Ao Relembrar Milton Santos

Recentemente trouxeram-me a lembrança um caro nome - o de Milton Santos.


Era ele intelectual respeitado, de cor negra, o que menos importa, ainda que coisa rara entre nós. Intelectual respeitado internacionalmente, o que talvez importe muito. O fato de ter sido punido pela ditadura, talvez, fato ainda mais relevante, talvez mesmo um galardão.

Com ele foram punidos tantos de sua geração... lembro, os meus melhores mestres.
Aqueles que, ao perceberem uma aluna dedicada, se debruçavam sobre ela com carinho.

Assim meu querido amigo, incentivador e mestre, José Werneck da Silva, punido também pela ditadura, historiador sério, paraninfo sistemático das turmas da PUC onde se refugiou. Ao final se dizia, com modéstia, um dedicado mestre escola.

Hugo Weiss, a quem dediquei minhas pesquisas sobre o Tenentismo. Através dele descobri minha própria vocação para o estudo da História, por suas boas notas, seu interesse pelo bem de seus alunos, seu conhecimento sólido. Vocação podada de historiador, tornou-se por pouco tempo ainda, porque morreu cedo, bem sucedido e premiado publicitário. Com sua viva inteligência, se daria bem em qualquer campo. Perda irreparável para a nossa memória histórica e nossos conhecimentos.

Manuel Mauricio, de melhor sorte, conseguiu ainda realizar uma primeira revisão na nossa historiografia, com sua pequena “Historia do Brasil”.

Lembro ainda nesta oportunidade o mestre e filósofo, Carlos Henrique Escobar, com obra em vários campos, líder da passeata dos cem mil que saiu do IFCS, preso e encapuçado, ele que é asmático. Por fim desistiu daqui, foi sobreviver em Portugal.


Não podia realmente esquecê-los, ao relembrar Milton Santos. Era uma turma de bons amigos e companheiros que se respeitavam como intelectuais, mutuamente.

Deixaram-me muito boas lembranças... e seus conhecimentos.

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