidos entre os outros 42 rebeldes não sabemos em que data precisa e em más condições enviados para julgamento em Lisboa - certamente culpabilizados por motivos da rebelião, atentado, formação de governo, ainda possível e sério enfrentamento militar - fatos em parte comprovados pelos autores citados.

  

   Os rebeldes haviam chegado à Lisboa pelo brique “Intriga” em 13 de outubro, desembarcados em 19, mas foram logo soltos em 27 do mesmo mês (Oliveira Viana nota CXXXII). Não teriam sido severamente criminalizados nas cortes portuguesas, tendo em vista que a incriminação pelo governador fora mal formulada, sem maiores critérios, dificultado a atribuição de responsabilidades individuais – ainda a revolução constitucionalista do Porto já ocorrida (151). 


    Mesmo assim, conclui Bernardes como bom historiador ao notar a importância deste episódio de Goiana:


   “A derrota de Luis do Rego Barreto, consolidada com a eleição de uma nova junta de governo em 26 de outubro, encerrava uma longa história: a da dominação do Antigo Regime em Pernambuco” (152).


    O episódio contestador que eclode em Goiana no ano de 1821 no qual atuaram os sobrinhos do Gal. Suassuna - os jovens Francisco Rego Barros, seu irmão Sebastião Rego Barros e  Jose Francisco de Paula  -  bem como seu  filho Luiz Francisco de Paula, mais tarde desembargador,  não representaria  ainda a Independência -  mas já abria uma fase de potencial constitucionalidade nas relações entre Colônia e  Metrópole.

   

   Mais uma vez demonstrava este episódio o comprometimento da família Suassuna com nossa Independência.


13 - A atuação política dos filhos e sobrinhos do General Suassuna a partir de 1821 e durante o Império (3ª abordagem).  


        Com todo o prestígio social de que gozou a família dos Suassuna, não seria por acaso que os filhos do famoso coronel e general revolucionário e seus sobrinhos Francisco e Sebastião Rego Barros - membros de famílias tão atuantes, “sdegnosas’, e nativistas, tenham sido atraídos como interlocutores do novo governo Imperial - família ampla tornada relevante na administração do Império, especialmente atuantes em jogo de grande habilidade governativa depois da Independência.

  

   Muito prestigiados, ilustrados e educados na Europa, os jovens filhos do Suassuna sobreviventes nesta geração, foram logo depois da Independência reconhecidos seus esforços libertários. Formados em Universidades européias renomadas, logo escolhidos para interlocução e administração do novo Império, em seguida nobilitados.  Também os jovens Rego Barros – Francisco, tornado Conde de Boa Vista e Sabastião, ministro da Guerra no Império.


    Lembrando que o mais velho filho do Suassuna, Francisco de Paula, havia participado com seu pai da formação do Governo Revolucionário em 1817, assinando simplesmente o nome Francisco de Paula Cavalcanti Junior.  Punido -  fora enviado para a Bahia onde permaneceu até a liberação geral em 1821 (153). Já seu irmão logo a seguir, o segundo filho do Suassuna, José Francisco de Paula, homônimo de seu tio conspirador, havia falecido em um enfretamento em 1817 em condições trágicas, em combate durante a Revolução - mesmo martirizado, conforme já comentamos acima. Jovem que segundo cronistas também teria grandes qualificações pessoais e potencialidades.      

     

   Com algum critério recolhemos, portanto, ainda  alguns detalhes de importância relativas às biografias dos cinco irmãos Suassuna da nova geração que haviam sobrevivido, para tentamos ainda dirimir dúvidas quanto às suas atuações políticas posteriores que foram relevantes.     

  Por outro lado gostaríamos de ressaltar a elevada capacitação cultural desses jovens, sobretudo política - filhos ilustrados de um revoltoso também ilustrado, em política atavicamente experiente. Notamos que os casamentos desta nova geração foram ainda realizados tradicionalmente com famílias aliadas, com filhas de antigos companheiros de seu pai implicados e prejudicados em 1817. 

   Para facilitação do leitor apresentamos um resumo em nota das atividades destes jovens, biografias que a partir de agora serão o mais possível escrutinadas no texto (154). 


  

    Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880), mais tarde Visconde de Suassuna, sabemos participara e assinara o primeiro documento de formação de Governo da Revolução, preso em 30/5, enviado para a Bahia em 11 de junho como 1º Tenente da 4ª Cia do Recife - ele com cerca de 24 anos (155). Ao sair da prisão fora readimitido no Exército em 1821 (156). Casara-se antes da revolta, em 21-11-1813, no Recife, com sua prima Maria Joaquina Cavalcanti Salgado, jovem senhora que irá sofrer por ocasião de sua prisão e cujo pai também atuara em 1817 (157). Tudo indica, segundo a tese recente citada, que Francisco de Paula ao sair da prisão em 21 ainda tenha participado, seu pai recém falecido, como representante da família nas tratativas do acordo de Beberibe em dezembro de 21, pois a revolta envolvera um irmão seu, e outros primos (Ver discussão item 12).

   Posterioremente, Francisco de Paula ainda continuou atuando pelo processo de autonomia pernambucana no período transitório da Independência, chegando a fazer parte da “Junta dos Matutos” - episódio transitório da governança pernambucana entre outubro de 1822 a dezembro de 1823 - governo que se segue à junta estabelecida na convenção de Beberibe por Gervásio Pires Ferreira (presidente entre outubro de 1821 - outubro de 22). Desta “Junta dos Matutos” fez parte também o tenaz morgado Francisco Paes Barreto, que sabemos já amargara quatro anos de cadeia por atuação revolucionaria 1817, ainda enviado no brigue “Intriga” para Lisboa por liderar a rebeldia no episódio de Goiana.

   O historiador Evaldo Cabral de Melo em Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (158), lembra que em 15 de setembro de 1823 “... um movimento castrense prendeu o governador das armas nomeado pelo Imperador e forçou a renúncia do presidente da Junta dos Matutos, Afonso de Albuquerque Maranhão, reduzindo-a ao triunvirato composto de Francisco Pais Barreto, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, futuro visconde de Suassuna, e Manuel Inácio de Bezerra de Melo”. A Junta, assim dividida e desmoralizada, acrescenta o autor: ... “arrastou uma triste existência até dezembro de 1823, quando renunciou, enfrentando de um lado a oposição dos antigos gervasistas [desejosos de maiores garantias autonomistas], reunidos em torno do intendente da Marinha, Manuel de Carvalho Paes de Andrade e de Cipriano Barata [radical defensor republicano], que regressara das Cortes de Lisboa; e de outro as pressões do Rio, donde se exigia que Pernambuco não só enviasse as quantias mensais do tempo do Rei Velho, como o montante de 2 milhões, equivalente às remessas feitas para Portugal após a partida de d. João VI”.  

    Notando–se que a partir de 1823 o ainda jovem Francisco de Paula opta pelo partido Conservador e ocupa o cargo de presidente da província de Pernambuco em três ocasiões. Será adiante tornado Visconde de Suassuna em 1860.

   



   - Com a morte do segundo filho, o terceiro filho do Gal. Suassuna foi o notável Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1797-1863), tornado Visconde de Albuquerque no ano de 1834. Sua biografia a nosso ver ainda não muito bem resolvida, pois suas informações biográficas por vezes não casam com as informações atuais obtidas de documentos recém revelados. Em suas informações biográficas Antonio Francisco teria participado apenas da fase conspiratória do movimento revolucionário de 1817, mas constatamos que seu nome é também mencionado no processo incriminatório dos revolucionários entre os seus familiares, como tendo participado desta “infausta revolução” quando Tenente da 1ª Cia do Recife. Não é referida, entretanto, sua prisão - talvez por sua pouca idade, cerca de 20 anos e baixa patente, ou porque estivesse fora da capitania, acompanhando seu tio a Moçambique (?). Em documento relativo ao processo publicado pela BN, pgs. 105 e 106, seu nome é citado pelo desembargador Souza Falcão como tendo, com seus parentes, “participado da infausta revolução” (sic).     Sabemos que Antonio Francisco era maçon e sugerimos que deve ter atuado ainda muito jovem conspirativamente, podendo ter mantido contatos com lojas maçônicas até mesmo no Rio de Janeiro (ver comentário no corpo de trabalho,), pois esteve às vésperas da Revolução, em 1816, no Rio de Janeiro, em seguida acompanhado como ajudante de ordens seu tio José Francisco, o tenaz conspirador da família, até Moçambique - mais tarde, Antonio já como Visconde de Albuquerque chegou a mestre-maçon. Em sua biografia oficial consta que em 1816 como 2º Tenente partiu para o Rio (conspirando?) e, daí seguiu para a África como ajudante de ordens de seu tio [o antigo conspirador] José Francisco, então nomeado governador e Capitão General de Moçambique. Apuramos recentemente que este tio teria terminado sua governadoria no Açores no ano de 1815, assim possivelmente voltado ao Brasil antes de ser nomeado para Moçambique. José Francisco citado como envolvido (também com Antonio?) no caso do brique “Sally Dana”, já comentamos no item referente acima. A morte deste tio ocorrida talvez em 1818, não sabemos se em Moçambique, ou por informações mais recentes, em Goa. Por sua biografia oficial, Antonio fez ainda parte do grupo de jovens militares que (coincidentemente ?) teria servido já como major como lente da Escola Real de Pilotos de Macau em Goa (12-6-1819), ao mesmo tempo designado para servir no batalhão do Príncipe Regente. O historiador Evaldo Cabral de Melo em livro recente e com fontes refere também fato duvidoso, que não consta da biografia oficial do visconde. Cabral de Melo cita o nome de Antonio entre os que estiveram envolvidos nas tratativas republicanas que deságuam na Confederação do Equador em 1824 - participação que acreditamos até mesmo possível e provável dado o caráter conspirativo da família em novo contexto republicano da época - ainda que o genealogista Carlos Xavier o tenha referido apenas como acompanhando a posição do morgado Paes Barreto na ocasião, em respeito à Coroa. A biografia oficial do Visconde de Albuquerque apenas refere ter ele acompanhado o Morgado “em defesa dos direitos de sua Majestade, da Independência e da integridade do Império (159). De formação militar, Holanda foi casado com Emília Amália de Albuquerque, filha do futuro senador pernambucano (de 28 - até 44), ministro e também conselheiro, Manuel Caetano de Almeida, formado em Coimbra.     Lembramos que os filhos mais velhos do General Suassuna levaram o sobrenome Holanda duplamente - também pelo lado da mãe, Maria Rita de Holanda Cavalcanti de Albuquerque. Assim sendo, Antonio Francisco na atuação parlamentar no Império foi alcunhado e conhecido como “Holanda” (160) - atividade parlamentar que desenvolve, contrariamente ao seu irmão mais velho, integralmente no Partido Liberal durante a Regência e segundo Reinado. Entretanto, juntamente com seu irmão Francisco membro do Partido Conservador, desenvolve atividade de ocupação de amplos espaços políticos no governo Imperial, e em certa medida até mesmo na própria crítica ao Imperador - fato já observado em nosso artigo “Os Cavalcanti em Questão”.  

        Antonio foi Senador, Ministro da Fazenda (em 1830, 31, 32, 46, 62) da Marinha (em 1840, 44, 45, 46). Interino de Guerra (45), chegando honrosamente a disputar com Feijó a regência Una. Conselheiro do Imperador, Ministro de Fazenda no Gabinete de 1830, retornando ao Ministério na crise da Abdicação. Foi Grão-Mestre Maçon. 

     A biografia de Antonio é reproduzida em A. Bittencourt (pg. 339), genealogista que refere ter sido orientada pelo colega muito experiente Carlos Xavier Paes Barreto, este     descendente do morgado e rebelde Francisco Paes Barreto - certamente com informações de coxia sobre este período político. Pois questões relativamente á biografia do Visconde de Albuquerque permanecem historicamente ainda em aberto:

    

    Sem citar suas fontes diretamente, Carlos Xavier Paes Barreto sugere em um artigo de 1952, de modo talvez propositadamente confuso, que Antonio Francisco teria sido preso e participado do episódio de Goiana em 1821 ainda atuado contra a Confederação do Equador em 1824, ao lado do morgado Francisco Paes Barreto - sendo posteriormente vítima de incompreensões pelas suas antigas atuações com a família (161). 

    - Também o gen. Lyra Tavares em seu livro França-Brasil insinua que Antonio Francisco em 1831, momento de crise no Império, teria chegado a participar de conversação com o representante francês Eduard Pontois para um projeto de secessão do Brasil (162).

    

      Neste artigo de 1952 o genealogista Carlos Xavier afirma, em amplas pinceladas, que ajudamos a explicitar: 

 “[O Visconde de Albuquerque] Foi soldado e cadete aos dez anos e segundo tenente aos dezesseis. Muito moço exerceu atividade nas lutas em que se debateu sua província e esteve preso nas prisões de Lisboa [não confirmamos sua prisão]. Havia antes estado na África quando governador de Moçambique o gen. José Francisco [seu tio, alguma sugestão indireta?]. Solidário com o capitão–mor Francisco Paes Barreto [este sim enviado preso para Lisboa em 1821 pelo episódio de Goiana] bateu-se valentemente a favor da Coroa na confederação do Equador.... Afirma Joaquim Manoel de Macedo que ele soube exaltar na tribuna do Senado as virtudes da franqueza e da independência pessoal. Alberto Rangel critica-o. Acha que teve convivência com franceses quando ministro em 1831. Acusa-o de querer entregar à margem do Amazonas em troca de auxilio para a separação das províncias do norte. A defesa foi feita pela imprensa. Talvez o visconde estivesse pagando pelo que pretendera seu pai quando procurou ter entendimentos de aliança com a França. Espírito reto e penetrante, político do mais alto talento, era homem de corte, elegante e senhoril, diz Elísio de Carvalho, em Esplendor e Decadência da sociedade Brasileira...” (163). 

  

    Observamos que o genealogista Carlos Xavier Paes Barreto, ardilosamente, cerca de um século depois dos acontecimentos faz mais insinuações do que realmente nos fornece informações concretas sobre a atuação do Visconde.

   

   Mas acreditamos que Antonio Francisco de Paula em 1821 tenha realmente participado discretamente dos planos de insubordinação contra o governador Luis Rego Barreto por ocasião do atentado de Goiana, atuando com seus primos Rego Barros - Francisco e Sebastião - ainda o primo Jose Francisco, e seu próprio irmão mais jovem Luís Francisco - sob a coordenação do morgado Francisco Paes Barreto – pois constatamos efetivamente que este amigo liderante, e seus demais parentes rebeldes muito próximos foram enviados para julgamento em Lisboa - seus nomes, menos o de Antonio, constando na lista de Oliveira Lima referido dos embarcados no brigue “Intriga” (164). 

   

   Teria Antonio ainda atuado a favor da eclosão da Confederação do Equador como sugere Evaldo Cabral e preferido acompanhar o morgado Paes Barreto nas suas posições finais , mantendo–se eles do lado das forças governistas de D. Pedro I ?     

   Acreditamos que as “Notas de Carlos Xavier” referentes ao seu próprio avô, o morgado Paes Barreto - biografia que colocamos em nota na íntegra – possa nos auxiliar a esclarecer dúvidas sobre participação discreta de Antonio Francisco no episodio de Goiana no ano de 1821, na qual realmente pode ter se envolvido - talvez ainda até mesmo conspirado para os preparativos da Revolução do Equador e apenas acompanhado nos momentos finais as posturas do Morgado em 24 (165). 

    Possa a historia de futuro ainda responder a esta e outras indagações. 

   

   Porém, não bastassem os seus muitos méritos conspiratórios independentistas e sua trajetória política e administrativa profícua no Império, que este artigo não pretende mais avaliar, notamos que ao fim da vida Antonio Francisco de Paula ainda serviu à Pátria de modo muito doloroso - como o próprio pai, o General Suassuna que durante a revolução de 1817 sofreu a perda de um filho, perdera também ele seu próprio filho homônimo em luta na Guerra do Paraguai (166). 

  

  - Outro filho do general Suassuna, Luiz Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, homônimo de seu tio, não aparece referido na genealogia de A. Bittencourt - mas acreditamos possa ter sido um lapso da autora, por não ter sido ele, apesar de suas qualidades, nobilitado - tendo falecido muito jovem. Indicado em fontes enciclopédicas recentes como nascido em 1799 e  falecido em 1838. 

   Luiz Francisco de Paula estaria estudando em Coimbra durante a Revolução de 1817, tendo se formado em 1820. Mas constatamos que logo em 1821 ele de volta ao Brasil teria participado do episódio rebelde de Goiana, pois seu nome está presente na lista dos presos embarcados para Lisboa, indicado como “o desembargador”. Em 1823 teria ele realmente entrado para a magistratura, nomeado juiz de fora de Aracati, Ceará, e depois desembargador da Relação de Pernambuco. Fontes enciclopédicas indicam: “Luís se notabilizou por sua atuação política, e esteve entre os primeiros deputados eleitos à Assembléia Geral Legislativa, junto de seus irmãos Francisco e Antônio representando Pernambuco durante as primeiras sessões legislativas, de 1826 a 1838. Participou nesse período de momentos que foram cruciais para a formação da nação brasileira, especialmente no Período Regencial. Luís foi cotado para concorrer com o Padre Diogo Antônio Feijó à Regência Una, em 1831, mas a escolha acabou recaindo sobre seu irmão Antônio. Também foi eleito para a primeira Assembléia Provincial de Pernambuco, em 1835. Em junho de 1835, apresentou à Câmara um projeto propondo a maioridade do Imperador e Príncipe Imperial aos 14 anos. O projeto, na ocasião, foi recusado, mas continuaria fermentando no seio do Partido Liberal e, cinco anos depois, se concretizaria no Golpe da Maioridade”.

    Logo após ser reeleito para a terceira legislatura, em 1837, Luís Francisco caiu doente e faleceu aos 39 anos de idade. Luís casara-se em 1829, no  Recife, com sua prima Teresa de Jesus Salgado Cavalcanti (†1863), filha de sua tia paterna Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de Joaquim José Vaz Salgado, que havia participado do movimento de 1817, e assinando também o ato de formação do Governo revolucionário em Pernambuco. (Ver texto acima e nota 21). Tereza de Jesus já sua cunhada, pois irmã de Maria Joaquina de Paula Cavalcanti de Albuquerque, casada com seu irmão Francisco de Paula, o visconde de Suassuna”.


    Concluindo este item referente aos filhos do Gal. Suassuna comentamos ainda sobre os seus dois outros filhos mais moços – de uma segunda fornada – igualmente muito cultos e preparados e que foram nobilitados pelo Império:  

   

 - Manoel Francisco de Paula Cavalcanti (1804 -1894) nascido depois da primeira prisão de seu pai. Em virtude de sua pouca idade não teria participado do episódio revolucionário de 1817. Possivelmente foi mantido pela família  longe do tumulto daqueles dias, estudando fora do país. Manoel formou-se em Matemática pela Universidade de Coimbra no ano de 1821. Militou no partido Conservador diversas vezes como deputado provincial e uma vez como suplente da Assembléia Geral. Elevado a Barão de Muribeca em 1860. Casou-se também com uma  prima, Maria da Conceição do Rego Barros, filha de sua tia paterna Mariana Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de Francisco do Rego Barros, senhor do engenho “Trapiche” onde foi travada a celebre batalha e seu pai foi derrotado. Eram irmãos de Maria da Conceição - João Rego Barros, o  Barão de Ipojuca e o nosso audaz Francisco Rego Barros, tornado no Império  Conde da Boa Vista. Manoel foi senhor dos engenhos Muribeca, Pantorra, Muciapé, Camorim, Curado, Brum e São João. Neste último, localizado na freguesia da Várzea, em Recife, veio a falecer na avançada idade de 89 anos, já viúvo.  Não teve filhos e deixou todos os seus bens para o seu sobrinho Francisco do Rego Barros de Lacerda. 

    

  - O irmão mais moço foi Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, (1806-1875) - formado em Direito pela Universidade de Coimbra, com doutorado também em Direito na Universidade de Goeting na Alemanha em 1827. Foi casado com a filha de Manoel Correia de Araujo, do engenho “Camaragipe” de Serinhaém, companheiro revolucionário de seu pai em 1817 e um dos responsáveis pelo novo governo na pasta da Agricultura, também mantido preso na Bahia vários anos, até 1821 (168). Ana Tereza Correia de Araújo tornada viscondessa de Camaragipe pela titulação de seu marido (169). Pedro foi Deputado Provincial diversas vêzes, Deputado na Assembléia Geral em seis legislaturas, tendo presidido a Câmara também várias vezes. Senador por sua Província, nomeado em 1869 do Conselho do Imperador, Pedro tornado Barão de Camarajipe em 1860, Visconde de Camaragibe em 1875, ano de seu falecimento (170). 


                        ____


     Os jovens irmãos Suassuna - em que pese a morte dramática do segundo irmão José Francisco em combate em 1817 - tiveram durante o Império suas posturas criticadas e consideradas radicais tendo em vista a anterior atuação tida como radical de sua família. Entretanto, haviam sido eles na verdade recompensados plenamente pelo governo do Império, que reconheceu seus grandes esforços independentistas, bem como suas qualidades pessoais. 

    Estes jovens demonstraram um elevado grau cultural e moral, sobretudo articulação política e independência frente ao Imperador – chegando até mesmo a participar do seu Conselho. Apresentavam tirocínio político e, sobretudo, a característica vocação atávica dos Cavalcanti e também dos Albuquerque para o exercício do poder, em seu melhor sentido – atuando especialmente os quatro irmãos restantes, agora no Império, entre si e em conjunto, como contrapesos do poder Monárquico. 


      Lembramos nossas próprias palavras escritas em 2013 e publicadas em nosso trabalho “Os Cavalcanti em Questão”: 


    “Especialmente o visconde de Albuquerque, Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, alcunhado Holanda, é dito que expressava a tradicional veia crítica dos seus ascendentes, dotado ainda de larga visão conciliadora e igual firmeza liberal - capaz de desenvolver atuação política ilustre no governo do Império, tantos foram os ministérios que ocupou. De simplicidade rústica, ao mesmo tempo alta distinção, este Cavalcanti ainda muito jovem teria participado pelo menos das atividades conspiratórias da “Academia dos Suassunas”, para mais tarde chegar a exercer seu elevado poder crítico e mesmo fazer comentários sobre o autoritarismo do Imperador”.  


    

     Hoje, depois dessas nossas pesquisas mais apuradas, incluiríamos novas considerações elogiosas a respeito desses filhos do general Suassuna - pois a atuação e participação conspiratória, militar e política de seus descendentes na vida pública brasileira é notável - dignos de reconhecimento histórico, como é devido a seu avô, pai e tios.

   

    Além do martírio do segundo filho José Francisco, trucidado durante a luta em 1817, lembramos que o mais velho dos jovens Suassunas, Francisco de Paula, fora atuante revolucionário no inicio de sua vida, aos 24 anos.  Assinara com seu pai a formação do Governo Revolucionário de 1817 e o acompanhou durante quatro anos em prisão na Bahia - incluído no inquérito que responsabilizava sua família. Ainda esteve certamente presente no acordo de Beberibe em 1821 e na composição da Junta dos Matutos, atuando ainda intensamente no Império, 

   Seu irmão Antonio Francisco, o Visconde de Albuquerque, também muito cedo envolvido na atuação política, pois certamente participou e atuou a partir dos dezesseis anos como conspirador pelo movimento revolucionário de 1817, tendo sido igualmente incriminado no processo de 1817, junto com os seus. Talvez não tivesse sido punido por falta de provas ou extrema juventude. Esta sua incriminação inicial encoberta, não consta de sua biografia. Acreditamos também sua possível participação discreta, tudo indica, no levante de Goiana em 1821 - ocasião em que sabemos haviam sido embarcados presos seu irmão Luiz Francisco, os primos Rego Barros Francisco e Sebastião, o primo José Francisco, ainda como líderes o morgado Francisco Paes Barreto e José de Barros Falcão de Lacerda – no total 42 homens acusados de levante e atentado enviados para julgamento em Lisboa, onde permaneceram brevemente. Como possibilidade real desta sua discreta participação, citamos a biografia do morgado Paes Barreto apresentada em nota, ainda o próprio depoimento de Carlos Xavier Paes Barreto em 1952.

     

   Estes adendos observados em nossa atual pesquisa só acrescentam méritos e elogios aos filhos e sobrinhos e neto do general Suassuna, e completam um quadro de grandes méritos para a família Cavalcanti de Albuquerque no Brasil por sua atuação nativista e indepedentista e mesmo administrativa.


III - CONCLUSÃO


     Em seu livro “A revolução de 1817” o historiador Amaro Quintas critica asperamente os historiadores do Império - Pereira da Silva e em especial Varnhagen - por sua antipatia ao tema da revolução de 1817 - assunto que Vanhagen dizia mesmo preferir colocar “um véu por cima”, ao defender a casa de Bragança. Entretanto, o próprio Amaro, observamos, privilegiou o campo oposto - a versão jacobina do episódio. A versão maçônica, entretanto, talvez ainda a mais difundida.  

   Neste sentido, penso que nossa geração necessitaria fazer as devidas correções de rumo em relação à análise da Revolução de 1817, em especial reavaliar a atuação da antiga “nobreza da terra” em especial desses Suassuna e mesmo dos membros da família Cavalcanti de Albuquerque, como um todo, nestes episódios revolucionários – quase 20 (vinte) membros da família Cavalcanti de vários ramos relacionados como líderes punidos e mesmo mártires na Revolução de 1817, quase todos citados e comentados pelo Pe. Joaquim Dias Martins em  sua obra “ Mártires Pernambucanos”.


    Observamos em nossos vários trabalhos que os membros da família Cavalcanti de Albuquerque no momento mesmo de nossa formação nativista já haviam privilegiado o caminho da Independência. 

    A longa trajetória de lutas da família Cavalcanti de Albuquerque fora marcada, desde o período Colonial pela atuação do ancestral Antonio Cavalcanti, “o da Guerra”, nas lutas da Restauração contra os holandeses - ascendente extremamente atuante em meados dos 1600. Luta nativista levada adiante pelo ramo Bezerra Cavalcanti na “fronda” contra autoridades e mascates portugueses em 1710, entre várias outras atuações rebeldes de caráter pessoal relevantes na família. Esta ação rebelde e nativista fora, portanto, mais uma vez continuada e liderada no começo do século XIX pelo ramo Suassuna, atuando desde antes de 1801.

   

     Não podemos deixar de reconhecer, portanto, os grandes méritos desta família Cavalcanti de Albuquerque, méritos constantes ao longo do tempo que marcam sua liderança visando à realização da Independência. Ao participar desta tentativa de caráter revolucionário em 1817 foram eles duramente punidos - entretanto, mais adiante ainda participam de novo movimento de caráter militar e rebelde, de fundo constitucionalista em Goiana, no ano de 1821. 

  

    Em 1817 os Cavalcanti haviam atuado, como comprovamos, em estreita colaboração com familiares dos outros ramos descendentes, como os Lins Cavalcanti, ou colaterais Carneiro da Cunha e mesmo os originalmente colaterais Albuquerque Maranhão - estes da nobreza da terra descendentes de Jerônimo da Albuquerque Maranhão, um mameluco como sua irmã Catarina, filhos de Muíra Arco Verde - um total elevado de 17 (dezessete) desta família referidos por Dias Marins atuando em 1817, posteriormente penalizados de forma trágica pela repressão portuguesa. 


   Constatamos neste trabalho que o ramo do engenho Suassuna especialmente havia lutado por mais de vinte anos em estreita solidariedade familiar, por nós observado o envolvimento de pelo menos três gerações para fazer avançar o processo da Independência. Até mesmo um dos jovens membros da família - José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - segundo filho do General Suassuna tendo sido martirizado - morto em combate muito cruel, só comparável ao martírio do Cunhaú e Unussú na luta hoandesa.

   Seu tio homônimo José, também tenaz conspirador atuara no Brasil e na Europa - sua ação com repercussões até mesmo na África. 

   

   O General Suassuna, seu filho mais velho Francisco de Paula, o irmão Luis Francisco, e seu jovem filho também Luis Francisco foram presos à ferros, em navios por longas temporadas. O trágico general Suassuna, muitas vezes ameaçado de execução, no total esteve em tristes prisões por cinco anos e meio. O filho Antonio desde os dezesseis anos atuando como conspirador.

   

    Três gerações deste ramo Cavalcanti de Albuquerque haviam estado em ação entre os anos 1801 e 1817 – o patriarca Francisco Xavier, seus filhos, filhas, genros e netos – em ação político-militar denodada, que se prolongou pelo menos até 1921. Ainda demonstram após a Independência longa e profícua atuação política por ilustrados netos durante o Império. Estes mantiveram um desejável equilíbrio com o poder Imperial - importante atuação política que se prolongou até o fim do século. 

 

  À ação deste grupo numeroso de membros dos Cavalcanti de Albuquerque, também por seus vários ramos Cavalcanti derivados, soma-se a atuação de inúmeras outras famílias tradicionais nordestinas da “terra“, que em 1817 foram também arregimentadas - em que pese a importante influência maçônica e da revolução francesa no período.   

  

     Ao observarmos detidamente esses episódios revolucionários de 1817, notamos que o ramo Suassuna chegara ao auge de seus esforços políticos e militares e em certos momentos aos seus limites morais, como no momento final da revolução em que se negam a destruir Recife. Lembramos, segundo a análise de mais de uma fonte, que os irmãos Suassunas – o general Francisco de Paula e o coronel Luiz Francisco - teriam se negado, antes do recuo das tropas revolucionárias, a queimar a cidade.

  

    Entretanto, é ainda notável a reação das novas gerações desta família, mesmo tão traumatizada pelas punições impostas aos revolucionários em 1817. Em Goiana no ano de 1821, mais uma vez, filhos e sobrinhos do General Suassuna participam de revolta militar contra um governador extremamente prepotente, em apoio à constitucionalidade governamental, já então ocorrida no Porto – estes jovens novamente se sublevam, dando um grande passo no objetivo maior da família Cavalcanti de Albuquerque no Brasil - a Independência que ocorre finalmente em 1922.

   

     Depois de dois séculos de luta, em 1822 os senhores de engenho Cavalcanti de Albuquerque, por seus vários ramos e acompanhados por famílias aliadas, por fim, se haviam tornado toda a sociedade nordestina - senhores e senhoras idosas, jovens senhoras enérgicas, seus filhos, genros e netos - conseguindo obter a Independência. 

      

   Não é à toa que Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (1785 -1852), descendente do florentino pelo ramo de sua filha Felipa Cavalcanti de Albuquerque, de genealogia nativista e com dois irmãos diligentes e decididos atuará durante os conflitos ainda sutentados contra tropas portuguesas -  conflitos  denominados  Guerras da Independência na Bahia (1822-23) –  recompondo a honorabilidade da família-   logo detentor do primeiro título nobiliárquico de Barão da Torre pelo Império (171).

   

   

    Após o episódio contestador republicano da Confederação do Equador em 1824, os lutadores Cavalcanti de Albuquerque viam suas vidas em certa medida voltar ao ritmo normal. Depois de tantos esforços desgastantes pela Independência, seus anseios por Republica e por Abolição tiveram que se manter ainda latentes, especialmente no ramo central na família já estabelecido no engenho Castanha Grande - ramo que exercerá também no Império e até mesmo na Republica relevante atuação, como  tivemos oportunidade de estudar e acompanhar detidamente. 

 

   Entretanto, a predominância política dos quatro ilustrados e nobilitados Cavalcanti de Albuquerque do ramo Suassuna  em Pernambuco durante o período Imperial - província já desejosa de ampliação de representação social e mesmo em tempos da revolta da Praieira – havia dado injustamente origem ao conhecido ditado regional, eivado de ressentimento -  “ou se é Cavalcanti ou se é cavalgado” (172). 

   

   Já havíamos comprovado por inúmeros trabalhos publicados que a família Cavalcanti era proveniente de longínqua origem tribal franca (em especial franco-borgonhesa) estabelecida na península italiana no século VIII - aí lutadores republicanos desde o século XV - no Brasil ainda mais uma vez miscigenada. Por aqui, os Cavalcanti haviam preferentemente se mantido republicanos por seu ramo central até 1889, sendo na atualidade uma das famílias mais influentes e mais numerosas no Brasil – demonstrando grande capacidade de adaptação cultural e democrática também nos trópicos (173).

  

  E a descendência do ramo Suassuna não nobilitado, curiosamente, continua até hoje usando o prestigioso sobrenome de origem indígena, dando seqüência no século XXI à notoriedade da família pelo celebre escritor, conhecido internacionalmente, Ariano Suassuna.


Notas

 

Introdução 


(1) Comentários referentes ao “nativismo prático” exercido por Jerônimo de Albuquerque já constaram em nossos trabalhos, especialmente o livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, em revisão, e no artigo “Ramos Nativistas de Cavalcanti”, recentemente editado em nosso blog http://rosampaiotorres.blogspot.com/.

    D. Felipe de Moura - sobrinho de Jerônimo e da proprietária da capitania de Pernambuco, D. Brites Albuquerque Coelho - era filho de outra irmã de ambos, Isabel Albuquerque, casada com o governador Manuel de Moura.

(2) Citação de nossas próprias palavras no artigo “1817”, já publicado no blog http://rosampaiotorres.blogspot.com/

(3) Antenor de Veras Nascentes (1886 - 1972), o mais reconhecido filólogo, etimólogo, dialetólogo, e lexicógrafo brasileiro, muito bem  percebe este processo de mudanças de nomes de famílias por motivação nativista, anteriormente á Independência. Suas observações etmológicas sempre referidas por Carlos Eduardo Barata (Barata, DFB). Observações agora também comprovadas em nosso trabalho “Ramos Nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque”, especialmente em relação aos Cavalcanti de Albuquerque

(4) Breve contexto amplo do período 1801-1822. Em 1801 a Espanha apoiada por Napoleão chegou a invadir Portugal por poucos meses. Mas Portugal recusando-se a cumprir o bloqueio naval às Ilhas Britânicas continuou a fazer frente à França, e assim tem inicio a invasão francesa de Portugal pela coligação franco-espanhola liderada pelo Marechal Junot. A família real portuguesa transfere-se para o Brasil em 29 de Novembro de 1807. A 1 de Agosto de 1808 o Duque de Wellington desembarca em Portugal e tem início a Guerra na Península. Entre 1809 e 1810 o exército luso-britânico enfrenta o exercito invasor de Napoleão que é derrotado.  Napoleão ao fim cai em desgraça na França e em 1811 é desterrado na ilha de Elba - posteriormente à sua volta em 1815, desterrado na ilha de Santa Helena. Nesta oportunidade ocorre a Revolução de 1817 no Nordeste brasileiro. A casa real portuguesa só voltará à Portugal em 1821. Nossa independência proclamada em 1822. 

(5) A severíssima repressão que se segue á revolução de 1817 é abordada neste trabalho na Parte II “Desenvolvimento”. Com muitos detalhes esta repressão é apresentada por Bernardes - Denis Antonio de Mendonça - O Patriotismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, Hucitec, S.Paulo–Recife, 2006. Bernardes, pg. 226/s, autor que completa o assunto com informações sobre os populares punidos com chibatadas por qualquer irregularidade depois da Revolução de 1817. 

    Quanto á repressão referente à Conspiração Baiana temos um possível comprometimento de senhores de terras e engenhos nesta conspiração antes mesmo de 1798, fato que lhes tenha causado logo prejuízos em bens e fama social – castigos e humilhações comuns no passado colonial e que havíamos observado impingidos por autoridades portuguesas sobre a “nobreza da terra”.  Tais importantes senhores baianos provavelmente envolvidos desde o fim de 1796 com revolucionários franceses de um navio corsário que passara por Salvador nesta ocasião, e também com a maçonaria, cuja loja “Cavaleiros da Luz” já fora fundada no mesmo ano. O desenlace da Conspiração especialmente dramático para os participantes negros e mulatos, sacrificados no cadafalso ou exilados. 

   A Conspiração Baiana de 1798 tem sido pesquisada recentemente pela historiadora Patrícia Valim em tese de doutoramento que foi por nós consultada em pdf, tese já publicada e citada na bibliografia, onde afirma: “Foi durante sua estada de cerca de um mês em Salvador [em 1796] que ocorreram os contatos do capitão [corsário francês] Larcher com o governador da capitania da Bahia, d. Fernando José de Portugal e Castro, e provavelmente com os homens que ocupavam os mais altos postos da governação local como o Secretário de Estado e Governo do Brasil, José Pires de Carvalho e Albuquerque, carregando consigo o decreto de abolição dos escravos das Ilhas Maurícias. Citando como fonte Jeanine Potelet. “Projets d’ expeditions et d’ataques sur le côtes du Brésil, 1796-1800”, Caravelle, Cahiers du Monde Hispanique et luso-brésilien, nº 54, IPEALT, Toulouse, 1990, p. 210. 

    Não aprofundamos o assunto neste atual trabalho, mesmo sendo momento político antecedente e possivelmente ligado à conspiração dos Suassuna de 1801 porque o tema nos parece controvertido, sendo necessário realizarmos análises factuais muito mais aprofundadas e detalhadas em documentação de época.  Mesmo assim, o tema é por nós abordado com novas informações genealógicas e sugestões apresentadas no texto e na nota respectiva 25. 



    Desenvolvimento 

    

1 -  A família Suassuna – ramo dos Cavalcanti de Albuquerque – começo do sec. XIX       



(6) As características do comportamento dos Cavalcanti italianos e mesmo dos Cavalcanti no Brasil são abordadas em nossos artigos, especialmente em “Os Sdegosos Cavalcanti” -  artigo que refere a longa fama inconformista dos Cavalcanti italianos desde o sec. XIII. Seus aspectos característicos no Brasil já referidos por Evaldo Cabral de Mello e ressaltados na obra da nossa escritora e memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque.

  Sobre a persistência dos Cavalcanti de Albuquerque em sua ação contestatória no Brasil, consultar nossos inúmeros trabalhos no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

(7) Nossas informações genealógicas obtidas em geral em Adalzira Bittencourt - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, cuja listagem é baseada em Jaboatão e Borges da Fonseca, corrigida por Carlos Xavier de Paes Barreto - genealogista a citada e comentada em nossos mais de quarenta artigos e mesmo dois livros inéditos, “Antonio Cavalcanti, o da Guerra holandesa”, e “Os Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates, no prelo, mas já abertos para pesquisas. 

(8) Informações genealógicas em Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pgs. 299 e 300, genealogia utilizada por Torres, Rosa Sampaio em inúmeros artigos, entre eles “Antonio Cavalcanti, o da Guerra holandesa” e “Os Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates, inéditos, mas já abertos para pesquisas. 

(9) A genealogia de Felipa referida por A. Bittencourt - opus cit. pg. 299, com nossos acrescentamentos em outras fontes genealógicas:

 

   [Maria] Felipa [Ferreira] Cavalcanti de Albuquerque - filha de Gonçalo Xavier Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho Pantorra, e Luíza Bandeira [ou Bernarda de Melo, fonte Geni]; n.p. de Mateus [Mathias] de Souza e Luiza Cavalcanti de Albuquerque, n. m. de Antonio Cavalcanti [“o da Guerra’] e Margarida de Souza. Trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa, esta filha de João Cavalcanti de Albuquerque e Maria Pessoa. 

     A neta de Antonio da Guerra, Bertoleza, filha de João e Maria Pessoa foi também casada com Francisco de Rego Barros (A. Bittencourt. opus cit. pg. 296).

   Acrescentamos - é possível que Felipa tenha tido ainda ascendência em Gonçalo Velho (!) casado com Maria de Souza (!) que perdera vários filhos na Guerra holandesa. O historiador Gonçalves de Mello em Tempo dos Flamengos, pg. 35, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil de autoria de D. Duarte de Albuquerque Coelho, comenta os “varões” corajosos envolvidos na guerra contra os holandeses - “... Gonçalo Velho e Maria de Souza tinham seis filhos e um genro: perderam na luta três filhos e o genro”.

  

    Pela fonte Geni – a avó paterna de Felipa aparece com várias grafias: 

Lusia Margarida Cavalcanti, "Lusia Margarida Cavalcante", "Luísa Margarida Cavalcante; Luiza Margarida Cavalcanti; Luiza Margarida Cavalcante".

 [Neta de Antonio “da Guerra”] Data de nascimento estimada entre 1602 e 1722.

Família imediata: Filha de João Cavalcanti de Albuquerque (filho do Antonio “da Guerra”) senhor do Engenho de Santana, e Maria Pessoa.

Esposa de Fernão Carvalho de Sá e Albuquerque, II, senhor do Eng Massaranduba e Matias Ferreira Ferreira de Sousa, senhor dos Engenhos Anjo e Pantorra.

Mãe de Gonçalo Francisco Xavier Ferreira de Souza; João Cavalcanti de Albuquerque; Francisco do Rêgo Barros, Sr do Engenho de Arariba; Nicolau Coelho de Albuquerque; Lusia; e Maria.

Irmã de Pedro Cavalcanti de Albuquerque, Sargento-Mor; Jorge Cavalcanti de Albuquerque, senhor do Engenho de Santana; Maria Pessôa; Francisco Xavier Cavalcanti; Antônio Cavalcanti de Albuquerque; Cosme do Rego Cavalcante; André Cavalcanti de Barros, clérigo; Francisco Cavalcanti, Padre; Francisco, II; Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, clérigo; João Cavalcanti de Albuquerque e Bertholeza Cavalcanti de Albuquerque. 


     Pela fonte Geni, o pai de Felipa - "Gonçalo Francisco Xavier Ferreira de Sousa" ou "Gonçalo Francisco Xavier Cavalcanti"

Data de nascimento: estimado nascido entre 1622 e 1742

Falecimento: 31 Dezembro 1783

Família imediata:

Filho de Matias Ferreira Ferreira de Sousa, Sr Engenhos Anjo e Pantorra (ou  Mathias Ferreira de Sousa Xavier Ferreira de Souza) e Lusia Margarida Cavalcanti. 

Esposo de Luiza Bernarda de Melo.

Pai de Pedro Cavalcanti de Albuquerque; Maria Felipa Ferreira de Souza Cavalcanti de Albuquerque e Ana Maria de Santa Rita.

Irmão de João Cavalcanti de Albuquerque; Francisco do Rêgo Barros, Sr do Engenho de Arariba; Nicolau Coelho de Albuquerque; Lusia e Maria.

Ocupação: senhor dos engenhos Pantorra e Pindoba.


(10) Gonçalves de Mello em Tempo dos Flamengos, Topbooks, Ed Universidade, 2001, 3d. edição, pg. 35, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil de D. Duarte de Albuquerque Coelho. 



2 - A Conspiração dos donos do engenho Suassuna em 1801                                       


(11) A abordagem macro e micro econômica do epísódio de 1817 -  questões referentes às taxações, etc - já apresentada por numerosos autores. Referimos entre eles, Tavares Munis, Manoel Oliveira Lima, os historiadores contemporâneos Evaldo Cabral de Mello em A Outra Independência de 2004, cap.”1817”  também Bernardes - Denis Antonio de Mendonça, O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822”,  de 2006. Como nossa abordagem é muito ampla e abrangente, preferimos sugerir ao leitor a leitura de trabalhos econômicos de longa duração e  que levem em conta nossa situação como Colônia especialmente expoliada, ameaçada em várias provícias por taxações, quintos e derramas. 

(12) Ameaças de pedido de socorro às nações européias já haviam ocorrido no passado mais de uma vez  por ocasião do levante da Restauração em 1645 -  fatos analisados em nosso livro “Antonio Cavalcanti o da Guerra” em acabamento, mas já aberto a consultas. Episódios citados na  nota 40  com mais detalhes. 

  De modo superficial, podemos dizer também que as ameaçadoras “derramas”, os  contatos com ideais da independência americana, e de revolucionários francesas  introduzidos em segredo na capitania de Minas Gerais haviam dado oportundade à Inconfidência Mineira de 1789 -   movimento que apresentara  também propostas de aproximação com nações estrangeiras  . Texto de trabalho do mestre maçon Márcio dos Santos Gomes, publicado na mídia eletrônica, já afirma: ”... ao Rio de Janeiro, de regresso da Universidade de Coimbra, de uma larga viagem por alguns países da Europa, entre eles a Inglaterra, o jovem José Álvares Maciel, que se filiara à maçonaria e que participara das conversações para que se obtivesse o apoio de alguns países para o levante no Brasil (Lima Júnior, 2010)”, citando livro da Academia Mineira Maçônica de Letras – A Casa de Tiradentes. A Verdade dos Inconfidentes. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 2013, com  vasta bibliografia específica.

    Há noticias igualmente do estabelecimento de uma loja maçonica com ideias revolucionarias na Bahia por volta de 1987- “Os Cavaleios da Luz” - loja já freqüentada por Cipriano Barata, e a visita também de em 1787 de navio corsário frances certamente o cerne da Conspiração Baiana no ano seguinte .  Ver na bibliografia balhos referentes da historiadora Patrícia Valim.

    Ligações de conspiradores revolucionários próximo a 1801 com simpatizantes de idéias revolucionárias francesas podem ter vindo deste movimento baiano, mas também ter ocorrido em Pernambuo, já por influência do Pe. Arruda Camara. Ver abaixo, nota 34. 

    Lyra Tavares em sua obra Brasil França cita a loja do “Aerópago de Itambé” com ideais franceses revolucionários em Pernambuco, mas não refere aproximações concretas com revolucionários franceses ainda em 1801.

Trabalho recente da doutoranda em História, Flavia da Silva Braga (artigo cit. 2013) - tenta enfrentar a questão da comunicação dos revolucionários pernambucanos de 1801 com piratas franceses, então numerosos durante o curto período da guerra de Portugal com a França. Mas acreditamos que estes contatos diretos relativos a Pernambuco em 1801 talvez vindos pela Bahia em 1797. Caso a ser pesquisado e aprofundado.Ver ainda nota 25.

(13) O patriarca Francisco Xavier na época da Conspiração teria quase 70 anos (n.1731 -  ?) e seu filho, o cel. Francisco de Paula (1760 – 1821), cerca de 40 anos.

   Informações sobre a Conspiração Suassuna de 1801 são atualmente obtidas a partir da própria devassa e da análise das cartas apresadas pelas autoridades, cartas originais arquivadas na BNRJ - no volume CX dos Documentos Históricos (Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1956) que publica vasta documentação da Conjuração dos Suassunas”. 

(14) Sobre o tenaz conspirador do clã Suassuna, José Francisco de Paula (n.c. 1774 – 1818 ?), filho mais velho do patriarca  que gozou vida movimentada e mesmo novelesca, ver item adiante, “O destino do conspirador mais velho do clã - José Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque. Detalhes da morte de seu sobrinho homônimo, filho do Suassuna em combate. Outras questões”. Ver também notas 58, 98, 113.

(15) André de Albuquerque Maranhão (1775 – martirizado em 25 de abril de 1817)-  parente colateral, descendente de Jerônimo de Albuquerque e da india Muíra, como sua  irmão Catarina mameluco que assinou com seu filho Matias o nome Maranhão, após ter tomado aos franceses a região. O jovem André teria antepassados que haviam sofrido sob o jugo holandes e participado das fronadas nativistas de 1710. André tudo indica participara de estudos na loja maçônica do hospital do Paraíso em Pernambuco e  chefiou a revolta de 1817 no Rio Grande do Norte. É citado no texto abaixo e nas notas 84 e 93.

    Segundo o historiador Anderson Tavares de Lira, no artigo “Historia e Genealogia”, publicado na mídia eletrônica, sem fontes, André Maranhão em 1801 teria participado da Conspiração dos irmãos Suassunas em 1801, apontado  por três depoentes da devassa como tendo relações muito próximas com a família Suassuna. Fontes populares e enciclopédicas relatam que André passava temporadas em Recife tratando de seus negócios, tendo ido até mesmo à Europa e sido  iniciado adiante na Loja Maçônica do Paraíso. Com a morte de seu pai em 1806 volta ao engenho tornando-se fidalgo em 1811 - título do qual teria se desfeito durante a revolução. O Pe Dias Martins o celebra sua ação e   seu martírio na pag. 246/s. Seu martírio ainda comentado neste  texto e nas notas citadas abaixo 70,  84 e   95.

(16) O Padre Dias Martins em obra escrita 20 anos depois (Martins, Pe. Joaquim Dias - Mártires Pernambucanos: victimas da liberdade nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. Typ. de F. C. de Lemos e Silva. Pernambuco, 1853 pg. 42) referindo-se a conspiração de 1801 afirma: "o público jamais penetrou os esconderijos d'este mistério; porque molas reaes e secretas, fizerão correr sobre elles cortinas impenetráveis... e prêmios do Soberano!" (sic). Mais detalhes no próprio texto adiante. 

(17) A primeira ligação entre as famílias Cavalcanti de Albuquerque e Holanda acontece já na primeira geração formadora - Catarina Cavalcanti de Albuquerque, filha do florentino e da mameluca Catariana de Albuquerque, casada com Cristovão de Holanda e Vasconcellos, filho de Arnau de Holanda. Dois outro filhos do florentino, Antonio e Felipa, ainda casados com os Holanda, filhos de Arnau. 

   A matriarca do clã Suassuna [Maria] Felipa [Ferreira] Cavalcanti de Albuquerque era já trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa, esta filha de João Cavalcanti de Albuquerque e Maria Pessoa. 

  Uma outra ligação dos Holanda  na 6ª geração foi realizada  por Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque que viveu no Após na primeira metade do século XVIII, capitão – mor de Trucunhaem, casado com Paula (de Bezerra) Cavalcanti de Albuquerque, da Paraíba - filha de Paulo Cavalcanti de Albuquerque, neto da filha Isabel de Antonio “da Guerra” e de Angela Cavalcanti de Albuquerque - esta filha de Angela Lins, neta de Brites Lins de Albuquerque (lista Bittencourt). Lembrando que, nesta geração Cristovão de Holanda comprara em 1760 o famoso engenho Monjope e chegou a apresar um famoso bandido, o Cabeleira, chefe de um bando de malfeitores que infestavam as matas do Trucunhaém, com os quais já se haviam enfrentado os rebelados de 1710. Sobre a atuação nativista dos Holanda na geração anterior durante a Guerra contra Mascates, consultar a lista dos Holanda Cavalcanti no nosso trabalho “Ramos nativistas”.  Nesta geração sua neta Maria Rita será casada com o cel. Suassuna, ver o texto.

(18) Ver nota adiante 160 com mais detalhes sobre os Holandas e Maria Rita.                    

(19) Constitue uma conclusão de nossos inúmeros trabalhos sobre a família Cavalcanti no período Colonial, fato especialmente notado no livro sobre “Antonio Cavalcanti – o da Guerra”, ainda em acabamentos, mas já aberto a pesquisas.  

(20) Fato constatado em nossos inúmeros trabalhos (ver bibliografia) e mesmo nos livros da escritora memorialista Maria Cristina Cavalcanti sobre sua própria família.

(21) O nome de Joaquim Vaz Salgado aparece no documento de formação de governo revolucionário, transcrito em Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg.52. Joaquim foi genro do patriarca e duas vezes sogro da segunda geração de jovens Suassuna nobilitados. A data fornecida para seu falecimento é 1818. Não sabemos se foi punido, nem a causa do seu falecimento. Seu nome também não aparece na lista dos presos da Bahia. Com Ana Maria Francisca de Paula, filha do patriarca, foi pai de Maria Joaquina de Paula C. de A, casada com Francisco de Paula, o filho mais velho do depois general Suassuna, e também pai de Teresa de Jesus Salgado Cavalcanti casada com Luiz Francisco de Paula - outro dos filhos do General Suassuna. Ver nota 154 e 157.

(22) Sobre os Rego Barros, consultar nossos artigos “Jorge Cavalcanti de Albuquerque”, “Os Ramos Nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque’ e o mais recente “1817” todos publicados no nosso blog, usando entre outras como fonte Cabral de Melo, Evaldo – O Bagaço de Cana, ed. Cia. Das Letras, 2012 – v. Engenho Maria Barrosa, e A Fronda dos Mazombos, pg; 395; Maria Cristina C. de Albuquerque - O Magnificat - Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti, Fundação Gilberto Freyre, Tempo Brasileiro, Recife, 1990, pg.129.

    Ver as palavras desses autores citadas na nota 139.

 (23) O jovem Francisco Rego Barros (II) foi mais tarde casado com outra Mariana, esta filha do cel. Suassuna - sua prima e sobrinha de sua mãe. O jovem Francisco será ainda muito referido neste trabalho no item “Os sobrinhos Rego Barros”, abaixo.

      Seu irmão Sebastião Rego Barros também é referido na lista genealógica de A. Bittencourt, pg.301, também citado como filho de Mariana.  Sebastião como o irmão aparece ainda referido na listagem dos embarcados pela Revolta em Goiana no brigue “Intriga” em 1821 - listagem referida por Oliveira Viana, Nota CXXXIII, ao livro de Muniz Tavares, pg. 301.

(24) Joaquim José Rego Barros era parente do pai do jovem Rego Barros, possivelmente tio. Joaquim José assinou a organização do governo revolucionário de 1817 no Rio Grande do Norte, citado em Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg.72. Preso em 23 de dezembro de 1817, consta no original da lista dos incriminados no Arquivo Público da Bahia, preso até 1821. Muito elogiado por Dias Martins, verbete pg.77. Ver também item neste trabalho “Os sobrinhos Rego Barros”, abaixo.

(25) Muito poderoso, rico e culto, o mestre de campo Francisco Garcia d´Avila Pereira de Aragão (c. 1734 - 1805), morgado da casa da Torre, é indicado em geral pela historiografia sem filhos legítimos. Entretanto pela genealogista Adalzira Bittencourt (Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 305) ele é referido como casado a terceira vez com Tereza Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, filha do patriarca dos Suassuna, tendo com ela um filho, Antonio Balduíno de Cavalcanti de Albuquerque.  

  Em trabalho de 2010, Garcia d´Ávila Pereira de Aragão é tido, entretanto, como um senhor de escravos extremamente sádico. Ainda que este trabalho tenha sido realizado por profissional baseado em fontes documentais portuguesas arquivados na Torre de Tombo, a data desses documentos não pode ser indicada com precisão – mas sabemos que esta denúncia ao Santo Oficio não teria prosperado. A nosso ver, seria necessário realizar uma cuidadosa contextualização destes documentos, aprofundando a participação de Garcia d´Ávila de Aragão e sua família de na Conspiração Baiana, ocorrida no período em 1798. Nesta conspiração já sabemos envolvida uma sua parenta Maria Francisca da Conceição e Aragão e o esposo de uma sobrinha, José Pires de Carvalho e Albuquerque, também agregados e escravos. Conspiração que ocorrera já em ligações com a maçonaria baiana e a loja dos “Cavaleiros da Luz”, fundada em Salvador em 1797 e na qual teriam também atuado Cipriano Barata e outros em ligação com navio corsário de revolucionários franceses. Por Francisco Garcia d´Ávila, portanto, acreditamos muito provável ligação com a Conspiração de 1801 dos Suassuna.  

      Segundo a historiadora Patrícia Valim - em “Reformas estimulam ou evitam revoluções? Os dízimos da Capitania da Bahia e a conjuração baiana de 1789”, artigo publicado na Revista de História da USP no 176, 2017, Departamento de História - a família do morgado Garcia d´Ávila teria sido aparentemente motivada pela necessidade econômica de manter o sistema de morgadio e privilégios relativos à coleta dos dízimos ameaçados. A autora cita nomes envolvidos na Conspiração Baiana - o prof. Francisco Muniz de Aragão, dado a leituras francesas, aparentemente relacionado à Maria Francisca da Conceição e Aragão, filha de um já falecido José Pires de Carvalho, escrivão da alfândega em 174 (filho de Savador Pires de Carvalho e Albuquerque), cunhado de Garcia d´Ávila, casado com sua irmã Leonor Pereira Marinho. Maria Francisca era ainda cunhada de José Pires de Carvalho e Albuquerque, Secretário de Estado, também envolvido nesta conspiração baiana de 1798, ela avó de d. Anna Maria de São José e Aragão - por fim a herdeira do morgado da Torre de Garcia d´Ávila. 

     Ana Maria fora casada, portanto, com este dono de nove engenhos, José Pires de Carvalho e Albuquerque, secretário de Estado que entre outros senhores em um acordo logo aceitou a entrega de seus escravos apresados. Sugerimos que Ana Maria de São José e Aragão adiante tenha sido a herdeira do morgado da Casa da Torre Garcia d´Ávila tomando o lugar do herdeiro ocultado e depois mais tarde foragido, Antonio Balduíno. Sobre o assunto consultar Valim - Patrícia. “Corporação dos enteados: tensão, contestação e negociação na Conjuração Baiana de 1798”. Tese de Doutorado, PPGH/DH/FFLCH/USP, 2013, publicada em livro pela EDUFBA em 2018; Tavares, Luis Henrique Dias - “Escravos no 1798”, Serie Historia do Nordeste vol. I 25-63, 199; Milena Pinillos Prisco Teixeira “Ao sabor das circunstâncias: Justiça e poder na Capitania da Bahia (1777-1801)”, dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia.

Em tempo devemos referendar nossa fonte Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 305, que é detalhada em informaçãos sobre o casal Garcia d´Ávila e Tereza Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, irmã dos Suassuna, sendo a autora mesmo descendente deste ramo dos Cavalcanti de Albuquerque. Afirma Bittencourt que Tereza teria sido a terceira esposa de Garcia d Ávila de Aragão falecido em 1805, ela ao fim da vida ainda prestigiada pela família do seu cunhado [melhor sobrinho afim em segundo grau, filho de José Pires de Carvalho e Albuquerque] o futuro Barão da Torre, Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque - barão e visconde com grandeza da Torre de Garcia d'Ávila (1785 —1852), coronel do Regimento de Milícias e Marinha da Torre, que com incentivo de seu irmão mais moço, Joaquim, o famoso cel. Santinho, adiante organizou e comandou o exército libertador e lutou pela Independência do Brasil em 1822 na Bahia. 

Concluimos - o mestre de Campo Garcia d´Ávila Pereira de Aragão, não sabemos porque (talvez por envolvimento com os revolucionários francesas e /ou denúncias ao Santo Oficio) teve seus haveres herdados não por seu filho Antonio Balduíno, mas por sua sobrinha Anna Maria de São José de Aragão, casada com José Pires de Carvalho e Albuquerque (pai do Barão da Torre no 1º Império). Este Pires de Carvalho alcaide-mór de Maragogipe, depois Capitão-Mór da Bahia e Secretário de Estado do Governo do Brasil, importante personalidade da administração portuguesa que havia sido envolvido na Conspiração Baiana com a avó de sua esposa Ana Maria, ambos arrolados (Ver Valim, Patrícia - artigo e tese citadas acima).

 Acrescentamos sobre a genealogia dos Pires de Carvalho: - no passado Filipa Cavalcanti de Albuquerque, uma das filhas do florentino com a mameluca Catarina, viúva de Antonio Holanda de Vasconcellos - tivera que retirar-se na guerra holandesa, abandonando em penosas condições seu engenho em direção à Bahia. Seus descendentes na 4ª geração ligados por Tereza Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque Deusdará [1638-1698 - filha de Antonia de La Pena Deus Dará (irmã de Aldonça, filha de Francisca de La Pena Deusdará e Simão da Fonseca de Siqueira] à família portuguesa dos Pires de Carvalho. A partir do casamento de Tereza e José Pires de Carvalho (I) nasceram José Pires de Carvalho e Albuquerque (II) e Salvador Pires de Carvalho e Albuquerque, ambos membros da “Academia dos Esquecidos”, academia de sensibilidade nativista.  O primeiro comprou o cargo de secretário de Estado e o segundo de Alcaidaria-mor. Dos casamentos respectivos nasceram os primos de mesmo nome José Pires de Carvalho e Albuquerque. O herdeiro do cargo de Secretário de Estado se casou com sua prima D. Ana Maria de São José de Aragão, que tudo indica tinha ascendentes com os “da terra” por Diogo Álvares (Caramuru) casado com a célebre índia “Paraguassu”. Portanto, o descendente de Felipa, Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (1785 – 1852), com tal genealogia  nativista , duplamente ligado  “aos da terra”  participou, com seus irmãos, do próprio processo militar da Independência em 1822. Lutando pela independência, mas ainda monarquista e fiel a Coroa, Antonio Joaquim foi o primeiro lutador a ser enobrecido - tornado Barão e depois Visconde da Torre de Garcia d´Ávila - nome do tradicional solar-castelo de sua família, Garcia d´Ávila de Aragão. Ver sua genealogia incompleta nota abaixo 26.       

  Durante dois anos foi detentor do único titulo de nobreza conferido pelo Império. O Visconde da Torres de Garcia d Ávila é ainda citado na “Conclusão” deste trabalho com sua genealogia completa indicada na nota 171. Também referido em nosso trabalho “Principais ramos de Cavalcanti de Albuquerque”, já editado em nosso blog.

(26) Informações de Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 157, 158, com nossos comentários e acrescentamentos:

    A que tudo indica o jovem Antonio Balduíno tendo participado do momento político de 1817 ainda muito jovem e permanecerá escondido no Ceará não herdando oficialmente as grandes propriedades da Casa da Torres na Bahia que passam para os Pires de Carvalho - depois detentores do título de Barão da Torre de Garcia d´ Àvila.     

     Seu parente Antonio Joaquim Pires de Carvalho, Barão da Torre, era descendente, portanto, dos Cavalcanti de Albuquerque pela filha Felipa do florentino casada com Antonio Holanda de Vasconcellos, filho Arnau de Holanda Os Pires de Carvalho também ligados ainda aos famosos Carvalho Deusdará - lutadores de origem nobre portuguesa, mártires na guerra contras os holandeses. Antonio Joaquim e seus irmãos também atuam com méritos nativistas adiante nas Guerra da Independência na Bahia (1822-23) (Ver mais nesta mesma nota, abaixo). 

   Mas pelo visto o jovem Antonio Balduíno, filho de Garcia d´Avila e Tereza, conseguira manter parte do dinheiro da família, talvez por seu casamento com D. Antonia Tavares Deusdará, ainda sua parenta pelos Pires de Carvalho [DeusDará].  Sobre Balduíno comenta sua descendente A. Bittencout: “Meteu-se na Revolução pro-independência do Brasil, andou fugido e perseguido tendo-se escondido ora no seu sitio em Algodões, no Município de Sobral, ora no alto da Serra Grande, onde comprou terras e se fez fazendeiro abastado e onde nasceram muitos dos seus filhos que aí se casaram e enriqueceram. Ainda hoje as propriedades pertencem aos seus netos. Viajou muito, tendo percorrido toda a Europa.” De seu filho, José Balduíno, nascido em 1841 em Sobral descende a própria Adalgisa Bittencourt, do ramo de Jesuíno Cavalcanti de Albuquerque, depois migrado para o Rio de Janeiro e São Paulo.  

(27) Esta senhora Mariana mãe de mais um Francisco Rego Barros III, (Bittencourt - opus cit. pg. 300) - o segundo da linhagem de condes no Império, dado que seu pai já havia se tornado conde de Boa Vista. 

(28) Uma filha ilegítima do cel. Suassuna tida antes do casamento, mas adotada por sua esposa Maria Rita, aparece recentemente referida no inventário do Gal. Suassuna - Dona Maria Luiza Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, já então falecida, tendo deixado sete filhos menores e que foi casada com José Castor Barboza Cordeiro. 

Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - Documento do IAHGP_1821_0000_FPCA – Arquivo digital do Inventário. Inventário em primeira oportunidade analisado por Maria de Fátima Dias Coelho, mestranda da Anpuh-Brasil, 3º simpósio Nacional de Historia - Recife-1919, artigo “Ecravos nos processos de Inventários: Relações e trabalho nos engenhos dos Cavalcanti no período compreendido entre 1801 e 1822 na Província de Pernambuco”

(29) José da Fonseca Silva e Sampaio é o nome do amigo da família delator, indicado no artigo de Pereira das Neves, Guilherme - “A suposta conspiração de 1801 em Pernambuco: idéias ilustradas ou conflitos tradicionais”, Revista Portuguesa de História, 33, pg. 439 e ss. Sugere o autor que ele teria agido por interesse financeiro - artigo baseado nas cartas que estariam no volume CX dos Documentos Históricos (Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1956) que publica vasta documentação da Conjuração dos Suassunas”. Fato também comentado pelo escritor Manoel Oliveira Lima. Ver nota abaixo. Os nomes membros da loja de Itambé foram citados recentemente por Braga, Flavia em seu artigo de 2013. Acrescenta a autora que em 24 de setembro de 1801 – período em que os irmãos Suassunas estão presos e que o número de embarcações armadas em guerra explode – a Junta Governativa, mas especialmente o Bispo Azevedo Coutinho, sofre uma ameaça de morte.

(30) (24ª) Manoel de Oliveira Lima, Nota XLVI, p.122, em comentário ao livro de Muniz Tavares (Muniz Tavares, Francisco, Pe. – História da Revolução de Pernambuco de 1817. Introdução M. L. Machado, Impresa Industrial, Recife, ed. Comemorativa, 1917 - Notas de Francisco de Oliveira Lima). 

   Manoel de Oliveira Lima (1867-1928) foi escritor, cronista, diplomata e historiador do começo do século XX e em suas notas à obra clássica do historiador Muniz Tavares e ao seu prefaciador M.L.Machado, faz comentários pessoais, acrescentamentos e reparos ao texto. Oliveira Lima na Nota XLVI comenta a atuação dos Suassuna nestas décadas de lutas, transcrevendo e analisando o conteúdo de duas cartas que fizeram parte do inquérito instaurado em 1801. Oliveira Lima se bem fosse de geração seguinte, era profundo conhecedor do período, pois estava ligado por relações matrimoniais com Flora, jovem senhora membro do núcleo rebelde central dos Cavalcanti de Albuquerque - estes ainda políticos participantes no século XIX, politicamente ativos e já proprietários do engenho Castanha Grande, ainda outros engenhos em Alagoas.  Muitas de suas Notas ao livro clássico de Muniz Tavares foram retomadas neste nosso atual trabalho. Ver mais texto a seguir.  Oliveira Lima e Flora já referidos no nosso artigo “O ramo do engenho Castanha Grande” e “A Surpresa de Heleni” (sobre o ramo do eng. Cachoeirinha), no nosso blog.

(31) Carta do desembargador João Ozorio de Castro Souza Falcão, ligado ao processo, comentada por M.L. Machado no prefácio ao livro de Muniz Tavares. Pg.xxiii

(32) Amaral, Breno Gontijo do – “A carta de amor ou sobre conspiração epistolar desencontrada”, artigo publicado na Revista Seculum, número 28, Revista de História, junho de 2013. Artigo baseado nas cartas do arquivo propõe um confronto com o trabalho de Guilherme Pereira Neves “O suporte conspiratório de 1801 em Pernambuco” de 1999 (citado pelo próprio Gontijo).

(33) Dias Martins – Martires Pernambucanos, pg.12 - citado por M. L. Machado, no Prefácio ao livro de Miniz Tavares, pg. xxii.

(34) O historiador M. L. Machado (Prefácio ao livro de Miniz Tavares, pg xxv, nota de rodapé) confirma que Manoel Arruda Câmara teria depois da descoberta da conspiração em 1801, voltado à Lisboa e ainda mantido contatos com ministros de D. João VI simpatizantes das causas francesas (mais ver nota adiante 50 38ª).  O autor acrescenta que elementos do Aerópago de Itambé também teriam desenvolvido contatos posteriores com o Rio da Prata e Nova York. Esses contatos no Rio da Prata e New York estabelecidos por Francisco de Paula de Albuquerque Montenegro [parente, irmão? do PE. João Ribeiro Pessoa de Mello Montenegro] que já idoso em Goiana lhe que teria feito essas delações, comprovadas por missivas de seu arquivo pessoal. Fato repetido no texto de Oliveira Lima (Nota XXIII). 

   O Pe. Manoel Arruda Câmara - nasceu no ano de 1752 em Pombal, na Paraíba, de família modesta. Membro da Ordem dos Carmelitas Calçados estudou na Universidade de Coimbra, em Portugal, formando-se em Filosofia Natural; ainda por Montpellier, na França, doutor em Medicina. Era membro da Academia de Medicina de Montpellier e da Sociedade de Agricultura de Paris. Idealista identificou-se com o pensamento de Voltaire, Diderot, Montesquieu, Immanuel Kant e Rousseau. Influenciado pelo sucesso da Revolução Francesa de 1789, ao voltar ao Brasil fundou o Areópago de Itambé, sociedade maçônica inspirada no ideário dos revolucionários franceses de “liberté, igalité et fraternité”. Dedicado ao estudo da botânica, Arruda teria sido importante naturalista em sua época. Classificou a flora paraibana e produziu vários trabalhos científicos sobre botânica, zoologia e mineralogia. Faleceu em Itamaracá, PE, em outubro de 1810. Tido por Oliveira Viana como verdadeiramente o primeiro abolicionista brasileiro. 

(35) Soares, Ulysses Brandão de Carvalho - Pernambuco de Outrora — A Confederação do Equador, pg. 67 - autor citado por Reynaldo Xavier Carneiro Pessoa, professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em seu artigo “O Testamento político de Arruda Câmara”, comunicação de Estudos de 7 de julho de 1972.

(36) Mario Mello - A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife, 1912, pg. 10, tendo como fonte o Pe. Dias Martins, também confirma a participação de Francisco de Paula, o Suassuna, de Frei Caneca, de Antonio Carlos de Andrada e do Pe. Miguelinho no Aerópago. Oliveira Lima na Nota XXIII apresenta um bom resumo sobre as Academias maçônicas, citando o irmão do Pe. Arruda, Manoel, e também confirma a participação dos irmãos Suassuna no Aerópago. 

(37) Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg.16.

(38) Bernardes, Denis Antonio de Mendonça - O Patriotismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, Hucitec, S. Paulo - Recfe, 2006, pgs. 151- 170. 

(39) Reproduzimos integralmente o texto enciclopédico com nossas correções, complementações e grifos, ainda sua bibliografia: 

   “O Areópago de Itambé foi a primeira loja maçônica do Brasil fundada no ano de 1796 em Itambé, Pernambuco, por Manuel Arruda Câmara. [1][2] Faziam parte do Areópago os dois irmãos Arruda Câmara, os três irmãos Cavalcanti de Albuquerque, os padres Velho Cardoso, Pereira Tinoco, Albuquerque Montenegro, João Ribeiro Pessoa, José Luís Cavalcanti Lima [Luiz José Cavalcanti Lins?], sendo este último vigário de Recife, Pernambuco. Além desses haviam parentes desses mesmos membros que faziam parte dessa loja maçônica. Muitos deles Cavalcante, Pereira, Morais [Moraes] e Pessoa. Essas mesmas continuadoras da tradição maçônica nos Estados de Pernambuco e Paraíba.

    A Loja Areópago de Itambé sempre funcionou na cidade de Itambé. Tinha orientação maçonica baseada em lojas francesas. Não se pode dar ao Areópago de Itambé nenhuma filiação maçônica nacional, pois ela é uma proto maçonaria com rito estabelecido diretamente da França.

    A Loja Maçônica no 17, Areópago de Itambé, foi um projeto político pautado na luta “pela igualdade, liberdade e fraternidade”- [ideário da Revolução Francesa ocorrida poucos anos antes.]. A localização da fundação da Primeira Loja Maçônica do Brasil foi estratégica, pois a casa onde fora fundada está na limítrofe das duas cidades dos estados de Pernambuco e Paraíba, outrora Vilas das Províncias de Pernambuco e Paraíba.

   Segundo os autos históricos e referências feitas pelos antigos moradores das duas cidades, conta-se que os areopagitas, maçons da época, dotados de sabedoria exemplar, se reuniam constantemente na referida casa e os artefatos, símbolos e insígnias eram levados para a utilização e ao final de cada reunião eram levados para a casa dos maçons para não levantar suspeitas. No entanto, devido ao fluxo constante de pessoas influentes pelas estradas das redondezas, a influência da Maçonaria foi percebida, e denúncias foram feitas ao Poder Imperial, que por volta de 1802, enviou uma tropa da Guarda Imperial até a região, prendendo alguns maçons e outros fugiram, para fazer semear a Maçonaria em outras localidades, como as Lojas do Recife, Cabo de Santo Agostinho, Igaraçu e outras.

Referências deste verbete da Wikepédia.

[1] Lídia Besouchet. «José Maria Paranhos, Visconde do Rio Branco: ensaio histórico-biográfico». Google Livros. Consultado em 28 de abril de 2017

[2] Laurentino Gomes. «1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram dom Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado». Google Livros. Consultado em 28 de abril de 2017.

Bibliografia citada

Besouchet, Lídia. José Maria Paranhos: Visconde do Rio Branco: ensaio histórico-biográfico/ Tradução de Vera Mourão - Rio de Janeiro:Nova Fronteira;[Brasília]: INL, 1985.

Da Costa, Sérgio Corrêa. As quatro coroas de D. Pedro I. Rio de Janeiro: Casa do livro, 1972, p. 36

Lira, Micheline de Souza. A Confraria Maçônica em Itambé. Goiana, 1999.

(40) Citação de nosso texto no artigo “ Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, inédito.  “Quando o grupo majoritário da “nobreza da terra” pernambucana que se propunha a guerra da Restauração estava já nas matas do Camaragipe e contava com cerca de 130 homens, possivelmente no dia 18 de junho de 1645, enviaram uma correspondência ao governador da Bahia reiterando a essas autoridades as promessas de apoio prometidas – usavam termos bastante afirmativos, até mesmo ameaçadores: ... “obrigados do desamparo que nos vemos de buscar auxílio externo, à Espanha ou outro reino católico, caso não fossem atendidos seus pedidos de auxílio aos pernambucanos” 

   Em momento posterior, texto de uma carta assinada por Martim Soares Moreno e André Vidal de Negreiros ao governador geral da Bahia datada de 28 de maio de 1646 nos fornece notícias de um motim, no qual os esses comandantes teriam sido detidos pela própria tropa.  Nesta carta eram explicitadas as razões pelas quais não se haviam obedecido às ordens régias e acrescentavam estes chefes a suspeita de que os amotinados buscassem melhor auxílio em outros reinos católicos. (também nosso texto no artigo “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, inédito.

(41) A informação da tentativa de José Francisco de Paula para obtenção de título para a família consta nas cartas da devassa, citadas em nota acima e na bibliografia. Ver mais, nota 47.

(42) Mello, Evaldo Cabral de - A outra independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824, Editora 34, 2004, pg. 25, citando suas fontes:  o Pe. Dias Martins “Os mártires pernambucanos”; A. H. de Oliveira Martins - História da Maçonaria em Portugal - Das origens ao triunfo, Lisboa, 1990, pg.82, 429; e ainda artigo de Guilherme Pereira das Neves - “A suposta conspiração de 1801 em Pernambuco: idéias ilustradas ou conflitos tradicionais”, Revista Portuguesa de História, n.33, pg. 439 e ss.

(43) Mello, Evaldo Cabral de, A outra independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824. Editora 34. Suas fontes já citadas na nota acima.  

(44) Pessoa, Reynaldo Xavier Carneiro no artigo “O Testamento político de Arruda Câmara” de 1972 - prof. do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em comunicação de Estudos, de 7 de julho de 1972. O autor apenas em pé de pagina reporta uma carta que, sem dúvidas, esclarece parte das controvérsias sobre a conspiração Suassuna de 1801. Entretanto, em discussão da comunicação posterior nega a participação dos Suassuna e suas ligações com o Aerópago – fato que absolutamente não se sustenta como observaremos em nosso texto, bem contextualizado.

 O historiador se dá o luxo, porém, de ser irônico e generoso com a sua indagadora comentando: “O volume CX dos Documentos Históricos (Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1956) publica uma vasta documentação da Conjuração dos Suassunas”.   

(45) Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque- Memorial do Bispo Assassinado-Bebeco, Olinda, 2017, pg. 22. 


(46) Endereço http://blogs.diariodepernambuco.com.br/historiape/index. php/paulo-santos-de-oliveira/, sem citas suas fontes. Paulo dos Santos de Oliveira, entretanto, é escritor conhecido para o qual damos fé, e deve ter fontes para esta informação. 


         3 Os Suassuna nos anos logo após a descoberta da Conspiração. 

 

(47) Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx.224, D.15122. Pedido de Foro de Fidalgo Cavaleiro de Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque. Laboratório de Ensino e Pesquisa de História (LAPEH) UFPE. Recife. 2019. Documento referido por mestranda deste laboratório em trabalho sobre o Visconde de Camaragipe confirma o pedido de fidalguia em 1801 e a negativa do avô do futuro visconde de Camaragibe, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, em conseguir o Foro de Fidalgo Cavaleiro. Na ocasião, autoridades portuguesas informavam que os serviços do pai do pretendente, Luis Xavier Bernardo, estavam já prescritos e os do filho não foram considerados de “natureza tão relevantes” para merecerem “tão extraordinária contemplação”. (ver também nota 126)

 (48) Inúmeros são os nossos trabalhos sobre os episódios de rebeldia dos Cavalcanti de Albuquerque e dos Bezerra Cavalcanti no período Colonial. No sec.XIII os Cavalcanti italianos já eram tidos como “sdegnosos’, a exemplo do celebre poeta da família, Guido Cavalcanti, amigo de Dante no sec.XIII. Para aprofundamento do assunto recomendamos busca em nosso blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ Alguns artigos já citados na bibliografia. 

(49) http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108782.PDF:

(50) Constatamos que mesmo com a descoberta da conspiração de 1801 a maçonaria no exterior continuou a atuar secretamente. O historiador M. L. Machado (pg. xxv, nota de rodapé) confirma que Arruda Câmara depois do fracasso da conspiração de 1801, fechado o Aerópago de Itambé [cerca de 1800] teria voltado à Lisboa.  Ver mais acima nota 34.

 Acrescenta o historiador que Arruda Câmara, falecido em 1810, ainda teria recebido instruções em Lisboa de ministros portugueses de D. João VI partidários dos franceses, os quais estariam até mesmo a par de planos dos revoltosos no Brasil - o Marques de Abrantes, Gomes de Araujo e o conde de Linhares - este tragicamente falecido depois de descoberto pelo rei em 1812 (M. L. Machado, com muito mais detalhes no “Prefacio” a Muniz Tavares. Pg. XXV).    

    Afirma textualmente Machado, baseado em declarações do já então idoso Francisco de Paula de Albuquerque Montenegro: “Arruda Câmara correspondia-se com o Marquez de Abrantes tanto antes como depois de nomeado presidente do Conselho que substituiu o príncipe regente no governo de Portugal, quando fugiu para o Brasil”.

    Um dos biógrafos do Pe. Arruda, Dr. Lauro Arruda, acrescenta, sem citar fontes ou cronologia, que os sócios do Aerópago (!) teriam memo. chegado a negociar com os Estados Unidos a retirada de Napoleão Bonaparte da ilha de Santa Helena, dando-lhe abrigo em Fernando de Noronha. Mas abemos que só em 1815 Napoleão foi novamente exilado na ilha de Sta. Helena. Se estes contatos maçônico com bonapartistas ocorreram, teriam eles sido tramados por elementos maçons ligados a outras lojas já bem mais tarde, pouco antes da Revolução de 17.

(51) Trecho de nosso livro “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, no prelo: “Os conspiradores cada vez audaciosos, tentavam penetrar na sofisticada cidade Maurícia e na própria intimidade das autoridades holandesas para obter sua confiança e elaborarem seus planos de levante. Tentando atrair para a causa João Fernandes Vieira, reinol que era mesmo muito íntimo dos holandeses, Antonio Cavalcanti e seu grupo também aproveitavam certamente a ocasião para obter informações do inimigo holandês. Existem indicações seguras de que Antonio Cavalcanti teria freqüentado as autoridades holandesas no Recife com Manuel Cavalcanti, seu irmão”.

    Publicação holandesa da época, descrevendo as sofisticadas e perigosas abordagens rebeldes junto às próprias autoridades holandesas, relata:  

     “Semana não se passava no Recife em que não houvesse quatro ou cinco jantares (principalmente na casa do senhor assessor) onde de ordinário se apresentavam os senhores governadores, sendo acompanhados antes por João Fernandes Vieira, Antonio Cavalcanti, Jorge Homem Pinto e outros portugueses, do que por alguns honrados neerlandeses. E estes, por isso que lhes faziam cara feia, não deixaram de suspeitar a verdade, isto é, que junto do vinho bem se pode tratar e examinar o estado e sondar o ânimo do adversário que nisso é que esses traidores tinham posto a mira, como o resultado mostrou”.

     Ainda neste nosso livro, próximo a ser editado, notas com indicação das fontes. 


      4- A “Academia Suassuna”   


(52) Bernardes, Denis “Patriotismo constitucional: Pernambuco 1820-1822”, Hucitec, p.164, 2006, mesmo citando e usando como fonte o Pe. Dias Martins, critica o padre na nota 87 como sendo apologético do morgado Francisco Paes Barreto e do próprio Suassuna.  Penso que Bernardes apenas não foi capaz de entender as dificuldades de Dias Martins em transmitir sua forte mensagem política - até mesmo ressentida, escrita ainda em 1823, tempos de política imperial - senão em forma apologética.  

(53) Recordemos o que dissera Ulisses Brandão (Brandão, Ulysses de Carvalho Soares) em Pernambuco de Outrora — A Confederação do Equador, pg. 67: ...”participavam do Areópago, Francisco Arruda da Câmara, os irmãos Suassunas — Francisco, Luís Francisco e José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque — e os padres Antônio Felix Velho Cardoso, José Pereira Tinoco, Antônio de Albuquerque Montenegro e João Ribeiro Pessoa [de Mello] Montenegro. Os Suassunas também citados em Nota de Oliveira Viana XXIII (sobre as Academias). Sobre a atuação de João Ribeiro, ver texto e nota anterior 52. 

(54) Pe. Dias Martins, opus cit, pg. 12.    

(55) Bernardes, Denis - opus cit. pg.161, 162, refere uma a notação de época feita por L.F.Tollenare, ilustre viajante europeu como Henry Koster – Henry Koster tido até mesmo como membro da maçonaria (ver texto e fontes nota 42 33) - Tollenere escreveu sobre sua estada no Brasil acompanhando os fatos em 1817. Sobre esta biblioteca, Tollenare chega a afirmar: ”Les ouvrages français sont lem plus recherchés, et parmi ceux-tous lês écrits qui renferme le code, aujourd´hui discredité chez nous, de la philosophie du 18e siècle..” Cita ainda Condorcet como um dos autores mais lidos pelo padre João Ribeiro.

(56) Sobre este ramo central da família Cavalcanti de Albuquerque, que na época já havia abandonado voluntariamente sua fidalguia e o sobrenome Lacerda, ramo central descendente do filho Antonio do florentino, ver nosso trabalho – “O Ramo do Castanha Grande”, com fontes - referido também como núcleo revoltoso no nosso artigo “1817”. 

(57) Pessoa - Reynaldo Xavier Carneiro no artigo “O Testamento político de Arruda Câmara” de 1972, professor  do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo em comunicação de Estudos  de 7 de julho de 1972. Na discussão da comunicação, também publicada, o professor chega a negar a participação dos Suassuna e suas ligações com o Aerópago – fato que absolutamente não se sustenta, como observamos. Assim, o fato da biblioteca ter sido entregue para administração do Pe. João Ribeiro pelos cel. Suassuna acaba por comprovar a sólida amizade entre estes dois conspiradores, comprovando também as ligações entre a conspiração Suassuna e o Aerópago. Assunto abordado já no texto e nota 44.

(58) Sobre José Francisco de Paula ver informações do Governo do Rio Grande Norte http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC000000000108782.PDF: “Era Sargento-mor, adido ao Estado Maior do Exército, posteriormente Coronel de Infantaria, e Cavaleiro da Ordem de Cristo.... Paula Cavalcanti foi governante honesto, ativo e zeloso, registra Tavares de Lira (1982, p. 168)... Dado o risco de invasões estrangeiras, planejou a fortificação das praias de Ponta Negra, Redinha, Jenipabu e Pititinga, afora a instalação de trincheiras em todos esses pontos estratégicos... No início de janeiro de 1811 Francisco de Paula recebeu um comunicado da Corte de que fora nomeado Governador da Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, para onde deveria partir tão logo chegasse a competente ordem – a ser emitida pela Secretaria dos Negócios da Marinha e Domínio Ultramarino.” 

    Sua morte oficialmente referida em Moçambique no ano 1818. Ver adiante muito mais considerações no texto e na nota 98. 


    

5- Providências e contatos estabelecidos pelos Suassuna para o deflagrar da  Revolução de 1817.

         


(59) Trecho do artigo de Maria de Fátima Dias Coelho, mestranda da Anpuh-Brasil no artigo “Escravos nos processos de Inventários: Relações e trabalho nos engenhos dos Cavalcanti no período compreendido entre 1801 e 1822 na Província de Pernambuco”- apresentado no 3º simpósio Nacional de Historia – Recife - 1919.   

        “... Francisco de Paula tinha lá suas preocupações de pai e queria que seus filhos desde cedo aprendessem um ofício, por isso encaminhou os mais novos ao serviço real, para aprender desde cedo a serem independentes. A esse respeito, CADENA (2013, p. 66) aponta, que “o pai ainda rogava que postos no serviço continuassem estudando, eram eles Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque de quinze anos e era homônimo do seu pai, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque tinha doze anos e Antônio Francisco de Paula e Holanda de Albuquerque Cavalcanti de apenas dez anos, que se tornaria um político muito influente”... 

  A autora usa pela primeira vez o documento - Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque IAHGP_1821_0000_FPCA e cita CADENA 2013.

   O artigo-tese de Cadena foi também por nós analisado, ainda que em texto não definitivo, publicado na mídia eletrônica. O autor é exaustivo no tema e, em detalhes proveitoso. Mas como os demais trabalhos pejorativos sobre os Suassuna e sobre os Cavalcanti de Albuquerque peca por sua abordagem extremamente facciosa. Cadenas, Paulo Henrique, citado na bibliografia – referido o texto não definitivo, pg. 57. 

 (60) O primeiro filho do cel. Suassuna, Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque foi implicado no processo oficial da Revolução de 1817, publicado pelo Ministério de Educação e Cultura, Documentos Históricos, Revolução de 1817, Ed. CV Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações – 1954 – sobre coordenação do historiador José Honório Rodrigues, então Diretor da Divisão de obras Raras, pgs. 105-106

(61) Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque, nascido em 1797 - alcunhado “Holanda”, o Visconde de Albuquerque – sua biografia refere apenas ter participado da fase de conspirações em 1817, mas na realidade é citado entre os membros da família por participação da “infausta revolução” no processo revolucionário de 1817 pelo desembargador Souza Falcão - ele ainda 1º tenente da companhia do Recife. Documento publicado pelo Ministério de Educação e Cultura - Documentos Históricos, em Revolução de 1817, Ed. CV, Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações – 1954 – sobre coordenação do historiador José Honório Rodrigues, então Diretor da Divisão de obras Raras, pgs. 105-106.

(62) Da família Holanda nesta geração consta ainda a participação de Cristovão de Holanda Cavalcanti de Igarassú que, entretanto, não apoiou realmente mais tarde os Suassuna. Cahú, opus cit. pg. 121, relembra: “O Capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti Lins esmerava-se no cumprimento de suas ordens [ordens de José Mariano Albuquerque Cavalcanti]. Uniu-se também à expedição o tenente coronel José Carneiro Carvalho da Cunha Berenger [de Andrade] com vários de seus milicianos. O Coronel de Milicias Cristovão de Holanda Cavalcanti começou a tergiversar pelo qual Mariano o prendeu e o remeteu para o Recife”.

(63) Os Bezerra Cavalcanti como núcleo familiar já foram citados como item específico de nosso trabalho “1817’, relativo ao senhor de engenho Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti (1770-1819) e sua esposa - núcleo do engenho S. Bartolomeo na Muribeca. 

    Os tradicionais nativistas Bezerra Cavalcanti ou simplesmente Bezerra participaram numerosos da Revolução de 1817: - Francisco [Xavier] de Britto Bezerra Cavalcanti d'Albuquerque assinou a escolha dos cinco representantes de classe (citado em Muniz Tavares, - História da Revolução de Pernambuco de 1817, pg. 37) - Guilherme Patrício Bezerra Cavalcanti, almoxarife do Arsenal da Intendência da Marinha é citado por Muniz Tavares, opus cit., pg. 526); - Antonio da Rocha Bezerra (preso no Rio Grande do Norte) consta na lista dos detidos na Bahia (M.T. pg. 339). O bem relacionado e querido Pe. Antonio Jacome Bezerra, vigário de Recife, também aparece na lista dos presos (M.T. pg.335). Outros Bezerras são ainda citados por Dias Martins, pg. 87/s. Ver texto abaixo e nota 69. 

(64) As atividades revolucionárias de Francisco Xavier Lins Cavalcanti em 1817, em especial a atividade conspiratória são referidas pelo historiador Bernardes, opus cit., pg. 166 – entretanto, seus irmãos Lins Cavalcanti são referidos apenas em nota de rodapé. 

    A atuação e história dramática dos Lins Cavalcanti constituem, porém, já item especial de nosso trabalho “1817”, editado este ano em nosso blog, e já haviam sido referidos em nosso livreto de 2001. 

   O escritor e historiador do início do século, Oliveira Lima, observara suspeitosamente que o vigário Luiz José Cavalcanti Lins, da igreja de Sto.Antonio no Recife, um iniciado maçon, havia ido á Lisboa em 1807 e em 1808 coincidentemente fora aberta uma loja maçônica em Pernambuco (ver Notas LI). Ver ainda texto e nota abaixo 67e 68.

   A atuação militar de Francisco Xavier Cavalcanti Lins na Paraíba comentada por Cahú: ”O Capitão–mor esmerava-se no cumprimento de suas ordens [ordens militares de José Mariano Albuquerque Cavalcanti]” (ver nota 91mais completa).

(65) José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade ou simplesmente José Carvalho Carneiro da Cunha, como aparece na lista dos incriminados em 17 presos na Bahia, foi  tenente-coronel revolucionário atuante na Paraíba. Cahú, opus cit. pg. 121, relembra: 

“O Capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti Lins esmerava-se no cumprimento de suas ordens [ordens de José Mariano Albuquerque Cavalcanti]. Uniu-se também à expedição o tenente coronel José Carneiro Carvalho da Cunha Berenger [de Andrade] com vários de seus milicianos. O Coronel de Milicias Cristovão de Holanda Cavalcanti começou a tergiversar pelo qual Mariano o prendeu e o remeteu para o Recife”.

   José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade aparece com seu nome completo em um documento do ano 1804, quando trata de assuntos ligados ao seu pedido de fidalguia. Por seus vários sobrenomes seria das famílias formadoras Berenger de Andrade e Carneiro da Cunha. Os Carneiro da Cunha casados em geração anterior no ramo central Cavalcanti de Albuquerque no engenho “Flamenguinho” - estes agora apoiados nesta geração pelos Machado da Cunha, seus vizinhos do engenho “Unussú”.  

  Sobre a atuação dos Carneiro da Cunha em 1817, ainda com uma irmã casada com o líder Amaro Coutinho, ver nota 95.

   Amaro Gomes Coutinho (1774 -1817) na Revolução de 1817 foi martirizado - teve suas mãos amputadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio (em Araripe? cuja propriedade era dos Carneiro da Cunha), sua cabeça exposta em seu sítio “Varadouro” em João Pessoa (Fonte Carlos Alexandre Costa Lima). Com Amaro Gomes atuou o seu cunhado Estêvão José Carneiro da Cunha (1762 —1832), capitão mor da Vila de Igarassu, irmão de José Carneiro da Cunha que foi tenente-coronel comandante das tropas de linha revolucionárias da Paraíba durante a Revolução. Estevão mais tarde tornou-se senador no Império.    

     Já Manoel de Carvalho Paes de Andrade, outro irmão também aparece na lista dos incriminados em 17, mas como “auzente”, sic. (fugitivo) – referido em fontes genealogias: parentesco com/ e Geni). De geração seguinte ainda muito jovem Amaro Gomes da Cunha Rabelo (? -?) teria conspirado - irmão de José Inácio Gomes Cunha Rabelo (1806-1864), segundo a fonte Blog do Engenhos com documento publicado. Amaro foi “Tenente Coronel de Milícias de Brancos da Capital”; “Cavalheiro da Ordem de Cristo”; e membro da Academia do Cabo de Santo Agostinho e Paraíso.

     Também Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (n. 1784 em Pernambuco, f. 1852) residente na Paraíba, rico proprietário, participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e esteve nos cárceres de Salvador, na Bahia, até 1821, continuando posteriormente honrosa trajetória política (citado por Pe. Dias Martins) Sua neta Antonia Maria Cavalcanti de Albuquerque Carneiro da Cunha foi dona do famoso engenho Monjope e é tida como neta paterna de Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque (sobre esta família e fontes ver nosso artigo “O Engenho Monjope”).   

    Como afirmamos acima, os Carneiro da Cunha já no passado haviam sido ligados por laços de casamento ao ramo central do seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque (1792-1870) do engenho Flamenguinho em Alagoas. Este jovem seminarista segundo seus descendentes comprometido em 1817 conseguira também evadira-se e esconder-se nas matas do engenho familiar por longo tempo, não sendo preso. O nome Manuel Carneiro Cavalcante consta como de um “ausente” na lista dos incriminados na Paraíba – seria este o seminarista, com nome familiar parcialmente alterado, agindo na Paraíba ? Ver nossos trabalhos relativos ao “Ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho Castanha Grande” e “A surpresa de Heleni” – Este núcleo de engenho pesquisado e citado no artigo “1817”, editado no blog, ainda referido no texto abaixo.

(66) Sobre José Mariano d´Albuquerque Cavalcanti e suas atividades como maçon ver mais nota 62, ainda sua atuação abaixo nota 91 e 150. 

   José Mariano é tido como filho de “Antonio de Albuquerque Coelho” ou “Antonio Coelho Albuquerque”. Neste caso, possivelmente um neto do notório “Antonio d´ Albuquerque Coelho de Carvalho” ou “Antonio Coelho de Albuquerque”, governador de Minas que de volta a Portugal exerceu importante papel na tentativa de soltar os presos da Guerra dos Mascates de 1710. Este citado como “Antonio d´Albuquerque Coelho Maranhão” por Dias Marins, pg. 250. Referido com este mesmo nome por Maria Cristina C. de Albuqueque em seu livro Magnificat.

 Tentamos refazer a genealogia deste possível e importante antepassado de José Mariano em nosso trabalho sobre a Guerra dos Mascates, onde afirmamos:

“Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, ou Antonio Coelho d´ Albuquerque (? - 1725 em Angola) (o primeiro nome citado por Barata, DFB, com verbete completo nos Coelho de Carvalho,  o segundo nome citado por Dias Martins, pg.140 e Bittencourt, pg. 305, sem apóstrofe), Tetraneto do florentino - descendia de Feliciano Coelho de Carvalho e de Brites de Góis de Vasconcelos Cavalcanti  de Albuquerque. Antonio era bisneto de Brites de Góis de Vasconcelos C. de A., neta do florentino, filha do patriarca do ramo central da família, Antonio C. de A. [1564-1640]. Antonio foi donatário das capitanias de Cametã e Cumã, no Grão-Pará e Maranhão por herança de família paterna. Nomeado em 1709 Governador da nova Capitania de São Paulo e Minas de Ouro  conseguira  pacificar esta nova capitania agindo com habilidade no conflito da época entre paulistas e emboabas (Evaldo Cabral de Melo, A Fronda dos Mazombos,  pág. 313).”  

    José Mariano neste caso por nós sugerido descendente por lado feminino da família Cavalcanti de Albuquerque - ramo que se tornara muito experiente politicamente até mesmo na Corte, sensível às questões independentistas que vinham desde a Guerra dos Mascates.


(67) Oliveira Lima (ver sobre este historiador e cronista, nota 30) em Muniz Tavares, Nota XXIII (sobre as Academias) já observava as possíveis ligações entre as lojas maçônicas brasileiras e portuguesas, comentando suas devidas peculiaridades. Oliveira Viana refere uma viagem do padre João Ribeiro a Portugal para “acertar laços suassunais a centro luzitano”, observando também o fato de o vigário Luiz José Cavalcanti Lins, da igreja de Sto Antonio no Recife, iniciado maçon, ter ido à Lisboa em 1807 e  uma loja maçônica ter  sido coincidentemente aberta em 1808 em Pernambuco. Ver nota acima 64, 68.

(68) Foram 4 (quatro) os irmãos Cavalcanti Lins envolvidos em 1817 – núcleo familiar de comportamento dramático, item já específico do nosso trabalho “1817”. Sobre o irmão conspirador, muito atuante, Francisco Xavier [de Moraes] Cavalcanti Lins, sabemos que oferecia em sua casa também generosos jantares, já muito notados. Ver mais em Dias Martins, pg. 138. Francisco Xavier serviu em 1817 na tropa do General Suassuna sob ordens de seu parente José Mariano Albuquerque Cavalcanti, ver nota acima 64, 66  e texto e também nota acima 67.   

(69) Sobre os Bezerras e Bezerras Cavalcanti, ver Dias Martins, opus cit, pg. 87/s.  Alguns nomes já citados na nota 63.

(70) Sobre os Albuquerque Maranhão ver também notas 15, 84 e 95. Os atos heróicos dos Albuquerque Maranhão -  família das mais ilustres da tradicional “nobreza da terra”- já foram por nós mencionados com destaque no livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, 2001, 1ª edição (esgotada). Também citada em item referente no artigo “1817”, editado no blog. e no nosso livro “Antonio Cavalcanti, o da Guerra”, ainda no prelo, mas já aberto aos pesquisadores.

   Adiantamos que os mais importantes líderes desta família atuantes em 17 ambos martirizados foram André Albuquerque Maranhão (ver sobre ele nota 1511b, 84 57b e 95) e Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão,  este natural da Paraíba, residente na Vila do Pilão onde era abastado lavrador. Inácio Leopoldo declarou-se patriota e colaborou arduamente na causa revolucionária com seus parentes, em especial com líder da Revolução no Rio Grande do Norte, seu cunhado, André do mesmo sobrenome, sendo por isso eleito membro do governo provisório.  Foi executado em 6 de setembro de 1817 no Campo do Erário de Pernambuco, seu cadáver mutilado e arrastado ao cemitério da matriz de SS. Sacramento (Almanaque da Paraíba, 1899). Ver nota 95.

    Acrescentamos ainda vários outros membros desta valorosa família:

 - João Nepomuceno de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Prestou relevantes serviços à causa da liberdade, remetido para os cárceres da Bahia morreu na prisão (Almanaque da Paraíba, 1899).

- Jerônimo Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817, capitão-mor das ordenanças da cidade de Paraíba.  Em idade já avançada tornou-se fogoso republicano e por sua causa trabalhou esforçadamente.  Preso, foi remetido para os cárceres da Bahia, onde esteve até 1821, quando obteve a liberdade (Almanaque da Paraíba, 1899).

- José Felipe de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817.  Residente na capital. Sargento-mor - movimento das Ordenanças. Foi dos devotados à causa liberal e também dos seus mártires.  Foi solto na Bahia em 1821, por decreto da corte (Almanaque da Paraíba, 1899)

- João de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Residente em Pernambuco distinguiu-se no memorável 6 de março.  Foi um dos eleitores do governo provisório e por todos os seus serviços à revolução foi considerado réu de lesa–majestade e mandado para os cárceres da Bahia, onde esteve até 1821 (Albuquerque de Paraíba, 1899).

- João de Albuquerque Maranhão, natural de Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817.  Filho de João de Albuquerque Maranhão I, igual ao seu pai nos sentimentos e participante de sua glória e de seu martírio (Almanaque da Paraíba, 1899).

- José Felipe de Albuquerque Maranhão, natural de Cunhaú no Rio Grande do Norte, ativo no movimento revolucionário de 1817.  Domiciliado na Paraíba, no engenho Itapicirica.  Sua descendência passou a Portugal.

   Ainda Luiz Inácio Albuquerque Maranhão (? - 1821) que temos notícias foi assassinado por rivais políticos em 1821.

(71) Repetimos nossas próprias palavras transcritas na Introdução: “Estas famílias já haviam passado por intensas e prolongadas conspirações, longos preparativos para reagir às invasões francesas e holandesas; participado com imensos sacrifícios na demorada e exaustiva luta pela expulsão holandesa – e posteriormente a esta guerra se atrevido ainda em confrontos com mascates e a coroa, conflitos até mesmo de caráter pessoal e anárquico - como os protagonizados pelo idoso Jorge Cavalcanti no século XVII, que morreu na prisão contestando autoridades portuguesas por pretensões econômicas ainda mais abusivas do que as dos holandeses 

      Estas famílias em confrontos precoces não só por Independência, mas também já por Republica por ocasião de violenta “fronda da nobreza da terra” que marca o começo do sec. XVIII em Pernambuco – ainda sérios conflitos nativistas com sua inspiração já ocorridos no Rio de Janeiro e Bahia. A inconfidência mineira (1789), a revolta baiana e de negros (1798) haviam também sido experiências sociais traumatizantes.

(72) Ver mais detalhes da biografia do morgado do Cabo, Francisco Paes Barreto (26 de Maio de 1779 - 6 de Setembro de 1848) na nota 166. No Império tornado Marques do Recife.

(73) José de Barros Falcão de Lacerda trabalhou pelo estabelecimento da Revolução como conspirador e freqüentador das academias maçônicas, ainda como militar (Dias Martins pg.171). Quando voltava de Fernando de Noronha com dois navios repletos de pessoal e material foi preso ao desembarcar na baía da Traição (inf. Exército Brasileiro). Preso, cumpriu pena na Bahia. Ao sair da prisão já em 1821 ainda atuou como liderança para a revolta em Goiana com o morgado Francisco Paes Barreto - fato já comentada por Cabral de Melo, Evaldo - A outra independência, pag 68 - ambos encarregados do levante inicial a partir de Salvador, presos mais uma vez depois do atentado ao governador. Ainda segundo Cabral de Melo, depois da prisão dos dois ficaram responsabilizados pelos planos do levante Felipe Mena Calado da Fonseca e Manuel Clemente Cavalcanti que, talvez agindo discretamente não foram pegos e não aparecem na lista dos presos embarcados. José de Barros Falcão de Lacerda  ainda citado na nota 65.

(74) Os Souto Maior eram já de família atuante na luta contra os holandeses, citados no nosso trabalho sobre Antonio da Guerra. Paulo da Cunha Souto Maior em 1646 chefiou uma coluna de Mazombos.  Antigo militar e campanhista agia pelo menos desde 1640. Desembarcado com as forças vindas da Bahia, já teria atuando em Serinhaem em julho (Gonçalves de Mello, pg. 81 e outras - nosso trabalho “Antonio da Guerra). Três irmãos desta família lutadora também atuaram em 1817 e foram presos. São citados por Dias Martins. Dois ou três deles atuando ainda dramaticamente no episódio de Goiana em 1821. Ver adiante notas 143, 147, 148.

(75) Cabral de Mello, Evaldo - artigo “Entre a República e a Monarquia” - fonte o jornal Folha de S. Paulo, 4/8/2002.      

(76) A fonte de Evaldo Cabral de Mello no artigo “Entre a República e a Monarquia” Barata, Alexandre Mansur - Maçonaria, Sociabilidade ilustrada e independência do Brasil, 1790-1822. São Paulo: Editora UFJF, (2006).  Mais detalhes sobre esta loja maçônica ver nota 89.

    José Mariano Albuquerque Cavalcanti atuou militarmente com o Gen. Suassuna em 17. Esteve durante quatro anos em prisão, julgado em Portugal pelo assassinato do brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro quando do início da revolta. Condenado a degredo perpétuo na Ásia, pena que não foi cumprida (sobre ele ver mais nota 62, 66, 68, 91 e 150.  

(77) O estudioso da maçonaria Mario Mello em A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife, 1912, pg. 10, tendo como fonte o Pe. Dias Martins, confirma as participações no Aerópago de Itambé do cel. Suassuna, Francisco de Paula; de Frei Caneca; de Antonio Carlos de Andrada e do Pe. Miguelinho. Ver nota 36.          

  Acreditamos que a mãe do Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca pudesse ter algum parentesco colateral com os Suassuna (a linha Suassuna não nobilitada tem na seqüência um de nome Alexandrino) - ela Francisca Alexandrina de Siqueira, descendente no século anterior certamente de Pantaleão Siqueira Barbosa, rico comerciante português e uma Lins Wanderley (fonte Genealogica Geni).

     Esta primeira atuação política de Frei Caneca na tropa do General Suassuna é percebida historicamente e referida por Evaldo Cabral de Melo em Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca. Editora 34 – 2001, pg. 15. Comenta Evaldo Cabral de Melo: 

    “Sua presença [de Caneca] só se detecta nas ultimas semanas de existência do regime, ao acompanhar o exército republicano que marchava para o sul da província a enfrentar as tropas do conde dos Arcos, ocasião em que, segundo a acusação teria exercido de capitão de guerrilhas”. 

     Cabral de Melo faz referências à sua formação na biblioteca do Mosteiro do Carmo e no Seminário de Olinda, fundado por pelo bispo Azeredo Coutinho. Ver mais nota 88.

  Também comentada sua presença na tropa do general Suassuna no blog do Exercito Nacional, citado na nota 113.

(78) O militar Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa  tem sua morte em Recife por execução em  10 de julho de 1817. Comandante único do Governo Provisório em 18 de maio de 1817. No início do ano de 1817 ele estívera no Rio de Janeiro e na Bahia na companhia do comerciante Domingos Martins, e com outros irmãos maçons planejou o levante que deveria ser deflagrado naquelas duas capitanias e ao mesmo tempo em Pernambuco, em abril.  A revolução estourando, porém, antecipadamente no Recife, no dia seis de março Teotônio foi eleito um dos cinco governadores provisórios da república estabelecida, representando os militares. Mais tarde, com a derrota do General de Divisão Suassuna em batalha no dia 13 de maio, negociações para a rendição não teriam sido bem conduzidas por Teotônio, agora como comandante único do Governo Provisório em  18 de maio de 1817 – Domingos Teotônio Jorge enfeixou grande poder e preferiu recuar suas forças para o interior, posteriormente deixá-las dispersar. Capturado, foi executado em 10 de julho em Recife, na atual Praça do Erário com os que haviam sido também aprisionados nas matas de Inhaman - o padre que tomara a fortaleza de Itamaracá, Pedro de Sousa Tenório (BERNARDES, p. 221- 224, na sua biografia consta 10 de junho, erro?), enforcado e esquartejado, ainda José de Barros Lima, o Leão Coroado (CAHÚ, pg.141) - executados e esquartejados, seus corpos arrastados por cavalos. 

      Sobre Domingos José Martins, importantes informações biográficas recentes constam já em resumo na enciclopédia Wikipédia e indicam que nasceu no sítio Caxangá, 9 de maio de 1781 — falecido em Salvador, 12 de junho de 1817. Comerciante e maçom.  “Fizera em Londres amizades nos ambientes liberais e um de seus amigos mais próximos foi o general revolucionário Francisco de Miranda, que lutara na guerra da Independência dos Estados Unidos, vindo da França com as tropas de Dumouriez. Miranda participara também de uma tentativa de emancipação da Colômbia em 1805, sufocada pelos espanhóis, e seu sonho somente se concretizou com Simón Bolivar - ao mesmo tempo em que ele morria no cárcere, na Espanha. Inegavelmente, Martins foi um observador inteligente que percebeu a evolução das idéias liberais na Europa e bem compreendeu as aspirações particularistas latino-americanas. Pernambuco deveria ser para ele um capítulo glorioso de todo esse grande processo.”.... “Com a derrota dos revolucionários Domingos José Martins foi capturado no Recife e como Pernambuco estava sem governador português àquela altura, foi enviado para julgamento na Bahia, sendo fuzilado em 12 de junho de 1817 no Campo da Pólvora em Salvador.”  

   Cahú, opus cit, pg.125, comenta que Domingos Matins era portador de grande entusiasmo, mas não tinha nenhuma prática militar - ao manter enfrentamento no engenho ‘Pindoba” foi capturado, tendo antes de enfrentar crudelíssimo ataque de surpresa do inimigo governista - as forças de Martins mesmo massacradas e ele capturado, entregue as forças do gen. Gorgomilho. (ver texto adiante e nota 95 64b) 

  Acrescenta ainda a enciclopédia: “No dia 16 de setembro de 2011 a presidente da República, Dilma Rousseff sancionou a lei 12.488, de autoria do Deputado Federal Maurício Rands, que inscreveu o nome de Domingos Martins no Livro dos Heróis da Pátria, o qual está depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.”

  Referências do verbete: 

 -«Revolução pernambucana de 1817: a "Revolução dos Padres». Fundação Joaquim Nabuco. 

 -«Domingos José Martins, o "noivo" da Revolução». Diário de Pernambuco. 

 -«Lei nº 12.488, de 15.9.2011». Planalto. 

  -«Pernambuco 1817 – A Revolução». Biblioteca Nacional.   

(79) Bibliografia recente dedica-se profundamente ao estudo do momento internacional em que a revolução de 1817 esteve inserida. Consultar a respeito Mello Mourão, Gonçalo de Barros Carvalho de – A Revolução de 1817 e a História do Brasil- Um estudo de história diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão, 2009.


6- A participação dos Suassuna na Revolução de 1817 - Breve análise factual


(80) Ver nota acima 78.

(81) No documento de participação na formação de governo revolucionário em 1817, aparece o nome sucinto de Francisco de Paula Cavalcanti Junior - quase o mesmo nome assinado na mesma ocasião por seu pai, que apenas assina Francisco de Paula Cavalcanti. Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 56 – ver mais comentários na nota 105 e 124. Também Joaquim Vaz Salgado, cunhado do Gal. Suassuna assina este ato de formação do Governo revolucionário em Pernambuco, ele proprietário do engenho Pará, em Ipojuca, e do Timbó/Assu, casado com Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque.  Citado no mesmo documento apresentado e transcrito por Cahú. Sobre Vaz Salgado e suas filhas casadas também na nova geração Suassuna, ver nota 21, 154 e 157. 

(82) Ribeiro. João - História do Brasil, Ed. Paulo de Azevedo, 1966, p.338.

(83) O Pe. Roma, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1817), teólogo e filósofo fora responsável pela formação do Governo revolucionário e talvez o primeiro mártir da Revolução, detido logo quando aportou Itapoã em 26 de março buscando apoio. Sobre o Pe. Roma, ver nota 95.

(84) O mártir talvez mais celebrado na revolução de 1817 no Rio Grande do Norte é André de Albuquerque Maranhão (1775-25 de abril 1817) - 6ª Senhor do Engenho Cunhaú - Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Coronel do Regimento de Cavalaria Miliciana da Divisão Sul do Rio Grande do Norte - tido como freqüentador da Escola do Paraíso e maçon, já ouvido na devassa da Conspiração Suassuna de1801. (Ver acima também nota 14) 

    Andrezinho do Cunhaú como era mais conhecido, nasceu em 4 de maio de 1775, filho do Cel. André de Albuquerque Maranhão, o Velho - Cavaleiro da Casa Real, Coronel do Regimento da Cavalaria Auxiliar de Cunhaú, Tamatanduba, Arês e Vila Flor e de sua esposa Antônia Josefa do Espírito Santo Ribeiro. Este 6º jovem dono do famoso engenho Cunhaú é referido como tendo pertencido ao grupo de conspiradores da Academia do Paraíso, tendo aceitado o cargo de chefe da Revolução de 1817 no Rio Grande do Norte, e para isto atuado de forma organizada com parentes e mesmo aliados de tribos indígenas.

    Com o fracasso do movimento, André é alcançado por um tumulto e ataque de surpresa no Palácio - morto em 25 de abril de 1817 - “mortalmente ferido foi conduzido à cadeia, carregado de ferros, expiando em breve em completo abandono. Seu corpo enrolado numa esteira e em cova rasa enterrado no cemitério local”. Sua casa saqueada e as de seus parentes mais ricos também. Sua mãe idosa falecendo de sofrimentos logo depois. Outras informações são acrescentadas em recente artigo de jovens acadêmicos que usaram Câmara Cascudo como fonte (já citados nosso trabalho “1817”). Ver também nota 14 e lista dos mártires nota 95. Sobre sua família de passado nativista, nota 70.

(85) Nota para a rendição - Documento reproduzido em Cahú, pg.129, a assinatura de Teotônio colocada em primeiro lugar. 

(86) Sobre a atuação dos Suassuna na ocasião, Oliveira Viana, em M.T, Notas CXXIII e CXXVI, também Dias Martins, pg. 220.

  Ainda sobre a atuação dos Suassuna e o movimento de 17 consultar Oliveira Viana em M.T. Nota XXIII (sobre as Academias), XLVI (Conspiração 1801), XLV (sobre o brigue Sally Dana), XLV (filho falecido), CXXIV (repressão), CXXVI (sobre escrava), CXXIII (lista de 21), CXXIV (atuação de Teotônio e detalhes do ultimo momento de tensão revolucionária). 

    Cahú, opus cit, pg.131 transcreve sem avaliar a importância do fato o documento de correspondência enviada por Teotônio às autoridades portuguesas apenas por ele assinada: ”Amanhã 19 do corrente, assim que não chegar resposta do dito comandante até o meio dia, serão passados à espada todos os presos tanto oficiais generais ao serviço de vossa magestade Fidélissima, como os prisioneiros por opiniões realistas. O Recife, Santo Antônio e Boa Vista serão arrasados e incendiados: Todos os europeus de nascimento serão mortos”.

(87) Relato do final do episódio revolucionário em Dias Martins - pag. 60. Também texto do mesmo autor relativo a Jorge Teotônio, pg. 220; ainda ao comentar a ação de um intermediário, desembargador José da Cruz Ferreira, pgs. 190-192 - intermediário que a ultima hora se oferece para a tarefa de auxiliar a realização de uma tratativa final, pelo visto também aceita pelos irmãos Suassuna. 

     Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 136. Sabemos que Cahú usa como fontes: Mario Melo – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife 1912. Muniz Tavares – História da revolução de Pernambuco de 1817; Revoluções no Brasil – Rocha Pombo, Historia do Brasil, ainda o Pe. Dias Martins, Mártires Pernambucanos, também cotejando estes vários autores. 


       7 -  Repressão à Revolução - Execuções e punições.                



(88) Observamos que no começo de sua atuação revolucionária Frei Caneca – Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca – atuou nas tropas do Gen. Suassuna como seu secretário, referido no processo que o incriminou como “capitão de guerrilha” - formado em 1801 no Seminário de Olinda é tido por fontes maçons como antigo freqüentador das maçônicas. Texto anterior e notas 77 e 113.

(89) Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Machado e Silva – 1773-1845 - Responsável pelas ligações do amplo movimento revolucionário com o cel. Suassuna. De família muito rica de Santos, como seus irmãos José Bonifacio e Martim Francisco estudou em Coimbra e voltou ao Brasil onde ocupou cargos públicos para os quais fora bem preparado. Acreditamos que já em Portugal estes irmãos Andrade tenham mantido contato com parentes deste mesmo sobrenome, Andrade, de mesma influência política e tendências maçônicas. Notória a atuação política de Gomes Freire de Andrade em Portugal no ano de 1817.  Oliveira Lima (Notas LI, em M. T. pg. 143) já havia também observado estas possíveis ligações dos revolucionários com o trágico líder constitucionalista português – ainda comentando as ligações entre as lojas maçônicas brasileiras e portuguesas, notadas suas devidas peculiaridades, e a viagem do pe. João Ribeiro a Portugal para “acertar laços suassunais a centro luzitano”. Ver acima nota 67. 

   Sabemos que Antonio Carlos de Andrade em 1812 teria sido membro de uma loja maçônica intitulada “Distintiva” que ficava na freguesia de São Gonçalo, em Niterói. Com ele teriam sido também membros José Mariano Cavalcanti de Albuquerque, José Joaquim da Rocha, Luís Pereira da Nóbrega, José Joaquim da Gama Lobo, Capitão Ornellas e Belchior Pinheiro de Oliveira. A loja mais tarde foi denunciada e teria todos os seus utensílios (livros?) jogados ao mar à mando do príncipe regente D. João (fonte Barata, Alexandre Mansur - Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência do Brasil, 1790-1822. São Paulo, Editora UFJF (2006). Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Machado e Silva ou Andrade Machado atuou em Pernambuco como Ouvidor e participou da revolução de 1817, permanecendo preso durante quatro anos. Posteriormente, teve participação ainda importante como intelectual em discursos inflamados e antidespóticos, mais tarde político no Império com seu irmãos.

(90) O capitão Pedro Pedroso era um negro decidido e tenaz - quando o capitão José de Barros Lima, o “Leão Coroado” recusou a ordem de prisão dada pelo brigadeiro português e o matou, tirou a espada ensangüentada das mãos do camarada para, empunhando-a assumir o comando do Regimento de Artilharia do Recife. Foi ele que, naquele dia, ainda mandou fuzilar o coronel Tomás de Aquino, enviado pelo governador português para parlamentar. Depois de 1817 teve ainda carreira de rebeldia. Mesmo enviado para julgamento em Portugal, na volta auxiliou na guerra da Independência. Teria ainda atuando em levante de tropa sob seu comando em Pernambuco, em fev. de 1823 contra a junta dos Matutos, sendo seguido por gente de cor (ver Leite, Glacyra Lazzari – Pernambuco 1824: A confederação do Equador. Fundação Joaquim Nabuco, ed. Massangana, 1989, pg.175, citando Anaes Pernambucanos, Francisco Pereira da Costa, pg. 403). 

(91) O militar José Mariano d´Albuquerque Cavalcanti (1772 - 1844) era filho de Antonio Coelho Albuquerque. Ver comentário na nota 66.  Nascido em Aracajú. Participou como militar da violenta reação à prisão de José de Barros Lima com o capitão negro Pedro Pedroso. Atuou militarmente com o Gen. Suassuna, não sendo, entretanto, sucesso no combate em Rio das Pedras, onde enfrentou 4 (quatro) horas de combates (Cahú, pg. 105-108). Com Ribeiro de Andrade fora membro por volta de 1812 de uma loja maçônica intitulada “Distintiva” que ficava na freguesia de São Gonçalo, em Niterói, na companhia de José Joaquim da Rocha, Luís Pereira da Nóbrega, José Joaquim da Gama Lobo, Capitão Ornellas e Belchior Pinheiro de Oliveira. A loja mais tarde denunciada e todos os seus utensílios (livros?) jogados ao mar à mando do príncipe regente D. João (Barata, Alexandre Mansur - Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência do Brasil, 1790-1822. São Paulo: Editora UFJF, 2006. (Ver nota acima, 89) Mariano foi casado em segundas núpcias com Cândida Rosa de Albuquerque Cavalcanti, filha de José de Barros Lima, o "Leão Coroado". Esteve quatro anos em prisão, julgado em Portugal pelo assassinato do brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro. Condenado a degredo perpétuo na Ásia, pena que não foi cumprida. Perdoado, voltou ao Recife, onde ainda auxiliou a deposição em 1821 da junta organizada com a expulsão de Luís Rego. Conseguiu mais tarde destacado papel no Império. Faleceu em 20 de agosto de 1844 no seu sítio “Guapemirim”, em Majé, estado do Rio de Janeiro. 

(92) (63) Cahú - opu cit., pg.136, citando Muniz Tavares. Também consultada alista em Documentos Históricos do Ministério de Educação e Cultura relativos à Revolução de 1817, Ed. CV, Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações - 1954 - José Honório Rodrigues, Diretor da Divisão de obras Raras, pgs. 105-111, que fornece os nomes dos detidos em 1817. Bernardes, opus cit., pg. 226/s, completa o quadro com mais informações sobre populares punidos com chibatadas depois da Revolução, por qualquer irregularidade.

(93) Sobre a situação humilhante dos presos da família Rego Barros durante a Guerra dos Mascates, ver nossos trabalhos “Os Bezerras Cavalcanti na Guerra dos Mascates” e o item relativo aos Rego Barros no artigo “1817”; ainda a obra de Maria Cristina C. de Albuquerque - O Magnificat - Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti, Fundação Gilberto Freyre, Tempo Brasileiro, Recife, 1990, pg.129.

(94) Cahú, opus cit. – capítulo “A Repressão”, pg.109, e Muniz Tavares Cap.XIX com muitos detalhes durante o encarceramento dos presos.

(95) Inúmeras informações sobre os mártires e as datas de seus falecimentos foram por nós recolhidas visando refazer a cronologia de suas mortes. Consultadas diversas fontes enciclopédicas, ainda nossos trabalhos “1817” e “Os mais importantes Ramos de Cavalcanti de Albuquerque Nativistas”, no blog, além da bibliografia disponível: Cahú, Bernardes, o Pe. Dias Martins (Mártires Pernambucanos), o historiador Josemir Camilo (blog “1817, A cidade das fitas brancas”), ainda outras fontes. Nesta nota são referidas não só as datas de suas mortes, mas acrescentados alguns detalhes da atuação desses mártires. 

  Lembramos que em outros estados nordestinos as execuções tiveram início anteriormente a Pernambuco- já no fim de março de 17, com as capturas do: 

     

   - Pe. Roma, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1817), teólogo e filósofo responsável pela formação do Governo revolucionário e talvez o primeiro mártir, detido logo que aportou Itapoã, em 26 de março, buscando apoio.  Julgado sumariamente pelo Governador Conde dos Arcos foi fuzilado três dias depois, em 29 de março na Bahia. No dia 7 de março de 1817 o Padre Roma adepto das idéias iluministas, já secularizado, com outros revoltosos havia organizado uma reunião em que havia sido votado o histórico Governo Provisório. O Pe. Roma era bacharel em filosofia por Coimbra, ordenado em Roma, mas voltara ao Recife onde foi advogado de sucesso, tendo entrado em contato com a maçonaria, ainda freqüentado o Seminário de Olinda e o Aerópago de Itambé. Ver ainda nota 83.


  - No Rio Grande do Norte a reação realista foi também logo muito atuante e o fidalgo e senhor de engenho Cunhaú, André Albuquerque Maranhão, de família honrosa e tradicional aliada dos Cavalcanti, e que havia tomado o poder na capitania foi assassinado à espada pelos contra-revolucionários em seu palácio de Goveno, martirizado por forças locais em 25 de abril.  Ver mais nota 84.

   

   - O primeiro sacrificado publicamente no Recife em 4 de junho de 1817 foi o jovem tenente de artilharia Antônio Henriques Rabelo, culpado de crimes violentos na tomada de poder - esquartejado e arrastado por cavalo frente ao pátio da cadeia em que estava detido em Recife (episódio transcrito em Nota de Oliveira Lima, nota CXXII e Cahú, pg.140).

    Jovem cearense, tenente da artilharia, Antônio Henriques Rabelo estivera foragido, mas fora capturado, e o identificamos como o primeiro realmente a ser executado em publico em Recife, frente à tropa - fato marcante que causou imensa a comoção social e em sua família - cronistas reportando que a mãe do rapaz teria enlouquecido na ocasião.


- Segue-se o sacrifício do Pe. Miguelinho, Miguel Joaquim de Almeida e Castro (Natal, 17 de setembro de 1768 - Salvador, 12 de junho de 1817, professor de Retórica do Seminário de Olinda e secretário do Governo Provisório - preso em 21 de maio e levado à Fortaleza das Cinco Pontas junto com outros 72 revolucionários, que depois seguiram para Salvador de navio à ferros (embarcados em 27 de maio ?) onde desembarcaram em 10 de junho. Miguelinho sem se escusar de seus delitos foi condenado pelo crime de lesa-majestade e fuzilado no dia 12 de junho de 1817, enterrado no Cemitério do Campo da Pólvora. Com ele 

   - O advogado José Luis de Mendonça, homem de letras abastado e bem quisto, que segundo documentos da cadeia da Bahia foi executado em 12 de junho. Responsável pela elaboracão da constituição do Governo Provisório. Seria na verdade um moderado, desejoso de governo monárquico com Constuinte - teria entrado em choque com o radical Domingos José Martins. Como não se evadiu, foi logo detido pelas autoridades e enviado para a Bahia onde foi executado. 

  - O comerciante maçon Domingos José Martins, um dos líderes da Revolução tido como radical jacobino.  “Fizera em Londres amizades nos ambientes liberais e um de seus amigos mais próximos foi o general Francisco de Miranda, que lutara na guerra da Independência dos Estados Unidos, vindo da França com as tropas de Dumouriez.“...Domingos José Martins foi capturado após o ataque de surpresa do gen. Gogominho capturado no cruel enfrentamento em Pindoba e levado para Recife. Foi enviado para julgamento na Bahia, sendo fuzilado em 12 de junho de 1817 no Campo da Pólvora em Salvador. Ver mais nota acima 78. 


- o militar Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa  tem sua data de nascimento ignorada, mas seu falecimento em Recife em  10 de julho de 1817. Seria sobrinho do Pe. Jacome Bezerra? Comandante único do Governo Provisório em 18 de maio de 1817, depois da derrota do Suassuna.  No início do ano ele estívera no Rio de Janeiro e na Bahia, na companhia do comerciante Domingos Martins, e com outros irmãos maçons planejou o levante que deveria ser deflagrado naquelas duas capitanias e em Pernambuco ao mesmo tempo, em abril. Mas a revolução estourou antecipadamente no Recife no dia 6 de março, e Teotônio foi eleito um dos cinco governadores provisórios da república estabelecida, representando os militares. Ver nota mais completa 78.


- o padre Pedro de Sousa Tenório (Padre Tenório), ou Vigário Tenório - nascido em 29 de junho de 1779, falecido provavelmente em 10 de julho (cf. BERNARDES, p. 221- 224), aos 38 anos de idade. Enforcado e esquartejado.  BERNARDES, p. 221- 224 afirma que o Pe. Tenório foi executado em 10 de julho em Recife na atual Praça do Erário, com os outros detidos nas matas do Inhamuns - Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima - executados e esquartejados, seus corpos arrastados por cavalos. O padre Tenório que tomara a fortaleza de Itamaracá, sua biografia, entretanto, registra como falecido em 10 de junho (erro?), enforcado e esquartejado. Sua biografia indica ainda que foi “Educado na Universidade de Coimbra, Portugal, designado para a paróquia da vila de Nossa Senhora da Conceição, hoje Vila Velha, em Itamaracá - ali ele revolucionou não só a prática pastoral, mas a agricultura com as mais modernas técnicas agrícolas, implantando novas culturas de cana-de-açúcar e máquinas revolucionárias para a época”.


- o militar José de Barros Lima, o Leão Coroado, nascido em Recife, 1764 — falecido Recife, 10 de julho de 1817. “Sua reação à voz de prisão do comandante português Barbosa de Castro, matando-o com golpes de espada, foi o estopim da Revolução Pernambucana. Condenado à morte pelo crime de lesa-majestade, o capitão José de Barros Lima foi enforcado, esquartejado - teve a cabeça decepada, as mãos cortadas e o corpo amarrado a dois cavalos e arrastado pelas ruas do Recife”. 

  Chamado “Leão Coroado” por sua calva encimada por cabelos que alguns dizem brancos outros dourados, chegou a iniciar o movimento de 1817 reagindo com espada à tentativa de sua prisão pela autoridade portuguesa - teve suas mãos decepadas em Recife e enterradas na capela do engenho do Meio, provavelmente o mesmo engenho, Araripe do Meio, em que Amaro Coutinho teve enterradas também as suas mãos. José de Barros Lima fora casado com D. Thereza de Jesus de Albuquerque Mello.

- o militar Francisco José [Xavier] da Silveira foi executado em 17 de agosto – e consta da lista de incriminados na Bahia em Muniz Tavares como preso na Paraíba, executado nesta data, punido por comissão militar. Citado em outra fonte como Francisco Xavier da Silveira, militar (capitão de milícias?), mineiro.

- o coronel e proprietário de terras Amaro Gomes Coutinho atuante na Revolução de 1817 com seus parentes Carneiro da Cunha, teve também suas mãos amputadas e sepultadas na capela do Engenho do Meio (engenho Araripe do Meio?) A exposição da cabeça de Amaro Coutinho em um poste em seu sitio “Varadouro” foi comentada por Carlos Alexandre da Fonseca de Lima e publicado no facebook em agosto de 2021. (As mãos do revolucionário “Leão Coroado”, José de Barros Lima, teriam sido enterradas na capela do Engenho do Meio - acreditamos o mesmo engenho Araripe do Meio, em que o herói Amaro Gomes Coutinho teve também enterradas as suas mãos). Não sabemos o prenome da esposa de Amaro Gomes Coutinho. As fontes biográficas do herói Amaro Gomes Coutinho estão baseadas no inquérito realizado na Paraíba, hoje no Arquivo Nacional, e referem seu nascimento na Paraíba c.1774 e falecimento em Recife, 21 de agosto de 1817 - coronel do regimento miliciano de brancos e proprietário de terras. Ele atuou com seu cunhado  Estevão José Carneiro da Cunha (1762 —1832) (irmão de Ana Clara Carneiro da Cunha? fonte Geni), sargento-mor da Vila de Igarassu, filho de João Carneiro da Cunha que foi tenente-coronel comandante das tropas de linha revolucionárias da Paraíba na Revolução. Estevão evadiu-se e mais tarde tornou-se senador do Império. 

- O senhor de terras ou de engenho, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão   - natural da Paraíba, mártir do movimento revolucionário de 1817 – Residente na Vila do Pilão, onde era “abastado lavrador”. Declarou-se patriota e colaborou arduamente na causa revolucionária com seus parentes, em especial o líder da Revolução no Rio Grande do Norte seu cunhado André do mesmo sobrenome, sendo por isso eleito membro do Governo Provisório.  Foi executado em 6 de setembro  de 1817 no Campo do Erário de Pernambuco, seu cadáver mutilado e arrastado ao cemitério da matriz de SS. Sacramento (Almanaque da Paraíba, 1899). Outra fonte o refere senhor de engenho, nascido na Capitania de Pernambuco em data não sabida, mas também sacrificado em Recife, 6 de setembro de 1817. 

- o Pe. Antônio Pereira de Albuquerque e Melo - Pe Antônio Pereira - nascido na Capitania de Pernambuco em data desconhecida, falecido em Recife em 6 de setembro de 1817 - foi um religioso, enforcado e esquartejado. Por fonte enciclopédica “Filho de André de Figueiredo, Antônio Pereira de Albuquerque e Melo estudou no Seminário de Olinda, onde foi colega do Padre João Ribeiro, seu parente e amigo. Foi o líder da Revolução Pernambucana na vila de Pilar, Capitania da Paraíba, onde era padre e professor de latim. Condenado à morte por crime de lesa-majestade, subiu ao patíbulo no Recife em 6 de setembro de 1817. Enforcado, teve o seu corpo esquartejado: o tronco foi arrastado a cauda de cavalos pelas ruas recifenses até o cemitério; suas mãos foram expostas na vila de Pilar; e sua cabeça foi exposta na cidade da Parahyba.”  

   Entre os mártires da terrível repressão governista portuguesa não pode ser esquecido:   

  - o PE. João Ribeiro de Mello Montenegro, considerado o líder moral da Revolução Pernambucana e a quem Suassuna havia encarregado de administrar a biblioteca no hospital do Paraízo – este padre logo após a derrota na batalha do Engenho Trapiche e do recuo das tropas do Recife, extremamente desgostoso, cometera suicídio em 19 de maio de 1817, enforcando-se na capela do Engenho Paulista em Olinda. 

   O corpo de João Ribeiro por ordem do vice-almirante português Rodrigo Lobo foi ainda foi desenterrado, esquartejado, sua cabeça exposta na ponta de uma vara no centro do Recife, onde teria ficado por dois anos.

 

(96) (65) Por documentos referidos na lista de presos nas Cinco Pontas com data de chegada e saída para a Bahia publicada pelo Ministério de Educação e Cultura, Documentos Históricos, em Revolução de 1817, vol. CV Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações – 1954 – sobre coordenação do historiador José Honório Rodrigues, então Diretor da Divisão de obras Raras, pgs. 105-106 

(97) (66) Ver mais sobre este episódio de Goiana em 1821 no capitulo – “A continuidade da atuação independentista dos jovens da terceira geração Suassuna na revolta de Goiana em 1821. Os sobrinhos Rego Barros (2ª abordagem)”, com notas referentes ao sobrinho do Suassuna, Francisco Rego Barros, participante desse episódio de Goiana. 


8- O destino do conspirador José Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, irmão mais velho do clã Suassuna. Detalhes da morte de seu sobrinho homônimo em combate, filho do Suassuna. Outras questões.


(98) Sobre o experiente conspirador do clã Suassuna José Francisco de Paula, que teve vida tão movimentada e mesmo novelesca, ver nota acima 58, adiante texto e nota 113. O nome de seu filho homônimo que atuou mais tarde também como rebelde em 1821 em Goiana aparece na lista dos embarcados para Portugal fornecida por Oliveira Viana, e transcrita em Tavares Munis.

   Nota bibliográfica recente fornecida por MyHeritage Family Tree ainda indica sobre ele (sem tradução):

José Paulo [erro, de Paula] Cavalcanti de Albuquerque, born about 1774, deceased... 

Governatore delle Azzorre [Açores], del Rio Grande del Norte (Brasile) e di Macao (India).

Married to Felipa de Albuquerque Maranhao, born in 1779 - Brasile

Son José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Born in 1804 - Pernambuco, Brasile Deceased 8 February 1862 - Parigi, Francia, aged 58 years old

Married 17 June 1837, Washington, USA, to Marie Susanne Oakey 1809-1882 (Parents: Daniel Oakey 1773-1845 & Sarah Catherine Forbes ca 1782-1866) with

        Anna Maria Cavalcanti de Albuquerque 1838-1890, Married 23 May 1857, Washington, USA, to Jùlio Constancio de Villeneuve, Comte de Villeneuve 1834-1910.

  --      

 Sua esposa Felipa, pela fonte genealógica Geni, era filha de 

Afonso de Albuquerque Maranhão, IV (1760-1836) nascido e falecido no Rio de Janeiro, Senador, e Ana Maria Rego Barros - filho de Afonso de Albuquerque Maranhão, III e Ignácia Maria da Conceição Ribeiro. Pai de Francisco de Albuquerque Maranhão Cavalcanti; Ana Maria Francisca Cavalcanti Maranhão, [depois] condessa da Boa Vista; Firmina de Albuquerque Maranhão; Inácia de Albuquerque Maranhão; Anna Maria de Albuquerque Maranhão e Filipa de Albuquerque Maranhão. 

   Irmão de Felipa de Albuquerque Maranhão. (99) Ainda sobre o experiente conspirador do clã Suassuna, José Francisco de Paula, referência básica Bittencout, Adalzira - opus cit. pg. 300.

(100) A fonte genealógica familiar e recente já referida, citada acima na nota 98.

(101) Amaral - Breno Gontijo. Mestre em História Universidade Federal de Minas Gerais -  brenohistoria@gmail.com.br “Brevíssima biografia do governador José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque”, revista Temporalidades, PDF.  

(102) A documentação é referente ao fretamento de um brigue “Sally Dana” a mando de Domingos Dias Martins “para ir á Moçambique levar uma carta ao capitão geral da capitania” – documento que se encontraria na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (referência de Oliveira Viana nota XLVI) 

(103) Cahú, opus cit. pg. 124, sem citar suas fontes - afirmação que sabemos estão também em Muniz Tavares, pg. CCXXIX.


   

      9 - A atuação conjunta dos netos do patriarca Francisco Xavier durante a revolução de 1817 - (1ª abordagem). As questões táticas e estratégicas dos enfrentamentos militares em 1817 e o significado do martírio do filho do Gal. Suassuna, José Francisco.      



(104) (70) Sobre o filho do cel. Suassuna, honônimo de seu tio José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque morto em combate, ver também comparação com as atividades de seu tio de mesmo nome no item anterior. Ainda notas relativas acima 58, 98, e adiante 113.

(105) Documento de participação na formação de governo revolucionário em 1817, assinado com nome sucinto de Francisco de Paula Cavalcanti Junior - nome quase o mesmo assinado na ocasião por seu pai, que apenas assina Francisco de Paula Cavalcanti - documento transcrito em Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 56 – ver nota 81 e 124.

(106) Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 16, baseado em Melo, Mario – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife 1912. Referida também a atuação conspiratória do conspirador José Francisco na Europa em 1801 e sua transferência para a Inglaterra.

   As informações desta nota com mais detalhes e fontes já em Torres, Rosa Sampaio, “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição gráfica Visual 2001, edição limitada para uso familiar, atualmente em revisão.  

(107) Cahù, opus cit. pg. 92, baseado no artigo “Napoleão I no Brasil”, revista do Instituto Histórico Pernambucano. O tema de contatos com “bonapartistas” também referido em Grieco, Donatello - Napoleão e o Brasil, Bibliex, 1955. 

(108) A movimentação de irmãos de Bonaparte nos EUA, nas proximidades de 1817, em contatos com o nordeste brasileiro pretendendo soltá-lo da ilha de Sta. Helena comentados também por A. Lyra Tavares - opus cit., pg.140. 

(109) Cabral de Mello, Evaldo - artigo “Entre a República e a Monarquia”, usando como fonte o jornal “Folha de S. Paulo”, 4/8/2002.

(110) Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, ouvidor em Pernambuco era membro de família muito rica de Santos, estudara em Coimbra e voltara ao Brasil para exercer funções administrativas - também de formação maçônica. Ver comentário no texto acima e nota 67, ainda 89.

(111) Cabral de Mello, Evaldo - fonte jornal Folha de S. Paulo, 4/8/2002. Ver nota acima 74.

(112) Cahú, opus cit., pg. 123.

(113) Descrição dos enfrentamentos militares em Munis Tavares, capítulos XIII ao XVI.

       Descrição factual desses enfrentamentos também em Cahú, opus cit. pag.116-119.

       Descrição da operação militar “Nativista da Revolução de 1817” resumida na página oficial do Exercito Brasileiro (os grifos são nossos): 

      “Chegou a Vila Nova, a 10 de maio, a tropa reinol enviada pelo Conde dos Arcos, sob o comando do Marechal Joaquim de Melo Cogominho de Lacerda. O corte do rio São Francisco, mesmo no seu curso inferior, era facilmente bloqueável por uma força de pequeno efetivo. Mas nada havia e Cogominho prosseguiu o deslocamento.

   O governo provisório não se mostrou à altura da gravidade do momento. Lançou um manifesto declarando a Pátria em perigo. Tentou, pelo emprego de guerrilhas, conter o movimento contra-revolucionário. Foi tudo inútil. Os insucessos iam-se avolumando.

Em Barra Grande, o Capitão Rego Dantas ficou isolado. Intimado a render-se, declarou que "o sentimento de família, embora altíssimo, perdia todo o seu valor diante do dever patriótico".

Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, designado comandante de uma expedição ao sul da Província com o objetivo de juntar-se depois ao Capitão Rego Dantas, bater o inimigo, contava apenas com 30 praças de infantaria, três peças de artilharia e alguns civis.

A tropa reuniu-se no Engenho Velho do Cabo, tendo como secretário Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca. Sabendo que no Engenho Utinga existia um foco de realistas, deslocou-se naquela direção, à noite. Não foram lançadas vanguardas nem patrulhas que pudessem reconhecer o itinerário. O preço pago pela tropa foi caro. Ela foi surpreendida por uma emboscada num desfiladeiro e ficou em situação difícil. Por fim, os revolucionários, agindo com firmeza e energia, conseguiram restabelecer o controle e contra-atacar, penetrando no engenho sem resistência. Mas Paula Cavalcanti resolveu se demorar no local, não aproveitando o êxito. Deu tempo ao inimigo para reorganizar-se e descuidou da segurança da tropa.

Dominando as elevações da região do engenho, os realistas tentaram novo ataque, mas foram desarticulados pelos fogos da artilharia revolucionária. Novamente Cavalcanti não soube aproveitar a oportunidade e deixou o inimigo escapar.

Na capital de Pernambuco as tropas, num total de 4 mil homens, descansavam. Decidira o governo continuar a combater a contra-revolução. Enviou duas expedições, uma contra a vila de Santo Antão, outra contra as de Paudalho e Tracunhaém, sob o comando dos Cavalcantis – Luís Francisco e José Mariano.

A tropa de José Mariano, caindo numa segunda emboscada, conseguiu recuperar-se e investir sobre a localidade, não aproveitando, no entanto, o êxito obtido.

A força realista do Marechal Cogominho alcançara Serinhaém. Organizaram-se duas expedições republicanas – uma pelo interior, ao comando do Capitão José Francisco de Paula Cavalcanti, outra com Domingos José Martins, pelo litoral. Cogominho foi informado por agentes sobre o deslocamento dos revolucionários. Seria fácil batê-los por partes. Contra Martins foram destacadas duas companhias de infantaria, duas de pardos de Penedo e a de caboclos de Atalaia. Em Engenho Pindoba, próximo ao rio Merepe, ocorreu o choque. Domingos José Martins foi preso.

A 13 de maio, no Engenho Trapiche, [Francisco] Paula Cavalcanti enfrentou Cogominho. Os realistas tinham vantagem de quatro para um. Após uma jornada sem eventos importantes, Paula Cavalcanti procurou retrair. O movimento foi percebido pelas patrulhas realistas e a tropa acabou debandando em pânico, abandonando a artilharia, as munições, a bagagem e a caixa militar, além dos mortos e feridos”. Pernambuco

 Na Paraíba, a contra-revolta realista estendeu-se a Pilar, Itabaiana e Pacatuba. Amaro Gomes foi preso e executado. José Peregrino, seu pai, e mais três oficiais foram recolhidos ao Forte de Cabedelo. José de Barros Falcão de Lacerda, que voltava de Fernando de Noronha com dois navios repletos de pessoal e material, foi preso ao desembarcar na baía da Traição. A população de Alagoas, como a do Rio Grande do Norte, não demonstrou entusiasmo pela república. Uma força naval organizada em Pernambuco para conduzir José Mariano de Albuquerque Cavalcanti (ver nota 150), nomeado Governador civil e militar de Alagoas, não pôde fazer-se ao largo. Três navios enviados por D. Marcos de Noronha e Brito – o Conde dos Arcos – para bloquear a capital forçaram o desembarque dos 60 infantes e 20 artilheiros que levavam quatro peças. A tropa seguiu para seu destino por terra.

Aproveitando o êxito, o Conde organizou uma força terrestre, espalhou emissários e condenou à morte os traidores. Penedo e Vila Nova renegaram a revolução e retornaram à monarquia.

O Capitão Manuel Duarte Coelho, realista, marchou ao encontro de José Mariano. O combate, travado no rio Porto das Pedras, durava quatro horas quando um alarme falso provocou a retirada dos revolucionários. A perseguição realista foi implacável.

Com o retorno de Cavalcanti a Recife, o governo, sem condições de manter-se, buscou salvação na rendição, estabelecendo contato com o comandante da força de bloqueio naval. Espalhou-se o boato de que todos os europeus seriam degolados e Recife arrasada, se a capitulação não fosse concedida. Dois emissários tentaram obtê-la. Rodrigo Lobo exigiu a prisão dos chefes da revolta, dos Governadores e dos comandantes.

O governo revolucionário esmoreceu e por fim dissolveu-se.” 

Fonte blog Exercito Brasileiro – “Revolução nativista de 1817”- Ministério da Defesa – Braço Torte – Mão Amiga. 

(114) Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca - formado no Seminário de Olinda, erudito, tido por atuais fontes maçons do estado como freqüentador da “Academia” Suassuna e das aulas do hospital do Paraíso. Ver mais nota acima 88. José Mariano Albuquerque Cavalcanti atuou militarmente de forma importante e notória em 1817 com o Gen. Suassuna - e certamente como maçon havia com ele conspirado no Rio de janeiro e Pernambuco para a deflagração do movimento – ver sobre ele nota 150. Ambos pelo que se constata muito ligados ao General Suassuna.

(115) O Coronel Luís Francisco irmão do General teria sido responsável pela organização da frota revolucionária, segundo Cahú – opus cit. pg.102; há indicações realmente do envio de um brique à Moçambique – ver texto e nota 101. Este brique “Sally Dana’ já comentado por Oliveira Lima na Nota XLV. 

(116) Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951 - sobre Luis Francisco, pg. 133. 

(117) Detalhe do enfrentamento relatado por Cahú, opus cit., pgs. 100/s.                

(118) Cahú, Sylvio de Mello - opus cit., pg. 123 e 124. A captura de Martins e do Pe.  Souto Maior ocorre numa cabana, onde se haviam homiziado depois do confronto do rio Merepe e da retirada - quando muitos outros foram chacinados, inclusive o filho do Suassuna, pg. 125.

(119) Pe. Dias Martins - Martires Pernambucanos, pg.17. 

(120) Trecho do nosso livro sobre “Antonio Cavalcanti, o da Guerra” ainda no prelo, ondeafirmo : “Matias de Albuquerque manteve o inimigo no perímetro das fortificações  urbanas de  Olinda e seu porto, Recife, por meio de aguerridas "companhias de emboscada" - pequenos grupos de dez a quarenta homens, que com muita mobilidade atacavam de surpresa os holandeses e se retiravam rapidamente, reunindo-se depois para novos combates”. Efeito semelhante sabemos foi usado muitas vezes na marcha de Luis Barbalho Bezerra, nesta guerra holandesa, e pelas “carreiras dos mazombos’ na Guerra contra os Mascates em 1710.

(121) Comentários sobre José Peregrino de Carvalho em Cahú - opus cit., pg.100.

(122) Sobre o jovem seminarista Manuel Cavalcanti de Albuquerque, ver item específico do nosso trabalho “1817” e também o artigo “O Ramo do engenho Castanha Grande” no nosso blog.

(123) Também citado no inquérito e na Lista de presos nas Cinco Pontas com data de chegada e saída para a Bahia, publicada pelo Ministério de Educação e Cultura, Documentos Históricos, em “Revolução de 1817”, Ed. CV, Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações – 1954 – sobre coordenação do historiador José Honório Rodrigues, então Diretor da Divisão de obras Raras, pgs. 105-106. 

  Referido por Carlos Xavier de Pais Barreto - “A família Cavalcanti no Brasil” - Revista genealógica Latina, São Paulo 1952, pg.247-350, 253-256. 

(124) Documento transcrito em Cahú, opus cit. pg.54. Francisco de Pádua, o filho do Gal. Suassuna, teria assinado o documento de governo sem referir seus vários sobrenomes, apenas acrescentando ao nome do seu pai um Junior ao final. Também seu pai não assinou seus vários nomes, limitando-se a assinar apenas Francisco de Paula Cavalcanti. Ver discussão sobre assinatura de nomes de contumazes rebeldes nativistas a seguir no próprio texto.

(125) Documento publicado em livro sobre a Revolução de 1817 pela BN, referido acima. O nome de Antonio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque aparece neste documento relativo ao processo que incrimina a família. Seu nome, entretanto, não consta na lista dos presos. Estaria ele em outro local, não acessível? Assunto abordado ainda na sua biografia específica.

(126) Sobre as alterações em nomes comuns nestes casos, ver texto acima e nota 124. Pelas severas punições sofridas na Revolução de 1817 os Suassuna serão comprometidos em sua boa fama e no Império, ainda vistos em certos círculos políticos mais conservadores com suspeição por suas antigas posturas revolucionárias tidas como radicais. Ver comentários sobre o Visconde de Albuquerque, texto abaixo.

   Ainda relativamente à troca eventual de nomes entre os conspiradores Cavalcanti - temos que o patriarca da família pode ter sido listado como Francis Xavier Albuquerque (como aparece na lista de detidos da BN em 1817), ele no caso já com cerca de 87 anos – seu nome pode ter sido adulterado como camuflagem. Não confirmamos, porém, esta possibilidade. Ver comentários nota abaixo 127, pergunta 9.

(127) Relacionamos nessa nota algumas das indagações que se mantiveram em aberto no decorrer deste trabalho, seja pela repetição dos nomes que nos confundiam ou por motivos outros de ocultação  proposital visando evitar punição ou manter a reputação da familia, e que podem ter assim  ficado sem esclarecimento. As respostas poíveis ,prováveis ou até hipotéticas explicitadas:


1-José Francisco de Paula, irmão mais velho do Suassuna participou do campo de luta, como propõe Adalzira Bittencourt? 

 - É muito provável, mas não no campo de luta no Brasil. A partir das informações do brique “Sally Dana” enviado à Moçambique, onde então servia, pode ter sido José Francisco  contatado para, de Moçambique, dar apoio à Revolução. Não sabemos se o brique e a carta foram apreendidos. 


2- Onde e quando morreu o conspirador José Francisco de Paula? Há documentos de enterramento de seu corpo em Moçambique? 

 - Provavelmente não há comprovação de sua morte em Moçambique, mas lá teria servido depois de 1816 - ver infomações de uma ode a ele dedicada por um padre  no Açores em 1815, ver item 8. Mais provável que tenha morrido em Goa (Macau) como é referido por fonte genealógica recente, mas também sem data de sua morte.


3- Um dos filhos do Suassuna teria morrido em batalha?   

 . Muitas são as fontes confirmando a morte de José Francisco de Paula, o sobrinho, filho do Suassuna, em combate. Dias Martins relata as condições em que foi encontrado  martirizado.  Ver discussão no texto, item referente. 


4- Qual seria o verdadeiro nome deste parente morto em batalha em fuga e de forma brutal ? 

  José Francisco de Paula, o segundo filho do gen. Suassuna, homônimo de seu  tio conspirador. 


5 - O que se assina Francisco de Paula Cavalcanti Junior no documento de formação de governo em 17 era um de seus filhos? qual deles ? 

  Certamente o primeiro filho do General Suassuna, Francisco de Paula, como comprovamos.


6- Quem assinou o acordo em Beberibe, o pai ou o filho de mesmo nome – ainda  Luiz Francisco ? 

 - Certamente pelas condições comentadas, teriam participado do pacto de Beberibe o filho Francisco de Paula e o irmão do Suassuna, Luiz Francisco - o General, falecido pouco antes - e o jovem filho Luis Francisco embarcado como punição para Lisboa. Outros descendentes, sobrinhos também participaram do episódio de Goiana em 21, embarcados e presos.


7- Por qual motivo foi incriminado e enviado para Lisboa o sobrinho Francisco Rego Barros no ano de 1821 ? 

 Rebelião militar, estabelecimento de novo governo, etc. Não foram criminalizado por falta de elementos probatórios, ainda que sua participação tenha sido efetiva. Há informação de Oliveira Viana do navio em que foi enviado para Lisboa com seu irmão Sebastião Rego Barros e outros parentes. Ver texto em item referente.


8- Porque a filiação materna de Francisco Rego Barros ficou obscurecida em algumas de suas linhas genealógicas? 

Para não ligá-lo, certamente, durante suas atividades no Império com a ação subversiva  dos  Suassuna em 1817 -  pois ele  era sobrinho do clã e como cadete atuou. 


9 – Em que ano de nascimento e morte do patriarca Francisco Xavier?    

   Por informações recentes recolhidas no documento do pedido de fidalguia, sabemos que o patriarca Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque teria nascido em 1731. Mas não temos ainda a data certa de seu falecimento. Este trabalho sugere a data de 1801 para seu falecimento, mas as somprovações do autor a nosso ver não são suficientemente convincentes. (Silva – Welber Carlos Andrade da – “As elites de Sto Antonio – Poder representação e sociabilidade”- tese de mestrado da Universidade rural de Pernambuco – Recife 2012. http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/bitstream/tede2/4807/2/Welber%20Carlos%20Andrade%20da%20Silva.pdf)

    O idoso patriarca do clã Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, caso ainda não tivesse falecido poderia ainda constar em lista de detidos com o nome adulterados de Francis Xavier Cavalcanti, curiosamente sem data de saída da prisão  - se vivo, talvez logo solto por sua idade avançada – Ver comentário na nota 126 e item 9. 


10- Houve realmente um processo com pedido de fidalguia por parte do patriarca Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque em Portugal ?  

   Recentemente foi localizado este documento, já citado na nota 4737ª, que confirma o pedido e também a negativa na obtenção desta fidalguia. Mesmo ele gozando de patentes militares, produtor de açúcar, possuidor de três engenhos e proprietário de imóveis no Recife, com mãe da “fidalguia da terra”. A negativa talvez já por obstáculos de autoridades portuguesas a ele, e aos Cavalcanti de modo geral. É possível que, frente a problemas futuros por participação de seus filhos em conspirações da época, o patriarca desejasse a segurança da fidalguia que lhe evitaria uma devassa. Por outro lado já pressentimos alguma desconfiança postuguesa pela ocorrência da Conspiração Baiana de 1798. Ver nota 5 e 25.


11- Houve participação de Antonio Francisco de Paula, filho do Suassuna, futuro Visconde de Albuquerque nos episódios de 21 em Goiana, e em 24 na revolta do Equador, como sugere o genealogista Carlos Xavier de Paes Barreto em seu trabalho na Revista Latina?                   

   Constatamos que o filho do Suassuna, Luiz Francisco, fora preso e embarcado junto com os irmãos Rego Barros desta sua geração, ainda o primo José Francisco de Paula, filho homônimo do seu tio José Francisco de Paula. 

   Portanto, há séria possibilidade do Visconde de Albuquerque, também filho do Suassuna, ter se envolvido em conspirações em 1821 em Goiana - como ocorreu com os Rego Barreto, futuro Visconde de Vista Alegre e o morgado Paes Barreto, depois Marques do Recife – como nos sugere Carlos Xavier de Paes Barreto em seu trabalho genealógico na Revista Latina. Mas apenas uma indicação ou duas não seria suficiente para uma afirmativa mais categórica, já que a nosso ver ele não foi preso ou embarcado. Há indícios e grande probabilidade dessa participação, mas não provas concretas. Ver texto abaixo sobre o Visconde de Albuquerque onde o assunto ainda é discutido, ainda nota 159. O historiador Evaldo Cabral de Melo em seu livro recente cita também o nome de Antonio Francisco entre os que estiveram envolvidos nas tratativas republicanas que deságuam na Confederação do Equador em 1824, fato que também seria até mesmo provável, dado o pendor republicano da família e sua índole conspirativa - ainda que o genealogista Carlos Xavier o cite em 1824 apenas como acompanhando a posição do morgado Paes Barreto em respeito à Coroa. Sua biografia oficial confirma apenas ter ele acompanhado o Morgado em defesa dos direitos “de sua majestade, da Independência e da integridade do Império”. 



10 - Os Suassuna após o fracasso do movimento de 1817 - Punições, união e coragem familiar após o fracasso do movimento de 1817.         



(128) Ver comentários sobre a morte do filho do Suassuna, Jose Francisco de Paula, no item referente à atuação de seu irmão, homônimo do sobrinho, ainda notas 58, adiante texto e nota 113. 

(129) Comentário sobre a defesa de gen. Suassuna no processo de 1817 é referido por Oliveira Lima, M.T. Nota CXXVI. Estas defesas, como as que constam da devassa na conspiração de 1801 não podem ser levadas muito em conta, tendo em vista grande número de inverdades alegadas pelos rebelados na época, pois mentiam para escapar sem nenhum pudor. Preferimos levá-las apenas parcialmente em consideração. As criticas por maçônicos e radicais ao comportamento escravocrata dos Suassunas posteriormente à derrota, cremos, não procede - o Suassuna ainda proprietário de muitos escravos que constaram de seu inventário. Esta a maior incongruência do movimento, a nosso ver - e que já vinham também das conspirações baianas de 1798 que envolveram escravos. 

(130) O filho mais velho do General suassuna , Francisco de Paula, foi detido vários meses na Cinco Pontas, também enviado preso para a Bahia. Ver fontes nota adiante 153 e 155.

(131) O irmão Luíz Francisco, revolucionário na patente de Coronel, consta da lista dos detidos como preso de 23 de julho 1817 a 16 de out de 1817. 

(132) Antonio de Paula, com cerca de vinte anos foi indiciado, mas não preso - talvez por sua idade e baixa patente. Ver também referido nota 61.

 (133) O sobrinho provavelmente foragido era Antonio Balduíno de Cavalcanti de Albuquerque Aragão, filho de sua irmã Tereza - ver texto, nota 26  e 141. 

(134) O escravo do general, Floriano Soares, é referido no processo instaurado e já citado, e aparece mais tarde como alforriado por seus serviços no seu próprio inventário. Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque IAHGP_1821_0000_FPCA – Arquivo digital do Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. Arquivo analisado em primeira oportunidade por Maria de Fátima Dias Coelho, mestranda da Anpuh-Brasil no artigo “Ecravos nos processos de Inventários: Relações e trabalho nos engenhos dos Cavalcanti no período compreendido entre 1801 e 1822 na Província de Pernambuco”- apresentado no 3º simpósio Nacional de Historia - Recife-1919.


   11 - O papel solidário de D. Mariana.    

    

(135) Nota-se no trabalho da genealogista Bittencourt, opus cit. pg. 305, que o prenome Mariana era muito adotado na família dos Suassuna - uma das filhas da matriarca, Mariana Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque, casada com o Dr. Francisco do Rego Barros, e a outra Mariana filha do próprio cel. Suasuna.  

(136) Há notícia na mídia eletrônica de que o Engenho Suassuna foi realmente invadido pelos holandeses no sec. XVII em um dos assaltos à Muribeca, quando pertencia a João de Barros Correia, filho de Fernão Soares, que por fim devia a WIK. O historiador Evaldo Cabral de Melo nos dá noticias deste engenho em “O Bagaço da Cana”, pg. 98. Um descendente também João de Barros Correia mais tarde teria participado da fronda contra os Mascates, seu nome referido em carta do Frei Caneca reproduzida em Evaldo Cabral de Melo, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, pg. 283.

(137) Indicações em um texto de Raimundo Suassuna - “Os Suassuna – uma estirpe....”, pdf, cedido por Rachel Suassuna. Referido pelo autor o período em que José Francisco de Paula foi presidente desta província (1806-1811). Ver também trabalho “Ramos nativistas...” já no blog. A ser colocada também a lista descendentes não nobilitados.

(138) Informações unânimes de várias ramos familiares quanto ao papel desta parente Mariana, inclusive depoimento da jovem Raquel Suassuna descendente da família na atual geração - a tradição oral familiar referida por Rachel em parte confirmada pelo histórico do engenho Suassuna referido na nota acima  

     Nossa informante Raquel Suassuna refere D. Mariana, e são suas palavras por e-mail em 2014: “A Sra. Mariana [d. Mariana  Correia de Albuquerque]  casada com  Raymundo Francisco Salles sugeriu ao marido o uso do sobrenome Suassuna (veado negro em tupi) por nacionalismo. Parece que depois de uma batalha, num lugar chamado riacho do veado negro. Já ouvi falar que foi neste lugar onde os meus ancestrais ganharam uma batalha”. Rachel acrescenta que esta senhora Mariana era antepassada dos Suassuna da linha não nobilitada de Ariano Suassuna. 

     Comprovamos na mídia eletrônica que este Engenho Suassuna foi realmente invadido pelos holandeses em um dos assaltos à Muribeca no sec. XVII quando pertencia a João de Barros Correia, filho de Fernão Soares, que por fim devia a WIK. O historiador Evaldo Cabral de Mello dá noticias deste engenho em “O Bagaço da Cana”, Ed. Pinguim, pg. 98, conforme referimos na nota acima 136.


12 - A continuidade da atuação independentista dos jovens da terceira geração de Suassuna (2ª abordagem) durante a revolta de Goiana em 1821 com os primos  Rego Barros. 



(139) A atuação da família Rego Barros antiga aliada dos Cavalcanti de Albuquerque é comentada por Cabral de Mello, Evaldo - O Bagaço de Cana, col. Pinguin, Ed. Cia das letras, 2012 – item “Engenho Maciape”, pg. 83 e item “Engenho Maria Barrosa’; também em A Fronda dos Mazombos, Companhia da Letras, 1995, pg. 395 e índice onomástico. A memorialista Maria Cristina C de Albuquerque refere os Rego Barros em O Magnificat - Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti, Fundação Gilberto Freyre, Tempo Brasileiro, Recife, pg.129. Ainda Torres, Rosa Sampaio “Os Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates”, no prelo; e item específico no artigo “1817”, publicado no blog da autora.

   Refere Maria Cristina C. de A. - opus cit, pg. 129: “Cosme, Manuel e José do Rego Barros receberam mais maltratos que os demais... serviram apenas para condená-los a desfilar pela povoação, em condições aviltantes”.

   Evaldo, Cabral - A Fronda dos Mazombos, pg. 395: “Escoltados por terra para o Recife ai entraram em começo de junho passando por vexames idênticos aos que já haviam sofrido em Gioana [desfilando em ferros]”. 

(140) Joaquim José Rego Barros assinou o documento que formara o governo revolucionário de 1817 no Rio Grande do Norte - sua assinatura constando em documento transcrito em Cahú, pg. 72. Ver nota acima 24. Aparece como detido na lista da Bahia. Intimado em 1819.  Não sabemos a causa de sua morte, tida na fonte Geni como em 1818. Atuou com um seu filho João Joaquim da Cunha Rego Barros, (2º barão de Goiana) e apresentou defesa que consta em adendo ao livro de Muniz Tavares. Nota-se proximidade familiar de Joaquim Rego Barros com os da Cunha Cunha e os Coutinho. Ver abaixo.

Informações genealógicas na fonte Geni sobre Joaquim José da Cunha Rego Barros (1775 - 1818).

Filho de Capitão João da Cunha Rego Barros e Josefa das Neves Teixeira.

Esposo de Rita Maria de Jesus Coutinho [?]

Pai de João Joaquim da Cunha Rego Barros, 2º barão de Goiana; Margarida Coutinho da Cunha Rego Barros; Joaquina Maria de Jesus Coutinho; Rita Maria de Jezus Coutinho; Inácia e 3 outros

   Irmão de Francisca Xavier da Cunha; Maria José do Coração de Jesus; 2ª Filha; 3ª Filha; 4ª Filha e outra 5ª filha.

(141) (102) Sobre Antonio Balduíno de Cavalcanti de Albuquerque Aragão, filho da irmã do clã Suassuna Tereza casada com Francisco Garcia d`Ávila da Casa da Torre, ver acima texto e nota 26 e 133. Acreditamos que o filho Antonio Balduino também teria se alistado como cadete em 1817 e conseguido refugiara-se em Sobral, no Ceará, segundo indicação nas notas referidas.

 (142) Os rebeldes chegados à Lisboa pelo brique “Intriga” em 13 de outubro, desembarcaram em 19 de outubro, mas foram logo soltos em 27 do mesmo mês (Oliveira Viana nota CXXXII). Acrescenta a Fundação alguns detalhes sobre o jovem Francisco Rego Barros: “Uma vez liberado, ele viajou para Paris, graduando-se em Matemática .... Em seu retorno a Pernambuco, dedicou-se à política. Com apenas 35 anos de idade, em 1837, foi nomeado Presidente Provincial de Pernambuco, permanecendo no cargo até 1844. Em 1842, recebeu o título de Barão, promovido a Visconde em 1860 e elevado a  Conde de Boa Vista em  1866. Foi eleito senador em 1850 e, em 1865, nomeado Presidente Provincial do Rio Grande do Sul, acumulando as funções de Comandante de Armas... essa província já envolvida na Guerra do Paraguai”. Faleceu em Recife em 1870. 

 (143) O morgado Francisco Paes Barreto é citado em sua própria biografia como tendo também participado da revolta de Goiana em 1821 e embarcado para Portugal com José de Barros Barros Falcão. Fato que também se comprova por sua presença na lista de Oliveira Lima dos embarcados no brigue “Intriga”. 

  A atuação do morgado Francisco Paes Barreto, mais tarde Marques do Recife na companhia de José de Barros Falcão de Lacerda é comentada por Cabral de Melo, Evaldo - A outra independência, pag. 68 - ambos encarregados do levante inicial a partir de Salvador, mas presos depois do atentado ao governador. Após suas prisões ficaram responsabilizados pelo plano do levante Felipe Mena Calado da Fonseca e Manuel Clemente Cavalcanti, que, entretanto, não aparecem na lista dos presos embarcados. 

    Muniz Tavares (Cap.XXI) analisa brevemente o episódio de rebeldia ocorrido contra a pessoa de Luiz do Rego Barreto e relata a ação transloucada e vingativa de um dos quatro irmãos Corte Real, João, no atentado. 

    Oliveira Viana também comenta o assunto M.T. Nota CXXXII.  Dias Martins, pag. 275, relata o castigo corporal de Francisco José de Mello e afirma que ele já havia participado da Revolução em 17, sem que fosse grandemente culpabilizado.  

    Em Leite, Glacyra Lazzari – Pernambuco 1824: A confederação do Equador. Fundação Joaquim Nabuco, ed. Massangana, 1989, é referido o apoio na revolta de 21 por parte do núcleo do engenho de Ignácio Vieira de Melo, o Tamataúpe, e de Joaquim da Cunha Souto Maior do eng. Cangaú. Ver texto abaixo e nota 166 107a.

(144) O genealogista Carlos Xavier Paes Barreto no artigo “A família Cavalcanti no Brasil” in Revista Genealogica Latina, São Paulo, 1952, pg. 91, indica a possível participação na revolta de Goiana em 1821 de Antonio Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, filho do Suassuna e futuro Visconde de Albuquerque. Mas na lista de embarque no brique “Intriga” apenas são mencionados dois Paula Cavalcanti - José e Luis. Da participação de Antonio não temos outras indicações para melhor comprovação, ainda que a prisão do morgado Francisco Paes de Barros e de seus primos Francisco e Sebastião Rego Barros, ainda José Francisco de Paula, bem como de seu irmão Luis Francisco na mesma ocasião sugira também o seu envolvimento, mas não sua prisão. Ver texto abaixo e “Nota sobre o Marques do Recife” (Francisco Paes Barreto) na nota 166.

(145) Bernardes opus cit., acrescenta em item especial sobre este episódio - “A junta constitucional de Goiana e o fim do governo de Luís do Rego Barreto”, pg. 386. Bernardes, opus cit. pg. 226/s também ressalta a repressão que se segue a 1817 - repressão muito rígida contra a população mais pobre, por qualquer deslize acoitados – seus nomes e castigos até mesmo por ele relacionados.

(146) Evaldo Cabral de Mello - A outra Independência, pg. 68-69. Citando suas fontes.

(147) O número de soldados e apoio dos senhores de engenho em Goiana referidos por Leite, Glacyra Lazzari – Pernambuco 1824: A confederação do Equador. Fundação Joaquim Nabuco, ed. Massangana, 1989. A autora nas pgs. 79/s tenta resumir e apresentar o assunto, porém, sem apresentar muitos detalhes - que são apenas apresentados em notas, valendo percorrer suas fontes para um aprofundamento do assunto. 

 Vale também consultar Dias Martins no verbete referente a José Camello Pessoa de Mello, que é bem detalhado e não reporta punição para ele.                                                                                                                                                                                               

(148) A data exata do atentado consta em Documento exarado na sala de governo de Goiana em 30 de agosto de 1821 - governo de que participou Miguel Pessôa de Araújo e o informa militar, capitão com participação no episódio rebelde de Goiana em 1821 - documento reproduzido por Manoel do Rego Abranches - ”Memória Justificativa sobre a conduta do marechal de Campo Luíz do Rego Barreto” (Google livros), pg. 103. Ao fim do texto citada a data do atentado.  Também referido nestes documentos mais de uma vez o nome de José Camello Pessoa de Mello. Cabral de Mello, Evaldo - A outra Independência, pg. 68, refere, entretanto, a data de 21/7/21 para o atentado baseado em noticias da gazeta “Aurora Pernambucana”, sugerindo que o ataque teria sido realizado por um antigo revolucionário, mas por motivos pessoais. O nome do irmão Souto Maior, que sabemos João, não é referido por Evaldo. 

(149) A participação do irmão do Suassuna, Luis Francisco de Paula Cavalcanti, no acordo de Beberibe é já referida por Bernardes – opus cit., pg. 397, que cita suas fontes.  Seu sobrinho homônimo, filho do Suassuna, também teria sido preso e embarcado. 

(150) José Mariano Albuquerque Cavalcanti atuou militarmente de forma importante e notória em 1817 sob comando do General Suassuna. Como maçon ele já havia conspirado no Rio de Janeiro e também em Pernambuco para a deflagração do movimento (ver sobre o assunto texto inicial e nota 76; na nota 66 ver sua provável genealogia; seu resumo na nota 91, ainda citado na nota 114).

   Quanto à sua decidida atuação militar ela é mencionada por Cahu: “O Capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti Lins esmerava-se no cumprimento de suas ordens [ordens de José Mariano Albuquerque Cavalcanti]. Uniu-se também à expedição o tenente coronel José Carneiro Carvalho da Cunha Berenger [de Andrade] com vários de seus milicianos. O Coronel de milícias Cristovão de Holanda Cavalcanti começou a tergiversar pelo qual Mariano o prendeu e o remeteu para o Recife”. (Episódio militar já comentado no texto e nota 62)                   

  Nota oficial do Exercito também refere sua ação militar: 

    ”Decidira o governo continuar a combater a contra-revolução. Enviou duas expedições, uma contra a vila de Santo Antão, outra contra as de Paudalho e Tracunhaém, sob o comando dos Cavalcantis – Luís Francisco e José Mariano. A tropa de José Mariano, caindo numa segunda emboscada, conseguiu recuperar-se e investir sobre a localidade, não aproveitando, no entanto, o êxito obtido”.

 

  Outros trechos da mesma fonte:

     “O Capitão Manuel Duarte Coelho, realista, marchou ao encontro de José Mariano. O combate, travado no rio Porto das Pedras, durava quatro horas quando um alarme falso provocou a retirada dos revolucionários. A perseguição realista foi implacável.

 “Uma força naval organizada em Pernambuco para conduzir José Mariano de Albuquerque Cavalcanti nomeado Governador civil e militar de Alagoas, não pôde fazer-se ao largo. Três navios enviados por D. Marcos de Noronha e Brito – o Conde dos Arcos – para bloquear a capital forçaram o desembarque dos 60 infantes e 20 artilheiros que levavam quatro peças. A tropa seguiu para seu destino por terra”.     

      

      Lembramos ainda que derrotado, o decidido coronel José Mariano Cavalcanti de Albuquerque antes de embarque no navio “Mercúrio” para a Bahia foi seriamente humilhado pelas forças governistas, obrigado a desfilar com correntes ao pescoço na companhia de seus antigos companheiros de ação - do guerrilheiro Frei Caneca, do ouvidor e conspirador maçon Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, e do capitão negro e tenaz, Pedro Pedroso. 

   José Mariano esteve quatro anos em prisão, julgado em Portugal pelo assassinato do brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro em 1817. 

   Foi condenado a degredo perpétuo na Ásia, pena que não foi cumprida. 

   Perdoado, voltou ao Recife onde ainda “teria auxiliado a deposição em 1821 da Junta organizada com a expulsão de Luís Rego” – entendemos que teria participado como intermediador e pacificador do acordo de Beberibe, acorrido após o levante em Goiana no ano de 21.

    Sobre ele texto inicial e notas 76 (conpiração), 66 (genealogia), 91 (resumo), 113 (na atuação militar geral).

    José Mariano já foi por nós referido no artigo “1817” - item relativo ao “núcleo familiar de José de Barros Lima”, pois Mariano foi genro de José de Barros Lima, o "Leão Coroado" 

   José Mariano Albuquerque Cavalcanti casado em segundas núpcias com a filha de Barros, Cândida Rosa de Albuquerque Cavalcanti. Com José Mariano Cândida Rosa teve sete filhos, todos eles assinando “Albuquerque Cavalcanti”. Ver a atuação de Mariano ainda no Império referida na nota 91.

 (151) Sobre a incriminação destes enviados, consultar Bernardes, opus cit. pg. 395, baseado em discurso de Muniz Tavares. A assinatura de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque aposta ao pacto de Beberibe pelos termos propostos reconhecia a participação dos rebeldes na Revolução de 1817.  O atentado ao governador comentado por Cabral de Melo usando fontes de jornal da época. Assunto merecedor de aprofundamento e que será indiretamente retomado na análise da biografia do Visconde de Albuquerque, texto e nota.  Ver outros comentários sobre o assunto, sobre os Andradas e a revolução constitucionalista do Porto, na nota acima 89.  

(152) Bernardes, opus cit. pg. 397.


       

    13 - A atuação política dos filhos do General Suassuna a partir de 1821 e durante o Império (3ª abordagem).  

 


 (153) O mais velho do General Suassuna, Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque que constatamos assinou simplesmente o nome Francisco de Paula Cavalcanti Junior, participou, portanto com seu pai da própria formação do Governo Revolucionário em 1817, punido e enviado para a Bahia. Ver também texto e nota acima 130.

 (154) Resumo da biografia dos seis filhos homens do General Suassuna. Foram eles:

     1- Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880), o mais velho dos seis irmãos. Assinou simplesmente o nome “Francisco de Paula Cavalcanti Junior” participando com seu pai da própria formação do Governo Revolucionário em 1817. Punido, enviado para a Bahia onde permanceu quatro anos até a liberação geral em 1821. Teria também atuado no pacto de Beberibe em 21 com representante dos revoltosos. Readmitido no Exército em 1821. Fez parte da “Junta dos Matutos” em 1823 e ocupou o cargo de presidente da província de Pernambuco pelo partido Conservador em três ocasiões. Visconde de Suassuna em 1860. Casado com Maria Joaquina de Paula C. de A, filha primogênita de sua tia paterna Maria Francisca de Paula C. de A. casada com o revolucionário Joaquim José de Vaz Salgado, e irmã de Teresa de Jesus Salgado Cavalcanti depois casada com seu irmão Luiz Francisco, deputado em várias legislaturas, falecido em 1838.  


   2- José Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1795 -1817) – militar, capitão, faleceu como mártir em enfretamento durante a Revolução de 1817, seu corpo vandalizado - morte em condições trágicas, já comentada no texto. 

    3- Antonio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1797-1863), De formação militar, atuou discretamente em 1817 sendo incriminado com os familiares, mas não preso. Provavelmente atuou também em 1821 discretamente no episódio de Goiana com seu irmão Luiz Francisco e os primos Rego Barros, e Jose Francisco de Paula. Não foi compormetido nesta ocasião.  Deputado nas primeiras eleições à Assembléia Geral Legislativa, Visconde de Albuquerque em 1834, também chamado Holanda. Casado com Emília Amália de Albuquerque foi Senador, Ministro da Fazenda (em 1830, 31, 32, 46, 62) da Marinha (em 1840, 44, 45, 46), Interino de Guerra (45), tendo disputado mesmo com Feijó a regência Una. Conselheiro do Imperador, Ministro de Fazenda no gabinete de 1830, retornou ao Ministério na crise da Abdicação. Foi Grão-Mestre Maçon. Perdeu mais tarde um filho na guerra do Paraguai.

     4- Luiz Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1799 -1838), homônimo de seu tio Luís Francisco. Estudava em Coimbra durante o episódio de 17, e se formou em 1820. Teria participado do episódio rebelde de Goiana em 21. pois constatamos seu nome  na lista dos presos  embarcados para Lisboa, indicado como “o desembargador”. Após a Independência, em 1823 nomeado juiz e depois desembargador da Relação de Pernambuco. Esteve entre os primeiros deputados eleitos para a Assembléia Geral Legislativa, junto de seus irmãos Francisco e Antônio, representando Pernambuco, durante as primeiras sessões legislativas, de 1826 a 1838. Luís foi cotado para concorrer com o Padre Diogo Antônio Feijó à Regência Una, em 1831, mas a escolha acabou recaindo sobre seu irmão Antônio. Em junho de 1835, apresentou à Câmara um projeto propondo a maioridade do Imperador e do Príncipe Imperial aos 14 anos. O projeto foi recusado, mas continuaria fermentando no seio do Partido Liberal e, cinco anos depois, se concretizaria no Golpe da Maioridade. Faleceu cedo, aos 39 anos de idade. Foi casado com sua prima Teresa de Jesus Salgado Cavalcanti, filha de sua tia paterna Ana Maria Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de Joaquim José Vaz Salgado, revolucionário de 17. 

5- Manoel Francisco de Paula Cavalcanti (1804 - 1894), formado em Matemática em Coimbra, em 1821. Militou no partido Conservador diversas vezes como deputado provincial e uma vez como suplente da Assembléia Geral. Elevado a barão de Muribeca em 1860.  Casou-se com sua prima Maria da Conceição do Rego Barros, filha de sua tia paterna Mariana Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de Francisco do Rego Barros. Manoel foi senhor de vários engenhos. No engenho São João, localizado na freguesia da Várzea, em Recife, faleceu na avançada idade de 89 anos, já viúvo.  Não teve filhos, 

  6 - Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1806-1875) irmão mais moço.  Barão em 1860 e Visconde de Camaragibe em 1875 - formado em Direito pela Universidade de Coimbra, doutorado também em Direito na Universidade de Goeting na Alemanha em 1827. Deputado Provincial diversas vezes, foi Deputado a Assembléia Geral em seis legislaturas, tendo presidido a Câmara diversas vezes. Senador por sua Província, nomeado em 1869. Do Conselho do Imperador. Camaragibe desposou Ana Tereza Correia de Araújo, a filha do Coronel Manoel Correia de Araújo, senhor do engenho Serinhaem, representante dos agricultores no governo revolucionáriode 1817.

   Fontes dessas pequenas notas biográficas: informações básicas da genealogista Adalzira Bittencourt - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965 - listagem baseada em Jaboatão e Borges da Fonseca, corrigida por Carlos Xavier de Paes Barreto, pgs. 300, 339 e 340. Também Torres, Rosa Sampaio – “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição, Gráfica Visual, 2001, edição limitada para uso familiar e atualmente em revisão, e o artigo “Os Cavalcanti em Questão” no blog da autora. Complementações em http://www.sfreinobreza.com/ANB02.HTM (Archivo Nobiliarchico Brasileiro) e na Wikipédia.

     Acrescidas informações a partir também desta nossa atual pesquisa. 

(155) Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque (1793-1880)  participou  e assinou  o primeiro  documento de formação de governo, já referido por Cahú. Preso em 30/5 de 1817, enviado para a Bahia em 11 de junho  como  1º Tenente da 4ª Cia do Recife,  com cerca  de 24 anos -  fonte documentos da BN, citada lista dos presos na Cinco Pontas com datas de entrada e outras indicações. Teria também atuado no episódio de Goiana em 21 como representante dos revoltosos.  Ver texto e notas acima 105, 123, 154 e abaixo 156.    

(156) Francisco de Paula foi readmitido no Exército em 1821 data que consta na sua biografia como Visconde de Suassuna, A. Bittencourt, opus cit.  pg.349. 

(157) (117) Dias Martins refere sua jovem esposa que muito teria sofrido com sua prisão, Maria Joaquina Cavalcanti Salgado - cujo pai também atuara em 1817, e não sabemos um possível irmão, o cadete Antonio José Inácio Salgado indicado na lista de presos de 1817. Ver texto acima sobre a atuação de seu pai Joaquim José de Vaz Salgado 21, 81, 154. 

(158) O historiador Cabral de Melo, Evaldo, em Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, editora 34, pg. 34.

(159) Cabral de Melo, Evaldo - A Outra Independência, editora 34, pg. 175, cita seu nome entre os que estiveram envolvidos em tratativas republicanas que prepararam a Confederação do Equador em 1824. Evaldo cita suas fontes. Já o genealogista Carlos Xavier refere a sua atuação próximo ao episódio da Confederação do Equador de 1824, mas o refere acompanhando a posição do Morgado Paes Barreto na defesa da Coroa. Carlos Xavier Paes Barreto “A família Cavalcanti no Brasil” in Revista Genealogica Latina, São Paulo, 1952 pg. 91. Ver comentário e texto mais adiante nota 166.

(160) Seria este apelido Holanda uma tentativa de confundir o publico e fazer esquecer o pesado registro histórico de seu nome e sua própria participação em 1817? Fato provável, porque o genealogista Carlos Xavier sugere que ele foi durante o Império cobrado e criticado pelas posturas passadas da família. Ver texto e nota 122.

    Sua mãe a jovem Maria Rita (+1814) era da 8ª geração dos Holanda Cavalcanti, filha de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, descendente na 7ª geração do tronco Holanda, casado com Maria Manoela de Mello – Maria Rita era neta pelo pai de Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque que viveu no Apoá na primeira metade do século XVIII, capitão – mor de Trucunhaem. Maria Rita, portanto, casada com seu primo o cel.“Suassuna” da linha descendente de Antonio Cavalcanti “o da Guerra” holandesa, revolucionário independentista em 1817 - unidas, mais uma vez, as duas vertentes familiares Cavalcanti de Albuquerque e Holanda Cavalcanti de Albuquerque. (fonte Cristovão Buarque de Holanda - Ensaio Histórico e Genealógico, 2007, pg. 30, Torres, Rosa Sampaio, “Ramos nativistas dos Cavalcanti de Albuquerque”, no blog.

(161) Uma nota biográfica alentada do Visconde de Albuquerque consta em Bittencout. A., opus cit. pg. 339; também em Carlos Xavier de Paes Barreto, opus cit. abaixo.

(162) Paes Barreto, Carlos Xavier - “A família Cavalcanti no Brasil” in Revista Genealógica Latina, São Paulo, 1952, pg. 91. 

(163) Lyra Tavares em seu livro Brasil-França, pg. 179. Sabemos por fontes inseguras e apenas enciclopédicas que também José Bonifácio de Andrada em 1831 pedira apoio ao diplomata francês Eduardo Pontois para um possível translado do jovem príncipe brasileiro em caso de necessidade, frente às instabilidades políticas para São Paulo, para onde pretendia  mudar a capital, “obtendo resposta evasiva do estrangeiro”.

(164) Paes Barreto, Carlos Xavier - “A família Cavalcanti no Brasil”, Revista Genealogica Latina, São Paulo, 1952, pg. 91. 

(165) Devemos explicitar que seu tio José Francisco de Paula casado com Felipa Albuquerque Maranhão (1803?) teve um filho homônimo, José Francisco de Paula, nascido em 1804, preso e embarcado também no episódio de Goiana em 1821. Esse mais novo José Francisco consta no documento ‘Lista dos Embarcados’ de Oliveira Viana. Há informações de sua atuação no Império. 

  Este mais novo José Francisco de Paula fontes genealógicas familiares estrangeiras e recentes indicam: married 17 June 1837, Washington, USA, to Marie Susanne Oakey 1809-1882 (Parents: Daniel Oakey 1773-1845 & Sarah Catherine Forbes ca 1782-1866) with

  Sua filha Anna Maria Cavalcanti de Albuquerque 1838-1890 Married 23 May 1857, Washington, USA, to Jùlio Constancio de Villeneuve, Comte de Villeneuve 1834-1910.

(166) O morgado do Cabo, Francisco Paes Barreto (26 de Maio de 1779 - 6 de Setembro de 1848) no Império tornado Marques do Recife - várias vezes citado neste trabalho foi antepassado do genealogista Carlos Xavier Paes Barreto. Citamos texto da filha do genealogista, Noêmia Paes Barreto em Os Paes Barreto de Rio Formoso - Rabaço Editora, 1992, pg. 226. Esta autora, baseada em informações do pai, afirma sobre o Morgado, mais sugerindo do que informando: 

“Teve [o Marquez do Recife] atuação forte nos movimentos revolucionários pernambucanos. Esteve várias vezes preso. Expôs a sua vida e a de sua esposa, gastou fortunas em revoluções. Foi preso a 23 de maio de 1817. Sofreu no cárcere de Lisboa dois anos. Voltando a pátria, envolve-se na conspiração de Goiana, presidindo a junta Provisória. Governador imposto pelo trono contra Paes de Andrade.” (Noêmia Paes Barreto, Os Paes Barreto de Rio Formoso - Rabaço Editora, 1992, pg. 226).  Não referida diretamente pela autora detalhes de sua atuação real e de sua punição em 21, e mesmo detalhes de sua ação em 24. 

   Entretanto, biografia do Marquês em fonte enciclopédica recentemente consultada, hoje já mais completa, com erro na data de seu nascimento, afirma: 

                               “Francisco foi herdeiro do título e dos direitos do "Morgadio do Cabo", recebendo por herança uma grande quantidade de terras, formada pelo Engenho Velho, Santo Estevão, Ilha e Guerra. Dedicou-se à agricultura e dispondo de grande quantidade de terras, fundou os Engenhos de Campo Alegre, São José, Caramuru, Junqueira e Camaçari, totalizando nove engenhos de açúcar.

                              Rico e com grandes poderes, exerceu diversos cargos públicos. Era proprietário e diretor do hospital do Paraíso, onde uma sala era reservada para as reuniões maçônicas da Academia do Paraíso. Tinha à sua volta vários amigos, parentes, agregados e grande número de escravos. [o historiador Bernardes também reconhece sua conivência com os conciliábulos no hospital Paraíso de sua propriedade].

                              Exerceu grande influência na conspiração em favor da independência. Ao se iniciar a Revolução de 1817, ficou à frente de um grupo revolucionário, como capitão-mor comandante da Companhia de Ordenanças do Cabo. Reunindo suas tropas, se dirigiu ao Recife, participando do cerco ao Forte do Brum, contribuindo para a prisão do governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

                               Reunidos no largo do Erário, preparavam a Constituição do Governo Provisório da República. Com prestígio e fortuna, esperou ser eleito membro do Governo Republicano, mas seu nome não estava na lista. Decepcionado retirou-se para o Cabo, acompanhando os acontecimentos, sem negar apoio à República.

                               Diante da vitória das tropas reais, Francisco Paes Barreto propôs uma rendição honrosa dos revolucionários, que não aceitaram e deixaram a cidade. Paes Barreto foi preso e remetido para Bahia, nos porões do navio Carrasco, e colocado na cadeia da Relação, onde permaneceu durante quatro anos.

                             Com a anistia geral, em 1821, de volta ao Recife, foi novamente preso, acusado pelo Governador Luís do Rego, de envolvimento com o atentado contra sua vida. Junto com vários pernambucanos, foi remetido para Lisboa [enviado para Lisboa como liderança do episódio que referimos em texto acima]. Após a vitória da Revolução Constitucionalista do Porto foi libertado [1823] e autorizado a voltar para sua terra. De volta às atividades políticas, presidiu a Junta de Governo, mas ameaçado por grupos populares, retirou-se para o Cabo.

                               Com a promulgação de uma Constituição pelo imperador D. Pedro I, cabia ao mesmo nomear os presidentes das Províncias e Paes Barreto foi nomeado para Pernambuco, no dia 23 de fevereiro de 1824. A junta, presidida por Manuel de Carvalho Paes de Andrade recusou-se a entregar-lhe o poder. Os desentendimentos entre a junta e o imperador se aprofundaram e Manuel de Carvalho proclamou a Confederação do Equador, separando Pernambuco do império, em 2 de julho de 1824.

                              A revolução teve curta duração -  por terra, as tropas comandadas por Francisco de Lima e Silva, cercaram e venceram os rebeldes. Paes Barreto não foi mais indicado para a presidência da Província, mas recebeu a honra de Grã Cruz da Ordem Imperial e o título de Visconde do Recife, com grandeza, em 4 de maio de 1825. Viajou para o Rio de Janeiro onde recebeu o título de Armeiro-Mor do Império e foi elevado a Marquês do Recife, por carta imperial, em 12 de outubro de 1825. Faleceu no Recife, em 6 de Setembro de 1848”.  

(167) Informações de Bittencourt sobre a morte do filho homônimo de Antonio, pg. 341 cita várias fontes entre elas Lucas Alexandre Boiteax - artigo no Jornal do Comércio 18-6 - 1933.


(168) Sobre Manoel Correia de Araujo, companheiro revolucionário de seu pai em 1817, responsável pelo novo governo rebelde na pasta da Agricultura, ver o item especifico em nosso trabalho “1817’.

(169) Segundo Bittencourt, A - opus cit. pg. 341,

(170) Trabalho acadêmico apresentado recentemente sobre este descendente do ramo Suassuna, trabalho que temos como superficial e preconceituoso, a autora afirma: “Camaragibe desposou Ana Tereza Correia de Araújo, a filha do Coronel Manoel Correia de Araújo, também membro da classe dos senhores de engenhos e escravos, que fez parte do governo provisório revolucionário de 1817, como representante da lavoura na sua composição, mas que depois mudou de lado e se juntou as forças contra revolucionárias”. Este comentário é no mínimo superficial e preconceituoso, se não mesmo desrespeitoso para com um líder pernambucano que havia ficado preso nas masmorras da Bahia durante quatro anos, até 1821, ameaçado de deportação - e que senão era um radical, caminhou junto com muitos deles pela nossa Independência.  O comentário da doutora em História, Suzana Cavani Rosa, no artigo “Um líder conservador no Império: perfil, atuação política e redes de sociabilidade do Visconde Camaragibe, em Pernambuco e na Corte, entre as décadas de 1850-1860”. XXVII, Simpósio Nacional de História, Natal – Rio Grande do Norte, 2013.

Conclusão 

(171) Genealogia dos Pires de Carvalho [Cavalcanti] de Albuquerque [Desudará]: 

       -Filipa Cavalcanti de Albuquerque, filha do florentino e da mameluca Catarina (retirou-se para a Bahia na ocupação holandesa) + Antonio Holanda de Vasconcellos, filho Arnau de Holanda. Descendentes:   

1g- Antonio de Vasconcellos Cavalcanti 

2g- Francisco de Vasconcelos Cavalcanti

3g- Baltazar Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque + Antonia de La Peña Deus Dará (irmã de Aldonça, filha de Francisca de La Peña DeusDará e Simão da Fonseca de Siqueira – fonte Geni). Os nobilitados DeusDará com notável papel não oficial na defesa contra a ocupação holandesa - duplamente enobrecidos, pois já eram da nobreza de toga portuguesa Alves ou Álvares de Carvalho, conforme nossos trabalhos sobre Antonio “da Guerra” e a genealogia dos Álvares de Carvalho)

4g - Tereza Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque DeusDará (estimada 1638-1698) + José Pires de Carvalho, tiveram dois filhos: 

5g - José Pires de Carvalho e Albuquerque e 5g- Salvador Pires de Carvalho e Albuquerque - ambos membros da Academia dos Esquecidos, de simpatias nativistas. José Pires de Carvalho e Albuquerque (1677-1759) foi vereador em Salvador e procurador da Rainha, comprou o solar do Unhão. Seu filho 

6g - José Pires de Carvalho e Albuquerque, alcaide-mór de Maragogipe, Capitão-Mór da Bahia e Secretário de Estado do Governo do Brasil casado com  Anna Maria de São José de Aragão, que herdou o morgado de seu tio, Francisco Garcia d´Ávila. Este José Pires comprometido na Conjuração Baiana de 1897 no qual os proprietários que compunham a “corporação dos enteados” entregaram alguns de seus escravos à justiça para livrarem-se da acusação de prática sediciosa (cf.Patricia Valim). O casal teve, entre outros, três filhos que por seus esforços independentistas foram depois de 1822  enobrecidos pelo Império:      

7g. 1- José Pires de Carvalho e Albuquerque (n.1778) – este sem descendência legítima não logrou herdar o morgado.  

       2 - Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (n.1785), Barão e depois Visconde da Torre de Garcia D’Ávila - ”seguiu para o seu Castelo, onde organizou e de onde comandou a base de operações do exercito libertador, renovando os relevantíssimos serviços que na invasão holandesa prestara seu avô Francisco de Ávila ....”(segundo Taunay, Affonso d'E. em “Grandes Vultos da Independência Brasileira”, publicação comemorativa do Primeiro Centenário da Independência Nacional - Editora Melhoramentos de S. Paulo, 1922, pgs. 153-159),

- 3 Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque (n.1786), depois Barão de Jaguaripe, “da junta administrava, ditatorialmente dissolvida pelo General Madeira, eleito para a junta revolucionária, aclamado seu presidente, é o chefe do Governo que dirige a Província em todo esse dificílimo período”.

- 4 Coronel de Linha Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (Salvador, 1788 – Salvador, 29 de julho de 1848), Brigadeiro graduado, Barão e depois Visconde de Pirajá - o mais diligente dos irmãos, chamado cel. Santinho - “envolve-se nas primeiras conspirações; submetido a Conselho, retira-se para os seus engenhos, levanta os ânimos, arma soldados à sua custa e é quem primeiro se apresenta no campo de luta, de que saiu arruinado” (ainda segundo Taunay, Affonso d'E). Consultar informações sobre a Guerra de Independência na Bahia.

(172) Sobre o assunto controverso e já com nossa vigorosa crítica, o artigo “Cavalcantis em Questão” no nosso blog http//:rosasampaiototrres.blogspot.com/

(173) Foram inúmeros os nossos trabalhos realizados sobre o Cavalcanti na Itália, e sobre sua origem franca – trabalhos sempre publicados no nosso  blog, inúmeros outros  em revistas européias. Em especial: sobre a importante figura do poeta Guido Cavalcanti, celebrado por Dante no sec. XIII; sobre a política republicana dos Cavalcanti no sec. XV e XVI; estudos e levantamento dos antepassados de Felipe di Giovanni Cavalcanti; sobre a Conspiração Pucci e Cavalcanti de 1559, etc. Alguns artigos relativos ao Brasil Colônia também citados neste trabalho, constam da lista bibliográfica.


         ------------


Documentos citados:  


Biblioteca Nacional - Documentação da “Conjuração dos Suassunas” - volume CX dos Documentos Históricos (Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1956).  

Documento de participação na formação de governo revolucionário em 1817, apresentado e transcrito em Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg. 56.

Documento de correspondência enviada por Domingos Teotônio Jorge [Martins Pessoa]  às autoridades portuguesas, apresentado e trancrito por Cahu, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817. Biblioteca do Exercito, 1951, pg.131. 

 Documento “nota para rendição” apresentada e reproduzido em Cahu, pg.129 

 Biblioteca Nacional - Lista de presos nas Cinco Pontas, com data de chegada e saída para a Bahia, publicada pelo Ministério de Educação e Cultura, Documentos Históricos, em Revolução de 1817, Ed. CV Biblioteca Nacional, Divisão de obras raras e publicações – 1954 – sobre coordenação do historiador José Honório Rodrigues, então Diretor da Divisão de obras Raras.

IAHGP - Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque IAHGP_1821_0000_FPCA – Arquivo digital do Inventário de Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. Arquivo analisado em primeira oportunidade por Maria de Fátima Dias Coelho, mestranda da Anpuh-Brasil no artigo “Escravos nos processos de Inventários: Relações e trabalho nos engenhos dos Cavalcanti no período compreendido entre 1801 e 1822 na Província de Pernambuco”- apresentado no 3º simpósio Nacional de Historia - Recife-1919.

Arquivo Histórico Ultramarino - Foro de Fidalgo Cavaleiro de Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque. AHU_ACL_CU_015, Cx.224, D.15122.

Documento já utilizado por Welton Carlos Andrade da Silva, mestrando da Unviersidade Rural de Pernambuco, Recife, 2012.  http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/bitstream/tede2/4807/2/Welber%20Carlos%20Andrade%20da%20Silva.pdf

Documento também referido por mestranda do Laboratório de Ensino e Pesquisa de História (LAPEH) UFPE. Recife. 2019, em trabalho sobre o Visconde de Camaragibe Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque (1806-1875). 


Arquivo Público da Bahia - Lista dos implicados na revolução de 1817 presos na Bahia -– cópia do original, documento apresentado por Muniz Tavares, Francisco, Pe. – História da Revolução de Pernambuco de 1817. Introdução M. L. Machado, Impresa Industrial, Recife, ed. Comemorativa, 1917 - Notas de Francisco de Oliveira Lima. 

Biblioteca Nacional - Lista do enviados no Brigue “Intriga” para Lisboa – documento apresentado por Oliveira Lima em Muniz Tavares, Francisco, Pe. – História da Revolução de Pernambuco de 1817. Introdução M. L. Machado, Impresa Industrial, Recife, ed. Comemorativa, 1917 - Notas de Francisco de Oliveira Lima. 


Bibliografia consultada ou citada:

 

Abranches, Manoel do Rego - ”Memória Justificativa sobre a conduta do marechal de Campo Luíz do Rego Barreto” (Google livros)

 Barata, Alexandre Mansur - Maçonaria, sociabilidade ilustrada e independência do Brasil, 1790-1822. São Paulo: Editora UFJF, 2006.

 Barata - Carlos Almeida e Bueno, Antonio Henrique Cunha, Dicionário da Família Brasileira (DFB) – Ibero-América.

 Barbalho, Nelson. Cronologia Pernambucana: subsídios para a História do agreste e do sertão. Vol.10. 1801-1810. Recife : FIAM, 1983.

 Braga, Flavia Bruna Ribeiro da Silva -  “Republica, Jacobinismo e Liberdade - A Revolução Francesa em Pernambuco (1796-1802)” artigo  apresentado no  X Congresso da Anpuh Pernambuco e editado na revista Ebornal, v.4 2013.

 Bernardes - Denis Antonio de Mendonça -  O Patrionismo Constitucional: Pernambuco, 1820-1822, Hucitec, S.Paulo – Recife, 2006.

 Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1965.

 Buarque de Holanda, Cristovão - Ensaio Histórico e Genealógico, 2007 (Google).

 Cabral de Mello, Evaldo - O Bagaço de Cana, col. Pinguin e Ed Cia das Letras, 2012.

 Cabral de Melo, Evaldo Frei Joaquim do Amor Divino e Caneca, Editora 34 – 2001.

 Cabral de Mello, Evaldo - A outra independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824, Editora 34, 2004.

 Cabral de Mello - A Fronda dos Mazombos, Companhia da Letras, 1995.

 Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exército, 1951.

 Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina - O Magnificat - Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti, Fundação Gilberto Freyre, Tempo Brasileiro, Recife, 1990.

 Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina – Olhos Castanhos, 1ª ed. Bagaço 2009 - 3ª ed. 3ª ed. Bagaço, 2017.

 Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina – O seminário, ed. Bagaço, 2015.

 Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina - Memorial do Bispo Assassinado – Olinda, Bebeco, 2017.

 Dias Martins, Pe. Joaquim - Mártires Pernambucanos: victimas da liberdade nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. Typ. de F. C. de Lemos e Silva. Pernambuco, 1853.

 Gonçalves de Mello - Tempo dos Flamengos, Topbooks, Ed Universidade, 2001. 3ª. edição.

 Grieco, Donatello - Napoleão e o Brasil, Bibliex, 1955. 

 Leite, Glacyra Lazzari – Pernambuco 1824: A confederação do Equador, Fundação Joaquim Nabuco, ed. Massangana, 1989.

 Melo, Mario – A Maçonaria e a Revolução de 1817 – Recife, 1912.

 Mello Mourão, Gonçalo de Barros Carvalho de – A Revolução de 1817 e a História do Brasil- Um estudo de história diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão, 2009.

 Muniz Tavares, Francisco, Pe. – História da Revolução de Pernambuco de 1817. Introdução M. L. Machado, Impresa Industrial, Recife, ed. Comemorativa 1917 – com e Notas de Francisco de Oliveira Lima.

 Muniz Tavares, Francisco, PE.  – História da Revolução de Pernambuco de 1817. Casa Civil de Pernambuco, ed. 1969. Notas de Francisco de Oliveira Lima.

 Paes Barreto, Carlos Xavier – Primitivos Colonizadores Nordestinos. R.J. Usina de Letras, 2010. 2ª ed. revista.

 Paes Barreto, Noêmia - Os Paes Barreto de Rio Formoso - Rabaço Editora, 1992.

  Pereira da Silva, J.M. - História da fundação do Império brasileiro – Rio, 1864-1865

 Quintas, Amaro – A Revolução de 1817 – José Olimpio, 2ª ed. 1985.

 Rocha Pombo - Historia do Brasil – 5 vol. Ed. 1942.

 Ribeiro. João - História do Brasil, Ed. Paulo de Azevedo, 1966.

 Soares, Ulysses Brandão de Carvalho - Pernambuco de Outrora - A Confederação do Equador, Oficinas Gráficas, 1924.

 Tavares, A. Lyra - Brasil-França, Biblioteca do Exercito, 1979. 

 Torres, Rosa Sampaio – Família Cavalcanti de Albuquerque, livreto, 1ª edição, Gráfica Visual, 2001, em revisão.

 Torres, Rosa Sampaio – Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra”, no prelo.

 Torres, Rosa Sampaio - Os Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates, no prelo;

 Taunay, Affonso d'E - Grandes Vultos da Independência Brasileira, publicação comemorativa do Primeiro Centenário da Independência Nacional, Editora Melhoramentos de S. Paulo, 1922,

 Valim, Patrícia - Corporação dos enteados: tensão, contestação e negociação política na Conjuração Baiana de 1798. Salvador, EDUFBA, 2018.

 Varnhagen, Francisco Adolfo  – História Geral do Brasil, 3ª edição citada por Amaro Quintas, com notas de Capistano de Abreu e Rodolfo Garcia.

   

Artigos e Teses:

 

Amaral, Breno Gontijo do – artigo “A carta de amor ou sobre conspiração epistolar desencontrada”, Revista Seculum, n. 28, Revista de História, jan./junho de 2013.

 Amaral, Breno Gontijo do – artigo, “Brevíssima biografia do governador José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque”, revista Temporalidades, PDF. Com documento anexado.

 Cabral de Mello, Evaldo - artigo “Entre a República e a Monarquia”, publicado no jornal “Folha de S. Paulo” em 4/8/2002.

 Cadena, Paulo Henrique –“Ou há de ser Cavalcanti ou há de ser Cavalgado” – tese de mestrado em História pela Unversidade Federal de Pernambuco, 2011, PDF

 Neves, Guilherme Pereira das - “A suposta conspiração de 1801 em Pernambuco: Ideias ilustradas ou conflitos tradicionais?” Revista Portuguesa de História. Coimbra, tomo 33, 1999.

 Silva – Welber Carlos Andrade da – “As elites de Sto Antonio – Poder representação e sociabilidade” - tese de mestrado da Universidade Rural de Pernambuco – Recife, 2012. http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/bitstream/tede2/4807/2/Welber%20Carlos%20Andrade%20da%20Silva. pdf

 Rosa, Suzana Cavani - artigo “Um líder conservador no Império: perfil, atuação política e redes de sociabilidade do Visconde Camaragibe, em Pernambuco e na Corte, entre as décadas de 1850-1860”. XXVII Simpósio Nacional de História, Natal – Rio Grande do Norte, 2013.

 Suassuna, Raimundo - “Os Suassuna – uma estirpe”, pdf.  Introdução de Ariano Sausssuna.

 Oliveira Lima, Manoel – “Notas” ao livro de Muniz Tavares História da Revolução de Pernambuco de 1817, Casa Civil de Pernambuco, ed. 1969.

 Pais Barreto, Carlos Xavier de – artigo “A família Cavalcanti no Brasil” - Revista Genalogica Latina, São Paulo 1952.

 Pereira das Neves, Guilherme - “A suposta conspiração de 1801 em Pernambuco: idéias ilustradas ou conflitos tradicionais”. Revista Portuguesa de História, 33.

 Pereira Neves, Guilherme - “O suporte conspiratório de 1801 em Pernambuco”, ed. 1999.

 Pessoa, Reynaldo Xavier Carneiro - artigo “O Testamento político de Arruda Camara”, Comunicação de Estudos de 7 de julho de 1972.

 Tavares, Luis Henrique Dias - “Escravos no 1798”, Serie Historia do Nordeste, vol. I 25-63, 1993. pdf.

 Torres, Rosa Sampaio – artigo “Os Sdegnosos Cavalcanti”, editado no blog  http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ em 2013.

Torres, Rosa Sampaio - artigo “Os Cavalcanti em Questão”, publicado no blog  http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ em 2014.

 Torres, Rosa Sampaio - “Jorge Cavalcanti de Albuquerque”, editado no seu blog, 2014.

 Torres, Rosa Sampaio- “O Ramo do engenho “Castanha Grande”, no blog em 2014.

 Torres, Rosa Sampaio – “Guido Cavalcanti, Cavaleiro e Poeta”, Revista Incomunidade do Porto ed.36, julho de 2015.

 Torres, Rosa Sampaio - “Capitulo X da Divina Comédia”, Revista Incomunidade do Porto, ed.41 – dez. 2015.

 Torres – Rosa Sampaio – “Um Albuquerque pela Independência Brasileira”, revista Athena do Porto, maio de 2018.

 Torres, Rosa Sampaio – “A Surpresa de Heleni” (ramo do engenho Cachoeirinha, AL.), no blog em 2019.

 Torres - Rosa Sampaio - “1817”, publicado no blog em 2020   http://rosasampaiotorres.spot.com/

 Torres – Rosa Sampaio – “A dez milhas de Colônia” – Revista Athena, Porto, número de novembro de 2020.

 Torres – Rosa Sampaio- “Principais Ramos de Cavalcanti de Albuquerque”, 2021, no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/

 Valim, Patrícia – “Da sedição dos mulatos à Conjuração Baiana de 1798: a construção de uma memória histórica”. Dissertação de Mestrado, DH/FFLCH/USP, 2007.

 Valim, Patricia – “Reformas estimulam ou evitam revoluções ? Os dízimos da Capitania da Bahia e a conjuração baiana de 1789”. Revista de História da USP, no 176, 2017, Departamento de História.

  

Outros Sites e Blogs ainda consultados:

  

Órgão oficial de Governo do Rio Grande Norte

 Http://blogs.diariodepernambuco.com.br/historiape/index.php/paulo-santos-de-oliveira/

 Exército Brasileiro - Revolução Nativista de 1817- Ministério da Defesa – “Braço Forte – Mão Amiga”.

 Blog “1817, A cidade das fitas brancas”, do historiador Josemir Camilo.

  

 Fontes orais consultadas: 

 

Claudete Cavalcanti de Albuquerque Massard – genealogista

 Carlos Alexandre da Fonseca Lima, informações de sua familia pelo facebook 2021

 Marcelo Bezerra Cavalcanti – pesquisador pela família Cavalcanti nas bibliotecas florentinas

 Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque – romancista e memorialista

 Oziel Cavalcanti de Gusmão, memorialista do ramo central dos Cavalcanti Albuquerque de Gusmão, já falecido.

 Raquel Suassuna, descendente do ramo Suassuna não nobilitado, por e-mail em 2014.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário