Jorge Cavalcanti
de Albuquerque – uma revisão historiográfica.
(c. de 1605 - 1695)
Ensaio
Introdução
A figura marcante de Jorge Cavalcanti de
Albuquerque chama nossa atenção já nos primeiro capítulos do livro “A Fronda
dos Mazombos”, livro de autoria do historiador Evaldo Cabral de Mello. E o
autor nos faz acompanhar a atuação do turbulento personagem no fim do século
XVII – promotor ele de contestações individuais contra as autoridades
portugueses, por fim coordenador de motim popular precursor no ano de 1692 (1).
Ora, cremos necessário rever estas afirmativas de
nosso historiador, não só as individualmente atribuídas a Jorge Cavalcanti, mas
também as relativas de modo amplo à “nobreza da terra” em Pernambuco neste fim
de século – colocações construídas sob uma ótica deformada, acreditamos, pelas
inúmeras fontes portuguesas consultadas pelo autor.
Ao reler Cabral de Mello utilizando nossos próprios
conhecimentos bem mais completos sobre a genealogia e a atuação política da família
da “terra” Cavalcanti de Albuquerque no século XVII, acreditamos poder passar a
perceber a figura histórica de Jorge Cavalcanti por ângulos novos, ainda não
percebidos por aquele historiador.
Ângulos que nos permitirão, até mesmo, ampliar a
compreensão do termo “mazombo” (3).
Consultando a listagem dos Cavalcanti de
Albuquerque no século XVII, Jorge Cavalcanti nos é indicado por genealogistas tradicionais
como sendo um dos últimos filhos de Antonio Cavalcanti de Albuquerque (c.1564-1640).
Jorge seria, portanto, neto do patriarca Filippo
Cavalcanti (Florença, 1525 – Olinda, 1614), fidalgo de antiga família florentina
e republicana que chegara a Pernambuco no século anterior e se casara com uma jovem
mameluca da família dos Albuquerque, donos da capitania. Neste caso, Jorge
Cavalcanti é do tronco primogênito do florentino, membro de família central da
“nobreza da terra” - produtora e exportadora de açúcar em Pernambuco (4).
Tentando reconstruir sua parentela, constatamos que
na juventude fora contemporâneo de seu muito influente sobrinho Antonio,
cognominado o “da Guerra” (c. de 1608-1645), filho de sua irmã bem mais velha,
Isabel (5).
Em termos da ação política desenvolvida por sua
família, acrescentamos que este seu sobrinho Antonio “da Guerra” se tornara, em
meados do século XVII, figura preeminente na família e em nossa História - o líder
da “nobreza da terra” que defendera a ideia de nova frente de guerra contra a
ocupação holandesa, em socorro não só aos seus parentes Albuquerque Coelho,
donos da capitania, mas também em apoio aos donos de engenho e colonos
pernambucanos já muito sacrificados. Antonio fora precursor “mazombo”, aquele
primeiro nativista que morrera logo no início dos enfrentamentos da Restauração
(1645) - os louros da vitória cabendo depois ao seu rival político, o
representante da Coroa, João Fernandes Vieira (6).
Sabemos, igualmente, que o quarto filho deste Antonio
“da Guerra”, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, uma década do fim guerra
holandesa dera sequência à liderança precocemente nativista de seu pai e da
família Cavalcanti de Albuquerque. Em 1666, Lourenço chegou a participar
decisivamente da deposição de um governador português, este sim atrabiliário -
Jerônimo Furtado de Mendonça - em uma das primeiras ações especificamente
nativistas no Brasil Colonial (7).
Lembramos que as dificuldades enfrentadas pela
“nobreza da terra” no pós-guerra contra os holandeses, em especial as econômicas
derivadas desta guerra, não haviam sido absolutamente
compreendidas pela Coroa, suspeitando-se à época que os holandeses se houvessem
comportado melhor com a nobreza da colônia do que as próprias autoridades
portuguesas e os mascates, em cujas mãos se encontrava, agora, uma nobreza
sofrida e muito endividada.
Olinda
nesta década estava ainda por reconstruir - o preço do açúcar em queda pela
concorrência com o já produzido pelas Antilhas, grassando violenta epidemia de
varíola entre os escravos. Além do mais, haviam sido criados tributos novos para
o pagamento de indenizações aos holandeses, tributos que geravam ainda mais cobranças
aos já inadimplentes, acompanhadas de apreensões das terras e mesmo de escravos
dos senhores de engenho devedores (8).
Neste
contexto de extremas dificuldades econômicas e prejuízos causados pelos
esforços daquela guerra sustentada - tantas vidas cortadas, engenhos
abandonados ao inimigo ou destruídos - a “nobreza da terra” se percebia, nas
décadas seguintes, não só endividada aos mascates, mas já suspeita por atos de rebeldia
pelas próprias autoridades coloniais portuguesas.
Exemplar do quadro descrito é o episódio histórico que registra, quase no
final do século, o comportamento contestador de um outro membro da família
Cavalcanti de Albuquerque – agora uma figura feminina, sobrinha de Jorge
Cavalcanti - Isabel de Moura Cavalcanti.
Esta jovem senhora, filha de seu falecido irmão
Felipe, em 1687 havia entrado em confronto com um comerciante português pela retomada
do seu já histórico engenho, o “Bela Vista’, que fora deixado para trás ao
inimigo holandês durante a retirada - ela e seu marido em consequência deste
conflito com o mascate rigorosamente
punidos pelas autoridades portuguesas (9).
Adiante,
no próprio texto, iremos detalhar este fato marcante, juntamente com outros, exemplares
do período.
Reafirmando:
a partir da leitura de “A Fronda dos Mazombos”, mas utilizando nossos próprios conhecimentos
genealógicos e políticos sobre a atuação da família Cavalcanti de Albuquerque em
Pernambuco neste século, conhecimentos registrados em nossos inúmeros artigos realizados
com critério profissional (10), passamos a perceber as personalidades de Jorge
Cavalcanti, e mesmo desta sua sobrinha Isabel de Moura Cavalcanti, agora sob um
ângulo novo – ângulo não percebido por Cabral de Mello ou por nossa
historiografia.
Perspectiva
que privilegia a atuação contestadora e nativista da família Cavalcanti de
Albuquerque, no início liderada por Antonio “da Guerra” e depois por seu filho Lourenço
– e nos permite melhor compreender o comportamento aparentemente desesperado, mas
reativo contra o dominador português por parte desta “nobreza da terra”
pernambucana, já durante o fim do século XVII.
Esta perspectiva historiográfica nova, acreditamos,
pode vir a auxiliar a melhor compreensão do período que ainda vai se seguir,
período que já se agrava e é caracterizado
mesmo pelos episódios dramáticos da “Guerra dos Mascates”.
A figura
insubordinada de Jorge, analisada no contexto de seu quadro genealógico e sob a
ótica da ação política contestadora dos
parentes que o antecedem, será por nós percebida, agora, não mais como a de um
nobre individualmente prepotente e atrabiliário – como Cabral de Mello nos havia
apresentado e a “nobreza da terra” em geral naquela ocasião - mas um Jorge outro,
personalidade longeva que atravessa o século e se demonstra como que um elo
entre as gerações da família, ele certamente consciente das razões de sua
insubordinação e das motivações maiores da sua ação – já um consciente nativista,
agindo algumas vezes de forma individual, quase desesperada e libertária,
contra as autoridades portuguesas.
À luz das ações contestadoras anteriores de
sua família tornam-se nítidos para nós os motivos pelas quais, neste fim do
século XVII, Jorge Cavalcanti tomara também para si, por vezes até mesmo individualmente
como sua sobrinha Isabel, os encargos políticos e contestadores maiores de sua família
contra a Coroa.
Se Jorge Cavalcanti havia agido de início
contestando autoridades portuguesas em concurso com a Câmara de Olinda, ele havia
sido preso pela primeira vez, já idoso, por uma ação sua eminentemente individual
no começo do governo do Marques de Montebelo, tentando negar às autoridades a
entrega de um escravo seu incriminado (11).
Idoso e desafiador, mesmo tendo sido preso, Jorge
continuou tramando nos bastidores, coordenando depois com seu decidido sobrinho-bisneto
- Cosme Bezerra Monteiro, um neto do “da Guerra” – amplo levante popular que
eclode em 1692, e que tem como pretexto o fato da capitania passar às mãos do
marques de Caiscais (12).
Naquela
ocasião, surgem no próprio interior da família Cavalcanti de Albuquerque as
primeiras suspeitas de que Jorge não fosse mais um vassalo de “el Rei” (13).
Dois anos depois, Jorge Cavalcanti será mais
uma vez preso pelas autoridades portuguesas, aparentemente por motivos pessoais
- a pretexto de uma vindita contra um tabelião reinol, vindita tida como
abusiva. Seu filho Antonio, igualmente, detido
na ocasião (14).
Mas pelo
agravante de pertencer a uma família já marcada por um histórico de insubmissão
frente às autoridades portuguesas, Jorge Cavalcanti só poderia mesmo terminar seus
dias, como realmente terminou, na cadeia.
Adiante seu outro filho do mesmo nome Jorge, na
passagem do século, dará continuidade ao processo contestador da família atuando
agora de forma muito solidária e coordenada com inúmeros outros membros da
família Cavalcanti de Albuquerque, ramos de Holanda Cavalcanti, decididos Bezerra
Cavalcanti e indignados Falcão Eça, ainda outras importantes famílias
pernambucanas, em ações francamente sediciosas da “Guerra contra os Mascates’ de
1710. E, a que tudo indica, a última prisão deste segundo Jorge, o II, poderá
ter ocorrido em condições ainda mais ultrajantes que a prisão de seu pai - com
os demais fidalgos e rebeldes mantido nas masmorras do Forte das Cinco Pontas,
embarcados em gaiolas sob grilhões e ferros esperando seguirem para julgamento na
Corte de Lisboa (15).
A
partir da compreensão do um amplo contexto histórico e, sobretudo, levando em
conta as propostas políticas nativistas que a família Cavalcanti de Albuquerque
especialmente conduziu, propostas que vinham especialmente sendo gestadas a
partir da ação de Antonio “da Guerra”para a Restaração , os confrontos
políticos liderados por Jorge Cavalcanti I na segunda metade do século XVII nos
aparecem, agora, como típicos de um comportamento propositadamente contestador e
“mazombo”, comportamento embebido, sobretudo, pela qualidade muito específica, insubmissa
e “sdegnosa”, sempre crítica aos governos prepotentes, típica dos Cavalcanti (16)
– Jorge já seguro e plenamente consciente dos seus direitos à terra natal construída
e ainda reconquistada aos invasores holandeses.
Desenvolvimento
Explicitadas
as premissas iniciais deste artigo, pretendemos
nesta parte do trabalho detalhar os vários episódios contestadores referidos nos
quais a família Cavalcanti de Albuquerque atua como líder da “nobreza da terra”
no fim do século XVII, visando confirmar o proposto.
Temos
em vista não só compreender melhor a personalidade de nosso Jorge Cavalcanti, como
aprofundar de forma ainda mais sistemática o comportamento de sua família,
comportamento que temos como típico e líder de uma “nobreza da terra” no período.
Para
facilitar o leitor, o contexto social, político e econômico de época ainda mais
ampliado e colocado por vezes em notas, para mais fácil acompanhamento da ação
política das figuras históricas referidas no texto.
Relembramos que, nos capítulos iniciais do
livro de Cabral de Mello “A Fronda dos Mazombos”, Jorge Cavalcanti nos fora apresentado
como um prepotente, um insubordinado promotor de rebeldias contra as
autoridades portuguesas – percebido por nosso historiador, de modo limitado e circunscrito
à ótica portuguesa da época, como exemplar de uma “nobreza da terra” particularmente
abusiva e atrabiliária no período (17).
Tentaremos enfocá-lo, agora, de modo novo e
mais completo - as colocações de Cabral de Mello, não só as individualmente atribuídas
a Jorge, mas também as relativas à “nobreza da terra” em Pernambuco no período,
apresentadas de forma nova, contextualizada e ampliada.
Repetimos:
O segmento
social da “nobreza da terra”, segmento mais expressivo na produção de açúcar em
Pernambuco, sofria no fim de século além da expoliação econômica típica do
modelo colonial ultramarino português, o agravamento de sua situação por
severasdívidas advindas da luta contra os holandeses, guerra que este segmento havia
liderado e sustentado com grandes prejuízos em vidas e bens - engenhos destruídos
ou deixados para trás - a despeito mesmo das muitas protelações na ação e indecisões da coroa.
Ao fim da guerra, alem de dificuldade especificas acima comentadas - destruição
de Olinda, baixa do preço do açúcar, epidemias sofridas pela escravatura – esta
“nobreza da terra” se percebia em especial desmoralizada por uma mascataria enriquecida
de forma oportunista na guerra e que lhe
cobrava juros extorsivos. Sobretudo espoliada pelas autoridades portuguesas que
lhes cobravam novos impostos para indenizar os holandeses, impostos que
acabavam por despojá-los de suas propriedades e posses.
Por fim, este segmento da “nobreza da terra” percebia-se,
até mesmo, desprestigiado pelas próprias autoridades portuguesas, pois dela já desconfiava
em virtude de seus primeiros atos de rebeldia (18).
Para análise destes primeiros atos de
insubordinação da “nobreza da terra” devemos voltar, ainda que de modo algo resumido,
à atuação nativista de Antonio “da Guerra” nos meados do século em Pernambuco para
podermos entender melhor este nosso Jorge Cavalcanti e a situação desta “nobreza
da terra” rebelde, extremamente contestadora alguns anos mais tarde, capaz de
realizar uma fronda.
Recordamos
que fontes antigas, oitocentistas e mesmo modernas, reiteram que Antonio Cavalcanti
de Albuquerque, “o da Guerra”, sobrinho e contemporâneo de Jorge Cavalcanti I, foi
um dos primeiros a opor-se ao armistício vigente na Colônia em relação aos
holandeses - o rompimento deste armistício sentido como uma necessidade
imperiosa para os pernambucanos da capitania a partir de 1640 (19).
No entendimento
da atuação política de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra” da Restauração,
encontraremos a origem mesmo do sentimento consciente de nativismo, melhor
dizendo, a origem do sentimento consciente de “brasilidade” - pois Antonio
foi reconhecido tacitamente, por nossa historiografia clássica e moderna, como
o idealizador e o líder “da terra” no movimento contra a ocupação holandesa na
capitania, movimento que de início contou, para sua própria deflagração, com
tropas organizadas e compostas pela “nobreza da terra”, apoiadas por outros
donos de engenho e colonos luso-brasileiros que se viam em perigo constante,
auxiliados ainda por decididas tropas de escravos negros com promessas de
liberdade e experientes tropas indígenas lideradas pelo cristianizado Camarão
(20). Lembramos que Antonio Cavalcanti, representando a “nobreza da terra” e
João Fernandes Vieira, um reinol oportunisticamente enriquecido e escolhido como
representante da Coroa, em junho de 1645 haviam
chegado mesmo a ameaçar o governo de holandês com a mobilização de 20.000
homens brancos e 30.000 negros e mestiços, para uma guerra total (21).
Antonio Cavalcanti, o “da Guerra”, foi considerado
o mais legítimo “mazombo”, o primeiro que se levantara na luta da Restauração
contra os holandeses, mas que, falecendo de modo não bem explicado logo no
começo dos conflitos em 1646, possibilitou que o reinol João Fernandes Vieira,
o representante português, levasse por fim os louros e as vantagens da vitória (22).
Antes mesmo
de começada a luta, no ano 1646, em verdade já ambos divergiam e disputavam a
liderança no interior do movimento “Restaurador” - liderança do reinol ou a da “nobreza
da terra”, divergências já com repercussões na própria condução da guerra. Mas,
com a morte precoce e suspeita de Antonio, em setembro de 1646, no começo dos
enfrentamentos, a vitória conseguida sobre os holandeses será mais tarde creditada,
pela historiografia oficial, especialmente à Vieira e aos portugueses.
Assim sendo, na perspectiva da família Cavalcanti
de Albuquerque, a consolidação da liderança de Vieira, um reinol, prejudicara o
avanço do processo nativista de independência - processo almejado não só por
Antonio Cavalcanti, mas tudo indica também já por setores bem mais amplos, setores
na Colônia que ultrapassavam o segmento da “nobreza da terra”, como afirmamos acima
era mais ampla e ficara patente durante o processo de luta (23).
Mas acreditamos
que as propostas políticas de Antonio “da Guerra”, nativistas e precocemente libertadoras,
não estiveram de todo perdidas com sua morte prematura e a consequente fama adquirida
por Vieira.
A
nossos ver, os ideais nativistas de Antonio “da Guerra” continuaram socialmente
latentes e, pouco depois do fim da guerra holandesa levados adiante pela
liderança da própria família Cavalcanti de Albuquerque, em especial por seu quarto
filho Lourenço Cavalcanti de Albuquerque e pela prima Isabel de Moura Cavalcanti
- bandeira retomada no fim do século por este seu tio Jorge Cavalcanti e gerações
seguintes de Cavalcanti de Albuquerque e Bezerra Cavalcanti.
Acrescentamos
detalhadamente:
Com o fim da guerra holandesa e o agravamento
da situação econômica da “nobreza da terra”, no ano de 1666 em Pernambuco,
Lourenço Cavalcanti, o quarto filho de Antonio da Guerra dará continuidade a atividade
política nativista de seu pai participando de conspiração para a própria destituição
do governador português à época, este sim, tido pelos pernambucanos como extremamente
atrabiliário - Jerônimo Mendonça Furtado. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque
agiu com a colaboração decidida, entre outros, de André de Barros Rego e membros
da Câmara de Olinda.
A chamada
“Conjuração do Nosso Pai”, em agosto daquele ano, destituiu violentamente este governador
tido como autoridade sem caráter, que “executava dívidas e sequestrava bens, em especial dos engenhos e
partidos de cana, prendia e soltava, tudo em troca de dinheiro...”. Mendonça Furtado
foi detido à mão armada por Lourenço Cavalcanti e André de Barros Rego ao sair
de uma Igreja e enviado para uma enxovia da fortaleza do Brum no Recife.
Mas em
hábil manobra da Coroa o governador foi logo substituído pelo prestigiado herói
militar André Vidal de Negreiros, natural da
Paraíba, que já havia articulado brilhantemente os interesses portugueses com
os das forças “da terra” na luta contra os holandeses e, depois da guerra, exercido
o cargo de governador por um período - personalidade capaz de apaziguar
temporariamente os ânimos em Pernambuco.
A “Conjuração
do Nosso Pai”, entretanto, liderada por Lourenço Cavalcanti e André de Barros
Rego ainda hoje é considerada pela nossa historiografia como um dos primeiros
movimentos nativistas do Brasil Colonial (24).
Confirmando,
mais uma vez, o importante papel contestador dos Cavalcanti de Albuquerque em
Pernambuco, em contexto cada vez mais agravado pelo
endividamento da nobreza frente aos mascates, chamamos ainda a atenção do
leitor para o episódio que tem a participação quase desesperada da nossa já
referida Isabel de Moura ou Isabel Cavalcanti nesta geração, fim do século XVII
(1687), quase vinte anos depois da ocorrência da “Conjuração do nosso Pai"
em que Lourenço Cavalcanti, filho do Antonio “da Guerra”, se envolvera contra o governador
português.
Episódio muito interessante e sugestivo de rebeldia que
comprova a continuidade da trajetória contestadora da família Cavalcanti de
Albuquerque, agora por uma decidida figura feminina agindo de forma dramática,
individual e anárquica.
Isabel era já bisneta do florentino e admitimos
sobrinha do nosso Jorge Cavalcanti I - filha
do seu irmão bem mais velho Felipe Cavalcanti de Albuquerque (c.1596-1657),
lutador na guerra holandesa que migrara para a Bahia,
mas retornara à Pernambuco ao fim da guerra e já havia falecido (25).
Por
volta de 1687 a jovem Isabel havia perdido a posse do
histórico engenho que fora de sua respeitável avó materna, D. Isabel de Moura -
o “Boa Vista”. Este engenho tinha já um
passado histórico e simbólico, pois havia sido abandonado
aos holandeses na retirada da família para a Bahia e, por dívidas, Isabel mais
tarde não o pode retomar - o “Boa Vista”
leiloado ao comerciante reinol Roque Gomes Paes (26).
Lembramos que cinquenta
anos antes, em julho de 1635, as forças coloniais
resistentes haviam tido severas perdas com o avanço de forças holandesas invasoras
e obrigadas a evacuar o vilarejo Vila Nova do Serinhaém, ultimo refúgio da
população civil. Nesta ocasião D. Isabel de Moura, senhora de engenho
respeitada e já viúva do herói Antonio Ribeiro de Lacerda, havia se juntado à
população civil que fugia de Serinhaém, tendo que deixar para trás este seu engenho
“BoaVista”. D. Isabel era filha de D. Felippe
de Moura, sobrinho do patriarca Jerônimo de Albuquerque e também da notável D.
Brides, a proprietária e fundadora da capitania. Entretanto, juntamente com a
população e os que puderam, D. Isabel empreendeu esta dura retirada épica, perseguidos
e tocaiados pelos holandeses em direção à Bahia (27).
Agora, com o fim da guerra e
o retorno dos herdeiros, o engenho “Boa Vista” fora leiloado. Por ocasião do
despejo da família realizado à força armada, haviam sido entoadas
cantigas à viola debochando da sua indignada neta Isabel Cavalcanti, o marido criticado
pelo comerciante arrematador, de forma agressiva, como um “fidalgo de borra”.
No processo que se segue é comentado que Isabel, extremamente ofendida pelo
comerciante, teria se negado depois a compartilhar o leito conjugal (28).
Acreditamos
que a jovem senhora deve ter se sentido humilhada frente a estas palavras
públicas tão rudes, sentindo-se certamente desprestigiada pelas autoridades
portuguesas em sua luta pela posse do engenho, ela portadora ainda de fortes
sentimentos ligados à honra e dignidade, característica da mentalidade feudal e
certamente de sua família.
Em consequência, seu marido, Leão Falcão
de Mello, membro igualmente de uma família de heróis da
guerra holandesa, será pouco depois culpado pelas
autoridades portuguesas pela morte de Roque Gomes Paes, numa emboscada. Detido, Falcão de Mello acaba morrendo na
prisão, tendo Isabel que fugir para o interior.
O irmão
do marido, Pedro Marinho Falcão, pelo mesmo motivo será preso, enviado para
julgamento não sabemos se na Bahia ou em Lisboa (29).
O abandono do engenho
histórico “Boa Vista” ao inimigo holandês e o posterior leilão a um reinol, a
que tudo indica, terá sérias consequências - não só na vida da sofrida Isabel,
mas consequências também importantes na vida de gerações seguintes de Cavalcanti
de Albuquerque e Falcão Marinho, como observaremos, familia ainda décadas
depois indignados por estes acontecimentos (30).
No fim dos anos seiscentos, num contexto
cada vez mais agravado por divergências da nobreza com autoridades portuguesas
e mascates, a ação do cada vez mais indignada e solidária de Jorge Cavalcanti com
a família dará prosseguimento às contestações, agindo agora de forma ainda mais
exacerbada contra as autoridades portuguesas e, como a de sua sobrinha Isabel, apresentando
características pessoais quase libertárias, talvez mesmo anárquicas, no mínimo “sdegnosas”
- marca já tradicional da ação política de sua família em Florença (31), família
que em Pernambuco demonstrava ainda sua pertinácia política.
Seguindo
o exemplo familiar do determinado sobrinho Antonio “da Guerra”, do sobrinho-neto
Lourenço e a desesperada Isabel Cavalcanti, Jorge Cavalcanti vai se demonstrar
também portador das tendências insubmissas características dos Cavalcanti –
tornando –se, a nosso ver, um “mazombo” ainda mais consciente frente ás
autoridade portuguesas dos seus direitos à terra defendida, por sua família e pelos
pernambucanos, aos holandeses.
Inicialmente,
a ação política rebelde de Jorge, sabemos, havia se limitado ao apoio a
interesses da “nobreza da terra” como juiz ordinário da Câmara de Goiana, agindo
com a Câmara de Olinda contra a malvista presença da figura do desembargador
corregedor, figura usual desde os anos 70 e cuja presença, alegavam, prejudicava
a paz da capitania e o bolso dos moradores (32).
Entretanto, um fato ainda marcante pode ter
se tornado decisivo na sua forma muitas vezes individual de atuar, pois as punições
de sua sobrinha Isabel e seu marido em 1687 quase se haviam renovado na família
com a prisão do seu jovem sobrinho neto Lourenço Cavalcanti Uchoa, filho de Lourenço
Cavalcanti, em 1691.
Em 1691
este jovem neto do “da Guerra”, Lourenço Cavalcanti Uchoa, por questionar na
Câmara com o companheiro João Barros Rego contra novas taxações de vinho e carne foram ambos presos pelo governador português Marques
de Montebelo e enviados para enxovias de fortalezas distintas.
Uchoa
e João Barros Rego foram comprometidos, sobretudo, pelas ações contestadoras
anteriores de seus pais que, lembramos, haviam enviado o governador Furtado de
Mendonça para a enxovia da fortaleza do Brum – ambos, ainda de forma mais severa,
ameaçados por Montebelo de serem mandados para julgamento em Portugal, sendo apenas
liberados por intervenção do bispo e outras figuras de nomeada (33).
Notamos que a partir desta ocasião, a ação contestatória
de Jorge parece se tornar, ainda mais intensa e decidida.
É possível que a ação contestadora
sistemática de Jorge Cavalcanti de Albuquerque, especialmente ao final da vida,
tenha sido desencadeada por estas violentas ações das autoridades portuguesas contra
estes seus dois sobrinhos, Isabel e o jovem Lourenço Uchoa - pois na década de
90 Jorge estará atuando de modo determinado e extremado, já bem idoso entre
1690 e 92, contra o governo de Montebelo.
O historiador Evaldo Cabral de Mello chega a
afirmar, sem compreender muito bem as razões de tanta rebeldia ou mesmo conseguir
explicar a dinâmica desses fatos:
“Já
nesses anos de governo de Montebelo, a rivalidade entre os nobres e em especial
os Cavalcanti, de um lado, e os mascates do outro, nada fica a dever na
intensidade dos rancores à que dividia Pernambuco” (34).
Neste governo de Montebelo, Jorge Cavalcanti desafiador
foi pela primeira vez preso por tentar arrancar, com seu genro e um séquito de
trinta homens, um seu escravo incriminado das mãos das autoridades portuguesas,
em Goiana. Solto apenas por interferência de parentes e amigos (35).
E, mesmo já tendo sido preso, continuou Jorge Cavalcanti
ainda atuando nos bastidores como o coordenador de um amplo levante popular que
por fim eclode em agosto de 1692, em Goiana.
Neste episódio simbólico de levante contra o
governador Montebelo, a ação de Jorge se fez na companhia do um sobrinho-bisneto
rebelado, Cosme Bezerra Monteiro – um dos netos do “da Guerra”, cuja mãe havia
se casado na também aguerrida família dos Bezerra Monteiro. Atuavam eles agora com
o apoio da Câmara e de carmelitas de Goiana, ainda outros populares. No relato de época, transcrito de Cabral de
Mello, eram “... mais de mil pessoas com armas, dispostas a pelejar formados. E
tem o povo a um juiz e dois vereadores presos e a Jerônimo Cavalcanti com
sentinelas a vista” (36).
Os
rebelados por quase uma semana tentaram impedir a entrega da capitania de
Itamaracá ao representante do marques de Caiscais e durante o levante protestaram
armados, alegando em alto e bom som que Itamaracá só reconhecia “por senhor a
El Rei, já que se havia restaurado do jugo holandês sem auxilio dos donatários”
(37).
Este
levante popular que Jorge Cavalcanti articulou e liderou constitui episódio
importante em nossa historiografia, pois antecede mesmo a “fronda” da nobreza
da terra de 1710.
Seu outro sobrinho, Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque
Lacerda, outro filho de seu irmão Felipe então capitão mor de Itamaracá – que fora,
como já observamos, a mando de seu tio Jorge detido na ocasião – chegará a expressar
depois por carta a D. Pedro II suas duvidas de que Jorge fosse ainda um vassalo
de El Rei (38).
Apenas
dois anos depois deste levante que mobilizara a população e mesmo com as promessas
paliativas da coroa de proteger e prestigiar a “nobreza”– o provocativo e Jorge
será, novamente, preso.
Nesta
ocasião, 1594, fontes portuguesas queixosas diziam contra Jorge que ele acintosamente
impedia a execução de ordens regias, intimidava oficiais de justiça para não
cumprirem diligências contra os “da terra”, tabeliões para que delitos não
fossem punidos – “pretendia” mesmo ser o senhor da capitania. Enfurecido referia-se
ao rei como um tirano, e como que vivos ainda os holandeses.
A que tudo indica, nesta ocasião, até mesmo alguns
membros da sua própria família - temerosos das represálias reais que já haviam se
abatido sobre eles - nesta difícil situação defendiam o exílio de Jorge (39).
Mas o pretexto
das autoridades portuguesas para prendê-lo, finalmente, em 1694 foi mesmo uma vindita
de Jorge contra um tabelião, tido por fontes portuguesas como figura respeitável.
Com
certeza seria tabelião que agia em contradição com seus interesses ou da
“nobreza da terra”, um provável desafeto seu, pois a surra foi aplicada por seus
escravos e por seu próprio filho Antonio, correção curiosamente ocorrida na
frente de um convento, a luz do dia e em rua de movimento (40).
Bem idoso - com quase oitenta anos em 1695
- enquanto esperava o ouvidor da Bahia designado pelo rei português para julgar
seu caso com o rigor da lei, Jorge acabou mesmo morrendo na cadeia. Com sua
morte, ao ouvidor de Pernambuco coube então prender e julgar, apenas, o seu filho Antonio (41).
Retomando o fio da meada:
Nos
meados do século, com o fim da luta contra os holandeses e a morte precoce e
suspeita de Antonio Cavalcanti, “o da Guerra”, os ideais políticos nativistas e
libertários dos Cavalcanti de Albuquerque e dos pernambucanos haviam sido levados
adiante sucessivamente, neste final do século XVII, por seu filho Lourenço
Cavalcanti, pela desesperada sobrinha Isabel, pelo jovem neto Cavalcanti Uchoa,
por seu idoso e indignado tio Jorge Cavalcanti, ainda em especial pelo ramo Bezerra
Cavalcanti descendente de sua filha Leonarda.
Assim
sendo, acabam os descendentes Bezerra Cavalcanti de Antonio Cavalcanti de Albuquerque,
“o da Guerra”, por liderar já em novembro de 1710 um geral, muito amplo e indignado
levante da “nobreza da terra”, atuando com populares contra as autoridades portuguesas
e mascates em Pernambuco - primeiro episódio da depois chamada “Guerra contra
os Mascates”.
A “Guerra
contra os Mascates” convulsionará por quatro anos a capitania, mobilizando outras
famílias da “nobreza da terra”, colonos pernambucanos, alem de segmentos
indígenas - episódio com nítidas tendências nativistas e mesmo libertárias e, a
que tudo indica, com os primeiros laivos, até mesmo, do republicanismo
característico da família (42).
Deste fato incial da “Guerra contra os Mascates”
participará também um dos filhos de Jorge Cavalcanti, do mesmo nome Jorge,
sargento-mor das milícias de Goiana, além de seus numerosos sobrinhos-bisnetos,
do ramo Monteiro Bezerra Cavalcanti.
Jorge
II, nesta ocasião, será incentivado para a rebeldia por seu próprio sogro, Francisco
de Barros Falcão, daquela família também atuante na guerra holandesa e ligada
por casamento aos Cavalcanti de Albuquerque desde o drama da jovem Isabel,
todos juntos mobilizados contra os mascates e, agora, contra o governador
português Castro Caldas.
Jorge
II foi detido já na gestão governador português Felix Machado e, a que tudo
indica, teria sido uma segunda vez preso, enviado para as masmorras da
fortaleza das Cinco Pontas - neste caso teria ele sido ameaçado, com outros
rebeldes, de ser embarcado para a prisão do Limoeiro, em Lisboa - obrigado a
subir a bordo em gaiolas, sob ferros, quando a tempo muitos desses presos
acabaram por receber o perdão da Coroa (1714).
Nestas
circunstâncias Jorge Cavalcanti II, teria se negado a receber este tardio
perdão real, pois eram mantidas as punições aos seus parentes do clã Bezerra
Cavalcanti – que de forma muito humilhante foram, por fim, embarcados para
julgamento e martírio em Portugal. (43).
Assunto relacionado aos
tipos de punições humilhantes da época, não podemos deixar de comentar episódio
curioso que envolve ainda nosso Jorge Cavalcanti de Albuquerque I - episódio, a
que tudo indica, típico de mentalidade ainda medieval.
Evaldo Cabral de Mello
refere-se a um tipo de punição, interpretado por fonte portuguesa como
indicativo do “sadismo” de Jorge: o corte da barbicha de um homem modesto - talvez
um esmolante, que o tenha desconsiderado (44). Observamos que nesta mesma obra, Cabral de Mello refere-se
também “ao corte da barba e das cãs” de um desafeto idoso dos Cavalcanti durante
o episódio mais violento da guerra contra os mascates, o saque de Goiana (45).
Seriam estes castigos contra
desafetos políticos idosos característicos de época, e da atuação dos
Cavalcanti - vindos de seu longo passado de governança florentina e feudal, ainda
não conhecidos das práticas portugueses? Não sabemos responder, mas
acrescentamos que tanto os Albuquerque como os Cavalcanti, de muito longa
trajetória de governança, traziam malícias e práticas muito antigas no trato
político com seus inimigos políticos, algumas delas comentadas pelo próprio
Evaldo nesta mesma obra, como o uso do cacete pelos portugueses e as manipulações
políticas por alianças matrimoniais, por nós comentadas no nosso livreto
“Família Cavalcanti de Albuquerque” (46).
Em Florença,
Cosme I de Médici aplicara aos nobres idosos rebelados em Montemurlo (1535)
castigos de época igualmente humilhantes – nobres idosos obrigados a desfilar
descompostos, montados em animais trôpegos, ao entrar em Florença. A escritora Maria
Cristina C. de A. em seu romance “O Magnificat”, sem citar suas fontes, relata
o severo castigo infringido desta vez pelos mascates ao líder “mazombo” João
Rego Barros, idoso e nobre obrigado a teria ter de desfilar em ferros, em
condições para ele extremamente aviltantes, ao entrar em Recife. (47).
Conclusão
Do acima afirmado, pensamos necessário
reavaliar a personalidade de Jorge Cavalcanti dentro do contexto histórico
peculiar, contexto que leve em conta não só as características econômicas de um
período de exacerbada espoliação colonial, mas também as condições sociais e
ideológicas, apresentando mentalidade típica de época, período de transição ainda
marcado por fortes valores medievais. Contexto,
sobretudo, em que sua família Cavalcanti de Albuquerque da “nobreza da terra” já
atuava em sentido precursoramente nativista como liderança, fato constatado pelo
menos desde a ação de Antonio “da Guerra” (48).
A nosso ver, Jorge Cavalcanti dava sequência
ao movimento de contestação consciente e sistemático iniciado por seu sobrinho
Antonio, atuando seja de forma individual ou limitado ao núcleo familiar, seja de
caráter articulado e mais amplo, coordenando outras famílias da “nobreza da
terra”, ainda outros segmentos sociais – ação contestadora que se mantém especialmente
no interior da família Cavalcanti de Albuquerque em Pernambuco, de forma
continuada, sem quebra geracional durante largo período.
Esta liderança contestadora e
libertária dos Cavalcanti de Albuquerque, liderança herdada pelas fortes ligações
de parentesco com os Albuquerque Coelho proprietários da capitania, se manifestava
desde a ação de Antonio Cavalcanti ,o “da
Guerra”, na própria Guerra da Restauração. Liderança contestadora que os Lourenço
Cavalcanti, filho e neto, o tio Jorge, a jovem Isabel de Moura, ainda Jorge II e
os Bezerra Cavalcanti deram continuidade até o fim do século XVII, começo do
XVIII. Liderança que se demonstrou, de forma especialmente nítida no levante
nativista amplo da “Guerra contra os Mascates”, quando esta família parece manifestar
suas simpatias, até mesmo, por ideais precoces de republicanismo (49).
Na “Guerra
conta os Mascates” verdadeiro levante da “nobreza da terra” contra a coroa, uma
“fronda”, a descendência do florentino por seu filho primogênito Antonio, os
netos Felipe e Jorge Cavalcanti - linha central Cavalcanti de Albuquerque – também
pela neta Isabel Cavalcanti, mãe do “da Guerra”, matriarca do clã Bezerra Cavalcanti
–havia deixado marcas históricas indeléveis, precursoras de brasilidade (50).
Notas
(1) Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos
Mazombos Cia. das Letras, 1995, capítulo 2, “Atribulações do marquês de
Montebelo”.
(2) A
utilização do conceito de “nobreza da terra” relacionado ao segmento social no
nordeste no Brasil do século XVII é por nós explicitado e já discutido na
introdução do nosso trabalho “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra”, Prefácio,
trabalho ainda não publicado, mas aberto
a consultas. A nosso ver, este conceito é especialmente operativo para o fim do
século XVII e é também utilizado por nós no artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti
na Guerra contra os Mascates”, igualmente já aberto a consultas.
Absolutamente não concordamos com as
conclusões defendidas pelo historiador Evaldo Cabral de Mello em seu livro A
Ferida de Narciso (Ed. SENAC 2001, pg.44) - obra em que este autor parece
se demonstrar limitado, como de resto o escritor Viana Moog, à predominância ainda
de sentimentos de ressentimento no conceito de “mazombo”, conceito utilizado por
nossa historiografia para a segunda metade do século XVII (ver sobre a critica
à Viana Moog nosso trabalho “Mazombo”).
Se o reconhecimento e os condicionamentos de
titularidade da “nobreza da terra” vieram apenas em 1730 para tentar dirimir os
conflitos ocorridos – o segmento social da “nobreza da terra”, para Cabral de
Mello, durante o período anterior ( segundo quartel dos anos seiscentos e
consequentemente na Guerra dos Mascates) seria vítima de uma “ferida narcísica”
agindo como um louco, um “Napoleão de hospício” (ver especialmente seus comentários
na pg. 83 do livro acima citado). Também em A Fronda dos Mazombos,
citada, pag. 142 este historiador afirma: “No plano ideológico, a nobreza
reagirá ao desafio mascatal com um ressentimento que beirou por vezes a paranóia
de classe”.
Em nosso ponto de vista, Cabral de Mello
teria tido dificuldades em perceber mais nitidamente, ao utilizar e interpretar
ainda tantas fontes portuguesas, que há muito já se gestava e conscientemente
se preparava em Pernambuco os ideais de independência - ideais que só serão claramente
expostos a partir de 1710, mas que já se haviam gestado bem antes e se manifestado
no segundo momento da luta contra os holandeses, como constatamos em nosso
trabalho Antonio Cavalcanti, “o da Guerra”, também aberto a pesquisas. A respeito da geração de um nativismo ainda
mais precoce, consultar o livro recente de Cavalcanti de Albuquerque, Maria
Cristina – Matias, Bagaço, Recife, 2012.
Assunto retomado adiante no “Desenvolvimento”
deste trabalho.
(3) “Mazombo” – palavra de origem africana
significando tristonho, taciturno, sorumbático, carrancudo, macambúzio, mal
humorado. Adjetivo utilizado pelos portugueses para qualificar o filho de
português nascido na Colônia – o que se sentia insatisfeito com a vida que levava,
mas não merecia.
"Complexo de mazombo" - expressão introduzida pela crítica
literária para melhor entendimento, na Bahia, da obra poética de Gregório de
Mattos (1636-1695) - expressão que descreve a
forma eminentemente crítica deste autor ver o mundo colonial.
Sobre
a discussão do conceito de mazombo Torres, Rosa Sampaio, artigo “Mazombo”, no
blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br.
Mais
explicações no decorrer do texto.
(4) Temos com fonte principal para esta
genealogia, Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e
Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pág. 292, 293. A
autora transcreve lista corrigida do genealogista Carlos Xavier de Brito e afirma:
“entre os filhos de Antonio também é citado Jorge [Cavalcanti] de Albuquerque”.
Antonio, o segundo filho do florentino Filippo Cavalcanti é indicado pela
autora como casado com Isabel de Góis, a filha de Arnao de Holanda e Brites
Vasconcellos. A autora não diz por quem Jorge é citado como filho de Antonio. Infere-se, porém, seja o genealogista Carlos
Xavier de Brito, cuja lista a autora transcreve. Segundo ela, Carlos Xavier de
Brito relacionou os filhos de Antonio baseado em listagens de Jaboatão e Borges
da Fonseca.
Nesta mesma listagem, o primeiro filho do
florentino seria em verdade João, referido apenas como falecido em criança.
A data de
nascimento do filho do florentino, Antonio, é calculada por nós no artigo “Antonio Cavalcanti de
Albuquerque – o “da Guerra” Holandesa”, nota 12, ainda não editado, mas aberto
para pesquisa.
(5) A data aproximada do nascimento de Jorge
Cavalcanti é calculada por nós a partir da lista da família Cavalcanti de
Albuquerque referida por Bittencourt, Adalzira – opus cit., pág.
292, 293, informações cruzadas com as de Barata - Carlos Almeida & Bueno,
Antonio Henrique Cunha - Dicionário das Famílias Brasileiras,
Ibero-América, 1999, verbete Cavalcanti, que fornece a data de nascimento de
Felipe Cavalcanti de Albuquerque, o quarto irmão de Jorge em c.1596 - falecido
em 1657, em Ipojuca.
Jorge, citado por Bittencourt, poderia
estar situado entre os últimos dos 13 filhos de Antonio, o filho do florentino
- e neste caso (1596 + 9 aproximadamente) seu nascimento pode ter ocorrido
depois ou próximo de 1605.
A morte Jorge de Albuquerque teria ocorrido em 1695 (Cabral de Mello,
Evaldo – A Fronda dos Mazombos, citada, pg. 87, nota 94, data inferida das
cartas enviadas a D. Pedro II em 1695, todas em AHU, PA, Pco, cx 11). Se nossos
cálculos estão corretos Jorge teria morrido com mais de oitenta anos, o que nos
parece bem provável, pois sua morte é dada como ele já idoso.
A
irmã de Jorge, Isabel, mãe de Antonio “da Guerra” é referida como nascida em 1583
ou 1590, e seu filho Antonio “da Guerra” nascido possivelmente cerca de 1608 (fonte
um fichier de Guy Spillbeen - 51, mídia eletrônica, sem entretanto referir fontes), falecido ainda jovem no ano conhecido
de 1645 (Gonçalves de Mello, JFV. Pg. 178 nota 33, fonte frei Calado e Jornal
de Arnhem).
Neste caso, o tio Jorge (n. c. 1605) seria
mesmo contemporâneo de seu sobrinho Antonio “da Guerra” (n. c. 1608).
(6) Sobre Antonio Cavalcanti, o
“da Guerra” da Restauração, que lutou contra a ocupação holandesa ver abaixo no
texto, parte “Desenvolvimento”.
Sobre ele consultar especialmente a obra
de Cabral de Mello, Evaldo - Rubro Veio, Topbooks, 1997, capítulo “O
panteão restaurador”. Também Torres, Rosa Sampaio - artigo “Antonio Cavalcanti
de Albuquerque”, já aberto a consultas. Ainda da mesma autora e no mesmo blog o
recentemente publicado “A família Cavalcanti e os ideais republicanos no
período Colonial”.
Mais
sobre a psicologia e possível origem remota dos ideais nativistas dos “sdegnosos”
Cavalcanti de Albuquerque na nota 16 e, sobre Antonio “da Guerra”, mais bibliografia
na nota 19.
(7) O episódio historicamente
denominado “Conspiração do nosso Pai” é analisado por Cabral de Mello, Evaldo -
A Fronda dos Mazombos, opus cit., capítulo “O agosto de Xumbergas”, citando
várias fontes.
Ver mais no texto a seguir, parte “Desenvolvimento”,
especialmente nota 24, com novas informações e outras fontes.
(8) Lembramos, a Câmara de Recife em 1673
externava que há dezenove anos os holandeses haviam sido expulsos sem que os
moradores experimentassem o alívio que esperavam dos tributos cobrados pela
Coroa.
O próprio
Evaldo Cabral de Mello em A Fronda
dos Mazombos, citada, pg. 38/39, relata a dramática situação fiscal dos
pernambucanos e lembra a cobrança de novos impostos: “A esta conjuntura
bastante sombria [pela morte dos escravos que provocavam prejuízos consideráveis
na Colonia] ajuntavam-se as seqüelas fiscais do chamado “donativo da rainha da
Grã-Bretanha e paz de Holanda”... O novo imposto devia arrecadar 6 milhões de
cruzados, tocando Pernambuco contribuir com 140 mil cruzados anuais pelo espaço
de dezeseis anos, dos quais 23 mil corresponderiam á cota de Pernambuco e
capitanias vizinhas”. Fonte Gonçalves de Mello, J. A. – “As Consequências
fiscais do chamado donativo para o casamento da rainha da Grã-Bretanha e da Paz
da Holanda (1664-1666)”, RIAP, 54 (1981), pg.9-11.
As pressões
exercidas para cobrança deste novo imposto pelos governadores portugueses foram
então dramáticas, com a tomada de escravos e terras dos inadimplentes de
impostos. Consultar Evaldo Cabral de Mello, A Fronda dos Mazombos, citada,
pg. 39.
(9) O episódio em que Isabel de Moura Cavalcanti
questiona o antigo e histórico engenho de sua avó, D. Isabel de Moura, é
levantado e relatado por Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos,
citada, pgs. 90/ 91, tendo como fonte o próprio processo da morte do comerciante
Roque Gomes Paes. O engenho “Boa Vista” havia sido deixado para trás aos
holandeses por sua avó, a respeitada D. Isabel de Moura. Este conflito teve um
desfecho inesperado e trágico, pois seu marido, Leão Falcão de Mello, será
comprometido. Ver mais detalhes no texto, parte “Desenvolvimento”.
Informações sobre as inúmeras ligações de
casamento do ramo principal dos Cavalcanti de Albuquerque com a família Falcão
e Falcão Eça, igualmente lutadora na guerra holandesa, Bittencourt, Adalzira, opus
cit., pg. 293. Informações completas sobre a família Falcão Eça e Falcão
Marinho em Torres, Rosa Sampaio - artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti na Guerra
contra os Mascates”, nota biográfica de Leão Falcão d´Eça, aberto a consultas.
(10) Inúmeros trabalhos da autora
sobre a atuação política da muito antiga família Cavalcanti na península
italiana, e da família Cavalcanti de Albuquerque no Brasil, estão publicados no
blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br.
Outros ainda inéditos já disponíveis para pesquisa, citados já nas várias notas
deste mesmo trabalho.
(11) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 74, com todas as fontes indicadas e
citadas nota 32.
(12) Comentários sobre o contexto
do “Levante de Itamaracá”, adiante no texto e na nota 37.
(13) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 87, referindo-se a uma carta de Jerônimo
C. de A. Lacerda, já bisneto do florentino, ao rei
português. Ver mais na nota 33 com fontes.
(14) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, p.87, com todas as fontes indicadas.
(15) Cabral de Mello, Evaldo - A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 87, 310.
Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina
- O Magnificat, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti,
Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990, pg. 128,129, obra em que a
autora se refere a Jorge Cavalcanti de Albuquerque II como não querendo aceitar
o perdão real em 1714. A autora utiliza fontes documentais básicas certamente, mas
não identificadas por se tratar de um romance.
Consultar ainda as notas biográficas
citadas em Torres, Rosa Sampaio - artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti na Guerra
contra os Mascates”, aberto a consultas.
(16) O adjetivo “sdegnoso” por
nós traduzido como altivo, sombranceiro, indignado, desdenhoso, não respeitoso,
é usado pela história literária para descrever a conduta política da família
Cavalcanti na península italiana. O cronista Dino Campagni (c.1255-1324) usara
o adjetivo “sdegnoso” para descrever o poeta Guido Cavalcanti, seu
contemporâneo, no séc. XIII.
O
escritor Giovanni Boccacio no seu Decameron, 6º dia, nona novela, “A cena do
cemitério”, trabalho escrito no século seguinte repete o mesmo adjetivo “sdegnoso”
ao descrever o poeta Guido Cavalcanti em sentido positivo, conto que não pode
deixar de ser lido para melhor compreensão da personalidade e da obra do poeta
Guido (descrição também repetida por Haroldo de Campos, Pedra e Luz na
Poesia de Dante, Imago, 1998, pg. 14).
A
partir, portanto, da tragédia ocorrida com o poeta Guido Cavalcanti, amigo de
Dante, que no século XIII enfrentara o clã aristocrático e prepotente dos
Donati, os Cavalcanti foram descritos por fontes literárias como “sdegnosos”, além
do mais notórios nos seus enfrentamentos posteriores ainda contra a família dos
Médici, no século XVI, pela manutenção dos ordenamentos da Republica
florentina.
Cesare Trevisane, em seu romance La
conjura di Pandolfo Pucci, Florenze, Tip. de Monnie, 1852, utiliza muitas
vezes a expressão “sdegnoso” para os Cavalcanti como família.
A respeito da utilização do termo
“sdegnoso”, consultar os vários trabalhos da autora com fontes citadas,
especialmente a “Conspiração Pucci & Cavalcanti” e “Médici X Cavalcanti” no
blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/,
ainda “Mazombos’ e “Os Sdegnosos Cavalcanti”, no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br
Sobre
preâmbulos da formação do ideário de independência consultar também o recente
livro de Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina –
Matias, Recife, Bagaço, 2012, livro em
que esta autora reconhece o importante papel, ainda não consciente, também de
Matias de Albuquerque para a formação da brasilidade durante o primeiro momento
de resistência contra a invasão holandesa.
(17) Assunto já
abordado na nota acima 3, onde rebatemos as propostas explicitadas por Evaldo Cabral de
Mello sobre ao segmento social da “nobreza da terra” em A Ferida de Narciso,
Ed. SENAC, 2001.
(18) Ver nota 8. Ainda conclusões apresentadas
em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da
Guerra”, ainda inédito, mas já aberto a pesquisas, com muito mais informações
históricas sobre as controvérsias políticas entre Antonio Cavalcanti e o reinol
João Fernandes Vieira, citados ainda outros fatos históricos correlatos.
As
dificuldades da “nobreza da terra” apresentadas, modernamente, nas obras de
Antonio Gonçalves de Mello e do próprio Evaldo Cabral de Melo. Ver bibliografia
já citada na nota 8 e a relativa a estes dois autores citados abaixo nota 19.
(19) Conclusões de Torres, Rosa
Sampaio para o artigo “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra”, já
aberto a consultas eque se baseia nas informações genealógicas de Adalzira Bittencourt,
opus cit. (a autora utiliza Jaboatão e
Borges da Fonseca corrigidos por Carlos Xavier de Brito) e também do genealogista
Carlos Eduardo Barata – Dicionário das Famílias Brasileiras – verbete
Cavalcanti. Informações cotejadas especialmente com Fernandes Gama, José
Bernardo – Memórias Históricas da Província de Pernambuco, Recife,
1844-1887 (utilizada a edição do Arquivo Publico Estadual, Recife, 1977), obra dos
oitocentos. Neste artigo o surgimento do sentimento nativista é examinado a
fundo, suas razões e personagens em causa exaustivamente analisados. Utilizadas também, entre as obras recentes,
especialmente:
Gonçalves de Mello, José Antonio -
Tempo dos Flamengos, 4ª ed. Topbooks, 2001, pg.
172,173.
Evaldo
Cabral de Mello - Rubro Veio, Topbooks, 1997, capitulo “O panteão
restaurador” pgs. 80, 91,162, 200, 213, 412, 441.
-
O Brasil Holandês – Penguin e Cia. das Letras, 2010.
- Olinda
Restaurada, Topbooks, 2 ed., 1998, pg. 218, 219.
- Fronda
dos Mazombos, citada, pg. 210-213.
- A Ferida de Narciso, Ed. SENAC, S.P. 2001.
(20) O contexto da Restauração contra
os holandeses é enfocado em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Antonio Cavalcanti
de Albuquerque, o da Guerra”, com fontes em parte citadas nota 19, acima. Ver bibliografia também na nota 19.
(21) Comunicação de João
Fernandes Vieira e Antonio Cavalcanti ao Alto e Supremo Conselho, em 8/7/1645,
documento referido por Cabral de Mello, Evaldo - Olinda Restaurada, citada,
pg. 218, 219 como tendo sido publicado em RIAP 35 (1888), pg.35, e seu original arquivado na BN.
(22) Obra de Evaldo Cabral de
Mello - Rubro Veio, Topbooks, 1997, capítulo “O panteão restaurador” - Antonio especialmente citado pgs. 80, 91,162,
200, 213, 412, 441.
(23) Conclusões de Torres, Rosa Sampaio - artigo
“Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra”, fontes básicas indicadas acima, na nota 19.
A memorável
carta enviada “Aos Senhores Holandeses” por Henrique Dias, comandante das
tropas negras – composta de escravos com promessas de libertação - comprova o
que acima afirmamos e dão quase a completa dimensão dos fatos.
Citamos pequeno trecho nitidamente nativista em que Henrique Dias,
convocado mais uma vez pela nobreza. Henrique dias já anteriormente havia
servido ao donatário Matias Albuquerque Coelho no momento da invasão dos
holandeses e agora voltava também decidido à luta:
“Ouvida
sua razão [dos moradores da terra], e conhecendo quanta razão tinham de se
levantarem, pusemo-nos a caminho e viemos ajudá-los [....] Meu camarada, o Camarão, não está aqui; mas eu
respondo por ambos. Saibam Vossas Mercês que Pernambuco é Pátria dele e
minha Pátria, e que já não podemos sofrer tanta ausência dela. Aqui
haveremos de perdar as vidas, ou havemos de deitar a Vossas Mercês fora dela. E
ainda que o Governador e Sua Majestade nos mandem retirar para a Bahia,
primeiro que o façamos havemos de responder-lhes, e dar-lhes as razões que
temos para não desistir desta guerra”. Carta transcrita da Coleção Historia
Nova – 3, As invasões holandesas, Rio, 1964. Os grifos são nossos.
(24) Observamos que a morte de Jerônimo
Barbalho Bezerra - membro da família
Bezerra aliada na guerra holandesa e casada
na família Cavalcanti de Albuquerque - filho do notável comandante na guerra
holandesa Luíz Barbalho Bezerra, ocorrera no Rio de Janeiro em 1661, sendo ele enforcado
e depois decapitado por machado por participação da “Revolta da Cachaça” naquela
cidade, a pretexto de questionamentos
referentes a impostos da cachaça e carne.
Não podemos concluir ainda que os dois fatos
estejam ligados, mas acreditamos que possam devem ter tido já influencias
nativistas mútuas.
Em Pernambuco
os conjurados confabulando contra Mendonça Furtado reuniam-se em casa do senhor
de engenho João de Novalhaes (ou Navalhas) y Urréa, dentre eles o juiz de
Olinda André de Barros Rego, os vereadores Lourenço Cavalcanti e João Ribeiro,
estimulados nesta ocasião já pelo próprio reinol João Fernandes Vieira, então
já grande devedor da Coroa.
Mendonça
Furtado num ardil dos conspiradores foi levado a encontrar-se com uma procissão
que levava os sacramentos da eucaristia, o viático, também chamado “Nosso Pai”,
a ser ministrado aos moribundos e pelo costume obrigado a acompanhá-la de volta
até o interior da Igreja. Aí foi intimado a entregar-se frente aos
conspiradores armados, em 31 de agosto de 1666 (informações de Bittencout, A.- opus
cit., pg. 296 e Souto Maior, A – História do Brasil, 6ed, 1968,
pg.181-200, confrontadas com Cabral de Mello, Evaldo - Fronda dos Mazombos,
citada, pg.19, capítulo “O agosto do
Xumbregas”). Trata-se, portanto, de Lourenço Cavalcanti de Albuquerque casado
com Mariana Uchoa e não Lourenço Cavalcanti Uchoa, conforme nos indica Cabral
de Mello, porque este seu filho irá agir somente na geração posterior.
Cabral de Mello, Evaldo - Fronda dos Mazombos, citada, pg. 20, afirma
sobre atividades de Jerônimo de Mendonça Furtado, alegadas também
frequentemente contra demais funcionários da Coroa: “Afrontado a honra dos
vassalos, ele administrava como um tirano, interfiria no funcionamento do
judiciário, executava dívidas, seqüestrava bens, em especial das fábricas dos
engenhos e nos partidos de cana, prendia e soltava ao seu talante, tudo em
troca de dinheiro...”.
Mendonça Furtado era apelidado de Xumbrega
- referência ao general alemão Von Schomberg, mercenário que lutara na Restauração,
de bigode semelhante ao dele.
O pretexto do movimento, que culminou com
a prisão e deposição Mendonça Furtado teria sido a entrada no porto do Recife
de uma esquadra francesa. Os rebeldes fizeram correr a noticia que o governador
estaria a serviço dos estrangeiros e que preparavam um ataque à província, seu
conseqüente saque. Sobre o pretexto da prática religiosa “do Nosso Pai” o
governador foi maliciosamente conduzido para a igreja. Ao sair André de Barros
Rego deu-lhe voz de prisão, sendo ele sido levado como prisioneiro à fortaleza
de Brum. Os franceses desembarcados foram perseguidos – uns conseguindo
refugiar-se num convento, outros presos.
Mendonça Furtado foi substituído
por André Vidal de Negreiros, que já havia
liderado contra os holandeses e exercido o cargo de governador por um período, capaz
assim de apaziguar temporariamente os ânimos em Pernambuco.
(25) A jovem Isabel Cavalcanti era
descendente do filho Antonio do florentino por seu pai Felipe Cavalcanti de
Albuquerque, sendo, portanto sobrinha de Jorge Cavalcanti (Bittencourt, A.- opus
cit., pg. 292). Seu pai lutara na guerra holandesa, certamente acompanhado
em 1635 a retirada épica para a Bahia, tendo aí se casado com Maria de Moura e voltado
à Pernambuco ao fim da guerra, quase vinte anos depois e com filhos ainda
pequenos, falecendo em Ipojuca no ano de 1657. Felipe é o tronco dos Cavalcanti
de Albuquerque de Gusmão do engenho Castanha Grande. Sua figura é aprofundada
no artigo “O ramo do Castanha Grande”, próximo no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br
. Ver mais algumas informações nota abaixo 30.
(26) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 90, 91, usando como fonte o próprio
processo de esclarecimento da morte do mascate Roque Gomes Paes.
(27) Pesquisa apresentada em
Torres, Rosa Sampaio – artigo “O Ramo do Castanha Grande”, próximo no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br.
(28) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 90, 91 tendo como fonte o processo do
mascate Roque Gomes Paes.
(29) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 90, 91, tendo como fonte o próprio
processo da morte mascate Roque Gomes Paes.
(30) O abandono do engenho "Boa
Vista" aos holandeses trará importantes consequências na vida de gerações
futuras de Cavalcanti de Albuquerque, não só para esta nossa Isabel Cavalcanti,
filha de Maria Lacerda e de Felipe C. de A., casada na aguerrida família
Falcão. Os protestos de Isabel Cavalcanti pela manutenção de seu engenho acabam
determinando não só a morte de seu marido na prisão, mas, a que tudo indica,
irão se constituir uma das razões de conflitos da nobreza da terra com a
Metrópole, justificadoras mesmo da Guerra dos Mascates. Pois nota-se que Felipe
C. de A., genro de Isabel de Moura e pai de Isabel, teve ainda várias outras de
suas filhas casadas na família Falcão e Falcão Eça, cujos membros, a partir
desta disputa do engenho “Boa Vista”, estarão igualmente em conflito aberto com
a coroa. Os Falcão e Falcão Eça, com os Cavalcanti de Albuquerque, participarão
como lideranças da “Guerra contra os Mascates”, quando o jovem Leão Falcão
d´Eça acaba mesmo morrendo nas Índias degredado e o ramo dos Bezerra Cavalcanti
martirizado.
Sobre este drama familiar continuado,
consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo “O Ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra
contra os Mascates”, inédito, com conclusões pessoais e todas as fontes
indicadas. Fonte básica Evaldo Cabral de Mello, A Fronda dos Mazombos,
em especial o capítulo 2, confrontado com fontes genealógicas dos Cavalcanti de
Albuquerque. Notícias sobre os Marinho Falcão e Falcão Eça, aliados de Antonio
Cavalcanti na guerra holandesa, artigo em preparação “Antonio da Guerra Holandesa”.
(31) Sobre o conceito de “sdegnoso”, ver nota 12.
(32) Assim sendo, teriam Jorge de Albuquerque e a
Câmara de Olinda conseguido certa vez impedir a entrada de um magistrado régio.
Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos, citada, pg.73, episódio
sem data precisa, mas cujas fontes estão na Biblioteca Nacional de Lisboa,
“Pombalina" 29, fls. 289-90, 292, 369-73.
(33) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 65, com fontes.
Ver também a ‘Conspiração do Nosso Pai” comentada
no texto acima, conspiração de que tanto seu pai, Lourenço C. de A., como o pai
de João, André de Barros Rego, haviam participado.
O episódio da contestação nativista do
jovem Cavalcanti Uchoa contra taxações de vinho e carne ocorre trinta anos
depois da morte de Jerônimo Barbalho Bezerra, filho de importante militar
aliado da família, enforcado por contestação a impostos de cachaça e carne no
Rio de Janeiro em 1661. Ver nota 24.
Depois deste episódio
em que o jovem Lourenço Cavalcanti Uchoa quase foi deportado pelo governador
Montebelo em 1691, por volta de 1710 ele estará novamente em sua própria casa conspirando
com Manuel Carneiro da Cunha e muitos outros grupos, agora contra o governador
Castro Caldas, ocasião dos preparativos do grande levante da “nobreza da terra”
contra os mascates e autoridades portuguesas que darão início a chamada “Guerra
contra os Mascates” (Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada,
pg. 253. O autor, entretanto, não relaciona os dois primeiros fatos, pois não
consegue identificar a linha genealógica dos dois Lourenço).
Com a severa repressão real, ao fim da guerra
(1714) Lourenço Cavalcanti Uchoa estará ainda escondido nos matos pernambucanos
com outros nobres como Cristovão de Holanda Cavalcanti, Pedro Ribeiro da Silva,
Duarte de Albuquerque da Silva e Martinho de Bulhões, mais cerca de quatrocentos
rebeldes, de lá só saindo com o perdão real (Cabral de Mello, Evaldo - A
Fronda dos Mazombos, citada, pág. 516).
(34) Cabral de Mello, Evaldo - A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 81.
(35) Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos
Mazombos, citada, pg. 74, com todas as fontes indicadas. Ainda Torres, Rosa
Sampaio “O ramo Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates”, aberto a
consultas com notas biográficas de Jorge de Albuquerque I. Também nosso
trabalho “O Mazombo” próximo no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br
(36) A filha de Antonio “da Guerra”, Leonarda, havia se casado também na família dos fidalgos vindo com D.Duarte e heróis da guerra holandesa, Bezerra Felpa Barbuda - com Cosme Bezerra Monteiro. Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 297.
Sobre a família Barbalho Bezerra e Bezerra Monteiro que haviam se casado com os Cavalcanti de Albuquerque, estamos terminando trabalhos em que suas importantes participações na guerra contra a invasão Holandesa e também na Guerra da Restauração são abordadas (artigo “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra” e artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra contra os Mascates”, ambos em finalização e já referidos).
Relato do episódio transcrito de Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada pg.77 que, na nota 68 cita como sua fonte relato do juiz Diogo Rangel em BNL, Pombalina 239, fls, 382-3.
– A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995.
Rosa Sampaio Torres, (RJ, Brasil, 1944) conhecida como ensaísta é autora de inúmeros artigos sobre a família Cavalcanti italiana e brasileira publicados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, no 4Shared, e nas revistas InComunidade e Athena do Porto, ambas na mídia eletrônica. Nestes artigos científicos são analisadas fontes documentais, bibliográficas primárias e secundárias, fontes genealógicas, heráldicas, enciclopédicas, narrativas lendárias e obras religiosas, etc. – fontes sempre cuidadosamente cotejadas e concatenadas.
Entre os trabalhos mais recentes: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade, ed. n. 57, julho de 2017; “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec.VIII” e ainda “Os Berardegas”, no seu blog.
Vários outros artigos sobre as atividades republicanas da família Cavalcanti no Brasil e na Itália foram realizados pela autora a partir do ano 2000, sendo dois deles específicos sobre o poeta Guido Cavalcanti do sec.XIII - o artigo “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015.
(36) A filha de Antonio “da Guerra”, Leonarda, havia se casado também na família dos fidalgos vindo com D.Duarte e heróis da guerra holandesa, Bezerra Felpa Barbuda - com Cosme Bezerra Monteiro. Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 297.
Sobre a família Barbalho Bezerra e Bezerra Monteiro que haviam se casado com os Cavalcanti de Albuquerque, estamos terminando trabalhos em que suas importantes participações na guerra contra a invasão Holandesa e também na Guerra da Restauração são abordadas (artigo “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra” e artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra contra os Mascates”, ambos em finalização e já referidos).
Relato do episódio transcrito de Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada pg.77 que, na nota 68 cita como sua fonte relato do juiz Diogo Rangel em BNL, Pombalina 239, fls, 382-3.
(37) Os
rebelados de Goiana em 1º de agosto de 1692 tentavam impedir o cumprimento da
ordem régia e a entrega da capitania de Itamaracá ao representante do marques
de Caiscais. Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada,
pg. 77, resume a situação da nobreza da terra na capitania: “Segundo o seu
manifesto, redigido por um carmelita de Goiana, frei João de São José, a opção
era clara. Ou vassalos do monarca ou escravos do marquês [de Caiscais]. O
retorno ao domínio do donatário não só as desvantagens de natureza fiscal como
o também estamental, pois o soberano, já não tendo serviços a recompensar, não
premiaria os pró-homens com foros de fidalgos e hábitos de ordens militares”.
(38) Jerônimo C. A. de Lacerda,
filho de Felipe C. de A. tinha a responsabilidade de Capitão-Mor de Itamaracá e
teria sido detido neste levante popular promovido “por este seu próprio tio
Jorge”, e assim se queixava “deste tio”
à El Rei (a genealogia de Jorge Cavalcanti é cruzada por nós com a de Jerônimo
C. de A. Lacerda, conforme Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos
Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965,
pág. 292, 293 - Cabral de Mello, E. - A Fronda dos Mazombos,
citada, pg. 87, nota 93, refere como fonte carta de Jerônimo C. A. de Lacerda
ao rei D. Pedro II, carta datada de 23/ 07/ 1694).
Pela difícil situação criada esta foi nossa
interpretação dos fatos ocorridos.
Notamos que
este levante popular, liderado e articulado por Jorge é episódio importante,
pois se constitui o antecedente historiográfico mais próximo à “fronda” da
nobreza da terra em 1710, como a classificaria o próprio historiador Evaldo
Cabral de Mello.
(39) A que tudo indica parte de
sua parentela já temia o aparente destempero de Jorge.
Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos
Mazombos, citada, pg. 86,87, cita as insatisfações contra Jorge Cavalcanti
expressas pelo prior do Carmo, pelo pároco de Goiana, por seu próprio sobrinho
Jerônimo C. de A. Lacerda e também por Francisco de Barros Falcão, irmão de
Leão Falcão de Mello - o marido de Isabel Cavalcanti que já havia mesmo morrido
na prisão.
Notamos que posteriormente, entretanto,
tanto o filho deste Jerônimo C. de A.Lacerda, Manuel C. de A. Lacerda (deste
ramo central e primogênito dos Cavalcanti de Albuquerque) quanto o próprio
Francisco de Barros Falcão irão apoiar os Bezerra Cavalcanti revoltosos no
levante amplo da nobreza de 1710, tomando posições francamente decididas por
este movimento. Ver Torres, Rosa Sampaio, artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti na
Guerra contra os Mascates”, aberto a consultas.
Cabral de Mello, Evaldo- A Fronda dos Mazombos, citada, índice
onomástico.
(40) Cabral de Mello, Evaldo - A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 87.
(41) A morte Jorge de Albuquerque
e suas possíveis causas é referida em Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos
Mazombos, citada, pg. 87. A data da sua morte baseada nestas cartas enviadas
a D. Pedro II no ano de 1695, em AHU, PA, Pco, cx 11.
Ver ainda Torres, Rosa Sampaio - artigo “O
Ramo dos Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates” com nota biográfica sobre Jorge
Cavalcanti de Albuquerque I. Também nosso trabalho “O Mazombo” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br
(42) Cabral de Mello, Evaldo - A
Fronda dos Mazombos, opus cit.
Especialmente neste enfoque Torres, Rosa Sampaio - artigo “O Ramo dos
Bezerra Cavalcanti na Guerra dos Mascates”, onde as relações familiares e seu
entroncamento são criteriosamente pesquisados e apresentados.
(43) Informações de Cabral de
Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, citada, pg. 87 e pg. 310,
complementadas por informações trazidas por Maria Cristina “O Magnificat,
Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti”, Tempo Brasileiro, RJ,
Fundação Roberto Freire, 1990, pg. 128,129. Nesta obra a autora se refere a
Jorge Cavalcanti de Albuquerque II como não querendo aceitar por fim o perdão
real, um sinal de sua detenção nas cinco Pontas com os demais rebeldes da
nobreza, a maioria deles na última hora perdoados. A autora afirma utilizar
fontes documentais, não citadas por se tratar de um romance.
Consultar
ainda Torres, Rosa Sampaio - artigo “O Ramo dos Bezerra Cavalcanti na Guerra
dos Mascates” com nota bibliográfica mais detalhada sobre Jorge Cavalcanti de Albuquerque
II.
(44) Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos, citada,
pg. 87, citando sua fontes.
(45) Cabral de Mello, Evaldo – A
Fronda dos Mazombos, citada, pg. 363.
(46) Cabral de Mello cita o tipo de agressão dos portugueses com
cacetes. Os
japoneses, sabemos, tinham como uma grande afronta o corte do rabicho de seus
cabelos.
(47) Ver este episódio de humilhação
sobre os nobres na historia italiana relatado por Simoncelli, Paolo – Fuoriuscitismo
Republicano Florentino, FrancoAngeli, Milano, 2006. O mesmo tipo de
castigo humilhante infringido no idoso João Rego Barros na descrição de Cavalcanti
de Albuquerque, Maria Cristina – O Magnificat,
pg 129.
(48) Ainda sobre Jorge
Albuquerque ver ainda comentários Torres, Rosa Sampaio – artigo “Mazombo”, em
seu blog na mídia eletrônica.
(49) Sobre os Cavalcanti e os ideais
republicano, manifestados explicitamente pela primeira vez na Guerra dos
Mascates, consultar especialmente Torres, Rosa Sampaio - “Os Cavalcanti e os
ideais republicanos no Brasil Colonia”, já publicado no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/
(50) Notamos que a Isabel
Cavalcanti referida neste parágrafo é a neta do florentino, a matriarca dos
Bezerra Cavalcanti e não a filha de Felipe, Isabel de Moura Cavalcanti.
O tema da
guerra dos Mascates pensamos ter esgotado em Torres, Rosa Sampaio – “O ramo
Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates”, já aberto a consultas.
Bibliografia específica.
Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro,
Livros de Portugal S/A, 1965.
Barata- Carlos Almeida & Bueno, Antonio Henrique Cunha - Dicionário das Famílias.
Brasileiras, Ibero-América, 1999.
Cabral de Mello, Evaldo – O Nome e o Sangue – Cia. da Letras, 1989.
- Rubro Veio, Topbooks, 1997.
- Negócios do Açúcar – 3ª ed. Topbooks, 2003.
- O Brasil Holandês – Penguin e Cia. das Letras, 2010.
- A Ferida de Narciso, Senac, SP, 2001.
Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina - O Magnificat, Memórias Diacrônicas de.
Dona Isabel Cavalcanti, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto
Freire, 1990.
Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina – Matias, Recife, Edições Bagaço, 2012.
Fernandes Gama, José Bernardo – Memórias Históricas da Província de Pernambuco,
Recife, 1844-1887, utilizada a edição do Arquivo Publico,
Estadual, Recife, 1977.
Gonçalves de Mello, J. A. – artigo “As Consequências fiscais do chamado donativo
para o casamento da rainha da Grã-Bretanha e da Paz da Holanda”, in RIAP 54 (1981).
Gonçalves de Mello, José Antonio - Tempo dos Flamengos, 4ª ed. Topbooks, 2001.
Gonçalves de Mello, José Antonio – João Fernandes Vieira – biografia, Universidade
de Recife – 1956.
Simoncelli, Paolo – Fuoriuscitismo Republicano Florentino, FrancoAngeli, Milano,
2006.
Torres, Rosa Sampaio - livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, 1ª edição
em 2001, ainda restrita à família. Em revisão para 2ª edição.
Torres, Rosa Sampaio – entre os inúmeros trabalhos editados no blog
- “Conspiração Pucci & Cavalcanti”,
- “Médici X Cavalcanti”
- “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus Filhos...”,
- “Filippo di Giovanni Cavalcanti no Brasil”,
- “Os Sdegnosos Cavalcanti”
- “Mazombos” (2013)
- artigo “O Ramo do Castanha Grande”, no blog
http://rosasampaiotorres.blogspot.com.br
- “Antonio Cavalcanti de Albuquerque”, no prelo, aberto para consultas.
- “O Ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra contra os
Mascates”, livro em elaboração.
Rosa Sampaio Torres, (RJ, Brasil, 1944) conhecida como ensaísta é autora de inúmeros artigos sobre a família Cavalcanti italiana e brasileira publicados no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, no 4Shared, e nas revistas InComunidade e Athena do Porto, ambas na mídia eletrônica. Nestes artigos científicos são analisadas fontes documentais, bibliográficas primárias e secundárias, fontes genealógicas, heráldicas, enciclopédicas, narrativas lendárias e obras religiosas, etc. – fontes sempre cuidadosamente cotejadas e concatenadas.
Entre os trabalhos mais recentes: “As tradições de origem no centro franco das famílias Cavalcanti e Monaldeschi”, publicado na revista InComunidade, ed. n. 57, julho de 2017; “As famílias Cavalcanti, Monaldeschi e Malavolti e suas origens no reino franco, Colônia, sec.VIII” e ainda “Os Berardegas”, no seu blog.
Vários outros artigos sobre as atividades republicanas da família Cavalcanti no Brasil e na Itália foram realizados pela autora a partir do ano 2000, sendo dois deles específicos sobre o poeta Guido Cavalcanti do sec.XIII - o artigo “Guido Cavalcanti e suas influências culturais”, publicado pela revista InComunidade na ed. 36 de julho de 2015 e o artigo “O capitulo X da Divina Comédia”, também editado pela mesma revista, ed. 41 de dez de 2015.
Adorei!
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