Notas sobre a Confederação do Equador

 

Notas sobre a Confederação do Equador

ANTONIO DO MONTE

 

INTRODUÇÂO

 

    Depois do fracasso da Revolução Pernambucana de 1817 ocorre uma cruel repressão absolutista que traumatiza a sociedade nordestina - sacrificadas inúmeras personalidades nativistas e independentistas da sociedade tradicional e popular, membros de gerações sucessivas que haviam atuado desde a expulsão dos holandeses, e mesmo na Fronda Nativista de 1710.  Nestes episódios passados, membros da família Cavalcanti de Albuquerque haviam se destacado muitas vezes como liderança, conforme comprovamos em inúmeros de nossos trabalhos.

    Mesmo com o traumatismo social causado pela repressão de 1817, ocorre dois anos depois, em 1821, uma revolta militar de fundo constitucionalista em Goiana, com participação ainda da nova geração desta família Cavalcanti de Albuquerque do ramo Suassuna e aliados -  mais uma vez presos e enviados para julgamento em Lisboa (ver nosso trabalho “Suassuna – Ramo dos Cavalcanti de Albuquerque”).

    Mesmo conseguida e garantida nossa Independência em 1922 pelas lutas na Bahia sob a liderança dos Cavalcanti de Albuquerque Pires de Carvalho, ocorre ainda no ano de 1824 nos estados nordestinos uma nova Revolução com característica especialmente autonomista e republicana, agora denominada Confederação do Equador.

   

  Pernambuco não aceitara a Constituição outorgada por D.Pedro I, e Manuel de Carvalho Pais de Andrade de influência maçônica e liberal, presidente da província, proclama a Confederação do Equador que uniria as províncias de  Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Os idealizadores deste novo Estado preconizavam a adoção de uma constituição do tipo colombiano. O objetivo seria a criação de um Estado soberano e republicano com a autonomia das províncias confederadas. Pelo que comprovamos neste atual trabalho, membros da família Cavalcanti de Albuquerque também participaram deste episódio rebelde em 1824.

    Temos que Antonio do Monte, por participar da Confederação do Equador e por esta participação com vários outros rebeldes foi enforcado, seria também membro da família Cavalcanti de Albuquerque. O nosso atual artigo tem, portanto, por objetivo tentar melhor identificá-lo.


DESENVOLVIMENTO

 

1 - Antonia do Monte  

   

     Por vários motivos do passado nativista podemos supor que nosso Antonio do Monte possa ter tido parentesco, por seu prenome, com Antonia do Monte Cavalcanti (chamada Mantinha ou Sara), calculamos nascida cerca de 1790, falecida próximo de 1854 - senhora Cavalcanti estabelecida com seu esposo José Lins Cavalcanti de Albuquerque, chamado Num (n. 1786-1869) na Paraíba, no povoado de S. Miguel de Taipu entre 1813 e 1814.  Saídos de Itamaracá, casados em 1808, com o 1º filho nascido em 1810 (1).   

     Antonia do Monte Cavalcanti pelas datas de seu filho e de seu pai é por nós calculada como nascida cerca 1790, filha de Luíza [ou Luzia] Margarida Cavalcanti (II) e Joaquim Francisco Cavalcanti de Mello - este nascido cerca de 1760 (2).

  

   Constatamos desde logo que Antonia do Monte por sua mãe, Luíza Margarida Cavalcanti [II], seria descendente de Margarida de Souza, esposa de Antonio Cavalcanti, o “da Guerra“ - herói na guerra holandesa em 1645.

    Em sua própria geração, Antonia do Monte também teria ligação próxima com Felipa Cavalcanti de Albuquerque, matriarca do clã Cavalcanti de Albuquerque “Suassuna” – clã numeroso e na ocasião muito ativo, líderes na Revolução de 1817.  O parentesco de Antonia do Monte com Felipa (Maria Felipa Ferreira de Souza Cavalcanti de Albuquerque) viria pela avó de ambas, Luíza Margarida Cavalcanti I.

    Esta sua prima em segundo grau, Felipa, certamente manifestava ainda um forte sentimento nativista – descendente do ramo de Isabel Cavalcanti, mãe Antonio “da Guerra”, e recentemente soubemos, neta de André Vieira de Melo. André havia participado na Fonda da nobreza em 1710 e morrido na prisão do Limoeiro em Lisboa, na companhia de seu pai Bernardo Vieira de Mello, ao esperar julgamento (3).  

   Os ideais nativistas dos ancestrais de Antonia do Monte e especialmente de Felipa muito próximos e ainda vívidos - inspiradores e motivadores para a Revolução de 1817 e a ação política independentista no nordeste - cada vez mais aprofundada, autonomista, e no ano de 1824 mesmo republicana.

    Por informações familiares que constam no livro “Gente de Taipu”, Antonia do Monte teria tido uma filha com seu mesmo prenome, e ainda uma neta Antonia do Monte. O prenome “do Monte” seria originário da fé em S. Antonio do Montepaolo (4). 

   Em período histórico tão conturbado no Nordeste, Antonia do Monte em sua geração esteve inevitavelmente cercada de muitos parentes contestadores - parentes que aos poucos fomos identificando ao aprofundar nossa pesquisa. 

     Seu próprio esposo José Lins Cavalcanti de Albuquerque era irmão do padre revolucionário João Marinho Falcão (1768-1834), que pregava na paróquia do povoado de Taipu e havia conseguido escapar aos castigos da Revolução em 1817 - ambos filhos de Maria Lins de Albuquerque e Francisco Berenger de Andrade (calculamos n. c. 1740 - f. depois de 1788) (5).

    Antonia esteve ligada por parentesco também a Lourenço Bezerra Cavalcanti (n. 1759 - f. 1824) dono do engenho Abreus em Traculhaém (Bezerros-PE) - membro da linha Bezerra Cavalcanti de Albuquerque de Tracunhaém e Vertentes, cujos filhos irão participar dos enfrentamentos da Confederação do Equador em 1824, estabelecidos a partir desta região do Taipu (em parte sua linha descendente Rufino Bezerra Cavalcanti) (6). Observamos que Lourenço foi casado com Inês Albuquerque Mello (documentada), tia de Antonia do Monte (irmã de seu pai), sendo o batizado do primeiro filho de Antonia celebrado na década de 1810 no sitio de Lourenço em Paquivira, Tracunhaém. O padrinho nesta ocasião foi o tio paterno de Antonia, Francisco Berardo Cavalcanti -  revolucionário detido por ocasião da repressão à Revolução de 1817 no próprio engenho Taipú, mantido preso na Fortaleza das Cinco Pontas, conseguindo sair no ano seguinte (7).

   Notando -se também que os sogros de José Bezerra Cavalcanti, filho de Lourenço, haviam se mudado com seus filhos para Taipu pouco antes de 1824 – o casal José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha e Angela Felícia De Albuquerque Lins e Mello [de Albuquerque Lins e Mello] (8) - José Pedro membro do notável núcleo familiar de irmãos Berenger de Andrade /Carneiro da Cunha/ do engenho Tiúma em Pernambuco - núcleo de revolucionários que, em conserto, atuaram na Revolução de 1817 e mesmo já ressaltado em alguns de nossos trabalhos.   O patriarca Pedro da Cunha [Berenger] de Andrade, senhor do engenho Tiuma em Pernambuco (n.1732-1802) tivera vários filhos muito comprometidos em 1817 e este seu filho José Pedro chegou mesmo a atuar na Confederação do Equador em 1824 a partir de Taipu (9).

    Entre esses irmãos de José Pedro, o mais notório revolucionário foi José Carneiro de Carvalho da Cunha [Berenger de Andrade] que em 1817 já havia se tranferido para a Paraíba - foi líder militar, tenente coronel muito ativo em combates no ano de 1817 com o General “Suassuna”. Também desta mesma irmandade Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (1784-1852) é lembrado por cronistas de época como rico proprietário na Paraíba. Originário do mesmo engenho Tiúma dos Carneiro da Cunha de Andrade, Joaquim participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e esteve nos cárceres de Salvador, na Bahia, até 1821 (citado pelo Pe. Dias Martins, pg. 164).  

    Outros vários irmãos de José Pedro, constatamos, em diferentes intensidades haviam participado dos episódios revolucionários de 1817 (10) um deles citado pela fonte Geni como de nome Antônio de Melo e Albuquerque, sem que tenhamos até agora qualquer referência memorialística ou de historiadores. Observamos ser este quase o mesmo nome do anterior dono do engenho Taipu - Antonio da Costa de Albuquerque Mello, segundo pesquisa recente de Carlos Francisco Bandeira de Melo (2017).

    A posse do engenho Taipu fora, tudo indica, mantida no passado pelos descendentes de Antonio Cavalcanti “o da Guerra”. Mas já nesta geração esteve temporariamente na propriedade de Lourenço Bezerra Cavalcanti, que o tranfere de Antonio da Costa de Albuquerque Mello para um seu filho – sendo posteriormente o engenho Taipu ainda adquirido por José Lins, marido de Antonia do Monte (11).

   Sugerimos que em geração anterior a estes episódios revolucionários de 1824 tenha havido ligação de parentesco entre a família do pai de José Lins, o Num (Francisco Berenger de Andrada e sua esposa Maria Lins [Cavalcanti] de Albuquerque) e a família do pai de Antonia do Monte (um Cavalcanti de Mello) - ainda a família do patriarca Pedro Cunha de Andrade pela presença do sobrenome Mello no nome do seu filho Antonio da Costa de Albuquerque Mello – quase o mesmo nome trazido agora à luz pelo pesquisador BANDEIRA DE MELLO (2017), como dono do engenho Taipu.  Para confirmar esta nossa suposição é indicado pela fonte genealógica Geni que um dos irmãos do patriarca Pedro levou não só o nome de  Antônio de Mello Bezerra de Albuquerque, mas sua meia-irmã seria também Inês Teresa de [Albuquerque] Mello (tia de Antonia por seu pai?) - e seu ultimo filho como vimos ainda referido como Antônio de Mello e Albuquerque (nosso Antonio do Monte?) (12).

 

2 - O povoado de Taipu – “núcleo familiar republicano” em 1824

 

    A jovem senhora Antonia do Monte, como constatamos, teria sido cercada neste período revolucionário de 1817 por muitos parentes revoltosos e a região de Taipu tornada refúgio de revolucionários.

    Próximo ao ano de 1824 a localidade de Taipu teria se tornado até mesmo sede de um importante “núcleo familiar conspirativo republicano” - núcleo composto pelos filhos do velho Lourenço Bezerra Cavalcanti, n. 1756, seu filho Lourenço Cavalcanti de Albuquerque (1792-1867) e José Bezerra Cavalcanti de Albuquerque n.1793. José também comprara terras em Santa Rita - localidade realmente muito próxima de Taipu na ocasião - acompanhado de sua esposa Ana Maria José [Carneiro da Cunha] [Lins e] Mello de Jesus (n.1795) e da família de seu sogro José Pedro - que pouco antes de 24 sediara-se nesta região, no engenho Boa-Vista (13).

    José Bezerra Cavalcanti (n. 1793) participará das atividades rebeldes republicanas de 1824 lideradas por Frei Caneca, provavelmente acompanhado por seu irmão Lourenço B.Cavalcanti e a família de seu sogro, José Pedro dos Reis Carneiro da Cunha. A família de seu sogro incluía ainda um filho, o Major Diogo Soares de Albuquerque. Quando rebentou a Revolução de 1824 acompanharam as tropas rebeldes de Frei Caneca, em sua debandada para o Norte (14).  Notamos, entretanto - por ocasião da revolta do Equador em 1824 o velho Lourenço Bezerra Cavalcanti (1759-1824) senhor do engenho Abreus já estava viúvo de Ignes Albuquerque Mello (1770-1816), falecendo neste mesmo ano de 1824.

       As atividades republicanas do aguerrido e importante núcleo familiar de José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha, já sediado em Taipu antes de 1824, e suas conseqüências são descritas pelo cronista de época, João Nazareno Carneiro Campello:

... [José Pedro]... poucos anos depois de ahi estar rebentou a revolução de 1824 em que tomou parte com seu filho Major Diogo Soares de Albuquerque, acompanhando tropas rebeldes em sua debandada para o Norte, recolhendo-se depois da restauração ao centro de sua família. Achou a sua fazenda e fortuna completamente arruinadas” (15).

 

3- A Confederação do Equador

    O movimento de caráter autonomista e republicano da Confederação do Equador fora liderado pelo carmelita Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Após sufocada a pretensão autonomista pernambucana, evitando maiores retaliações, os insurretos republicanos radicais saíram militarmente formados de Olinda em 13 de setembro de 1824, e atravessando os sertões uniram-se depois a companheiros no Ceará e Maranhão (16).

    Bem antes, entretanto, em Riacho das Pedras na Paraíba (Itabaiana) em 24 de maio (data de placa comemorativa local) havia sido travado combate de 4 horas entre rebelados e legalistas, resultando cerca de cem mortos - os legalistas retirando-se, os rebelados seguindo para o Ceará. Deste primeiro confronto teria sido o comandante, novamente atuando o jovem Estevão José Carneiro da Cunha que já atuara em 1817, filho do João Carneiro da Cunha, proprietário do “engenho Araripe, também oriundo do Tiúma (17).

     Em retirada para o norte, os rebeldes chegaram a reunir, entre soldados de primeira e segunda linha, guerrilheiros e paisanos com família, quase três mil pessoas (18). Temos informações que no Ceará o Pe. Gonçalo Albuquerque Mello, que adotou o nome nativista Mororó, tenha participado como líder do movimento, e o estado mobilizando  até mesmo populações de povoados indígenas (19).

    Mas a coluna republicana de frei Caneca enfrentando combates na localidade de Couro d´Anta sofreu novas e duras baixas - cerca de 20 homens entre os mortos e feridos. Pela dificuldade em conseguir provisões de água e alimentação, já próximo à Crato, no limite de suas forças, em 29 de novembro foram por fim rendidos - tendo um corneteiro das forças rebeldes desmaiado por falta de alimentação matinal.

       Frei Caneca em seu relato, de forma sucinta, menciona que o capitão–mor da forças de Garanhuns José Tenório de Albuquerque, o capitão Lourenço Bezerra Cavalcanti, José de Albuquerque Cavalcanti e Antonio Cavalcanti de Albuquerque (!) chegaram a ser contatados pelas forças rebeldes para auxílio ao movimento - Caneca refere neste texto nomes que pensamos truncados ou parciais. Mas provavelmente  José Bezerra Cavalcanti, filho de Lourenço  (n. 1756) não o tenha acompanhado até o fim (20).

     Os principais líderes apresados e punidos com o fracasso do movimento -  o jornalista Cipriano Barata já anteriormente preso; o Padre Mororó executado no Ceará, e Frei Caneca, mentor intelectual do movimento, fuzilado dia 13 de janeiro de 1825 no largo das Cinco Pontas, no Recife - enfraquecendo, dessa maneira, o movimento .   

      Por conta de seu envolvimento com a Confederação do Equador foram condenados à morte por Comissão Militar instituída para o Ceará, além do Padre Mororó, José de Andrade Pessoa, Francisco Miguel Pereira Ibiapina, Luiz Ignácio de Azevedo e Feliciano Carapinima.  Ainda enforcadosos três primeiros no Rio de Janeiro e os demais no Recife - João Guilherme Ractcliff (já envolvido na luta anti-absolutista em Portugal), Joaquim da Silva Loureiro, João Metrowich, Agostinho Bezerra Cavalcanti e Souza, Nicolau Martins Pereira, James Heide Rodgers, Antônio do Monte e Francisco Antônio Fragoso (21).

     O republicano rebelde Antonio do Monte é citado várias vezes por Frei Caneca no seu relato sobre o decorrer do movimento, enforcado em 19 de março 1825 – em mais de uma ocasião Antonio é referido como militar ativo e liderante na patente de major, participante desta coluna militar republicana e autonomista que cruzou, em conflitos militares, deste Olinda em Pernambuco, passou pela Paraíba e alcançou o Ceará (22).

   Tudo indica que Antonio do Monte fosse, portanto, membro desta parentela Cavalcanti/Cunha de Andrade, e que ainda no ano de 1824 estivesse influenciado pelas tendências libertárias e republicanas de antepassados e parentes. Mesmo havendo pedido clemência ao novo Imperador foi martirizado pelas autoridades, agora recém estabelecidas (23).

   Lembrando que outro Cavalcanti – Agostinho Bezerra Cavalcanti e Souza fora também enforcado pela mesma razão.  Agostinho já foi por nós rememorado como membro do núcleo de senhores de engenho do S. Bartolomeu em Pernambuco atuantes em 1817. Por ter acompanhando frei Caneca em 1824 na revolução do Equador, Agostinho Bezerra Cavalcanti e Souza, igualmente um Cavalcanti, fora também enforcado em 19 de março de 1825 no Recife – e o temos pelos seus prenome e sobrenome, Bezerra Cavalcanti, ainda datas, como realmente fazendo parte (filho?) do núcleo familiar rebelde Bezerra da Silva Cavalcanti - núcleo familiar colaborador em 1817 no engenho S. Bartolomeu em Pernambuco.


CONCLUSÃO 

     Pretendendo identificar a família a que pertencia Antonio do Monte enforcado em 1824 por participação na Confederação do Equador, acabamos por levantar o vasto círculo de relações de sua possível parenta Antonia do Monte Cavalcanti - senhora de nome semelhante e da mesma geração.

  Constatamos que esta senhora de engenho em Taipu descendia  de Antonio Cavalcanti “o da Guerra“ e nesta geração ainda era prima de Felipa, a matriarca do clã Suassuna -  naquela ocasião os Suassuna líderes na Revolução em 1817, do mesmo ramo Cavalcanti de Albuquerque ainda portador de profundos ideais nativistas dos seus antepassados, precursores independentistas.

    Ao final deste trabalho, além de sugerir a identificação e a origem familiar de Antonio do Monte, comprovamos a presença de inúmeros outros parentes próximos que haviam cercado esta sua parenta Antonia (sua provável prima) na região de Taipu antes mesmo de 1817 - pois tudo indica teriam ambos, Antonia e Antonio do Monte uma tia em comum - Inez Albuquerque Mello (documentada), esposa de Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque n.1756. Como se demonstra no corpo do trabalho, Inez, tia de Antonia do Monte, irmã de seu pai, seria também meia-irmã do pai de Antonio do Monte, Pedro da Cunha de Andrade, patriarca do clã revolucionário do engenho Tiúma em Pernambuco. 

     Constatamos que parentes revolucionários haviam cercado Antonia do Monte e seu marido desde que o casal se estabeleceu em Taipu, antes Revolução de 1817 - como o irmão de José Lins, Num, o Pe. Marinho Falcão, pároco na localidade – ainda  seu tio por parte de pai Francisco Bernardo Cavalcanti de Mello, detido no próprio engenho Taipu. Observa-se também que membros da família Carneiro da Cunha e Bezerra, unidos aos Cunha de Andrade (Joana Bezerra da Cunha casada com Pedro da Cunha de Andrade) fora núcleo familiar rebelde muito atuante e muito comprometidos em 1817, vários deles detidos de 1818 até 1821 na Bahia, como referimos em trabalhos anteriores.

  

   Assim sendo, parentes francamente revolucionários descendentes do clã do engenho Tiuma em Pernambuco, aparentados aos da região de Taipu por Inez, foram na confederação do Equador ainda auxiliados pelo do ramo de Vertentes de Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque n.1759 e seus descendentes. Esta parentela reunida em envolta de Antonia do Monte e seu marido José Lins Cavalcanti de Albuquerque na localidade de Taipu é por nós observada agindo em concerto - em especial observados próximo de 1824 - parentes que não teriam idade ou maturidade para participar em 1817, mas que surpreendentemente nos aparecem logo depois em 1824 -  tornada a região um verdadeiro núcleo de familiares revolucionários republicanos.

    Em especial ressaltamos a família de José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha, membro do clã revolucionário do engenho Tiuma em Pernambuco, que se localizou próximo de 24 em Taipu no engenho Bela Vista, acompanhado por sua esposa Angela Felícia de Albuquerque Lins e Mello ainda por seu filho Diogo Soares de Albuquerque (III, alem da filha Ana Maria José [Carneiro da Cunha] [Lins e] Mello de Jesus (n.1795) e do genro, José Bezerra Cavalcanti, n.1793,  que mesmo na região também comprou terras. Outros descendentes Bezerra Cavalcanti de Vertentes tudo indica também ai localizados.

     Por fim, devemos nomear alguns dos elementos dessa mais nova geração de revolucionários republicanos de sobrenome Cavalcanti de Albuquerque e aparentados, que identificamos participando nos episódios de conflito da Confederação do Equador - enfrentamentos que eclodem pela primeira vez no norte da Paraíba em Riacho das Pedras (Itabaiana) em 24 de maio de 24.  

    Este sério conflito militar em Rio das Pedras teve como resultado cerca de 100 baixas de ambos os lados – episódio segundo o próprio Caneca comandado por Estevão Carneiro da Cunha (1762 —1832), jovem que sabíamos descendente do clã Carneiro da Cunha do engenho Tiúna em Pernambuco, com experiência revolucionária em 1817, mas que naquela primeira ocasião havia escapado e não havia sido detido.

        Segundo nossas principais fontes, o cronista João Nazareno Carneiro Campello e Frei Caneca ,  do núcleo do engenho Bela Vista em Taipu teriam participado ou saído em marcha: José Pedro da Cunha, seu filho Diogo Soares de Albuquerque (III), seu genro José Bezerra Cavalcanti, n. 1793 com seu irmão o capitão Lourenço Bezerra Cavalcanti, n. 1792.  Ainda atuado nesta ocasião, tudo indica, [João] José [Tenório] Cavalcanti de Albuquerque [de Araujo] (do ramo de Lourenço Bezerra Cavalcanti n.1735 denominado “das Panelas”). Da marcha participou ainda Agostinho Bezerra Cavalcanti de Souza (Leão) – membro do ramo do engenho S. Bartolomeo em Pernambuco – que sabemos também fora enforcado como punição. Ainda Leandro Cezar descendente dos Berenger Cezar que, segundo Frei Caneca com algumas forças e uma peça de artilharia atuou a partir da Fazenda Pindoba das Flores (de propriedade de um filho do velho Lourenço, n. 1759) 

    Por fim, sugerimos que Antonio do Monte fosse o de nome completo Antonio [do Monte] da Costa de Albuquerque Mello (possivelmente o “Antonio Cavalcanti de Albuquerque” citado por Frei Caneca), nome até mesmo referido por fonte recente (BANDEIRA DE MELLO, 2017) como herdeiro do engenho Taipu - talvez o mais novo descendente do clã do engenho Tiúna - rebelde que já vinha participando da marcha desde a saída da coluna rebelde de Olinda em 13 de setembro de 24 - enforcado em 19 de março 1825.

    Observamos que na época da luta pela Independência sobrenomes portugueses eram muitas vezes substituídos, e adotados pelos rebeldes nomes nativistas - caso de André Arcoverde, dos Suassuna e dos Lins do engenho Sinimbú - ainda tudo indica em 1824 o pe. Mororó, substituindo seu nome Albuquerque e Mello.  É possível que Antonio do Monte tenha querido igualmente encobrir seus sobrenomes portugueses, Albuquerque e Mello, referindo apenas o seu prenome.

    Relembrando e identificando estes nomes de lutadores históricos, comprovamos que vários membros da família Cavalcanti da geração pós 1817 estiveram presentes e participaram nos embates republicanos da Confederação do Equador em 1824.

     Participando desta demanda política republicana, Agostinho Bezerra Cavalcanti de Souza [(Leão), de cuja ação pouco sabemos, e Antonio do Monte citado e ressaltado por frei Caneca foram por fim enforcados entre outros detidos. Seus líderes, frei Caneca e o Pe. Mororó, fuzilados.   

   Os Cavalcanti já haviam preconizado de modo precoce o republicanismo durante a Fronda de 1710,  e em especial em 1824 ainda defenderam  propostas republicanas muito antigas - tradições e ideais originalmente dos Cavalcanti italianos do século XVI, lutadores pelo Republicanismo Florentino.


---------

 Para auxiliar o melhor entendimento das relações familiares de Antonia do Monte acrescentamos os seguintes gráficos:

 

Quadro I 





                   Quadro II

Notas

(1) Os dados de Antonia do Monte referidos pela fonte Geni foram administrados por Claudete Massard de Araujo Cavalcanti, baseada no livro de Bandeira de Mello, Carlos Francisco - Gente de Taipu, vol. I e II - Mídia Gráfica e Editora Ltda, 2017, vol.II, pgs. 683 e 706, com dados conferidos e corrigidos pela autora. O autor utiliza como fonte nesta parte de seu livro além das cadernetas e anotações do próprio Nun, registros paroquiais que dão segurança documental ao historiador.

  A mudança do casal para o povoado de S. Miguel de Taipu teria ocorrido entre 1813 e 1814, (ver Bandeira de Mello, opus cit., pg. 700). O casal antes de habitar o engenho Taipu (depois de 1822) teria habitado o sítio Paciência. Mas a compra do eng. Taipu, aparentemente negociada com Lourenço Bezerra Cavalcanti, teria ocorrido na década de 20. Ver mais nota 11.

 (2) Abaixo reproduzidas as listas de 1- Antonia do Monte, de seu pai 2- Joaquim Francisco Cavalcanti de Mello e de marido 3- José Lins Cavalcanti de Albuquerque, Num, senhor do engenho Taipu - listas fornecidas pela fonte Geni, administradas por Claudete Massard de Araujo Cavalcanti baseada no livro Gente de Taipu, opus cit., com nossas correções, acrescentamentos e dúvidas. O autor em entrevista na mídia eletrônica se diz baseado em uma caderneta de anotações do próprio Num, que o autor trouxe da Bahia - caderneta transcrita no livro em anexo.

 (Fonte Geni) – 1- “Antonia do Monte Cavalcanti, estimada entre 1753 e 1805 [erro - calculamos n. c. 1790 – falecida c. 1854, segundo Bandeira - opus cit.,], casada 1808 [cerca de 1808]. Local de nascimento: Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, Brasil (Brazil), Filha de Joaquim Francisco Cavalcanti de Mello e Luzia Margarida Cavalcanti [II]. Esposa de José Lins Cavalcanti de Albuquerque, Num, Sr. Eng. Taipu. Mãe de Joaquim Francisco Cavalcanti Lins, entre 1791 e 1847 [erro - corrigimos, nascimento do filho em 1810 segundo Bandeira de Mello, opus cit., pg. 703]; Maria Lins de Albuquerque [casada Manoel Cesar Falcão]; Antonia do Monte Cavalcanti, Filha [casada com João Álvares de Carvalho César – desta família Berenger Caesar Leandro [Berenger] César que também atou em 24, citado por Caneca]; Luzia Lins Cavalcanti de Albuquerque [1817-1886, casada com Antonio Leitão Vieira de Mello, com seqüência em 1836 por José Lins do engenho Corredor, ainda uma filha Antonia do Monte]; Joana Bezerra Cavalcanti [casada José Cavalcanti Holanda Chacon]; Ana Alexandrina Lins de Albuquerque [casada Francisco Vieira Leitão de Mello]; Bernarda Cavalcanti de Albuquerque [casada Henrique César da Veiga Pessoa] e João Lins Cavalcanti de Albuquerque”.  

  Ver mais detalhes em Bandeira de Mello, opus cit.,

 (Fonte Geni) - 2Joaquim Francisco Cavalcanti de Mello, n. cerca 1760, PE, Brasil. Filho de João Tavares de Mello e Maria d'Anunciação Cavalcanti. Marido de Luzia [ou Luiza] Margarida Cavalcanti [II]. Pai de Antonia do Monte Cavalcanti; Irmão de João Tavares de Mello; Francisco Bernardo Cavalcanti de Mello [preso até 1818]; José Tavares de Mello; e Ignez de Albuquerque Mello [casada com Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque, n.1756, irmão de Gertrudes Cavalcanti de Albuquerque do ramo de Tracunhaém/Vertentes]”.

(Fonte Geni) -3José Lins Cavalcanti de Albuquerque, Num, Sr Eng. Taipu. Nascimento: 1786 Paraíba, [casado cerca de 1808 com Antonia do Monte]. Falecimento: 1869, Engenho Taipu, São Miguel de Taipu, Paraíba, Brasil. Filho de Francisco Berenguer de Andrada [este calculamos n. c. 1740 com primeiro filho n. em 66, o ultimo em 88] e Maria Lins de Albuquerque [III] [calculamos n. c. 1750/60 ? Viva cerca de 1806, fonte BANDEIRA DE MELLO]

     Por Bandeira, opus cit. pg. 633, informado que Francisco Berenger de Andrade era filho de João Cezar Falcão e Joana Bezerra de Andrade – e sua esposa Maria Lins de Albuquerque filha de Pedro da Cunha de Andrade II e Bernarda Lins de Albuquerque.

      Esta linhagem Lins de Albuquerque viria por sua homônima Maria Lins de Albuquerque [I] (c.1556-60), filha de Sinbald Lins e Brites de Albuquerque – ainda por sua bisneta Ângela Lins de Albuquerque esposa de Antonio Cav. de Alb. do Taipu, como vimos no gráfico acima, neto de Antonio da Guerra (Fontes A. Bittencourt, Geni e Genealogia Pernambucana) (ver Quadro II e nota 11.

  Seria Maria Lins também parente de Antônia Maria de Albuquerque Lins ?, 6ª e ultima Morgada do engenho Canha (esposa de Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, senhor do engenho S João e Bom Jesus, filho de Virgínio Rodrigues Campelo, II, Senhor do engenho Canha [calculamos n. c. 1750] casado com Rita Josefa de Jesus Carneiro da Cunha. Ver comentário abaixo nota 12, com lista genealógica da família Camello/Carneiro da Cunha transcrita em Geni.

    A nosso ver, pela proximidade de datas e de sobrenome, esta Maria Lins de Albuquerque da geração de 1770 poderia ser talvez irmã de Luíza Lins [Cavalcanti] c. 1770, senhora do eng. Flamenguinho em AL. com filho seminarista revolucionário de 1817 que, até agora, não conseguimos identificar. Também na mesma circunstância Antonia Lins, do engenho Capiberibe casada com o revolucionário Manoel Correia de Araújo, preso até 1821. Os documentos desta família perdidos segundo Bandeira.

   Outros filhos de Francisco Berenguer de Andrada e Maria Lins de Albuquerque referidos por Geni, além de José Lins Cavalcanti de Albuquerque (Num): Anna de Olanda Cavalcanti; Antonia Cavalcanti de Albuquerque; Bernarda Bezerra Cavalcanti; Luiz Alvares de Carvalho e o Pe. João Marinho Falcão [padre revolucionário de Taipu, irmão de Num, citado por Bandeira de Mello, Carlos Francisco - opus cit. pg. 699] ainda outros, ao todo 12 filhos.

(3) Ver o gráfico do parentesco de Antonia e Felipa após a “Conclusão” - apresentado depois e antes das notas. 

 [Maria] Felipa [Ferreira] Cavalcanti de Albuquerque, matriarca dos Suassuna - seu esposo, filhos e netos (clã Suassuna) já devidamente apresentados em nosso trabalho “Os Suassuna...” editado no blog. Sua genealogia agora ainda mais aprofundada. Ela era descendente de Antonio “da Guerra”, e por seu pai Gonçalo, sobrinha de Francisco do Rêgo Barros, Sr do Engenho de Arariba, assassinado no meio do século. Os Rego Barros muito unidos e aliados aos Suassuna em 1817. Por sua mãe Luíza Bandeira de Mello era  neta de André Vieira de Mello, que atuou na Fronda de 1710 e morreu em Portugal no Limoeiro.

Felipa Cavalcanti de Albuquerque era filha de Gonçalo Xavier Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho Pantorra e Luíza Bandeira [em A. Bittencourt] ou Bernarda de Melo [fonte Geni] – Luíza por sua vez filha de André Vieira de Melo que atuou na fronda de 1710 e morreu na prisão do Limoeiro acompanhando a punição do pai, Bernardo Vieira de Mello. André senhor do Engenho Pindoba casado com Ana Teresa dos Réis. Ver a ação desses Vieira de Mello citados no nosso artigo “Fronda de 1710”, próximo no blog.  Luiza Cavalcanti de Albuquerque seria n. m. de Antonio Cavalcanti [“o da Guerra’] e Margarida de Souza em A.Bittencourt (Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1965), autora que se baseia em Borges da Fonseca, ainda corrigida pelo genealogista Carlos Xavier Paes Barreto). Luísa Bernarda de Mello aparece na fonte Geni referida com várias grafias, inclusive Luíza. 

   Reproduzimos a genealogia de Felipa referida por A. Bittencourt - opus cit. pg. 299, com nossos acrescentamentos de outras fontes genealógicas: “[Maria] Felipa [Ferreira] Cavalcanti de Albuquerque - filha de Gonçalo Xavier Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho “Pantorra” e Luíza Bandeira [ou Bernarda de Melo, fonte Geni]; n.p. de Mateus [Mathias] de Souza e Luiza Cavalcanti de Albuquerque, [esta] n. m. de Antonio Cavalcanti [“o da Guerra’] e Margarida de Souza. Trineta de Arnau de Holanda Barreto e Luíza Pessoa, [esta [filha de João Cavalcanti de Albuquerque e Maria Pessoa”.  

A neta de Antonio da Guerra, Bertoleza, filha de João e Maria Pessoa ainda aparece nesta listagem casada com Francisco de Rego Barros (A. Bittencourt. opus cit. pg. 296).

   Acrescentamos - é provável que Felipa tenha tido ascendência antiga em Gonçalo Velho casado com Maria de Souza (parente de Margarida Souza). Este casal perdera vários filhos na Guerra holandesa. O historiador Gonçalves de Mello em Tempo dos Flamengos, pg. 35, tendo como fonte Memórias Diárias da Guerra do Brasil de autoria de D. Duarte de Albuquerque Coelho, comenta os “varões” corajosos envolvidos na guerra contra os holandeses: “... Gonçalo Velho e Maria de Souza tinham seis filhos e um genro: perderam na luta três filhos e o genro.

  Pela fonte Geni, o pai de Felipa – “ “ Gonçalo Francisco Xavier Ferreira de Sousa" ou "Gonçalo Francisco Xavier Cavalcanti", estimado nascido entre 1622 e 1742 [erro, calculamos n. cerca de 1720, pois seus filhos n. c. 1770-80]. Falecimento: 31 Dezembro 1783. Senhor dos engenhos Pantorra e Pindoba. Filho de Matias Ferreira Ferreira de Sousa, senhor dos engenhos Anjo e Pantorra (Mathias Ferreira de Sousa Xavier Ferreira de Souza) e Lusia ou [Luiza?] Margarida Cavalcanti [por outra fonte Geni, maneged Dr. Maria Engracia, ela n. 1643-1703 (erro?) mãe de outra Luíza Margarida Cavalcanti [(II), calculamos n. c. 1710]. Gonçalo esposo de Luíza Bernarda de Mello [por onde lhe chega o engenho Pindoba de André Vieira de Mello, morto no Limoeiro, em Lisboa] Pai de Pedro Cavalcanti de Albuquerque; Maria Felipa Ferreira de Souza Cavalcanti de Albuquerque e Ana Maria de Santa Rita. Irmão de João Cavalcanti de Albuquerque; Francisco do Rêgo Barros, Sr do Engenho de Arariba [familia aliada e parente dos Suassuna em 1817 por sua sobrinha Felipa acima]; Nicolau Coelho de Albuquerque; Lusia [?] e Maria [?].

(4) Referências acima da lista Geni sobre Antonia do Monte Cavalcanti administrada por Claudete Massard Cavalcanti de Araújo em 8 de agosto de 2021, com nossas correções e acrescentamentos. Claudete Massard baseada em Bandeira de Mello, Carlos Francisco, Gente de Taipu, vol. I e II - Mídia Gráfica e Editora Ltda, 2017. Sobre a origem do prenome “do Monte” ver explicação de Bandeira de Mello - opus cit. pg.746.

 (5) Francisco Berenger de Andrade, pai de Num, calculamos nascido c. 1740, pois seu primeiro filho nasceu em 1766, o ultimo em 1788. Sobre Francisco Berenguer de Andrada e seu filhos, ver Bandeira de Mello pg. 643 e 644 – sobre a atuação de seu irmão, padre João Marinho Falcão mesma obra citada acima, capítulo XXXII, pg. 649 e pg. 466.

 (6) Conclusões do nosso artigo “Lista dos Rufino Bezerra Cavalcanti“ com todas as fontes, próximo a ser publicado no blog. Ver ainda nota 7 abaixo.

 (7) O batismo do primeiro filho do casal ocorre na década de 10 no oratório particular do mais velho Lourenço no sítio Paquivira em Tracunhaem, fato sublinhado por Bandeira de Mello- opus cit. pg. 699. Não temos indicação que Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque n.1759, tenha saído desta região de Tracunhaém na década de 20, tendo ele falecido em 1824. Mas há indicação de Bandeira de Mello, opus cit., pg. 702, de que uma filha deste Lourenço tenha morado no engenho Taipu. Seria Joana (Joana Bezerra Cavalcanti, n.1800, talvez “Janoca”?) Ver ainda possibilidade da estabelecimento nas redondezas de Taipu de outro filho de Lourenço, Joaquim Francisco de Mello Cavalcanti n.1790; e também do filho José e sua esposa. Ver mais detalhes nota 9.

   Na década de 10, o  padrinho de batismo deste filho de Antonia foi seu tio paterno Francisco Berardo Cavalcanti, que depois esteve preso na Fortaleza das Cinco Pontas pela Revolução de 1817, saído em 1818 - referido por Bandeira de Mello, opus cit. p. 699, tendo como fonte “Relação de presos de Estado que foram soltos em 22 de setembro de 1818”, da autoria de Francisco de Souza Soares D´Andrea, in Revista Trimestral do Instituto Histórico, Geográfico do Brasil, vol.30, primeira parte, B.L. Garnier, RJ, 1867, pg. 87. Bandeira, opus cit. refere sua prisão no próprio engenho Taipu.

   Foram irmãos de Num, filhos de Francisco Berenguer de Andrada e Maria Lins de Albuquerque nascidos depois de 1766: Pedro da Cunha de Andrade, Anna de Olanda Cavalcanti; Antonia Cavalcanti de Albuquerque; Bernarda Bezerra Cavalcanti; Luiz Alvares de Carvalho, o já citado Pe. João Marinho Falcão. Um total de 12. Bandeira de Mello, opus cit. pg. 644.

     Tios de Antonia do Monte Cavalcanti por seu pai: João Tavares de Mello; Francisco Bernardo Cavalcanti de Mello; Ignez de Albuquerque Mello e José Tavares de Mello.

(8) A notícia do estabelecimento da família de José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha na região de Taipu próximo do ano de 1824 nos chega pelo cronista de época João Nazareno Carneiro Campello, informações comentadas pelo descendente Marcello Bezerra Cavalcanti e já reproduzidas na mídia eletrônica. Ver mais texto abaixo.  

    Pela fonte Geni o pai de Angela Felícia De Albuquerque Lins e Melo de Albuquerque Lins e Mello foi Joaquim José de Albuquerque Uchoa, cuja data de nascimento é estimada entre 1711 e 1771, marido de Joana Maria da Conceição Cunha. Ele filho de Diogo Soares de Albuquerque (II).

      Na guerra da Restauração (1645) membro desta família Soares de Albuquerque, João Soares de Albuquerque, havia se portado como verdadeiro “mazombo”, e em 1710 sabemos pelo historiador Evaldo Cabral de Mello (A Fronda dos Mazombos) que a família Uchoa foi aliada e casada entre os Cavalcanti - o capitão-mor Lourenço Cavalcante Uchoa, neto de Antonio “da Guerra” foi muito atuante em S. Lourenço da Mata e participou da Liga de Tracunhaém (também b Dias Martins pg. 383).

   Sobre José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha, sogro de José Bezerra Cavalcanti, filho do velho Lourenço n. 1759, ver texto abaixo e notas 10 e 15.   José Pedro era do núcleo Berenger de Andrade do engenho Tiúna em Pernambuco, irmão de vários rebeldes punidos na Revolução de 1817 já apresentado em outros trabalhos “1817”, ”Suassuna – Ramo dos Cavalcanti de Albuquerque” e ainda “Listagem Rufino Bezerra Cavalcanti”, próximo no blog. O patriarca Pedro pela fonte Geni seria meio-irmão de José de Albuquerque Uchoa [ou Joaquim José de Albuquerque Uchoa, pai de Angela Felicia Albuquerque Lins e Mello?]; de Francisco Xavier de Albuquerque Uchoa, referido como Tenente Coronel, e de Inês Teresa de Melo (a mesma Inês, tia de Antonia do Monte por parte de pai?).

 (9) O núcleo familiar dos Carneiro da Cunha/Berenger de Andrade do eng. Tiuma já foi por nós apresentado e analisado em outros trabalhos: “1817” e “Suassuna – Ramo dos Cavalcanti de Albuquerque", também referido na “Lista dos Rufinos Bezerra Cavalcanti”, próximo no blog.    

     Acrescentamos agora como membro colateral deste clã o descendente Leandro [Berenger] Cesar, de ramo Berenger Cesar (certamente o mesmo do pai de José Lins, Num), indicado por Frei Caneca (opus cit. pg. 576) como tendo participado na ação pela Confederação do Equador.  Leandro Cesar teria saído do engenho Pindoba de Flores de Joaquim Cavalcanti (filho de Lourenço Bezerra Cavalcanti, n.1759) com uma companhia de forças da Paraíba e uma peça de artilharia.

   Este engenho Pindoba das Flores seria de propriedade do filho de Lourenço (n.1759), Joaquim Francisco de Mello Cavalcanti ( n.1790?). Caneca pretendeu a adesão deste Joaquim Cavalcanti, mas ele não estava na fazenda quando da passagem da marcha (fonte Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825). Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001, Coleção Formadores do Brasil. Ed.34, 2001, pg. 576).

(10) Entre os membros do núcleo do eng. Tiúma destacaram-se em nossa História pátria (ver também nota 12 abaixo): o Ten. Coronel José Carneiro de Carvalho da Cunha [Berenger de Andrade], ou simplesmente José Carvalho Carneiro da Cunha, que aparece na lista dos incriminados em 1817 presos na Bahia até 1821 (ver lista no livro de Muniz Tavares) tenente-coronel revolucionário muito atuante na Revolução de 1817, já citado em nossa historiografia (Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exército, 1951, pg. 121), já por nós relacionado entre os membros do núcleo familiar do Eng. Tiúma de seu pai Pedro da Cunha de Andrade (1732) (mesmo núcleo dos irmãos do sogro do patriarca José, da linha Rufino).   José Carvalho Carneiro da Cunha é referido com o nome completo de “José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andradeem documento do ano de 1804, quando trata de assuntos ligados ao seu pedido de fidalguia. Assim por seus vários sobrenomes, por vezes apenas parcialmente citados ou mesmo omitidos, seria das importantes famílias formadoras Carneiro da Cunha e Berenger de Andrade.      

 O historiador militar Cahú (Cahú, Sylvio de Mello – A Revolução Nativista Pernambucana de 1817, Biblioteca do Exército, 1951, pg.121) assim refere sua participação na Revolução de 1817:

 “O Capitão–mor Francisco Xavier Cavalcanti Lins esmerava-se no cumprimento de suas ordens .... Uniu-se também à expedição o tenente-coronel José Carneiro Carvalho da Cunha Berenger [de Andrade] com vários de seus milicianos”.

Fonte do Exército Brasileiro também reporta na mídia eletrônica sua importante atuação.

   Da mesma forma seu irmão Joaquim Manuel Carneiro da Cunha (n. 1784 em Pernambuco, f. 1852) residente na Paraíba, originário do mesmo engenho Tiúma dos Carneiro da Cunha de Andrade, rico proprietário na Paraíba, participou ativamente da Revolução Pernambucana de 1817 e esteve nos cárceres de Salvador, na Bahia, até 1821 - continuando mais tarde honrosa trajetória política (citado pelo Pe. Dias Martins, pg.164). Sua neta Antonia Maria Cavalcanti de Albuquerque Carneiro da Cunha foi dona do famoso “engenho Monjope” e é tida como neta paterna de Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque (sobre esta família e fontes, ver nosso artigo “O Engenho Monjope”).

    Deste mesmo núcleo de irmãos, Francisco Xavier Carneiro da Cunha, apelidado Chicão – sugerimos tenha atuado como Alferes de Milícia decidido – sob o nome de “Francisco Xavier de Albuquerque” citado por Dias Martins, Mártires Pernambucanos, pg. 45, preso na Revolução de 1817 até 1821. Também o irmão do clã Alexandre Bezerra de Albuquerque, sugerimos fosse “Alexandre Raimundo Bezerra”, preso até 1821 por atuar no Ceará, referido por Dias Martins (pg. 87). (Já Francisco Xavier Cavalcanti Lins citado acima no texto do historiador Cahú seria membro do clã e ramo Araujo Cavalcanti Lins - sobre sua atuação de seus três irmãos em 1817 fornecemos informações históricas e genealógica numerosas em nossos trabalhos “Listagem Araujo Cavalcanti Lins” e “1817” já publicados em nosso blog).

    Pedro José dos Reis Carneiro da Cunha (n.1770?) seria talvez membros dos mais novos da mesma irmandade Cunha de Andrade, sogro de José Bezerra Cavalcanti, filho do velho Lourenço n. 1759. Pedro José tudo indica maçon estará participando de atuações republicanas apenas em 1824, acompanhando as tropas de frei Caneca em direção ao Norte – ele mudara-se para Taipu com sua esposa Angela Felícia De Albuquerque Lins e Melo (ou Ângela Felícia Lins de Albuquerque), seu filho Diogo Soares de Albuquerque (III), ainda este seu genro José Bezerra Cavalcanti, patriarca dos Rufino, e possivelmente o irmão, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, n. 1792. Uma da filhas do velho Lourenço, irmã de José (Joana?), teria morado em Aroeira? (insinuação de Caneca, opus cit. pg. 592) Outro irmão também com um engenho nas proximidades? Ver mais nota acima 9.

   Recentemente fomos informados pela fonte do “Hara Abreus” e pelo descendente Marcelo Bezerra Cavalcanti sobre os filhos de Lourenço Bezerra Cavalcanti, dono do engenho Abreus, nascido em 1759 – f. 1824, que seriam: João Bezerra Cavalcanti, n.1785; Joaquim Francisco de Mello Cavalcanti, n.1790; o cel. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, n.1792 - f.1867; José Bezerra Cavalcanti, n.1793 em Bezerros; Marcela, n. 1794; Maria Francisca de Jesus, n. 1795; Joana Bezerra Cavalcanti em 1800, e João Batista (?). Aparentemente quatro destes filhos teriam morado ou estado em Taipu. Ver notas acima.

   Pelo seu perfil na fonte Geni com nossos acrescentamentos temos que José Pedro foi irmão de Diogo Soares Carneiro de Albuquerque, senhor do engenho Lagoa Ramos; de Francisca Xavier de Albuquerque; Luzia de Albuquerque; José Luiz do Rego Barros; Joana Carneiro da Cunha; Pedro da Cunha Andrade, Junior; João Carneiro da Cunha [ou João Carneiro da Cunha e Albuquerque] senhor do engenho Araripe do Meio, que atuou na revolução de 1817 com seu filhos]; de José Carneiro de Carvalho da Cunha Berenger de Andrade e Albuquerque, [o mais notório, Tenente-coronel revolucinário preso até 1821 com o nome abreviado, José Carneiro da Cunha]; Alexandre Bezerra de Albuquerque [ou Alexandre Raimundo Bezerra?, preso até 1821 por atuar no Ceará, como aparece em Dias Martins (pg. 87)]; Luis Tenório do Rego Barros; Joaquim Manoel Carneiro da Cunha [rico proprietário na Paraíba, possivelmente maçon, revolucionário preso em 1817, descrito por Dias Martins, pg. 164]; Manoel Carneiro de Albuquerque, participante em 17; Francisco Xavier Carneiro da Cunha, Chicão [a nosso ver o Alferes de Milícia, preso até 1821 com o nome de “Francisco Xavier de Albuquerque” (Dias Martins, pg. 45) já citado]; ainda Antônio de Melo e Albuquerque [que sugerimos atuou em 24].   

   Sua esposa Angela Felícia De Albuquerque Lins e Melo de Albuquerque Lins e Mello, ou Ângela Felícia Lins de Albuquerque (n.1776 - f. 1879 ?) era sua prima, neta de Diogo Soares de Albuquerque, em seu primeiro casamento com Ana Maria de Jesus.

     Sabemos pela fonte Geni que o pai de Angela Felícia foi Joaquim José de Albuquerque Uchoa, cuja data de nascimento é estimada 1711 e 1771 [provável erro, pela data de sua filha seu nascimento cerca de 1730- 40], marido de Joana Maria da Conceição Cunha, filho de Diogo Soares de Albuquerque e Ana Maria de Jesus (1º casamento). Por fonte dos Carneiro da Cunha, Felícia ainda irmã de João Severino Carneiro da Cunha, Manoel Clementino Carneiro da Cunha, Maria Cândida Lins de Albuquerque, Justino e Arsênia Matilde de Lins de Albuquerque. Sua filha Ana Maria Lins de Mello casada com Jose Bezerra Cavalcanti.

(11) Segundo Bandeira de Mello a compra do engenho  Taipu por José Lins teria acontecido depois de 1822 - Num se tornado proprietário do Taipu nos anos 20 do sec. XIX - ver comentários do autor pg. 680 e 681, 701 e 702.  O fim do pagamento efetuado a Joaquim Francisco de Mello em 1830 ou 31. Este engenho no passado teria sido propriedade de Antonio Cavalcanti de Albuquerque (possivelmente o 1º filho de Antonio da Guerra casado com Maria de Albuquerque, ou mais provável seu neto homônimo, Antonio “do Taipu” casado com Angela Lins, filho de Manoel (Bitt. - opus cit., pag. 296, Bandeira de Mello, opus cit. pg. 671 - parentela reproduzida no Quadro II).

   Ainda segundo Bandeira de Mello nos últimos tempos o engenho Taipu teria passado da propriedade de Antonio da Costa de Albuquerque e Mello [Tavares da Costa?] para Lourenço Bezerra Cavalcanti n. 59, casado com Inês Albuquerque Mello (1770-1816), senhora falecida em 1816 e que poderia ter direito a alguma herança por esses Mello – engenho em seguida passado para seu filho e de Lourenço, Joaquim Francisco Cavalcanti de Mello, - o pagamento finalizado por Num a este em 1830 ou 31.

   Pelo acima observado, sugerimos que este engenho Taipu possa ter pertencido a Antonio do Monte, aparentemente o ultimo filho de Pedro da Cunha de Andrade de nome Antônio de Mello e Albuquerque - Antonio da Costa de Albuquerque e Mello ´e o nome completo do dono do engenho citado por Bandeira de Mello (seria também descendente dos Tavares da Costa? Ver perfil do pai da Antonia do Monte que inclui os Tavares em sua filiação). O mais velho Lourenço teria sido levado oportunamente a intervir como intermediário na sucessão da propriedade, já que sua esposa e filhos possivelmente seriam também herdeiros. Deixamos em aberto a questão.

 (12) O parentesco anterior poderia ser por Francisca de Albuquerque Mello ou Francisca de Albuquerque Mello Feijó, pela fonte Geni filha de Antonio de Albuquerque Mello (1707-1755). Francisca casada com Manuel Madeira de Matos (perseguido político, maçon em Portugal ? - ver fonte Wike).  Segundo Bittencourt, Francisca teria sido mãe de Teodora [ou Teodósia] Madeira de Albuquerque Mello Mororó , casada com [Felix] José de Souza [e Oliveira] e avó do revolucionário de 1824 no Ceará, o Pe. Mororó. Ver nota 21. Sabemos ainda por pesquisa para nosso trabalho “A Fronda de 1710” (livro no prelo) que Matias de Albuquerque Maranhão, neto de Jerônimo de Albuquerque e da índia Tabajara Muíra, filho de Jerônimo de Albuquerque Maranhão e da nobre Catarina Pinheiro Feio ou Feijo – Fidalgo da Casa Real, comendador de S. Vicente de Figueira e da Ordem de Cristo e que lutara com seu pai e seu irmão Antonio na conquista do Maranhão e na ilha de S.Luiz (1615), marcando esta sua conquista até mesmo frente aos espanhóis.  Posteriormente, enfrentou também os holandeses. Manifestou tendências nativistas. Seu filho de nome Afonso de Albuquerque Maranhão. Referido em nosso trabalho “A Fronda de 1710”, próximo no blog.

   Notar também que o patriarca Pedro Cunha de Andrade, n.1732 era filho de Diogo Soares de Albuquerque e Luzia Francisca de Albuquerque – mas seu pai Diogo fora casado em primeiras núpcias com Ana Maria de Jesus [uma Carneiro da Cunha] moça talvez da família da morgada Rita Josefa de Jesus Carneiro da Cunha casada com Virgínio Rodrigues Campelo, II, Sr Eng. Canha, como nos indica a repetição freqüente do prenome “de Jesus” nas moças desta família. Seria necessário confirmar esta marcante ligação familiar. (Na fonte Geni encontramos - Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, Sr Eng. S João e Bom Jesus, nascimento 1785. Falecimento: cerca 1862 (72-81) Filho de Virgínio Rodrigues Campelo, II, Sr Engenho Canha [calculamos c. 1750] e Rita Josefa de Jesus Carneiro da Cunha. Marido de Antônia Maria de Albuquerque Lins, 6a e ultima Morgada. Pai de Maria Arcângela Carneiro da Cunha; Manoel Joaquim Carneiro da Cunha, barão da Vera Cruz [proprietário do engenho Monjope]; Dr. Manoel Carneiro Lins de Albuquerque; Luzia; Virginio e 2 outros. Irmão de José Pedro dos Reis Campelo, Padre; Maria de Jesus de Barros Campelo; Manuel Carneiro Leão Campelo, Sr Eng. São Brás; Francisca Teresa de Jesus; Maria de Nazaré Carneiro da Cunha; Ana Carneiro da Cunha; Maria de Jesus Barros Campelo e Virgílio Rodrigues Campelo, III, Sr Eng. Buscaú).

  Acrescentamos que esta Maria de Nazaré Carneiro da Cunha assinalada acima foi casada com MATHIAS MENDES DE SILVA (seus nomes registrados em documento de casamento na paróquia de São Lourenço da Mata, segundo o parente na geração atual Marcelo Bezerra Cavalcanti) - o nome Mendes segue na descendência do casal e no ramo Cavalcanti de Albuquerque de Gertrudes e de seu irmão Lourenço Bezerra Cavalcanti, gêmeos nascidos em 1759 em Vertentes.

   Buscando auxiliar o leitor a encontrar o antigo parentesco comum entre estas famílias, transcrevemos também o perfil detalhado do patriarca Pedro da Cunha de Andrade em Geni, perfil bem balizado e documentado, com nossos acrescentamentos. Ainda sublinhados os seus filhos de atividade revolucionária:

  Em Geni: Pedro da Cunha de Andrade, Sr Eng. Tiúma. Nomes alternativos: "Pedro da Cunha de Andrada". Data de nascimento: cerca 1732. Local de nascimento: Brasil. Filho de Diogo Soares de Albuquerque Senhor do engenho Tiúma e Luzia Francisca de Albuquerque. Marido de Antônia Bezerra da Cunha [por ele raptada, filha de José Pedro dos Reis]. Pai de José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha; Diogo Soares Carneiro de Albuquerque, senhor do engenho Lagoa Ramos; Francisca Xavier de Albuquerque; Luzia de Albuquerque; José Luiz do Rego Barros; Joana Carneiro da Cunha; Pedro da Cunha Andrade, Junior; João Carneiro da Cunha e Albuquerque, Sr Eng. Armazém [e Araripe]; Alexandre Bezerra de Albuquerque; Luis Tenório do Rego Barros; Joaquim Manoel Carneiro da Cunha; Manoel Carneiro de Albuquerque; Francisco Xavier Carneiro da Cunha, Chicão e Antônio de Melo e Albuquerque. Irmão de Paulo Caetano de Albuquerque, Sr Eng. da Muribeca; Diogo Soares de Albuquerque, II, Sr Eng. Tiúma e Cutunguba; Antônio de Melo Bezerra de Albuquerque e Maria Francisca Bezerra de Albuquerque. Meio-irmão de José de Albuquerque Uchoa [ou Joaquim José de Albuquerque Uchoa, pai de Felicia?]; Francisco Xavier de Albuquerque Uchoa, Ten-General, e Inês Teresa de Melo [seria a mesma Inês, tia de Antonia do Monte por parte de pai?]. Ocupação: Sargento-Mor, Capitão, Sr Engenho Tiúma. Managed by: Private UserLast Updated: 3 Junho 2021

(13) Conclusões do nosso trabalho “Linha Rufino Bezerra Cavalcanti” com todas as fontes citadas, próximo artigo a ser editado no nosso blog.

(14) Conclusões já do nosso trabalho “Linha Rufino Bezerra Cavalcanti” com todas as fontes citadas, próximo a ser editado. 

   Observamos que um parente de Lourenço Bezerra Cavalcanti (n. 59) de sobrenome Mendes, aparentemente da família de seu cunhado, marido de sua irmã Gertrudes, também esteve comprometido nesta revolução de 1824 no Ceará - Mathias Mendes de Figueiredo Rocha, citado como procurador dos índios envolvidos no episódio republicano de 1824. Fonte Costa - José Paulo Peixoto - “Os Índios do Ceará na Revolução do Equador de 1824”, in Revista Brasileira de Historia, SP. vol. 17, no 75, 1917. Mais noticias desses Mendes em nosso trabalho “Linha Rufino Bezerra Cavalcanti, próximo a ser publicado.  

   Mais tarde o núcleo familiar amplo de José Pedro Cunha de Andrade e Bezerra Cavalcanti (incluindo José, seu irmão Lourenço, seus sogros, esposa e cunhado) teriam voltado para as antigas terras em Pernambuco - a Tracunhaém. Entretanto, ainda em Taipu, Areias, PB, foi aparentemente mantido um engenho, que no sec. XX ainda teria sido de um José Rufino (fonte vídeo na mídia eletrônica com depoimento de antigo senhor de engenho da região que afirma dele teria comparado terras).

   Também em Taipu viveu o descendente destas famílias Lourenço Bezerra de Albuquerque Mello, n. cerca de 1825. Na região ele  foi o construtor do afamado engenho Oiteiroprovavelmente entre 1891 e 1905 – o parentesco deste Lourenço vindo certamente pelos Cavalcanti de Albuquerque, Bezerra Cavalcanti, Uchoa Cavalcanti, Vieira de Mello, Berenger Cesar que anteriormente haviam se estabelecido em Taipu.  Lourenço Bezerra de Albuquerque Mello dono deste sofisticado e europeizado engenho “Oiteiro” tem uma linda foto arquivada na Fundação Joaquim Nabuco – e a primeira vez foi casado com Luzia Lins Cav. de Alb. Vieira de Mello, com um filho Gilberto Lins Cavalcanti de Albuquerque. Do 2º casamento com Emília Augusta Lins Vieira de Albuquerque ainda outros cinco filhos. “Segundo informações locais de Taipu, Lourenço terá vindo do eng. “Novo” de Joaquim Francisco Cavalcanti Lins, filho de José Lins, Num, casado com Maria Álvares Carvalho Cezar - esta irmã de “Janoca” do eng. Corredor”. (Esta Janoca seria Joana Bezerra Cavalcanti, filha do velho Lourenço ou Joana Lins Uchoa de Albuquerque, irmã de Felícia ? Sabemos que Ana Alexandrina Bezerra Cavalcanti de Albuquerque filha de José Bezerra Cavalcanti teria se casado com Cristovão Vieira de Mello).

 (15) Trecho de “Notas Genealógicas” escritas por João Nazareno Carneiro Campello, informações que já constam na fonte Geni sobre a sogra de José, Angela Felícia e seu marido José Pedro dos Réis Carneiro da Cunha (n. c. 1770), ainda o filho de ambos, Diogo Soares Albuquerque - texto já de conhecimento da fonte “Serch” e da família do pesquisador Marcel Bezerra Cavalcanti que nos forneceu o texto abaixo:

    “... Era... José Pedro homem de tanta sinceridade e boa fé que as vezes merecia degenerar em credulidade de um coração bem formado e caridoso, ninguém o procurou em apuros que nao costasse com seus recursos; nao tinha amor a dinheiro; sacrificou por muitas vezes a sua pequena fortuna para servir aos outros. Era bastante alto, secco, muito conversador e jovial para com todos, inclusive os seus próprios servos.... Esteve logo depois de casado no engenho Tirapua, Freguesia de Pao d'Alho, como rendeiro, na Freguezia de Nazareth; d'ahi esteve por algum tempo plantando algodao na propriedade Passagem do Martins, d'onde passou-se para o engenho Boa-Vista, que comprou no Estado da Parahyba. Poucos anos depois de ahi estar rebentou a revoluçao de 1824 em que tomou parte com seu filho Major Diogo Soares de Albuquerque acompanhando tropas rebeldes em sua debandada para o Norte, recolhendo-se depois da restauraçao ao centro de sua família. Achou a sua fazenda e fortuna completamente arruinadas”.

(16) Carvalho, Eder Aparecido de - e Gileno, Carlos Henrique – artigo “Poder Moderador: Diferenças no comportamento político dos imperadores do Brasil” - Revista Agenda Política, Vol. 4 – n. 3 – setembro/dezembro – 2016, ISSN: 2318-8499 citando Lustosa, Isabel - D. Pedro I. Um herói sem nenhum caráter, São Paulo, Cia das Letras, 2006; Monteiro, Tobias, História do Império, O primeiro Reinado, vol. I, RJ, F. Briguet&Cia – Editores, 1939. Ainda com outros detalhes.

(17) Notar que a data deste episódio militar ocorrido na localidade de Riacho das Pedras em 24 de maio é anterior a data da saída das forças de Caneca de Olinda, 13 de setembro de 24. O sério enfrentamento em Riacho das Pedras havia terminado com uma centena de mortos. Episódio referido em Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825). Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001 (Coleção Formadores do Brasil). Ed.34, 2001, pg. 460.

   Frei Caneca cita como comandante rebelde nesta ocasião, 24 de maio, o coronel Estevão José Carneiro, filho de João Carneiro da Cunha do clã do Tiúma, dono do engenho Araripe em Pernambuco. Estevão foi por nós já identificado como atuando em 1817 no trabalho “Suassuna...“ e “Lista dos Rufino Bezerra Cavalcanti”. Reproduzindo nosso próprio texto:

“O mártir Amaro Gomes Coutinho atuou com seu cunhado Estevão José Carneiro, casado com sua irmã Rosa Cândida Tenório de Aragão (filha de (Amaro Gomes da Silva Coutinho e Cândida Rosa de Aragão)- Estevão José Carneiro da Cunha na ocasião era capitão da Vila de Igarassú, filho do João Carneiro da Cunha, proprietário do engenho Araripe, oriundo portanto do Tiúma. Pela fonte Geni, Estêvão José Carneiro da Cunha (1762 —1832) aparece como capitão-mor da Vila de Igarassu, filho de João Carneiro da Cunha (I), o Bom, senhor do Engenho Araripe e Antônia da Cunha Souto Maior. Estevão após o fracasso da revolução de 1817 conseguiu evadir-se e, muito preparado, mais tarde tornou-se Senador no Império”.

       Não sabíamos até então que Estevão teria também atuado militarmente em 1824.

(18) Nota de Cabral de Melo, Evaldo in Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825). Org. e Introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001, (Coleção Formadores do Brasil). pg. 576.

(19) Costa - José Paulo Peixoto, in Revista Brasileira de História, SP, vol.17, no 75, 1917, artigo “Os Ìndios do Ceará na Revolução do Equador”, de 1824.

 (20) Estes quatro nomes – “José Tenório de Albuquerque”, o capitão “Lourenço Bezerra Cavalcanti”, “José de Albuquerque Cavalcanti” e “Antonio Cavalcanti de Albuquerque” (?), nomes referidos por Frei Caneca como de contatos estabelecidos pelos rebeldes, citados no relato do itinerário das forças in Caneca, frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825). Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001, pg. 576. Nomes que temos, entretanto, como parciais e/ou truncados ( propositadamente?). “Antonio Cavalcanti de Albuquerque” seria o Antonio do Monte? nome já comentado acima nota 12. Os nomes do capitão “Lourenço Bezerra Cavalcanti” e de “José Cavalcanti de Albuquerque” certamente dos filhos do velho Lourenço n. 1756.  Na nossa “Listagem Araujo Cavalcanti” já publicado em nosso blog encontramos também na 9ª geração  - João José Cavalcanti de Araújo casado com Maria dos Santos Tenório de Albuquerque (fonte Myheritage), filho de um outro Lourenço Bezerra Cavalcanti (n. 1735) chamado "Lourenço Bezerra das Panelas" e Ana Joaquina José Cavalcanti (da linha de descendente da 7ª geração - Maria [Felipe ou Felipa] Araujo [de Araujo?] C. de A. (1726 em PE), casada com o capitão-mor Manuel Leite da Silva (1692-1791) do engenho Pedra (ver nosso trabalho “Lista de Araujo Cavalcanti e Araujo Cavalcanti Lins”). Descendentes deste João José levaram o sobrenome materno Tenório de Albuquerque - seu filho Paulo Caetano Tenório de Albuquerque (nascido na fazenda de N. Sa. da Conceição, no então povoado de Águas Belas PE, f. 25-02-1870), casado com Maria dos Santos Tenório em seu primeiro casamento - e um seu neto Paulo Jacinto Tenório de Albuquerque, também nascido em Águas Belas, PE, falecido em Palmeira dos Índios, AL. Tornado Barão de Palmeira dos Índios apenas em 28-08-1889.

(21) Por fonte enciclopédica por nós completada - Principais líderes do moimento em 1824:

Pe. Mororó - Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Mello nascido 1774, executado 30 de abril de 1825.Seus avós (maternos): Manuel Madeira de Matos e Francisca de Albuquerque e Mello (teria parentesco com Antonio do Monte?). Nome nativista Mororó. Tudo indica encobrimento do sobrenome Madeira. Foi preso mesmo no Ceará e condenado à morte pela forca. A pena convertida em fuzilamento. Padre Mororó foi executado no antigo Campo da Pólvora, hoje chamado praça dos Martires ou Passeio Público. A. Bittencourt – opus cit. pg. 393, que  a ele se reporta ainda como filho de José de Souza e Teodora Madeira de Albuquerque Mello Mororó, fuzilado na companhia de João de Andrade Pessoa Anta (não identificado, mas A.Bittencourt cita suas fontes. Teria este atuado no enfrentamento na localidade de Couro d´Anta? Sabemos que no Ceará teriam sido também condenados à morte além do Padre Mororó, José [ou João cima] de Andrade Pessoa, Francisco Miguel Pereira Ibiapina, Luiz Ignácio de Azevedo e Feliciano Carapinima (fonte Carvalho, Eder Aparecido de, e Gileno, Carlos Henrique - “Poder Moderador: Diferenças no comportamento político dos imperadores do Brasil” - Revista Agenda Política, Vol.4 – n.3 – setembro/dezembro – 2016, ISSN: 2318-8499.

   Cipriano Barata - Cipriano José Barata de Almeida (Salvador, 26 de setembro de 1762 — Natal, 7 de junho de 1838) líder independentista, muito culto e já notório. Preso em 17 do mês de novembro de 1823, antes da eclosão dos conflitos armados. Assim sendo, não participou diretamente da marcha da Confederação do Equador (1824). Mas mesmo preso continuou a editar o seu jornal nas várias prisões em que foi mantido.

    Manuel de Carvalho Paes de Andrade (Pernambuco, 21 de dezembro de 1774 — Rio de Janeiro, 18 de junho de 1855). Pelo desejo de seu tio paterno, o ouvidor José Januário de Carvalho Paes de Andrade [os Andrade eram maçônicos aqui e em Portugal] foi para Lisboa para concluir seus estudos. De volta a Pernambuco, participou das sociedades secretas maçônicas-republicanas. Participou da Revolução Pernambucana de 1817 e com o seu fracasso refugiou-se nos Estados Unidos.  Em 13 de dezembro de 1823, após a renúncia de Francisco Pais Barreto, foi eleito provisoriamente presidente da província de Pernambuco. Em 8 de janeiro de 1824 confirmado como presidente pelos eleitores pernambucanos, contra as ordens do governo imperial que havia indicado Francisco Pais Barreto para a presidência. Em 2 de julho de 1824 proclamou a Confederação do Equador apoiado por Frei Caneca, preconizando a autonomia e questionando o autoritarismo e centralismo político do Imperador D. Pedro I (1822 - 1831). Derrotada a confederação, embarcou na fragata inglesa "Tweed" e seguiu para Londres, onde ficou no exílio até 1831. Presidiu novamente a província em 1834 e foi deputado geral e senador do Império do Brasil de 1831 a 1855. Também coronel da Legião da Guarda Nacional (fonte Wike, baseada no livro Pernambucanos Célebres, Pereira da Costa - 1881 - Pt. 02 - Página 653, com nossos comentários baseados na Conclusão do nosso trabalho “Suassuna...”)

     Os nomes de alguns dos falecidos em combate são referidos por Caneca (Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825) Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001) Os demais revoltosos punidos citados no texto já são referidos por várias fontes - entre elas o artigo recente de Carvalho, Eder Aparecido de, e Gileno, Carlos Henrique - “Poder Moderador: Diferenças no comportamento político dos imperadores do Brasil” - Revista Agenda Política, Vol.4 – n.3 – setembro/dezembro – 2016, ISSN: 2318-8499; – o jornal republicano “O Seis de Março” Anno I, de 19 de março de 1872; referências em Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825) Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001, pg. 576/s. (Coleção Formadores do Brasil); artigo de Leonardo Dantas da Silva na mídia eletrônica; ainda conferência em 2020 de Carlos Bezerra Cavalcanti membro da família Bezerra no IAHGP.

(22) Registrado em relato de frei Caneca in Caneca, Frei Joaquim do Amor Divino (1779-1825) Org. e introdução Cabral de Mello, Evaldo, Ed.34, 2001, pg. 576/s.

 (23) Notícias do jornal “O Seis de Março”, Anno I, 19 de março de 1872 – por ocasião do aniversário de morte de Antonio do Monte.

 

                                                 






Nenhum comentário:

Postar um comentário