O poeta Guido Cavalcanti e a influência
Templária
O brasão da família dos Cavalcanti de
Florença é notado pela primeira vez na sangrenta batalha de Montalcino em 1260 - brasão em cruzetas reproduzido nos
escudos de muitos de seus combatentes, cavaleiros de origem guelfa que
defendiam o papado contra os guibelinos da cidade de Siena.
Família muito atuante na vida política da cidade de Florença, o uso do brasão dos Cavalcanti surgia na Toscana em período especialmente marcado pela atuação da Ordem Templária na região e, em cerca de 1255, o nascimento do grande poeta nesta família, Guido Cavalcanti.
Um selo de bronze do cavaleiro Cavalcante Cavalcanti, pai do poeta Guido Cavalcanti, que participou desta batalha de Montalcino documenta a existência do brasão Cavalcanti já em 1257. O cavaleiro Cavalcante Cavalcanti mais tarde colocado por Dante no seu “Inferno” como ateu - capitulo X da Divina Comédia - mesmo assim tornado símbolo de amorosidade paterna, ao demonstrar nestas circunstâncias preocupação extremada pela vida do filho poeta.
Selo de Cavalcante Cavalcanti, Podestà em Gubbio
no ano 1257, portando escudo e brasão com cruzetas
(hoje na Museu Nacional do Burgello)
O brasão
dos Cavalcanti também aparece no ano 1279
representado e decorando o túmulo do tio do poeta, o religioso e filósofo Aldobrandino
Cavalcanti - relevante colaborador na obra de S. Tomás de Aquino.
Cruzetas laterais no túmulo de Aldobrandino
Cavalcanti - 1279 – até hoje na igreja de Santa Maria Novella
(fonte
http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/pagina_3.htm)
Na decoração de uma pedra tumular desta
mesma época reproduzida abaixo aparecem além das cruzes páteas da ordem Templária
decorações também em forma de elipses sugestivas, com pequenas cruzetas no
miolo - notar especialmente a parte inferior e interna da primeira figura,
muito semelhante à cruzeta dos Cavalcanti.
Notar também a cruz Templária dentro de círculo unificador,
com pontas distendidas que irradiavam a luz de Cristo.
“Croix,
pierres tombales, Nîmes, Musée de la Romanité, section moyen age”
Foto
X.F. Resnonverba.
A Ordem dos Templários fora fundada em 1118 e portava especialmente a cruz vermelha
pátea em fundo branco como símbolo em seus escudos.
Acreditamos que no começo do século, já no ano
1214, o símbolo da Cruz Templária estaria
ligado aos Cavalcanti, pois comenta o contemporâneo genealogista Silvio Umberto
Cavalcanti sobre as atividades econômicas dos Cavalcanti com os da família
Cambi nesta ocasião:
“Em 1214 o
bispo de Volterra [Ranieri I] obtém um grande empréstimo da banca florentina e
em contrapartida concede a mina de prata da comunidade de Montieri à sociedade
de banqueiros Cambi-Cavalcanti” (fonte Sylvio Umberto Cavalcanti, pg. 4. Tradução
e nossa complementação entre colchetes, a partir do livro “Una Moneta inedita
dei Vescovi di Volterra”, Costantino Luppi, 1891, pg. 383).
Esta
sociedade financeira implantada pelos sócios Cambi e Cavalcanti - banqueiros já
sofisticados em técnicas de trocas bancárias, treinados certamente pela ordem Templária
- acaba por gerenciar no castelo de Volterra a “zecca”, a moeda de Volterra. E a moeda cunhada já levava a imagem da
cruz pátea, símbolo de Volterra -
cruz nesta ocasião naturalmente também já usada pela ordem Templária. Detalhes são fornecidos do livro Una Moneta
inedita dei Vescovi di Volterra, Costantino Luppi, 1891, pg. 383. (Sabemos
que nas proximidades de Volterra haveria uma antiga marca religiosa, uma cruz
antiga, que não conseguimos, entretanto, identificar).
Moeda de Volterra c. 1214.
Entretanto, observamos que a imagem da cruz pátea
bem antes da formação da Ordem Templária já aparecia nas moedas do rei franco Carlos
Magno, ainda que de forma primitiva.
Moeda
de Carlos Magno
“Carlo Magno re dei Franchi, 774-800. Denaro, AR 1,43 g. + CAROLVS
REX FR Croce. Rv. + PAPIA Monogramma di Carlo”
Temos também notícia da existência de decorações iconográficas Templárias
na Igreja de S. Jacobo em Florença, fundada em 3 de Maio de 1206. No interior da Igreja de San
Jocopo di Vecchio (“São Tiago) ainda hoje se encontra uma série de afrescos
bizantinos medievais com temas tidos como esotéricos. A Ordem teria a sua sede
provincial nesta Igreja de San Jacopo in Campo Corbolini - sede de
grande relevância - sendo a Toscana zona de passagem de Cavaleiros Templários
acompanhando peregrinos para a terra Santa, por caminhos perigosos entre os
Alpes e a França.
Carboline era nome de uma
família de Florença com propriedade na “piazeta” ou praça, local hoje chamado
Madonna degli Aldobrandini – nome de ascendentes dos Cavalcanti. Os Cavalcanti
sem dúvidas privaram com a Ordem Templária em muitos aspectos da vida econômica,
mas também social e cultural. E o poeta Guido Cavalcanti com outros poetas de
sua época participaram mesmo, como hoje sabemos do círculo dos “Fideis d´ Amore”,
círculo laico ligado aos Templários.
Porém,
no começo do século seguinte com a queda de Jerusalém e a posterior supressão
da Ordem em toda Europa - fato histórico antecedido em Florença por uma
verdadeira revolução social relembrada nas obras literárias de Maquiavel e Dante
– a igreja de S. Jacobo passou em 1312
para a posse da Ordem de S. João do Hospital. E apenas restou na sua fachada uma
Cruz Templária, no capitel do pequeno pórtico.
Notar à esquerda da foto.
Mas em seu interior permanecem ainda imagens que são referências à atividade
desta sede Templária, demonstrando sua relevância no passado. Uma das pinturas remanescentes é um “Jesus
Morto saindo do Sepulcro”- acontecimento religioso que é anunciado por uma
imagem de Madonna, para nós ambígua - talvez uma figura gnóstica, pois não
sabemos se é Maria de Nazaré ou Maria Madalena, talvez uma mistura de ambas
como Mãe e Mulher.
Lembra ainda o especialista Vitor Manoel Adrião o simbolismo de outra
pintura nesta Igreja, a figura de S.Miguel:
“A outra
pintura retrata S. Miguel abençoado por Cristo pairando acima envolto num
esplendor de glória, à frente de onze Santos Apóstolos representando a Mílícia
Celeste em luta com o dragão, atrás do qual se dispõem demônios representando
as Forças do Mal. Se por um lado representa o conceito ortodoxo do embate da Fé
com a heresia, por outro também assinala a idéia heterodoxa do encontro do
conhecimento desvelado ou esotérico, representado por S. Miguel, com a sabedoria
velada ou esotérica, assinalada pelo dragão” (blog Lusophia, mídia
eletrônica).
Em 1300 as cruzetas dos Cavalcanti aparecem neste
sepulcro na Igreja santa Maria Novella
com os dizeres:
“D.Blasie uxor D. Cantini de Cavalcantibus, & filia D. Ciampoli de
Salinbenis Senis MCCC.” (1300) Igreja santa Maria Novella, Florença
1300 ainda o ano do falecimento do poeta Guido Cavalcanti por doença
adquirida durante sua prisão - ele parente afim destes Salimbeni de Siena
Os Salimbeni de Siena chegaram mesmo a impedir
o cumprimento da pena de morte do filho do poeta Guido Cavalcanti, André, por
ocasião da ebolição política ocorrida em Florença - verdadeira revolução social
contra os “magnati”, ao fim do sec. XIII.
----------------
Aproveitamos a oportunidade desses nossos
estudos de época para aprofundar a análise do simbolismo da Cruz Pátea, estudo
que acreditamos de importância para o melhor conhecimento deste período medieval.
Este tipo de cruz sendo usada já no século
VIII pelo rei franco Carlos Magno, bem antes, portanto, do início das Cruzadas
e do estabelecimento da Ordem Templária - cruz cercada de forma primitiva por
um circulo, conforme a moeda de Carlos Magno mostrada abaixo:
“Carlo
Magno re dei Franchi, 774-800.
Denaro, AR 1,43 g. + CAROLVS REX FR Croce. Rv. + PAPIA Monogramma di Carlo”
A cruz de Carlo Magno já cercada
por um círculo que a contém.
Pelo
menos desde o sec. VIII, portanto, as
moedas cunhadas no período de Carlos Magno já apresentavam um circulo simbólico
ao seu redor.
Mas círculos
em redor da cruz aparecem neste sarcófago ainda bem mais antigo, identificado
como do sec. VI ou VII, abaixo:
Sarcófago trapezoidal em arenito do século
VI-VII, de período burgonhês.
Este sarcófago é muito antigo, da Borgonha
século VI-VII - região de onde foi
originaria séculos mais tarde a filha do rei Rodolfo da Borgonha, Waldrada,
esposa do margrave da Toscana, Bonifacio I (documentado nos anos 922,
946, 951) - casal que acreditamos ascendente direto dos Cavalcanti, documentados
a primeira vez em 1045.
Este sarcófago foi encontrado durante
escavações na necrópole de Saint-Etienne de Beaune entre 1987-1988, e nele se podem
notar gravadas “tres cruzes cristãs “pattées” - a do meio ainda cercada por
círculo apoiado por dois pólos” (informação e imagem fornecidas pela prof.
Elizabeth Evelise Clerc, professora da Université
Claude Bernard Lyon 1)
Do
original do post enviado pela prof Elizabeth Evelise Clerc; “ce sarcophage de
forme trapézoïdale en grès, du 6ème-7ème siècles, époque burgonde, trouvé lors
de fouilles de la nécropole Saint-Etienne de Beaune (1987-1988), on peut voir 3
croix pattées chrétiennes dont la médiane est entourée d’un cercle supporté par
deux hampes”.
Fotos de antigas cruzes páteas Templárias – século
XII, XIII. Cruzes não identificadas e sem data referida, mas sempre cercadas por um círculo.
(fotos recolhidas
em texto específico e esotérico que explica o simbolismo dessas cruzes)
Cruzes templárias ainda de um Cemitério Templário
“Cimetières, Pierres Tombales”
(Photo tombe de Templier dans le cimetiere de La Couvertoirade, Aveyron, France)
Cimetière des Templiers dans le village de La Couvertoirade, Larzac, region of Midi-Pyrénées, France - ville fortifié – Um destas pedras apresenta o símbolo do lírio presente entre etruscos e no Antigo Testamento símbolo de escolha e pureza.
Ao
observarmos estas antigas cruzes páteas Templárias notamos que elas sempre aparecem
limitadas por um círculo, mas não
sabemos desde quando este fato se torna comum.
Os círculos que acompanham as cruzes - símbolos
que temos como unitários- são explicados atualmente graças às informações de antigos
cultos esotéricos.
Segundo essas explicações, em geral estas
cruzes se desenvolvem a partir de um ponto central - ponto em que se coloca, no
esoterismo, a ponta do compasso para
a realização da obra de Deus, harmônica e integradora.
Trancrição
de texto específico e esotérico que explica o simbolismo dessas cruzes páteas:
Os
grifos são nossos:
“O Ponto
representa o centro, a origem, o estado primário do caos ordenado. Estamos perante a Força
Criadora, a síntese de todos os possíveis, o princípio da Emanação Divina.
Será a partir da unidade – personificada
pelo Ponto – que a pluralidade será possível. Será a essa mesma unidade que a
pluralidade regressará.
A partir da harmonia do Ponto, onde a
dualidade não se manifesta, começará a ser traçada a Cruz Pátea.
Não poderemos esquecer que a Manifestação
Divina será a expansão do ponto segundo as direções do espaço.
O Caos já se encontra ordenado, sem essa
ordem não seria possível a utilização do Compasso, símbolo de precisão por
excelência.
O Compasso traça o Círculo, a cruz Pátea
inscreve-se nesse mesmo Círculo.
O
compasso simboliza o rigor matemático, exatidão
e precisão do traço criador, serve para medir e traçar o círculo. Através dele
serão traçados de limite da Cruz pátea. A Divina proporção está presente na sua
elaboração”
O Circulo
no esoterismo pode também representar a
Roda da Fortuna, com seu movimento de ascenção e queda, simbologia desde
logo ligada ao sentimento da humildade, talvez de reencarnação.
Deus e o compasso, criando o Universo – possível
iluminura de época que ilustra o texto.
Aprofundando ainda mais nossa pesquisa iremos encontrar moedas e sarcófagos bem mais antigos, em que as cruzes presentes são também
cercadas por círculos - fatos que dão noção de tempo e a idéia de que este
simbolismo – simbolismo do círculo - poderia ser originado de épocas ainda
anteriores.
Identificamos uma cruz pátea bem antiga, com circulo, muito anterior ao
período Templário ou das Cruzadas, possivelmente do sec. VI, colocada no solo e ao lado de fora da Catedral de Autun
– cruzcom toda probabilidade vinda do
topo da catedral muito antiga de S. Nazaire, sec. VI, fotografada também por
nossa amiga Elizabeth Eveline Clerc - o círculo de novo acompanhando a cruz. A
região do condado de Auton na Borgonha do Sul fora ligada à família de Vergy - e
indiretamente também aos Cavalcanti da mesma origem na dinastia wido pelo seu capostipide S. Warin.
O edifício
da catedral de Autun em estilo românico foi construído entre 1120 e 1146. Ao
final do século XII foi consagrado como catedral em detrimento da antiga Cathédrale
de Saint-Nazaire, originária do século VI e muito mais tarde demolida, em 1783,
cujas relíquias foram então transladadas para a catedral nova.
Foto da catedral de Autun com cruz pátea em
circulo colocada do lado de fora -
possivelmente oriunda da Catedral muito antiga de
S. Nazaire do sec. VI que fora demolida
Foto da cruz no pátio da catedral
de Autun (Catedral de S. Lázaro) realizada por Elizabeth Eveline Clerc em
2 outubro 2001.
A partir da observação desta cruz da igreja de Saint Nazaire passamos a perceber a notável semelhança desta cruz medieval antiga com as memoráveis cruzes de origem cristã-celticas que se prolongam até mesmo na Bretanha, na Abbaye Saint-Guénolé de Landévennec, por monges como São Columbano (543-615), muito preparados nestas simbologias celtas e que as espalharam pela Europa da época.
A partir da observação desta cruz da igreja de Saint Nazaire passamos a perceber a notável semelhança desta cruz medieval antiga com as memoráveis cruzes de origem cristã-celticas que se prolongam até mesmo na Bretanha, na Abbaye Saint-Guénolé de Landévennec, por monges como São Columbano (543-615), muito preparados nestas simbologias celtas e que as espalharam pela Europa da época.
Esta
ordem monástica desenvolvera-se nos séculos V e VI
ao redor do mar da Irlanda entre os povos celtas
e britânicos
- irlandeses, escoceses, galeses. São Columbano muito culto e certamente com os
conhecimentos mais atualizados preconizava já frente à Roma uma unidade de
pensamento religioso europeu, e teria mesmo estendido a influência da sua ordem
religiosa de tradições célticas até a região do lago Constança e à região
alamanni, onde um século depois se estabelece a família do conde Warin II de
Hesbaye e Altdorf, origem primeira que atribuímos à família Cavalcanti. S.
Columbano tendo podido estabelecer seu mais importante mosteiro - a abadia de
Bobbio - na região do norte da Itália, na Emilia-Romagna, onde faleceu em 615. A respeito realizamos trabalho a ser
proximamente editado “Personalidades francas em descida para a península com
Carlos Magno”
Cruzes de influência céltica. Na AnnaghDown Cathedral – Irlanda
Na
continuação da pesquisa identificamos ainda a associação da cruz cristã céltica
com a cruz do sol da qual teria
derivado. As cruzes de origem célticas são muito famosas e merecem trabalho detalhado
e à parte - as mais famosas estão no Monastery of Clonmacnoise fundado
no séc. VI, remontando aos primeiros
tempos da cristandade.
Nos países bascos onde “menirs” proto-cristãos
(baratz) são até mesmo encontrados, cruzes de origem e decoração célticas estão
igualmente presentes.
Chapelle de L´Aubépin – estelas discoidais – influencia celta de simbolismo esotérico?
Cruz helicoidal País basco – Chapelle de L´Aubépin
Magnífico
e surpreendente fragmento de “chapiteaux” do VI século de igreja oriental hoje no
Terra Sancta Museum, Jérusalem. “Photographiés
lors de l’exposition sur les Chrétiens d’Orient à l’IMA. Paris”, apresentado por Marie-Christine Ruchaud para o “Catalogue photographique des Monuments Historiques” (facebook)
Círculos de origem possivelmente oriental (rodas da fortuna) aparecem
também nestes belíssimos sarcófagos em Ravena
Simbolismo nos sarcófagos de bispos em Ravena, do V ao VIII séculos
Ravena, Itália sec. V ao VIII
"(Ravenne (Italie), Basilique Saint-Apollinaire, sarcophages
en marbre des évêques de la ville, citados em post de Marie Cristine Ruchaud)”
Sarcófago em Ravena
Este sarcófago parece associar o círculo a uma
coroa de espinhos e à roda da fortuna – a roda da fortuna símbolo muito antigo
de humildade, não sabemos desde quando ligado à coroa de espinhos.
Nestes túmulos ressaltamos especialmente a
figura de pequenos animais, pássaros, carneiros e mesmo pôneis, que nos parecem
igualmente símbolos de simplicidade, humildade e aproximação com a natureza. O
pavão branco símbolo de Cristo e de Ressurreição. O movimento que esta ave
realiza com sua cauda o mesmo significado do movimento elicoidal - o próprio movimento
do Cosmos.
Moeda de Richard I - Coração de Leão, 1172-1189 igualmente
no circulo unificador pontilhado
Richard
I - the Lionheart (Coração de Leão - Cruzado Duque da Aquitânea, 1172-1189.
“Silver
denier, Bordeaux mint. Cross pattee, +RICARDVS-W / Crusader cross pattee,
+AQVITANIE”
Moeda muito antiga, 425 AD, de Teodósio
Cruz colocada dentro do circulo unitário, mas agora associado
a uma
coroa de louros – símbolo de poder na antiguidade romana.
“THEODOSIUS II 425 AD Christian CROSS Genuine
Authentic Ancient Roman Coin”
Teodósio
II (Flavius Theodosius Augustus; 401 –
450). Em 408, aos sete anos de idade tornou-se imperador da parte oriental
do Império Romano. Famoso principalmente pela promulgação do Código de
Teodósio, bem como pelo Muro de Teodósio. Participou de duas controvérsias
cristológicas.
Conclusão
Certamente os antigos membros da família Cavalcanti, especialmente o célebre
poeta Guido Cavalcanti do sec. XIII não deveria desconhecer os elementos simbólicos
esotéricos de unidade e poder criador que o círculo na cruz pátea conduz - já
que o poeta havia pertencido e participado do círculo dos “Fideis d´ Amore” como
membro laico da ordem dos Templários - a Ordem religiosa Templária muito
atuante em Florença ainda ao fim do sec. XIII.
Mas o simbolismo das cruzes páteas,
símbolos de unidade e irradiação por suas pontas parece anteceder até mesmo à própria
Ordem Templária, pois o círculo já aparece de nas moedas francas de Carlos Magno
dominantes na península Italiana no sec.VIII, e mesmo em sarcófagos e pedras
tumulares muito antigos – irlandeses, celtas, cátaros e mesmo de proveniência
oriental proto-cristãs.
Se o poeta Guido Cavalcanti freqüentou, como
o celebre Dante Alighieri e outros poetas, a seção leiga da Ordem dos Templários
em Florença - os “Fideli d´Amore” – sua opção posterior pelo pensamento filosófico
dos árabes Averrois e Avicenas, sabemos, provocou decisiva ruptura na percepção
filosófica e mesmo teosófica do seu tempo - percepção e ruptura já de carácter
nitidamente laico e renascentista.
Mas o simbolismo dos círculos unificadores, da roda
da fortuna, das cruzes solares
irradiadas e helicoidais, pequenos animais
como o pavão, coroa de louros ainda outros simbolismos que nos aparecem nos
túmulos Templários e proto-cristãos podem ter origem muito mais antiga – símbolos
que remontam ao período anterior ao cristianismo - à cultura da antiguidade
pré-cristã e até mesmo à cultura céltica. Constatação observada durante este
atual trabalho, merecedora de estudos ainda mais aprofundados.
----------------------------
A Autora é especialista em estudos sobre o político e poeta medieval Guido Cavalcanti, com vários artigos publicados sobre o tema. Envia agora ao prelo um livro sobre este poeta considerado, modernamente, como um dos grandes poetas de todos os tempos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário